43 research outputs found

    Sofrimento e suporte social da pessoa com fibrose quística

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    Dissertação de Mestrado em Psicologia Clínica, apresentada ao ISPA - Instituto UniversitárioA Fibrose Quística é uma doença hereditária, até ao momento incurável. O objectivo deste estudo consiste em avaliar o sofrimento da pessoa com Fibrose Quística, em função do seu suporte social. Aplicaram-se a 23 participantes o Inventário de Experiências Subjectivas de Sofrimento na Doença (IESSD) e o questionário de Suporte Social (SSQ). Os resultados evidenciam maior sofrimento nas dimensões "sócio-relacional" e "psicológica", satisfação com o suporte social e uma associação positiva entre esta variável e as experiências subjectivas de sofrimento, no sentido de que quanto maior o número de pessoas de suporte, menor o sofrimento nas sub-dimensões "alterações emocionais" e "limitações do projecto futuro". Concluimos ser importante um bom suporte social, de forma a diminuir o sofrimento e melhorar as condições de vida da pessoa com fibrose quística.ABSTRACT: Cystic fibrosis is a hereditary disease, so far incurable. The aim of this study is to evaluate the suffering of the person with cystic fibrosis, depending on their social support. Inventory of Subjective Suffering Experiences in Illness (ISSEI) and the Social Support Questionnaire (SSQ) were applied to 23 participants. Results showed higher distress in "social-relational" and "psychological" dimensions, satisfaction with social support and a positive association between this variable and subjective distress experiences, in the sense that the greater the number of support people, the less painful “emotional changes" and "future project limitations" sub-dimensions. We conclude that a good social support is important, so as to reduce the suffering and improve the life conditions of the person with cystic fibrosis

