49 research outputs found

    Biologia da conservação do Bicudinho-do-brejo Stymphalornis acutitrostris (aves, Thamnophilidae)

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    Resumo: Estudamos aspectos da biologia, ecologia e genética da conservação do bicudinho-do-brejo (Stymphalornis acutirostris) (Aves: Thamnophilidae) para reunir informações que permitam traçar novas estratégias de conservação da espécie, ameaçada de extinção na categoria "em perigo" e endêmica de menos de seis mil hectares distribuídos em parte do litoral do Paraná ao litoral norte do Rio Grande do Sul. Realizamos os trabalhos de campo de janeiro de 2006 a fevereiro de 2013 no litoral do Estado do Paraná (baía de Guaratuba, município de Guaratuba). Encontramos 178 ninhos. Os ninhos contêm uma postura de dois ovos brancos com diversas manchas marrons irregulares dispersas por todo o ovo, mas concentradas no meio do ovo ou no pólo mais largo. A estratégia de fixação de ninhos em vegetação vertical usada pela espécie não era conhecida antes nos Thamnophilidae. Estimamos tamanhos médios de territórios de 0,69, 0,70, 0,79 e 1,22 ha por lugar. Os territórios da espécie são estáveis ao longo dos anos e variam em tamanho ao longo do gradiente altitudinal da planície de maré, sendo maiores em locais com mais baixa altitude e menores em locais com maior altitude. Maior riqueza em espécies de plantas, maior densidade de vegetação e menor tempo e altura de alagamento podem explicar a maior densidade de S. acutirostris observada nos locais situados em altitude mais elevada com relação à planície de maré. Somente quando Panicum cf. mertensii, uma espécie que provê suporte para nidificação, se estabeleceu em sobras de ambiente é que elas passaram a ser ocupadas ao longo dos anos pela espécie, sugerindo que a espécie seleciona como territórios locais que garantam a reprodução. A rápida alteração na abundância de P. cf. mertensii pode ter sido consequência de um evento climático extremo, evidenciando o potencial de alterações passíveis de ocorrerem nos ambientes estudados frente à mudança climática. A área de ocupação atual da espécie (5.481,5 ha) reduziu apenas 9,5% (578,5 ha) da estimativa anterior, mas o tamanho populacional atual (7.511 indivíduos), em função disso e principalmente em virtude de novos dados sobre a densidade da espécie em diferentes ambientes, reduziu 57,5%. Delimitamos cinco áreas para a conservação da espécie, sob um conceito aqui proposto, de "Zona Livre de Braquiária" (ZLB). As ZLBs representam os maiores setores com ocupação da espécie menos invadidos pelas exóticas Urochloa arrecta e U. mutica (Poaceae) e que devem ser manejados prioritariamente, visando o controle dessas invasoras. Totalizando 2.226,6 ha, as ZLBs perfazem 40,6% da área de ocupação do bicudinho-do-brejo. Verificamos haver superávit de indivíduos da espécie em três áreas estudadas e que em uma delas há um déficit, havendo mais mortes do que nascimentos (ralo). Para essa área ralo imigram indivíduos pelo menos de uma ilha com superávit (fonte), situada a somente 25 m de distância, além de um braço de rio. Ambos os lugares apresentam a mesma vegetação e outras características são semelhantes. Supomos que as causas do déficit populacional sejam maior predação, possivelmente por ratos e um Rallidae e, menos provavelmente, elevada mortalidade de jovens pelas marés, mas, nesse caso, somente se a área ralo situar-se em menor altitude do que a área fonte investigada. Registramos um macho da espécie com 16,2 anos, uma fêmea com 14,2 anos e um macho com 9,0 anos, dos quais os dois primeiros se reproduziram alguns poucos meses antes de não serem mais vistos. Estimamos entre 3,8 a 5,0 anos a idade média da população de um dos locais de estudo, a partir de 2010, sendo a idade média de machos e fêmeas semelhante. Pela primeira vez se estuda a filogeografia de uma ave ameaçada de extinção não florestal do Bioma Floresta Atlântica. Os resultados obtidos sugerem a estruturação das populações da espécie em uma linhagem a norte e outra a sul, com ambas apresentando uma baixa variabilidade genética. A datação sugere que as duas linhagens divergiram há cerca de 120 mil anos, coincidindo com um aumento no nível do mar, porém, a posterior redução do nível do mar durante o último máximo glacial parece ter propiciado fluxo gênico. Mesmo assim, o bicudinho-do-brejo apresenta um baixo número de haplótipos mitocondriais, comparável ao de espécies avaliadas em uma categoria de maior grau de ameaça de extinção. É possível que a translocação de indivíduos entre as populações da mesma linhagem auxilie no aumento da variabilidade genética. Trabalhamos com diferentes técnicas para o controle das exóticas U. arrecta e U. mutica (braquiárias-d'água) em brejos no litoral do Estado do Paraná. Em menos de um ano de manejo erradicamos as braquiárias-d'água nas áreas sob intervenção, o que foi possível pela aplicação de técnicas que foram de grande sucesso, pela constante retirada dos fragmentos das exóticas em regeneração e pela ausência de banco de sementes dessas exóticas nos locais estudados. O rastoreio mecânico raso foi a técnica que resultou maior sucesso no manejo das braquiárias-d'água. Sombreamento com lona plástica preta complementou a técnica. Estimamos custos para a erradicação das exóticas em um hectare nos valores de R41.961,00aR 41.961,00 a R 92.110,00, dependendo da distância do local manejado. Tendo sido estimados 254,6 ha de áreas invadidas pelas exóticas, a erradicação das mesmas custaria o valor mínimo de R$ 10.682.293,00 (desconsiderando a contínua propagação das exóticas). Propomos ações de conservação da espécie para serem utilizadas no futuro Plano de Ação Nacional para Conservação do Bicudinho-do-brejo. A medidas mais relevantes propostas são o início imediato e um projeto de translocação, controle das braquiárias-d´água e criação de uma unidade de conservação na área de ocorrência da espécie em Laguna

