8 research outputs found

    O projeto como prática crítica: repensar o possível e o presente.

    Get PDF
    O presente artigo é um convite para se pensar sobre a crise do projeto como criação autônoma, que foi da prática heróica do movimento moderno à estetização formalista de muito da produção contemporânea que circula nos meios profissionais, acadêmicos e da imprensa especializada. A prática e o pensamento da arquitetura contemporânea continuam a enfrentar os problemas decorrentes da crise da modernidade, agora segundo parâmetros voltados ao mercado de consumo globalizante. A experimentação projetual que, no modernismo, tratava criticamente de questões de ordem social e estética foi se esvaziando e se contradizendo como resposta a um projeto utópico de caráter coletivo e inserido na esfera pública. A experimentação deu lugar a práticas de valorização simbólica da arquitetura como meio de diferenciação e desigualdade social. Se, por um lado, a crítica ao modernismo mostrou as limitações de suas premissas utópicas, por outro lado, a tradução inapropriada de teorias pós-modernas e desconstrutivas para o âmbito da arquitetura forneceu argumentos que acabaram sendo cooptados pela prática de modernização capitalista que ele visava a questionar. Esse paradoxo impõe à arquitetura, como disciplina e como prática, um novo desafio em um novo contexto econômico, social e cultural. O desafio diz respeito à revisão do projeto como representação abstrata do espaço externo a situações do mundo vivido. Isso significa repensar o exercício projetual como processo de tradução de conflitos e não simplesmente da produção de objetos estéticos voltados para si próprios. A conjuntura e as disjunturas do mundo contemporâneo são distintas das vanguardas modernistas do início do século 20. Se o projeto ainda tem possibilidade de se desenvolver criticamente, ele deve passar pela consideração das relações complexas de ordem social, econômica, cultural e política. Um dos principais desafios que se colocam ao arquiteto nessa trajetória é a necessidade de se reelaborarem sua compreensão dos imaginários sociais que se representam no espaço construído, considerando o presente e o cotidiano como partes constituintes da articulação do passado e da possibilidade de projeções de futuro.This article is an invitation to reflect on the crisis of design as the practice of autonomous creation. This assessment to design was central to the heroic practice of the modern movement, and it now supports the formalist aestheticization of mainstream architectural production that circulates in most of the specialized press and in academic and professional circles. The practice and thinking of contemporary architecture continue to face the problems of the crisis of modernity, which currently follows the parameters dictated by globalizing markets and consumption. Experimentation in early modernist design attempted to address both aesthetic and social issues critically and in an integrated manner. However, this effort lost its strength in response to a utopian and collective project inserted in the public sphere. As a result, experimentation contradictorily yielded to the consideration of architecture as a symbolic means of social differentiation and inequity. On the one hand, the critique of modernism showed the limitations and pitfalls of its utopian premises. On the other hand, the inapropriate translation of postmodern and deconstructive theories into architecture provided arguments that were coopted by the same practice of capitalist modernization that they intended to call into question. This paradoxical situation presents a new challenge to architecture as discipline and practice in a new social, economic and cultural context. The question is to revise the conception of design as an abstract representation of space, which is external to life world situations. This means to rethink design as a process of translation of conflicts and not merely as the production of aesthetic objects in themselves. The conjuncture and disjunctures of the contemporary world are different from those of the modernist avant-gardes in the beginning of the 20th century. If design today still has any critical potential, it must take into consideration the complex relationships among different social, economic, cultural and political agents and conditions. One of the main challenges to designers is the need to reelaborate their understanding of the social imaginaries that are spatialized in architecture and in the city, considering them concretely through everyday life and the present as constituent elements of the articulation between the legacies of the past and the possibilities for the future