    Homing in Lipophyrs pholis: an evolutionary perspective

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    Tese de mestrado. Biologia (Biologia Evolutiva e do Desenvolvimento). Universidade de Lisboa, Faculdade de Ciências, 2014Lipophrys pholis é uma das espécies de blenídeos mais comuns da zona costeira Portuguesa. Residente em poças da zona intertidal, esta espécie apresenta um comportamento exploratório bastante desenvolvido durante o período de preia-mar, onde pode estar implícita a sua capacidade para memorizar características do território. Alguns autores sugerem que esta espécie de peixes não apresenta uma distribuição aleatória. Ao invés, selecionam ativamente determinadas poças de maré disponíveis na sua área vital. Durante a época de reprodução, que decorre de Outubro a Maio, os machos de L. pholis nidificam geralmente dentro de fendas e buracos, os quais podem ficar emersos por longos períodos de tempo durante o período baixa-mar. Em alternativa estes machos também podem nidificar sob pedras, onde em ambos os casos, as fêmeas, que não fornecem quaisquer cuidados parentais, depositam os ovos. Encontrar e escolher o ninho certo é crucial para os machos terem sucesso reprodutor pois são estes que prestam os cuidados parentais. Em alguns estudos é mencionado que a agregação de ninhos e a proximidade entre machos é um fator importante para a atração das fêmeas. Assim, o conhecimento prévio das características específicas de uma determinada área, ou seja, a localização de potenciais refúgios, locais de nidificação, bem como o conhecimento de rotas de fuga preferenciais, pode desempenhar um papel importante na sobrevivência destes peixes, os quais, estão sujeitos a elevada pressão predatória. A memorização da posição dos refúgios e dos ninhos bem como a direção das rotas de fuga preferenciais têm como referencial pistas visuais conspícuas do habitat. Estas pistas visuais conspícuas “landmarks” são integradas a nível cerebral num referencial de “landmarks”, formando mapas espaciais da área familiar que os peixes usam para uma constante atualização da sua localização. As pistas do terreno podem ser proximais, i.e. localizadas dentro das poças habitadas pelos peixes, ou distais, i.e. localizadas fora das poças. Experiências de orientação mostraram que os indivíduos desta espécie também conseguem determinar a direção da área de residência a partir de locais não familiares localizados a várias dezenas de quilômetros do local de captura. Com este trabalho pretende-se, através da análise de registos de presenças de L. pholis ao longo de três anos sucessivos, testar a capacidade de homing e mais concretamente testar a fidelidade dos machos aos locais de nidificação e aos ninhos em particular. O comportamento de homing é definido no seu sentido restrito como o regresso de um animal a um local espacialmente definido onde possui um abrigo. Um dos benefícios do homing é que assegura que o animal volta a uma área familiar, conferindo-lhe assim uma vantagem adaptativa (ver acima), apoiando a ideia de que a familiaridade é importante para a sobrevivência dos indivíduos. A maioria dos estudos sobre homing, em peixes intertidais rochosos, indica que embora os peixes regressem muitas vezes a um local específico, geralmente não estão exclusivamente vinculados a esse local. Assim, um peixe pode utilizar uma rede de locais ou abrigos, mais ou menos desenvolvida, que visita regularmente, sem estar permanentemente ligado a nenhum deles. Em L. pholis, e considerando que se trata de uma espécie aparentemente não-migratória, questiona-se qual será a funcionalidade de um sistema de navegação tão desenvolvido? Uma vez que se trata de uma população aberta a viver no seu habitat natural, e como não dispomos de meios que nos permitam registar os movimentos diários dos indivíduos, neste estudo utilizamos como uma aproximação de homing a capacidade que os machos adultos têm para retornar aos mesmos locais de nidificação após uma ausência mais ou menos prolongada durante o período não reprodutor. Assim, desde 2011 temos vindo sistematicamente a marcar e registar a presença de animais adultos de uma população de L. pholis estabelecida no Cabo Raso, Cascais, Portugal. No total, 211 animais adultos foram capturados e marcados individualmente com recurso a marcação electrónica por meio de cirurgia, libertados e seguidos periodicamente. Cento e quinze indivíduos foram recapturados considerando um intervalo mínimo de tempo nunca inferior a quinze dias após a data da sua marcação. A inspeção da área de estudo foi realizada duas vezes por mês durante os dias de maior amplitude de maré (i.e. no período de lua nova e de lua cheia). Durante as inspeções procurou-se ativamente registar a presença dos animais marcados. Indivíduos novos (i.e. adultos não marcados) e encontrados durante as inspeções, dentro da área de estudo, foram sendo sucessivamente marcados. A presença, posição relativa (coordenadas do local) e medidas corporais foram registadas para todos os peixes capturados. Para identificar os abrigos durante estes três anos, várias marcações metálicas foram inseridas na rocha com a ajuda de um berbequim. Ninhos espacialmente próximos uns dos outros foram agregados em secções. Foram ainda calculadas as distâncias entre as diversas secções de ninhos assim como as distâncias particulares entre os diversos ninhos. Estando descrito que esta espécie apresenta uma maior atividade exploratória durante a preia-mar do período diurno, assumiu-se que, se os peixes marcados, que apresentam posteriormente registo de recaptura, não foram amostrados é porque se encontram noutro local fora da área de amostragem. A análise dos registos de recaptura mostrou que os machos de L. pholis, em geral, passam significativamente mais tempo na área amostrada durante a época de reprodução do que fora da época de reprodução. O mesmo não se verifica nas fêmeas com uma presença homogénea dentro e fora da época de reprodução. Interessante é que 54% dos machos regressaram ao mesmo ninho em épocas de reprodução distintas e esse número aumenta para 83% se considerarmos o comportamento de fidelidade ao sector. Importante de mencionar é o facto de que as maiores distâncias entre recapturas observadas correspondem a indivíduos que foram capturados e marcados primeiramente em poças e posteriormente reencontrados em ninhos. O retorno dos machos ano após ano às mesmas áreas de nidificação, suporta a hipótese de que os peixes adquirem e armazenam vasta informação do meio envolvente utilizando-a posteriormente aquando do retorno em épocas de reprodução distintas. As observações resultantes deste trabalho indicam que os machos de L. pholis têm um comportamento de homing, mas mais importante é que representam um caso extremo deste comportamento, particularizando a sua fidelidade à área local até ao nível do ninho (ou seja, eles apresentam um comportamento de nest fidelity). Uma vez que nos é impossível seguir estes indivíduos devido a limitações técnicas (não existem dispositivos de GPS para estes animais), permanece em aberto a distância coberta nestas hipotéticas migrações verticais sazonais. Em conjunto, esses resultados suportam a ideia de que os mecanismos de navegação são característica geral dos vertebrados e que poderão ter evoluído a partir dum ancestral comum e manter-se nas diferentes classes: Peixes (e.g. salmões e enguias), anfíbios (e.g. salamandras), aves (e.g. pombo-correio), mamíferos (e.g. elefantes e morcegos) e répteis (e.g. tartarugas marinhas). Curiosamente, um artigo recentemente publicado em gobídeos, onde foram testadas as capacidades de memorização e aprendizagem, sugere que o comportamento de orientação/navegação está dependente da história de vida das espécies em questão. Numa arena artificial onde foram simulados os ciclos de maré, as espécies que habitam o intertidal rochoso, e contrariamente às espécies que habitam em areia aprendem rapidamente a memorizar a posição de poças o que lhes permitem evitar a sobre-exposição ao sol aquando do recuo da maré. Os autores sugerem que a ausência de necessidade das espécies que habitam em areia em procurar locais de abrigo contribuiu claramente para este resultado. Assim, dependendo do ambiente onde os animais estão inseridos e através de seleção natural os comportamentos de orientação/navegação poderão ser otimizados ou reduzidos.Lipophrys pholis is one of the most common species of blennies that inhabits the Portuguese rocky shores. Usually residing in intertidal rocky pools, they perform exploratory behavior during high tide, which may elicit their ability to memorize terrain characteristics. For a non-migrant species, it has excellent homing abilities. Despite the ability to memorize the position of refuges based on conspicuous visual cues, displacement experiments showed that they can determine the homeward direction even at unfamiliar places tens of kilometers away from their home range; they can perform true navigation. But, why does a non-migrant species need such complex navigational skills? To answer this question we have started tagging adult animals from a population of L. pholis at Cabo Raso, Cascais, Portugal in 2011. Adults were captured, tag individually with a microchip introduced into the abdominal cavity and subsequently released in the place where they were previously captured. During field inspections, performed twice a month (i.e. during days of new and full moon), we actively searched for the presence of tagged animals as well as for new animals to be tagged. The presence, relative position (spatial coordinates) and body measures were recorded for all fish. The findings showed that many males return to the same area and to particular nests (i.e. Nest-site fidelity) in successive breeding seasons supporting the hypothesis that fish acquire large information of the surroundings, which they may use when returning to a previous breeding area. Therefore, these findings suggest that navigational mechanisms are widespread in vertebrates and may have evolved from a common ancestor to the different classes. A recent publication on gobies suggested that depending on the habitat where species live, natural selection have evolved to maximize or reduce the use of the navigational skills

