“UM CONTO MORAL QUE SIRVA DE ESPELHO DA VIDA”: BALTHAZAR GOES, UM INTELECTUAL PENSANDO O ENSINO DE HISTÓRIA

Nos primeiros decênios do século XX, inúmeros intelectuais passaram a promover o debate acerca da renovação da educação brasileira, por meio de discussões que envolviam a aplicabilidade dos novos métodos de ensino e as características norteadoras dos diferentes campos disciplinares. Neste artigo tem-se como foco s propostas sobre a metodologia do ensino de História defendidas pelo intelectual Balthazar Goes. O escopo do texto é entender as funções sociais do ensino de História na perspectiva defendida por Goes em textos elaborados nos dois primeiros decênios do século XX, como as “Apostilas Pedagógicas”, de 1905, e o “Programa de Ensino das Escolas Primárias” de 1912. Neste sentido, tornou-se possível entender as aproximações entre as propostas de inovações pedagógicas e os aspectos norteadores de uma cultura política republicana regional

Relíquias dos tempos pretéritos: a escrita da história das espacialidades e da cultura urbana da Cidade de Alagoas no oitocentos

Na segunda metade do século XIX, a Cidade de Alagoas era palco de algumas das mais pomposas manifestações católicas na província alagoana. A antiga capital de província, em períodos como o da Quaresma e, especialmente, da Semana Santa, transformava-se no centro aglutinador de diferentes segmentos sociais. Essas manifestações culturais se tornaram foco da atenção de viajantes e cronistas vinculados ao Instituto Arqueológico e Geográfico de Alagoas, que ao longo da segunda metade do século XIX, atuavam na escrita da história com o intuito de forjar um passado local. Neste artigo discutiremos os usos da tradição e da cultura urbana da Cidade de Alagoas pela historiografia alagoana do século XIX. A escrita da história dos costumes locais era tida como uma iniciativa de invenção do passado alagoano e de elucidação da dicotomia entre barbárie e civilização

“Um longo estudo feito de boa fé sobre a questão vertente”: Joaquim José de Oliveira, os fazeres historiográficos e a questão dos limites no Oitocentos

Joaquim José de Oliveira (1820-1872), was one of the pioneers in the historiographical work of Sergipe in the 19th century. Graduated in Medicine at Faculdade da Bahia and a member of the provincial bureaucratic body, throughout the third quarter of the 19th century he scoured the government archives and invested in historical writing, in texts such as “Histórias Perdas”, “Apontamentos para a História de Sergipe” and “Boundaries of Sergipe with Bahia”. In this article I operate these works in order to analyze the conception of history mobilized by Joaquim José de Oliveira and how the uses of the past were questioned in the dispute over the issue of boundaries between provinces.Joaquim José de Oliveira (1820-1872), fue uno de los pioneros en los haceres historiográficos de Sergipe en lo siglo XIX. Hormado en Medicina por la Facultad de Bahía e integrante del cuerpo burocrático provincial, al largo del tercero cuartel del siglo XIX, él investigó en los archivos del gobierno e invistió en la escrita de la historia, en textos como “Historias perdidas”, “Apuntamientos para la historia de Sergipe” y “Límites de Sergipe con la Bahía”. En este artículo utilizo eses libros con el intento de analizar la concepción de historia pensada por Joaquim José de Oliveira y como los usos del pasado fueron interpelados en la disputa cerca de la cuestión de los límites entre las provincias.Joaquim José de Oliveira (1820-1872), foi um dos pioneiros nos fazeres historiográficos de Sergipe no século XIX. Formado em Medicina pela Faculdade da Bahia e integrante do corpo burocrático provincial, ao longo do terceiro quartel do Oitocentos ele vasculhou os arquivos do governo e investiu na escrita histórica, em textos como “Histórias perdidas”, “Apontamentos para a história de Sergipe” e “Limites de Sergipe com a Bahia”. Neste artigo opero essas obras com o intuito de analisar a concepção de história mobilizada por Joaquim José de Oliveira e de como os usos do passado foram interpelados na disputa em torno da questão dos limites entre as províncias

Ensino de História, espaços e cultura política bandeirante:: José Scarameli e a escrita de livros escolares de História para crianças

Este artigo tem como escopo a discussão sobre a escrita da história para crianças no Brasil, a partir da experiência de José Scarameli. Intelectual defensor dos ideais do movimento escolanovista, entre 1926 e 1934, José Scarameli produziu um número significativo de livros escolares de História e de Moral e Cívica. Neste artigo, nos propomos a discutir como tais livros expressaram as estratégias de difusão de uma cultura política bandeirante e a construção de representações acerca dos estados brasileiros com um protagonismo paulista.Este artigo tem como escopo a discussão sobre a escrita da história para crianças no Brasil, a partir da experiência de José Scarameli. Intelectual defensor dos ideais do movimento escolanovista, entre 1926 e 1934, José Scarameli produziu um número significativo de livros escolares de História e de Moral e Cívica. Neste artigo, nos propomos a discutir como tais livros expressaram as estratégias de difusão de uma cultura política bandeirante e a construção de representações acerca dos estados brasileiros com um protagonismo paulista