    Formações pioneiras do litoral centro-sul do Paraná

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    Devido à carência de informações sobre muitas das formações pioneiras do litoral do Paraná, especialmente no que tange à identificação de locais de ocorrência e quantificação de áreas, efetuou-se o presente estudo que buscou suprir essas duas deficiências. A região trabalhada foi o litoral centro-sul do Paraná e do extremo norte de Santa Catarina, Sul do Brasil. A identificação de locais de ocorrência foi efetuada mediante interpretação de fotografias aéreas de 1980, na escala 1:25000, e a quantificação de áreas mediante o uso de programas de computador, contemplando-se várias etapas, como o georreferenciamento e a mosaicagem das fotografias. Confrontando informações da bibliografia, de observações de campo e resultantes de fotointerpretação, distinguiu-se oito formações pioneiras, sendo quatro herbáceas (brejos) e quatro que apresentam um estrato superior arbóreo e um inferior herbáceo com espécies dos brejos. Uma formação herbácea secundária também foi considerada, mas apenas quando ocorresse próxima das demais. Segundo os critérios propostos pelo Projeto RADAMBRASÍL, as formações estudadas classificam-se como Formações Pioneiras de Influência Fluvial, Fluviomarinha e/ou Lacustre. As nove formações identificadas, que totalizam 5.435,68 ha, são mencionadas a seguir, com a área total entre parênteses. Brejo de capim-serra (448,58 ha): ocorre entre floresta e manguezal, principalmente na região das baías. Normalmente é desprovido de coluna de água. Brejo de maré (1.345,25 ha): ocorre principalmente na beira dos rios,, tendo variação no nível d’água devido à influência direta ou indireta do regime das marés. E comum no interior das baías de Antonina e Guaratuba, e na região do rio Nhundiaquara. Brejo intercordão (127,83 ha): ocorre na planície costeira de Pontal do Sul a Matinhos entre cordões de dunas de origem marinha, onde acumula água pluvial. Calculou-se que entre 1953 e 1980, devido a interferência humana, houve uma perda de 51,9% de área dessa formação. Brejo de meandro (105,73 ha): ocorre em meandros e canais abandonados de rios, como o Cachoeira e Cubatãozinho. De brejo secundário quantificou-se 50,57 ha, tendo ocorrido disperso na região de estudo. Manguezal com herbáceas (1.356,24 ha): apresenta um estrato superior composto por espécies típicas de manguezal. E comum no interior das baías de Antonina e Guaratuba, e na região do rio Nhundiaquara. Guanandizal com herbáceas (1.113,03 ha): apresenta um estrato superior caracterizado pelo guanandi (Calophyllum brasiliense) Ocorre em abundância no interior das baías de Antonina e Guaratuba, e na região do rio Nhundiaquara, em terrenos que sofrem inundações regulares devido ao regime das marés. Caxetal com herbáceas (880,29 ha): apresenta um estrato superior caracterizado pela caxeta (Tabebuia cassinoides). Desenvolve-se em terrenos inundáveis de acordo com a pluviosidade. E abundante no município de Guaratuba. Ariticunzal com herbáceas (8,16 ha): apresenta um estrato superior caracterizado pelo ariticum-do-brejo (Annona glabra). Ocorre unicamente no município de Guaratuba. Na mesma região onde desenvolveu-se o estudo de vegetação, efetuou-se aproximadamente 1.640 h de observações ornitológicas entre dezembro de 1991 e julho de 2001 e em todas as formações descritas, mas não homogeneamente distribuídas. Das formações arbóreas com herbáceas de brejos, considerou-se nas análises apenas as aves registradas e que também foram observadas nos brejos. Registrou-se 115 espécies, incluindo uma espécie nova para a ciência descrita em 1995 (Stymphalornis acutirostris), um primeiro registro para o Brasil (Pseudocolopteryx acutipennis), um primeiro registro para o Sul do Brasil (Laterallus exilis), e vários primeiros registros para o Paraná (e.g. Nycticryphes semicollaris e Polystictus pectoralis). Quanto ao status, 32 espécies são residentes, 46 visitantes, quatro migrantes do norte, 11 migrantes do sul, oito acidentais e 14 são de status indeterminado. Duas espécies apresentam status de residente e de migrante do sul (Phleocryptes melanops e Tachuris rubrigastra). Quanto a abundância, oito espécies sã comuns, 27 localmente comuns, duas moderadamente comuns, 13 moderadamente comuns localmente, 21 incomuns e 44 são raras. Por formação, registrou-se 23 espécies no brejo de capim-serra, 80 no brejo de maré, 92 no brejo intercordão, 24 no brejo de meandro e 37 nas formações arbóreas com herbáceas de brejos. Muitas espécies não ocorreram em todos os tipos de formações, e algumas não ocorreram em toda a extensão de um tipo de formação. As populações residentes de P. melanops e T. rubrigastra, por exemplo, ocorreram apenas em reduzidas áreas de brejos de maré, que totalizam 103 e 275 ha, respectivamente, sendo possivelmente as duas espécies do Paraná com a menor distribuição geográfica no estado. Razões para algumas dessas distribuições restritas são discutida