    On the development of selective chelators for Cadmium: Synthesis, structure and chelating properties of 3-((5-(trifluoromethyl)-1,3,4-thiadiazol-2-yl)amino)benzo[d]isothiazole 1,1-dioxide, a novel Thiadiazolyl Saccharinate

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    Aquatic contamination by heavy metals is a major concern for the serious negative consequences it has for plants, animals, and humans. Among the most toxic metals, Cd(II) stands out since selective and truly efficient methodologies for its removal are not known. We report a novel multidentate chelating agent comprising the heterocycles thiadiazole and benzisothiazole. 3-((5-(trifluoromethyl)-1,3,4-thiadiazol-2-yl)amino)benzo[d]isothiazole 1,1-dioxide (AL14) was synthesized from cheap saccharin and characterized by different techniques, including single crystal X-ray crystallography. Our studies revealed the efficiency and selectivity of AL14 for the chelation of dissolved Cd(II) (as compared to Cu(II) and Fe(II)). Different spectral changes were observed upon the addition of Cd(II) and Cu(II) during UV-Vis titrations, suggesting different complexation interactions with both metals.UIDB/04326/2020, UIDB/04564/2020, ALG-01-0145-FEDER-022121, SFRH/BD/130407/2017info:eu-repo/semantics/publishedVersio