“Assim se faz história, assim deve ser ensinada”: Manoel Bomfim e a instrução histórica no ensino primário (1899-1930)

The scope of this article is Manoel Bonfim’s conception of historical instruction. When writing about the methodology of education, in the years of 1915, Manoel Bonfim defended a renewal of the teaching of history, in order to make it more attractive for children and more efficient in the process of civic formation. Despite being an intellectual considerably analyzed in the historiographical sphere and in the production of school books, Manoel Bonfim is still little discussed with regard to contributions about the teaching of history. In this sense, this article has as main source the book “Lições de Pedagogia”, in comparison with “The Method of Tests”, the opinion of the compendium of History of America and the historiographical production of the author. From this analysis of these vestiges, I seek to understand the author’s conception of history, thought in the dimension of teaching, that is, of his understanding of historical instruction.O escopo deste artigo é a concepção de Manoel Bonfim acerca da instrução histórica. Ao escrever sobre a metodologia da educação, nos idos de 1915, Manoel Bonfim defendeu uma renovação do ensino de história, no intuito de torná-lo mais atrativo para as crianças e mais eficiente no processo de formação cívica. Apesar de ser um intelectual consideravelmente analisado em âmbito historiográfico e da produção de livros escolares, Manoel Bonfim ainda é pouco discutido no tocante às contribuições acerca do ensino de história. Neste sentido, este artigo tem como fonte principal o livro “Lições de Pedagogia”, em cotejo com “O Methodo dos Tests”, com o parecer do compêndio de História da América e com a produção historiográfica do autor. A partir dessa análise desses vestígios, busco entender a concepção do autor acerca da história, pensada na dimensão do ensino, ou seja, do seu entendimento sobre a instrução histórica

O perigo vem do mar: torpedeamento dos navios e a construção da memória de situação-limite na Segunda Guerra Mundial

This article focuses on the construction of the memory about the extreme situation of the attacks made by German submarines on the Sergipe coast between 1942 and 1943. The discussion will focus on the impact of the attacks on the Sergipe capital residents’ daily life, on the movements pro-revenge, as well as on the dissemination of places of remembrance as a tribute to the victims of the ship destroyed by torpedoes

“UM VERDADEIRO ARRASTÃO DE FÉ”: A PEREGRINAÇÃO AO SANTUÁRIO DE SANTA LUZIA NA DIOCESE DE ESTÂNCIA

As peregrinações aos lugares santos constituem uma das mais antigas e significativas manifestações devocionais do catolicismo. O mundo católico, em certa medida, formou-se a partir da definição de hierarquias entre os santuários, com a constituição de espaços privilegiados, nos quais recebem milhares de peregrinos anualmente. Esse artigo analisa uma peregrinação do tempo presente, criada na Diocese de Estância, região sul de Sergipe, nos idos de 2011, e que reúne aproximadamente 10.000 devotos. Tem-se a intenção de compreender os elementos de redefinição da identidade devocional apresentada pela referida diocese por meio dos usos da cultura histórica acerca da conquista de Sergipe como componente na difusão de novos espaços devocionais

Entre Deuses e Demônios: religiosidade e imaginário em Sergipe oitocentista

Caraíbas. Esse nome no final do século XIX provocou pânico nas autoridades religiosas e civis de Sergipe. Localizada na zona rural da vila do Riachão, um grupo de anônimos tentou constituir um território sagrado, a mercê da benevolência de santos deuses e demônios, que pelo imaginário do grupo, vivam entre eles. Neste artigo tem-se a ambição de compreender os aspectos inerentes à religiosidade e ao imaginário de Sergipe, por meio do estudo da santidade que foi organizada no sul da província deste estado na segunda metade do século XIX. Trata-se de uma tentativa de investigar um movimento que foi perseguido e destituído pelo poder local, mas que legou ao futuro ruídos de insatisfação, murmúrios de leitura diferenciada da realidade

Entre navalhas, velas e matracas: os flagelantes da vila de Campos no século XIX

As práticas penitenciais constituem um dos principais elementos do mosaico católico. As tentativas de purgar os pecados e salvar as almas sofredoras por meio dos sacrifícios é uma das principais características disseminadas no âmbito da religiosidade popular. Este estudo se debruça sobre um dos primeiros registros sobre a encomendação das almas em Sergipe, realizado por Tobias Barreto de Menezes na segunda metade do século XIX, e tem como propósito compreender a prática da encomendação das almas a partir da narrativa crítica desse autor. O foco central consiste em discutir como os sentidos, os atributos sensoriais e os sentimentos emergem na escrita de Tobias Barreto associadas à manifestação