48 research outputs found

    Arquiteturas da esperança : uma etnografia da mobilidade econômica no Brasil contemporâneo

    Get PDF
    Uma economia em crescimento, baixo desemprego e múltiplas políticas públicas construíram o caminho para a redução das desigualdades sociais e a mobilidade ascendente de milhões de brasileiros na década de 2000. Economistas, jornalistas, políticos e marqueteiros viram na ascensão econômica dessa população a emergência de uma “nova classe média”, definida na releitura de estatísticas nacionais e tornada alvo de intervenções governamentais e de mercado. A partir de uma pesquisa multissituada realizada entre 2012 e 2015 em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Washington D.C., esta tese problematiza os agenciamentos e as consequências políticas, econômicas e subjetivas da mobilidade em perspectiva etnográfica. Em Porto Alegre, a pesquisa encontrou a “nova classe média” de carne e osso, focando no desenho e implementação da maior política habitacional brasileira, o Programa Minha Casa Minha Vida. Escavando as alianças e tensões entre políticos locais, vendedores de lojas, arquitetos, planejadores públicos, líderes comunitários e cidadãos-consumidores da casa própria, a etnografia se movimentou entre distintas escalas temporais e espaciais para captar as novas formações sociais, políticas e econômicas no seio da mobilidade econômica. A partir do acompanhamento de uma associação de futuros moradores politicamente articulada na demanda de um desses projetos habitacionais, a tese documentou como sua circulação política e espacial descortinou um trabalho cotidiano por cidadania predicado no testemunho público da necessidade. Ao mediarem inclusões e exclusões na política pública, associações e lideranças locais ajudaram a entretecer economias morais do merecimento que coalesceram com o desejo das pessoas por vidas para além da pobreza. Forjando novos “horizontes de imaginação” através do espaço construído e do consumo da casa, os beneficiários costuraram “becomings” coletivos e individuais que se materializaram em cartografias da esperança, aberturas de sentido e novos devires pelo território da cidade. O artefato etnográfico desses alinhamentos – ambíguos, controversos e efêmeros – entre cidadãos desejantes, dispositivos locais de governo e políticas públicas, transcende a gramática da “nova classe média” e questiona as novas fronteiras, limites e sobreposições entre cidadania, consumo, pobreza, democracia e inclusão de mercado na mobilidade da década de 2000 no Brasil.An economy on the rise, low unemployment, multiple social and economic policies paved the way for the upward mobility of dozens of millions during the 2000s in Brazil – one of the most unequal countries in the world. Economists, journalists, politicians and marketers heralded the end of endemic poverty and the incorporation of this population into a newly defined “middle class”. Drawing from a three year long, multi-level ethnographic research conducted in São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Porto Alegre and Washington D.C., this dissertation problematizes the political, economic and subjective assemblages under which upward mobility unfolded amongst poor Brazilians. Empirically, it focuses on the design and implementation of the federal housing program “My House, My Life”. Unraveling the interactions between grassroots politicians, salespersons, architects, public planners, community leaders and first-time homeowners, ethnography traverses and breaks through the new social, political and economic formations of present-day Brazil. Based on fieldwork with an association of future residents of one these subsidized housing units, the dissertation foregrounds people’s resilience and work for citizenship, as they find ways to publicly document their precariousness. Brokering inclusions and exclusions from the housing policy, the association and its local leaders unleashed moral economies of worthiness that coalesced with people’s desire for lives beyond poverty. By concocting new “imaginative horizons” mapped onto the built environment and the consumption of the house, beneficiaries weaved together individual and collective “becomings” that crystallize into cartographies of hope – new openings intermingling with the urban fabric. The ethnographic artefact of such controversial and transient alignments between desiring citizens, local instances of governance, and public policies continuously leaks out of the hegemonic language of “middle class”, questioning contemporary boundaries and juxtapositions of citizenship, consumption, poverty, democracy and market inclusion in Brazil’s upward mobility

    Infraestruturas Porosas: O Programa Minha Casa Minha Vida e as faces da mobilidade no Brasil recente