    Encapsulation of Nanostructures in a Dielectric Matrix Providing Optical Enhancement in Ultrathin Solar Cells

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    The incorporation of nanostructures in optoelectronic devices for enhancing their optical performance is widely studied. However, several problems related to the processing complexity and the low performance of the nanostructures have hindered such actions in real-life devices. Herein, a novel way of introducing gold nanoparticles in a solar cell structure is proposed in which the nanostructures are encapsulated with a dielectric layer, shielding them from high temperatures and harsh growth processing conditions of the remaining device. Through optical simulations, an enhancement of the effective optical path length of approximately four times the nominal thickness of the absorber layer is verified with the new architecture. Furthermore, the proposed concept in a Cu(In,Ga)Se2 solar cell device is demonstrated, where the short-circuit current density is increased by 17.4%. The novel structure presented in this work is achieved by combining a bottom-up chemical approach of depositing the nanostructures with a top-down photolithographic process, which allows for an electrical contact.This work was funded in part by the Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) under Grants IF/00133/2015, PD/BD/142780/2018 and SFRH/BD/ 146776/2019. The authors also want to acknowledge the European Union’s Horizon 2020 Research and Innovation Programme through the ARCIGS-M project under Grant 720887, the Special Research Fund (BOF) of Hasselt University, the FCT through the project NovaCell (PTDC/CTM-CTM/28075/ 2017), and InovSolarCells (PTDC/FISMAC/29696/2017) co-funded by FCT and the ERDF through COMPETE2020. The authors also want to acknowledge Sandra Maya for the production of images used in this work.info:eu-repo/semantics/publishedVersio

    Boron clusters (ferrabisdicarbollides) shaping the future as radiosensitizers for multimodal (chemo/radio/PBFR) therapy of glioblastoma

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    Glioblastoma multiforme (GBM) is the most common and fatal primary brain tumor, and is highly resistant to conventional radiotherapy and chemotherapy. Therefore, the development of multidrug resistance and tumor recurrence are frequent. Given the poor survival with the current treatments, new therapeutic strategies are urgently needed. Radiotherapy (RT) is a common cancer treatment modality for GBM. However, there is still a need to improve RT efficiency, while reducing the severe side effects. Radiosensitizers can enhance the killing effect on tumor cells with less side effects on healthy tissues. Herein, we present our pioneering study on the highly stable and amphiphilic metallacarboranes, ferrabis(dicarbollides) ([o-FESAN]- and [8,8'-I2-o-FESAN]-), as potential radiosensitizers for GBM radiotherapy. We propose radiation methodologies that utilize secondary radiation emissions from iodine and iron, using ferrabis(dicarbollides) as iodine/iron donors, aiming to achieve a greater therapeutic effect than that of a conventional radiotherapy. As a proof-of-concept, we show that using 2D and 3D models of U87 cells, the cellular viability and survival were reduced using this treatment approach. We also tested for the first time the proton boron fusion reaction (PBFR) with ferrabis(dicarbollides), taking advantage of their high boron (11B) content. The results from the cellular damage response obtained suggest that proton boron fusion radiation therapy, when combined with boron-rich compounds, is a promising modality to fight against resistant tumors. Although these results are encouraging, more developments are needed to further explore ferrabis(dicarbollides) as radiosensitizers towards a positive impact on the therapeutic strategies for GBM.The authors received support from the Spanish Ministerio de Economía y Competitividad (PID2019-106832RB-100), the Generalitat de Catalunya (2017SGR1720), FCT - Fundação para a Ciência e a Tecnologia, in the scope of the project UID/Multi/04349/2019 and the projects LISBOA-01-0247-FEDER-045904 and UTAP-EXPL/FMT/0020/2021 of Centro de Ciências e Tecnologias Nucleares/IST, PTDC/BTM-TEC/29256/2017, UIDP/04565/2020 of iBB/IST, UIDP/04378/2020 and UIDB/04378/2020 of the Research Unit on Applied Molecular Biosciences – UCIBIO and the project LA/P/0140/2020 of the Associate Laboratory Institute for Health and Bioeconomy – i4HB. The Metrology Laboratory of Ionizing Radiation team of Centro Tecnológico e Nuclear, Instituto Superior Técnico (CTN/IST) is acknowledged for their support in the irradiation setups. Miquel Nuez-Martínez is enrolled in the PhD program of the UAB. MQM and VMA acknowledge financial support by the Spanish Government MCIN/AEI/10.13039/501100011033 (project 2019-108434GB-I00 to VMA and project IJC2018-035283-I to MQM), and Universitat Jaume I (project UJI-B2018-53 to V. M. A. and project UJI-A2020-21 to MQM). SV thanks Croatian Science Foundation (project IP-2018-01-3168). Catarina I.G. Pinto is enrolled in the PhD scholarship 689 DFA/BD/07119/2020.With funding from the Spanish government through the ‘Severo Ochoa Centre of Excellence’ accreditation (CEX2019-000917-S).Peer reviewe