    Museu de arquitetura brasileira: um diálogo projetual com o moderno

    Get PDF

    Valores à mostra: o legado de Lina Bo Bardi

    Get PDF
    Este artículo expone algunos de los valores y las prácticas que Lina Bo Bardi exploró en su compleja carrera, y que permanecen abiertos a exploración en un momento en que su obra es redescubierta en Brasil e internacionalmente. Aunque su práctica curatorial quede obscurecida por la creciente visibilidad de sus edificios, esta práctica era constante a lo largo de su vida y una referencia para el desarrollo de aspectos conceptuales y simbólicos de su trabajo en otros campos del diseño.This article demonstrates some of the values and practices Lina Bo Bardi explored in her complex career, and which remain open at a time when her work is rediscovered in Brazil and abroad. Although her curatorial practice remains obscured by the growing visibility of her buildings, this practice was constant throughout her life as well as a reference to develop conceptual and symbolic aspects of her work in other fields of design.Este artigo demonstra alguns dos valores e das práticas que Lina Bo Bardi explorou em sua complexa carreira e que permanecem abertos num momento em que sua obra é redescoberta no Brasil e internacionalmente. Ainda que sua prática curatorial permaneça obscurecida pela crescente visibilidade de seus edifícios, essa prática foi constante ao longo de sua vida e uma referência para desenvolver aspectos conceituais e simbólicos de seu trabalho em outros campos de projetação

    Architecture and Public Space: Lessons From Sao Paulo

    No full text

    A Cidade do dissenso e da diferença

    No full text
    This paper was presented in the Symposium Cities, Citizens and Citizenship in the Globalized Society, organized by the University of Porto Rico, in 2000. Its theoretical approach originally analyzed the transformation in the spatial representations of contemporary Western cities as cities of difference, in the context of American cities. This framework offers the possibility to also think about the situation of Brazilian metropolises. The claim for political acknowledgement of alterity must be seen as part of the practice of democracy and of the redefiniton of the role of citizenship and its important relationship to urban spaces.The argumentation is based on two contemporary approaches. On the one hand, the relationship between city and citizenship has to be reviewed according to the transformation of global geographic boundaries, and the traditional role of nation-states and cities in the definition of rights of membership. On the other hand, the exercise of a politics of difference must foster the revision of democratic participation, through the dialogic practice of dissensus which opens up a possibility to better problematizes difference in the production of urban spacesEste artigo foi apresentado no Simpósio Cities, Citizens and Citizenship in the Globalized Society, realizado na Universidade de Porto Rico, em 2000. Sua reflexão teórica, contemplando 0 tema no contexto das cidades americanas, oferece abertura para se pensar a situação de grandes cidades brasileiras no que se refere à transformação nas representações espaciais das cidades contemporâneas como cidades da diferença. A reivindicação pelo reconhecimento político da alteridade deve ser visto como parte do exercício da democracia e na redefinição do papel da cidadania, a qual situa os espaços urbanos no centro do problema. A argumentação é baseada em dois enfoques complementares. Por um lado, a relação entre cidade e cidadania deve ser revista de acordo com a transformação das fronteiras geográficas globais. Esta transformação desestabiliza 0 papel tradicional dos Estados nacionais e da política da identidade na definição de direitos de pertencimento, e concede às cidades um papel mais efetivo no conflito de pertencimento territorial, espacial e social. Por outro lado, 0 exercício de uma política da diferença deve alimentar a revisão da participação democrática. Por meio do reconhecimento da conflitante condição da alteridade e do problema do consenso, a prática dialógica do dissenso abre uma possibilidade de problematizar melhor a diferença na produção de espaços urbano

    Além do "silêncio de um oceano". Ideias de Brasil nas representações de um crítico e de artistas e arquitetos italianos depois da Segunda Guerra Mundial

    No full text
    RESUMO Este artigo investiga as ideias de Brasil formuladas em uma seleção de cartas, artigos, fotografias, desenhos, pinturas e mostras, entre 1947 e 1963 pelos arquitetos Lina Bo Bardi e Giancarlo Palanti, pelos artistas Roberto Sambonet e Bramante Buffoni, e pelo crítico de arte Pietro Maria Bardi - italianos imigrados no país após a Segunda Guerra Mundial. O novo país é visto como o lugar onde parece possível a realização das promessas da arte e da arquitetura modernas, mas também lugar onde estas se desfazem e transformam-se. O objetivo do trabalho é identificar, a partir desses exemplos, indícios de uma postura diante da realidade local, condutora de suas pesquisas sobre um caráter para a produção artística

    References

    No full text
    corecore