    The Rapid Expansion of the Jumping Snail Ovachlamys fulgens in Brazil

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    The exotic Japanese jumping snail, Ovachlamys fulgens, was first recorded in Santa Catarina state, Brazil, in 2013. Based on data gathered from the literature, natural history collections, field samplings, and the iNaturalist platform, we assess its current distribution in the country. Our data show that the jumping snail has had a dramatic range expansion since its introduction, reaching six other states from the southern region of the country toward the Midwest. The affected locations are mostly urban but also include three biological reserves and protected areas, and possibly more. We discuss the consequences of this rapid invasion, its means of introduction, its local ecology, and prospects for monitoring and control

    O uso de áreas de grande altitude por Tapirus terrestris (Mammalia: Perissodactyla) na floresta atlântica meridional, Paraná, Brasil

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    The Lowland Tapir (Tapirus terrestris), out of the four living tapir species, has the broadest distribution. Although it naturally occurs in a variety of habitats in the Neotropics, including rainforest lowlands, gallery forests, dry chaco forests, and open grassy habitats it is currently classified as vulnerable to extinction. The Lowland Tapir is usually found near water, but there have been a few occurrence records in highland habitats. Here we report on seven records of the Lowland Tapir using highland habitats in four localities in the state of Paraná, southern Brazil. Records included tracks and feces in cloud forests (1,150-1,800 m a.s.l.) and tracks in grasslands (“campos de altitude”; 1,515-1,760 m a.s.l.). Six records were obtained between spring and summer, and one during winter. Although the use of high altitude locations by the Lowland Tapir offers an additional area for population maintenance, the occurrence of the species in these areas could have been driven by increased anthropic pressures in the Atlantic Forest lowlands.Key words: Campos de altitude, cloud forest, conservation, Serra do Mar.Dentre as quatro espécies atuais de antas, Tapirus terrestris tem a mais ampla distribuição. Embora ocorra em uma variedade de ambientes no neotrópico, incluindo florestas de baixada, florestas de galeria, florestas secas do Chaco e ambientes não florestais, é atualmente classificada como vulnerável à extinção. Tapirus terrestris é encontrado geralmente perto da água, mas há poucos registros em ambientes de montanha. No presente trabalho, relatamos sete registros da espécie utilizando ambientes de altitude em quatro localidades no Estado do Paraná, sul do Brasil. Os registros baseiam-se em pegadas e fezes na floresta altomontana (1150-1800 m s.n.m.) e em pegadas em campo de altitude (1515-1760 m s.n.m.). Seis registros foram obtidos entre a primavera e o verão, e um durante o inverno. Embora o uso de locais de grande altitude pela espécie ofereça uma área adicional para a manutenção de sua população regional, a sua ocorrência nestas áreas pode ter sido impulsionada pelo aumento de pressões antrópicas nas baixas altitudes da Floresta Atlântica.Palavras-chave: Campos de altitude, floresta altomontana, conservação, Serra do Ma