    COVID-19 symptoms at hospital admission vary with age and sex: results from the ISARIC prospective multinational observational study

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    Background: The ISARIC prospective multinational observational study is the largest cohort of hospitalized patients with COVID-19. We present relationships of age, sex, and nationality to presenting symptoms. Methods: International, prospective observational study of 60 109 hospitalized symptomatic patients with laboratory-confirmed COVID-19 recruited from 43 countries between 30 January and 3 August 2020. Logistic regression was performed to evaluate relationships of age and sex to published COVID-19 case definitions and the most commonly reported symptoms. Results: ‘Typical’ symptoms of fever (69%), cough (68%) and shortness of breath (66%) were the most commonly reported. 92% of patients experienced at least one of these. Prevalence of typical symptoms was greatest in 30- to 60-year-olds (respectively 80, 79, 69%; at least one 95%). They were reported less frequently in children (≤ 18 years: 69, 48, 23; 85%), older adults (≥ 70 years: 61, 62, 65; 90%), and women (66, 66, 64; 90%; vs. men 71, 70, 67; 93%, each P < 0.001). The most common atypical presentations under 60 years of age were nausea and vomiting and abdominal pain, and over 60 years was confusion. Regression models showed significant differences in symptoms with sex, age and country. Interpretation: This international collaboration has allowed us to report reliable symptom data from the largest cohort of patients admitted to hospital with COVID-19. Adults over 60 and children admitted to hospital with COVID-19 are less likely to present with typical symptoms. Nausea and vomiting are common atypical presentations under 30 years. Confusion is a frequent atypical presentation of COVID-19 in adults over 60 years. Women are less likely to experience typical symptoms than men

    Molecular mechanisms of adaptation and tolerance to acetic acid in the food spoilage yeast Zygosaccharomyces Bailii