    Get PDF
    Casas são infraestruturas porosas que instanciam imaginários de mobilidade social. Elas são portas abertas por onde passam formas amplas e experimentais de governo, ação política, e práticas de consumo, justapondo becomings humanos e construção do espaço. Baseando-se em etnografia realizada entre arquitetos, economistas, planejadores públicos, policymakers, representantes governamentais, marqueteiros, líderes comunitários e beneficiários-consumidores do programa habitacional Minha Casa Minha Vida, este paper problematiza o processo de concepção e implantação de um conjunto de tecnologias de segurança e vigilância em um destes condomínios, bem como as aspirações e afetações de classe cristalizadas no decurso de sua imaginação. Aqui, a casa emerge como uma tecnologia de transformação da vida através da qual fluem processos subjetivos de valoração e de governamentalidade política e econômica. A partir da arquitetura transformada, dos usos e envelhecimentos das materialidades, é possível iluminar os efeitos de longo prazo de uma política pública, desvendando formas alternativas de governança, subjetividade política e ação econômica. Que cartografias morais e modos de esperar são entretecidos nesse governo pósneoliberal de infraestruturas público-privadas? Como as pessoas se tornam parte e/ou criticam essas materialidades, criando novos espaços de imaginação? Observando através dessas infraestruturas e de seus devires, é possível documentar a emergência e evanescência de imaginários de mobilidade, suas aspirações e as ansiedades de classe média que a povoam

    From Informal Markets to non-hegemonic Politics of Value: Crosscutting approaches between Porto Alegre and Buenos Aires in the production of street objects and subjects

    Get PDF
    A antropologia dos mercados informais sempre enfrentou com alguma dificuldade o problema básico de propor definições acerca do que seja o informal. Economistas e sociólogos propuseram conceituações por demais generalizantes, atrelando-as à economia formal; antropólogos esbarram em concepções excessivamente particularizantes, muitas vezes negando a capacidade heurística da noção. Esse artigo sugere uma terceira via para o problema, explorando as políticas econômicas de produção do valor de sujeitos, objetos e lugares, uns em relação de mútua definição com os outros. O enfoque recai sobre as disputas de sentido a partir de onde certos discursos sobre a informalidade – imaginados, móveis e incompletos – são materializados e performatizados. Etnograficamente, parte, de um lado, da transição do mercado de rua para um shopping popular, em Porto Alegre/RS; de outro, dos debates públicos entre jornalistas, empresários e mercadores acerca da expansão da feira informal “La Salada”, considerada a maior do mundo, em Buenos Aires.The anthropology of informal markets always faced with some difficulty the basic problem of proposing definitions of what constitutes the informal. Economists and sociologists have proposed all too generalizing conceptualizations, linking it to the formal economy; anthropologists run into excessively particularized conceptions, often denying the heuristic ability of the notion. This paper suggests a third answer to the problem. It explores the economic policies that attach value to subjects, objects and locations, framing and producing them in relation to each other. It focuses on how competing discourses on informality – imagined, mobile and incomplete – take form and are performed. Ethnographically, the article draws from the transition of a street market to a popular mall in Porto Alegre/RS; and on the public debates between journalists, businessmen and traders about the expansion of the world’s biggest informal marketplace, called “La Salada”, in Buenos Aire

    Sensorio de clase media y condominizaciĂłn de abajo hacia arriba en el Programa de Vivienda PĂşblica posneoliberal de Brasil