    Area of occupancy of Brachycephalus coloratus Ribeiro, Blackburn, Stanley, Pie & Bornschein, 2017 (Anura, Brachycephalidae), endemic to the Serra da Baitaca, Brazil, and its implications for the conservation and Green Status of the species

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    Brachycephalus coloratus was known only from its type locality in the Serra da Baitaca of Paraná, Brazil. Its extent of occurrence was estimated at 0.37 km2, and its conservation status was proposed as Vulnerable. Here, we provide a second record for B. coloratus at Pão de Ló, Paraná, at 1,230 m of altitude. We estimate its current area of occupancy at 1.17 km2 and propose its conservation status as Endangered. The assessment of the Green Status suggests that it is Depleted; the prevention of deforestation and fires could lead to high conservation returns

    Seven new microendemic species of Brachycephalus (Anura:Brachycephalidae) from southern Brazil

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    Brachycephalus (Anura: Brachycephalidae) is a remarkable genus of miniaturized frogs of the Brazilian Atlantic Rainforest. Many of its species are highly endemic to cloud forests, being found only on one or a few mountaintops. Such level of microendemism might be caused by their climatic tolerance to a narrow set of environmental conditions found only in montane regions. This restriction severely limits the chance of discovery of new species, given the difficulty of exploring these inaccessible habitats. Following extensive fieldwork in montane areas of the southern portion of the Atlantic Rainforest, in this study we describe seven new species of Brachycephalus from the states of Paraná and Santa Catarina, southern Brazil. These species can be distinguished from one another based on coloration and the level of rugosity of the skin in different parts of their body. These discoveries increase considerably the number of described species of Brachycephalus in southern Brazil

    Photography-based taxonomy is inadequate, unnecessary, and potentially harmful for biological sciences

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    The question whether taxonomic descriptions naming new animal species without type specimen(s) deposited in collections should be accepted for publication by scientific journals and allowed by the Code has already been discussed in Zootaxa (Dubois & Nemésio 2007; Donegan 2008, 2009; Nemésio 2009a–b; Dubois 2009; Gentile & Snell 2009; Minelli 2009; Cianferoni & Bartolozzi 2016; Amorim et al. 2016). This question was again raised in a letter supported by 35 signatories published in the journal Nature (Pape et al. 2016) on 15 September 2016. On 25 September 2016, the following rebuttal (strictly limited to 300 words as per the editorial rules of Nature) was submitted to Nature, which on 18 October 2016 refused to publish it. As we think this problem is a very important one for zoological taxonomy, this text is published here exactly as submitted to Nature, followed by the list of the 493 taxonomists and collection-based researchers who signed it in the short time span from 20 September to 6 October 2016