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    Tese de mestrado. Microbiologia Aplicada. Universidade de Lisboa, Faculdade de Ciências, 2011O ácido acético é muito utilizado pela indústria alimentar e de bebidas como um agente antimicrobiano para prevenir o crescimento de microrganismos contaminantes alimentares, sendo essencialmente usado na preservação de produtos acídicos, como sejam os refrigerantes, pickles e molhos. Sob estas condições o crescimento bacteriano é limitado pelo que os principais contaminantes de comidas e bebidas acídicas são leveduras e fungos filamentosos que apresentam uma elevada capacidade de proliferar a baixo pH. O sucesso destas leveduras como agentes de deterioração alimentar encontra-se também em grande parte relacionado com a sua capacidade de adaptação e proliferação na presença de altas concentrações de ácidos fracos usados como conservantes alimentares, conduzindo a graves perdas económicas para a indústria alimentar e uma redução drástica das reservas de alimentos a nível mundial. Actualmente Zygosaccharomyces bailii é, sem dúvida, a levedura contaminante alimentar mais problemática para as indústrias de alimentos e bebidas, principalmente como resultado de sua resistência excepcional a ácidos fracos utilizados como conservantes. Em particular, Z. bailii é a espécie de levedura mais tolerante ao ácido acético. No entanto, os mecanismos subjacentes a esta resistência intrínseca estão ainda muito mal caracterizados. O objectivo deste trabalho foi, assim, contribuir para a elucidação dos mecanismos moleculares subjacentes à adaptação e tolerância ao ácido acético na levedura contaminante alimentar altamente resistente Z. bailii. A alta tolerância das células de Z. bailii ao ácido acético tem sido parcialmente atribuída à sua capacidade de metabolizar o acetato na presença de glucose, um mecanismo que está bloqueado em S. cerevisiae, devido ao efeito repressor da glucose. Contudo, a existência de outros mecanismos de resistência também foi antecipada. Desde há alguns anos, o Grupo de Ciências Biológicas tem vindo a caracterizar os mecanismos moleculares subjacentes à tolerância de S. cerevisiae ao stress induzido por ácido acético. Embora S. cerevisiae represente uma ameaça menos grave para a indústria alimentar que Z. bailii (valores de concentração mínima inibitória para o ácido acético na gama dos 370-555 mM para Z. bailii comparados com 80-150 mM para S. cerevisiae), também é uma levedura contaminante relevante, constituindo um sistema experimental muito mais acessível. Além disso, espera-se que os conhecimentos adquiridos em S. cerevisiae possam orientar uma análise mais aprofundada em Z. bailii, uma levedura geneticamente muito menos acessível, até porque não se encontra disponível a sequência do seu genoma. A resposta global, a nível do proteoma, de S. cerevisiae ao stress induzido por ácido acético foi recentemente estudada pelo Grupo de Ciências Biológicas (Mira et al., resultados não publicados). Neste trabalho, uma análise equivalente de proteómica de expressão foi explorada para obter uma perspectiva da resposta global a concentrações inibitórias mas não letais de ácido acético em Z. bailii. Esta abordagem permitiu estudar o que acontece ao nível da expressão proteica em resposta à presença de ácido acético, através da comparação quantitativa essencialmente do proteoma citosólico, na presença e ausência deste composto tóxico. Em particular, a resposta de células de Z. bailii ISA 1307 cultivadas na presença de 120 mM de ácido acético, a pH 4, foi estudada usando a técnica de electroforese bidimensional (2-DE), uma metodologia com elevado poder de discriminação que permite separar misturas complexas de proteínas com base na sua carga, usando a técnica de focagem isoeléctrica (IEF), e peso molecular, usando electroforese em gel de poliacrilamida (SDS-PAGE). Após separação, os géis foram corados com o corante fluorescente Flamingo (BioRad) e posteriormente digitalizados usando o scanner Thyphoon Trio e analisados com o software Progenesis Samespots. As proteínas de interesse foram depois identificadas por espectrometria de massa. Um mapa de referência do proteoma foi também produzido, e poderá ser posteriormente usado para identificar facilmente proteínas em cada gel 2-DE produzido usando o mesmo protocolo neste organismo. Esta abordagem permitiu obter informações valiosas sobre os mecanismos que tornam esta espécie de levedura uma das espécies mais resistentes ao ácido acético. As principais diferenças de expressão induzidas pelo ácido acético observadas encontram-se fundamentalmente relacionadas com o metabolismo celular, nomeadamente o metabolismo de carbohidratos. Em particular, foi possível registar a alteração ao longo do tempo das proteínas envolvidas no catabolismo do acetato, na presença e ausência de glucose. Estas alterações a nível do metabolismo celular estarão provavelmente relacionadas com a necessidade de obtenção de energia pelas células para contrariar os efeitos prejudiciais induzidos pelo ácido. De facto, algumas proteínas tipicamente associadas à resposta a stress foram identificadas nesta análise, nomeadamente uma superóxido dismutase e uma porina mitocondrial associadas à resposta ao stress oxidativo. Outras classes funcionais enriquecidas identificadas no nosso conjunto de dados encontram-se relacionadas com o metabolismo de aminoácidos, bem como com a tradução e glicosilação proteica. Neste trabalho, tentou-se também identificar, em Z. bailii, homólogos funcionais putativos de genes/proteínas identificadas