    Get PDF
    En los centros urbanos altamente segregados de Brasil, la ubicación geográfica es conocida por su poder de ejemplificar la posición de clase. Basándome en compromisos etnográficos a largo plazo con beneficiarios de viviendas de la ahora renovada Minha Casa Minha Vida de Brasil, sostengo que, después de la mudanza, los propietarios activan los recuerdos de las colinas para crear nuevas geografías que desafían los isomorfismos bien definidos de clase y espacio. A medida que los pobres en ascenso pasaron de los asentamientos informales periurbanos a los entornos urbanos de clase media, las cualidades materiales y sensoriales de las colinas se filtraron en el entorno de los proyectos construidos de formas inesperadas. Sin embargo, los propietarios también se involucran en nuevas prácticas de infraestructura que desafían las comprensiones fijas de la subjetividad y la distinción de clase, un proceso de creación de clase media al que me refiero como "condominización de abajo hacia arriba". Al poner en primer plano los aspectos materiales y sensoriales de la ciudadanía socioeconómica en el contexto de ruinas del posneoliberalismo, presto atención a la inestabilidad y la ambivalencia de las formaciones de clase media. En lugar de un identificador objetivo para la estratificación social, la clase media posneoliberal se define mejor a través de sus cualidades espectrales y fugaces, es decir, como un "sensorio de clase media".; In Brazil’s highly segregated urban centers, geographic location is known for its power to instantiate class positionality. Drawing on long term ethnographic engagements with housing beneficiaries of Brazil’s now revamped Minha Casa Minha Vida, I argue that, in the aftermath of the move, first-time homeowners activate remembrances of the hills (the slums where they lived before) to craft novel classed geographies which defy clearcut isomorphisms of class and space. As the once-rising-poor transitioned from peri-urban informal settlements to middle-class urban environments, the material and sensuous qualities of the hills leaked onto the built environment of the projects in unexpected ways. Yet first-time homeowners also engage in new infrastructural practices that challenge fixed understandings of class subjectivity and distinction-a middle-class-making process I refer to as “bottom-up condominization”-. By foregrounding the sensuous and material aspects of socioeconomic membership in the ruins of post-neoliberalism, I attend to the instability and unruliness of middle-class formations. Rather than an objective identifier for social stratification, the post-neoliberal middle class is best defined through its spectral and fleeting qualities -that is, as a “middle class sensorial”-

    “Minha Casa, Minha Vida”

    Get PDF
    Casas são materialidades centrais na elaboração de imaginários e políticas de ascensão social. Baseando-me em etnografia conduzida entre arquitetos, economistas e planejadores, examino os dispositivos que “performam” o mercado da casa própria no Brasil contemporâneo e suas operações de adequação a perfis de renda, classe social e aspiração cultural. Demonstro como a reconfiguração de empresas imobiliárias a partir do maior programa habitacional do país – o Minha Casa, Minha Vida – terminou por inventar um “mercado” emergente que conecta cidadania, consumo e moralidades de “classe média”. Nesse processo, ao qualificarem territórios, atributos, técnicas, padrões construtivos e design arquitetônico, experts fabricam materialidades políticas e sedimentam cartografias induzidas, engajando-se ativamente em processos de valorização e precificação que reinventam o território urbano das grandes cidades brasileiras.Houses are crucial materialities that instantiate imaginaries of social upward mobility. Based on ethnography conducted among architects, economists and planners, I examine the devices that “perform” the housing market in contemporary Brazil and how it produces adjustments to groups of income, social class and cultural aspirations. I demonstrate how the reconfiguration of real estate companies, triggered by the launch of Brazil’s largest housing program – “My House, My Life” – ended up eliciting an emergent “market” connecting citizenship, consumption and “middle class” moralities. In the process, by qualifying territories, attributes, techniques, constructive standards and architectural design, experts weave together political materialities and inducted cartographies, actively engaging in processes of valorization and precification that reinvent the urban territory of Brazil’s big cities

    Arte Oratória e Democracia Participativa: breve etnografia das estratégias discursivas de um líder comunitário a partir de sua atuação como mediador político