    Formações pioneiras do litoral centro-sul do Paraná

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    Devido à carência de informações sobre muitas das formações pioneiras do litoral do Paraná, especialmente no que tange à identificação de locais de ocorrência e quantificação de áreas, efetuou-se o presente estudo que buscou suprir essas duas deficiências. A região trabalhada foi o litoral centro-sul do Paraná e do extremo norte de Santa Catarina, Sul do Brasil. A identificação de locais de ocorrência foi efetuada mediante interpretação de fotografias aéreas de 1980, na escala 1:25000, e a quantificação de áreas mediante o uso de programas de computador, contemplando-se várias etapas, como o georreferenciamento e a mosaicagem das fotografias. Confrontando informações da bibliografia, de observações de campo e resultantes de fotointerpretação, distinguiu-se oito formações pioneiras, sendo quatro herbáceas (brejos) e quatro que apresentam um estrato superior arbóreo e um inferior herbáceo com espécies dos brejos. Uma formação herbácea secundária também foi considerada, mas apenas quando ocorresse próxima das demais. Segundo os critérios propostos pelo Projeto RADAMBRASÍL, as formações estudadas classificam-se como Formações Pioneiras de Influência Fluvial, Fluviomarinha e/ou Lacustre. As nove formações identificadas, que totalizam 5.435,68 ha, são mencionadas a seguir, com a área total entre parênteses. Brejo de capim-serra (448,58 ha): ocorre entre floresta e manguezal, principalmente na região das baías. Normalmente é desprovido de coluna de água. Brejo de maré (1.345,25 ha): ocorre principalmente na beira dos rios,, tendo variação no nível d’água devido à influência direta ou indireta do regime das marés. E comum no interior das baías de Antonina e Guaratuba, e na região do rio Nhundiaquara. Brejo intercordão (127,83 ha): ocorre na planície costeira de Pontal do Sul a Matinhos entre cordões de dunas de origem marinha, onde acumula água pluvial. Calculou-se que entre 1953 e 1980, devido a interferência humana, houve uma perda de 51,9% de área dessa formação. Brejo de meandro (105,73 ha): ocorre em meandros e canais abandonados de rios, como o Cachoeira e Cubatãozinho. De brejo secundário quantificou-se 50,57 ha, tendo ocorrido disperso na região de estudo. Manguezal com herbáceas (1.356,24 ha): apresenta um estrato superior composto por espécies típicas de manguezal. E comum no interior das baías de Antonina e Guaratuba, e na região do rio Nhundiaquara. Guanandizal com herbáceas (1.113,03 ha): apresenta um estrato superior caracterizado pelo guanandi (Calophyllum brasiliense) Ocorre em abundância no interior das baías de Antonina e Guaratuba, e na região do rio Nhundiaquara, em terrenos que sofrem inundações regulares devido ao regime das marés. Caxetal com herbáceas (880,29 ha): apresenta um estrato superior caracterizado pela caxeta (Tabebuia cassinoides). Desenvolve-se em terrenos inundáveis de acordo com a pluviosidade. E abundante no município de Guaratuba. Ariticunzal com herbáceas (8,16 ha): apresenta um estrato superior caracterizado pelo ariticum-do-brejo (Annona glabra). Ocorre unicamente no município de Guaratuba. Na mesma região onde desenvolveu-se o estudo de vegetação, efetuou-se aproximadamente 1.640 h de observações ornitológicas entre dezembro de 1991 e julho de 2001 e em todas as formações descritas, mas não homogeneamente distribuídas. Das formações arbóreas com herbáceas de brejos, considerou-se nas análises apenas as aves registradas e que também foram observadas nos brejos. Registrou-se 115 espécies, incluindo uma espécie nova para a ciência descrita em 1995 (Stymphalornis acutirostris), um primeiro registro para o Brasil (Pseudocolopteryx acutipennis), um primeiro registro para o Sul do Brasil (Laterallus exilis), e vários primeiros registros para o Paraná (e.g. Nycticryphes semicollaris e Polystictus pectoralis). Quanto ao status, 32 espécies são residentes, 46 visitantes, quatro migrantes do norte, 11 migrantes do sul, oito acidentais e 14 são de status indeterminado. Duas espécies apresentam status de residente e de migrante do sul (Phleocryptes melanops e Tachuris rubrigastra). Quanto a abundância, oito espécies sã comuns, 27 localmente comuns, duas moderadamente comuns, 13 moderadamente comuns localmente, 21 incomuns e 44 são raras. Por formação, registrou-se 23 espécies no brejo de capim-serra, 80 no brejo de maré, 92 no brejo intercordão, 24 no brejo de meandro e 37 nas formações arbóreas com herbáceas de brejos. Muitas espécies não ocorreram em todos os tipos de formações, e algumas não ocorreram em toda a extensão de um tipo de formação. As populações residentes de P. melanops e T. rubrigastra, por exemplo, ocorreram apenas em reduzidas áreas de brejos de maré, que totalizam 103 e 275 ha, respectivamente, sendo possivelmente as duas espécies do Paraná com a menor distribuição geográfica no estado. Razões para algumas dessas distribuições restritas são discutida
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