em S. cerevisiae como sendo necessários para a resistência a ácido acético, através do “screening” de uma biblioteca genómica construída anteriormente. As principais vias de regulação subjacentes à resposta e adaptação de S. cerevisiae ao ácido acético foram elucidados nos últimos anos. Recentemente, foram identificados 650 genes de S. cerevisiae envolvidos na protecção contra o ácido acético e o papel e a caracterização do regulão do factor de regulação transcricional Haa1p na resposta a ácido acético foram também esclarecidos. Uma vez que foi demonstrado que a resposta e resistência das células de S. cerevisiae ao ácido acético depende de um sistema de sinalização controlado pelo factor de transcrição Haa1p, iniciámos este “screening” com vista a identificar um homólogo putativo do Haa1p. Além disso, embora a sequência genómica de Z. bailii não esteja disponível, a hipótese da existência nesta espécie de um sistema semelhante ao regulão Haa1p é apoiado pela identificação em Z. rouxii, uma levedura filogeneticamente próxima cujo genoma foi recentemente sequenciado, de um homólogo do Haa1p, bem como de homólogos de vários dos genes activados por este factor de transcrição durante a resposta ao stress induzido por ácido acético. Com este objectivo, procedeu-se à introdução de uma biblioteca genómica de Z. bailii, previamente construída, no mutante S. cerevisiae BY4741_ Δhaa1. Esta biblioteca genómica, com uma dimensão de inserção média de 6 kb e cobrindo o genoma mais de 20 vezes assumindo um tamanho de genoma semelhante ao de S. cerevisiae, foi já usada com sucesso pelos nossos parceiros do projecto ZygoSacAR na Universidade do Minho para isolar genes de Z. bailii. Os transformantes foram depois seleccionados pela sua tolerância ao ácido acético, e os que exibiam níveis de resistência semelhantes aos da estirpe parental e que portanto complementam o fenótipo de hiper-susceptibilidade do mutante, foram seleccionados. Uma selecção inicial foi feita através do crescimento em meio sólido, mas este método revelou-se pouco eficiente, com resultados ambíguos e difíceis de interpretar pelo que se adoptou um novo método. Este novo método, que envolveu a selecção dos transformantes em meio líquido usando placas de 96 poços, apesar de bastante mais trabalhoso revelou-se bastante mais adequado produzindo resultados mais fidedignos, não dependentes da observação pelo experimentador, e permitindo a identificação de um menor número de transformantes considerados resistentes. Desta forma, foram recuperados 92 candidatos resistentes e a inserção de ADN de um dos transformantes que apresentava maior resistência foi sequenciado. A sequência de ADN resultante, com um tamanho de aproximadamente 9,7 kb, foi analisada usando diversas ferramentas de bioinformática para tentar identificar potenciais genes que codifiquem proteínas cuja função possa explicar a supressão do fenótipo do mutante _Δhaa1. A análise realizada indicou a presença de três grelhas de leitura aberta putativas que codificam homólogos proteicos de três proteínas de Z. rouxii: uma proteína envolvida na biossíntese de riboflavina; outra proteína, que é um componente estrutural do citoesqueleto; e a última com função ainda desconhecida. Espera-se que para além do conhecimento científico resultante da investigação planeada, os resultados deste trabalho possam ser usados no desenvolvimento de estratégias mais apropriadas na conservação de alimentos baseada na adição de ácido acético, bem como na construção de estirpes industriais de levedura mais robustas.Zygosaccharomyces bailii is undoubtedly the most problematic spoilage yeast to the food and beverage industries, mainly as a result of its exceptional resistance to weak acids preservatives. In particular, Z. bailii is the most tolerant yeast species to acetic acid. However, the mechanisms behind this intrinsic resistance are very poorly characterized although the remarkable ability of Z. bailii to catabolize acetate in the presence of glucose, differently from Saccharomyces cerevisiae, was described. The aim of this work was to contribute to the elucidation of the molecular mechanisms underlying adaptation and tolerance to acetic acid in the highly acetic acid resistant food spoilage yeast Z. bailii. An expression proteomics approach, based on quantitative two-dimensional electrophoresis (2-DE), was explored to get a clear snapshot of the global response of this yeast species to inhibitory but non lethal concentrations of acetic acid. The major acetic acid-induced expression changes were found to be related with cellular metabolism, in particular, carbohydrate metabolism and energy generation but some cell stress response proteins were also found. Additionally, the identification of S. cerevisiae homologues of Haa1p of the Haa1- regulon and of other known determinants of acetic acid resistance in S. cerevisiae was also attempted based on the introduction of a Z. bailii genomic library previously constructed in S. cerevisiae BY4741_Δhaa1 mutant and selection of the transformants that rescued the hyper-susceptibility phenotype of the mutant. Using this approach 92 resistant candidates were obtained and the DNA insert of one of the transformants showing higher resistance was sequenced. The resulting DNA sequence, with a size of approximately 9.7 kb, harbored three ORFs encoding protein homologues of three Z. rouxii proteins: one protein involved in riboflavin biosynthesis; other protein, which is a structural constituent of cytoskeleton; and the last one that has a yet unknown function