    Get PDF
    Este trabalho problematiza o uso público da palavra nos espaços da democracia –representativa e participativa – de Porto Alegre. Pretende-se apreender, de forma particular, a maneira como a arte oratória é empregada estrategicamente por líderes comunitários em sua atuação performática e mediadora por diferentes espaços públicos da cidade. Pensado como uma modalidade específica de capital simbólico que agrega valor às performances discursivas, o uso público da palavra contribui para a compreensão dos processos representativos e de mediação política que orientam a participação popular, assim como dos significados atribuídos ao exercício da política. A etnografia privilegia, através da observação participante, os itinerários de um desses líderes comunitários, demonstrando como suas competências lingüísticas o conduzem à ação, conectando uma diversidade de agentes e instituições sociais, tais como associações de camelôs e o novo Centro Popular de Compras de Porto Alegre. Os resultados indicam que as relações de poder da liderança são constituídas em contextos de disputa e negociação, envolvendo líderes e grupos sociais concorrentes, de um lado, e dispositivos estatais, como o Ministério Público, a Prefeitura e a Câmara Municipal de Vereadores, de outro

    Pelos Caminhos da Rota Romântica: Etnografia da constituição de um roteiro turístico no sul do Brasil

    Get PDF
    Este artigo problematiza o processo de constituição do roteiro turístico Rota Romântica ao longo do trajeto de catorze municípios de colonização alemã na região nordeste do estado do Rio Grande do Sul. Busca compreender o modo pelo qual sua configuração suscitou profundas restruturações políticas, econômicas e sociais, colocando em jogo novas relações entre a cidade e seus habitantes, entre natureza e cultura, que passam a informar os cálculos em torno dos benefícios que a indústria turística poderá trazer à região. Metodologicamente, o artigo concentra-se na análise de entrevista realizada com seu atual presidente, de materiais de divulgação diversos, bem como da vida social de dois comércios familiares locais em reformulação. Reordenada em torno da nova gramática do mercado turístico, as disputas semânticas trouxeram consequências não somente para a construção de diferentes modalidades ou aptidões turísticas no interior da região, como também para a recomposição da vocação étnica e comercial dos mercados locais

    Entre subjetividades econômicas e economias subjetivas: O Camelódromo de Porto Alegre e as Experiências do Processo de Transição

    Get PDF
    Com base na realização da observação participante multi-situada pelos diferentes itinerários do processo de constituição simbólica da transição que marca o deslocamento de trabalhadores informais das ruas para a visibilidade jurídico-formal, o presente ensaio pretende-se uma tentativa de lançar luz sobre dois objetivos distintos, porém interligados. De um lado, discute-se as estratégias de governamentalidade associadas à força persuasiva do Estado, ao colocar a necessidade de higienização e urbanização do espaço público e, no seio deste projeto, de modalidades de gestão específicas, como as Parcerias Público-Privadas. De outro lado, problematiza-se, de um ponto de vista diacrônico e processual, as dramatizações narrativas dos camelôs afetados pelo processo de transição, atentando – a partir dos modos de subjetivação e de constituição da sensibilidade discursiva – para as diferentes perspectivas de engajamento e, de maneira particular, para a elaboração e produção da simbologia imagética desse deslocamento no espaço e no tempo da memória. Palavras chave: Camelódromo. Transição. Comércio Informal. Mediação Política. Estado.   Between Economic Subjectivities and Subjective Economies: the Camelódromo of Porto Alegre/RS and the experiences of the transition process   Abstract   Based on the realization of multi-sited observation through the different itineraries of the process of constitution of the symbolic transition that defines the displacement of informal workers from the streets to the juridical-formal visibility, this paper seeks to understand two different but connected objectives. On the one hand, it discusses the strategies of governmentality associated with the persuasive power of the state, by putting the need to cleanse and urbanization of the public space and, within this project, suggesting specific management arrangements such as Public Private Partnerships. On the other hand, it stresses, in a diachronic and processual point of view, on the narrative dramatizations of street vendors affected by the transition process, attempting – by regarding the subjectivity modes and constitution of discursive sensibility – to the different perspectives of engagement and, particularly, to the elaboration and production of the imagetic symbology within this displacement, on the space and time of memory. Keywords: Camelódromo. Transition. Informal Commerce. Political Mediation. State

    WILKIS, Ariel. Las sospechas del dinero: moral y economía en la vida popular. Buenos Aires: Paidós, 2013. 192 p.