    Radiobiological Characterization of <sup>64</sup>CuCl<sub>2</sub> as a Simple Tool for Prostate Cancer Theranostics

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    64CuCl2 has recently been proposed as a promising agent for prostate cancer (PCa) theranostics, based on preclinical studies in cellular and animal models, and on the increasing number of human studies documenting its use for PCa diagnosis. Nevertheless, the use of 64CuCl2 raises important radiobiological questions that have yet to be addressed. In this work, using a panel of PCa cell lines in comparison with a non-tumoral prostate cell line, we combined cytogenetic approaches with radiocytotoxicity assays to obtain significant insights into the cellular consequences of exposure to 64CuCl2. PCa cells were found to exhibit increased 64CuCl2 uptake, which could not be attributed to increased expression of the main copper cellular importer, hCtr1, as had been previously suggested. Early DNA damage and genomic instability were also higher in PCa cells, with the tumoral cell lines exhibiting deficient DNA-damage repair upon exposure to 64CuCl2. This was corroborated by the observation that 64CuCl2 was more cytotoxic in PCa cells than in non-tumoral cells. Overall, we showed for the first time that PCa cells had a higher sensitivity to 64CuCl2 than healthy cells, supporting the idea that this compound deserved to be further evaluated as a theranostic agent in PCa

    Lactobacillus plantarum isolated from cheese: production and partial characterization of bacteriocin B391

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    Lactobacillus plantarum B391, a strain isolated from an artisanal French cheese, is a producer of a bacteriocin, expressing activity against Enterococcus faecalis NCTC 775, Clostridium perfringens NCTC 13170 and several Listeria monocytogenes strains. High stability was recorded after heat treatment at 121 °C for 20 min and when stored at 4 °C for more than 40 days. A challenge test performed in milk for 11 days showed potential for the control of L. monocytogenes. In the presence of the lytic bacteriocin B391, L. monocytogenes cells present numerous morphology modifications of cell shape and surface structure as well as in the cell division pattern, resulting ultimately in lysis. The high level of Listeria growth inhibition obtained in the presence of Lb. plantarum B391, and the stability of B391 bacteriocin for a long period of time, make this strain potentially interesting to use in milk products to increase food safety
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