    Get PDF
    Poucos temas são, ao mesmo tempo, tão clássicos e controversos quanto o dinheiro. Sua exegese analítica foi realizada por gerações de economistas, e sua problematização é concomitante ao próprio surgimento das primeiras grandes teorias sociológicas. Talvez, justamente, por conta dessa passagem – um tanto problemática para a primeira geração de cientistas sociais (ver Simmel, 1998; Weber, 1978) – da economia à sociologia, o dinheiro tornou-se um daqueles “temas” que, à maneira da linguagem, pe..

    DE CAMELÔS A LOJISTAS: a transição do mercado de rua para um shopping em Porto Alegre

    Get PDF
    Este artigo parte das tensões envolvidas no processo de remoção do mercado de rua do centro de Porto Alegre/RS e sua realocação para um shopping popular, construído através de uma Parceira Público-Privada (PPP). Privilegia-se a abordagem etnográfica, baseada numa inserção de campo de mais de três anos, que permitiu captar o processo em perspectiva diacrônica. A transição das ruas para o camelódromo foi acompanhada de perto pela empresa construtora, doravante responsável pela sua administração, que exigiu uma mudança na sensibilidade comercial, a partir de uma política de pedagogização, visando forjar novos perfis de comerciantes, algo indispensável ao sucesso econômico do empreendimento. Como consequência, novas modalidades de conflitos emergem diariamente dessa estratégia, pois, nem todos os camelôs se reconverteram no protótipo de lojista idealizado pela PPP. As tensões em torno desse processo permitem reconstituir os nexos entre economia e política, micro e macro, agentes e instituições que configuram o social. Palavras-chave: Mercado Informal. Camelôs. Estado. Etnografia. Parceria Público-Privada FROM STREET VENDORS TO SHOP OWNERS: the transition from street markets to a mall in Porto Alegre Moisés Kopper This article starts off from the tensions involved in the process of removing the street Market from downtown Porto Alegre/RS, Brazil, and moving it to a popular mal built through a Public-Private Partnership (PPP). We gave preference to an ethnographic approach based on over three years of insertion if the field, which allowed us to capture the process from a diachronic perspective. The transition from the streets to the mall was closely followed by the construction company, that demanded a change in commercial sensibility from a pedagogical perspective with the aim of creating new profiles for the shopkeepers, something that was essential for the economic success of the investment. As a consequence, new conflicts emerged daily from this strategy, since not all street vendors became the prototype of shopkeeper idealized by the PPP. The tensions around this process allowed us to reconstruct the connections between economy and politics, micro and macro, agents and institutions that shape the social. Keywords: Informal Market. Street vendors. State. Ethnography. Public-Private Partnership. DE CAMELOTS À COMMERÇANTS: la transition d’un marché à ciel ouvert à un centre commercial à Porto Alegre Moisés Kopper Les tensions dues au processus d’élimination du marché à ciel ouvert dans le centre de Porto Alegre/ RS et de son transfert vers un centre commercial populaire, construit grâce à un partenariat publicprivé (PPP), sont à l’origine de cet article. On y privilégie une approche ethnographique faite à partir d’une insertion sur le terrain pendant plus de trois ans, ce qui a permis d’en saisir le processus dans une perspective diachronique. La transition de la rue vers le “camelotdrome” a été suivie de près par l’entreprise de construction dorénavant responsable de sa gestion. Ceci exigeait un changement de sensibilité commerciale grâce à une politique de “pédagogisation” pour créer un nouveau profil de commerçants, condition indispensable à la réussite économique de cette réalisation. L’une des conséquences est que de nouveaux types de conflits surgissent tous les jours de cette stratégie, car tous les camelots ne se sont pas reconvertis selon le prototype du commerçant conçu par le PPP. Les tensions autour de ce processus permettent de reconstituer les liens existants entre l’économie et la politique, micro et macro, les agents et les institutions qui forment le social. Mots-clés: Marché Informel. Camelots. État. Ethnograhie. Partenariat Public-Privé. Publicação Online do Caderno CRH no Scielo: http://www.scielo.br/ccrh  Publicação Online do Caderno CRH: http://www.cadernocrh.ufba.br 
    corecore