54 research outputs found
Recommended from our members
Notas sobre a vida social da previsão climática: Um estudo do caso do Estado do Ceará
O presente trabalho é um estudo dos usos sociais das previsões climáticas no Estado do Ceará, Nordeste Brasileiro. Inicialmente textos importantes e de publicação recente em língua inglesa são apresentados e sumarizados. A bibliografia é em geral consensual em argumentar que as expectativas sociais com relação aos benefícios provenientes da aplicação de previsões climáticas são inconsistentes com fatores limitantes existentes nas circunstancias em que prognósticos de clima são utilizados. Tais fatores podem ser classificados como restrições ligadas a incompatibilidades de modelos mentais e esquemas de pensamento, e incompatibilidades operacionais e organizacionais. Dentro da primeira classe encontramos questões como formas locais específicas de entendimento de fenômenos climáticos, dificuldades no uso de informações probabilísticas, ruídos comunicativos provenientes do uso de jargão técnico na disseminação massificada de prognósticos, e formas distintas e mesmo antagônicas de conceber os benefícios sociais e econômicos provenientes do uso da informação do clima. Dentro das incompatibilidades operacionais e organizacionais encontramos problemas de descompasso entre escalas e padrões espaciais e temporais de decisão, a inerente variabilidade de fenômenos climáticos como o El Niño, a manipulação política de prognósticos de clima, dificuldades em transformar prognósticos de clima em prognósticos de impacto, incompatibilidades entre os graus de incerteza com que fornecedores e usuários da informação do clima trabalham, e a existência de múltiplos prognósticos inconsistentes a gerar crises de confiabilidade e legitimidade ligadas à atividade meteorológica. Argumentamos que as análises são geralmente demasiado superficiais no tratamento de formas locais estabelecidas de interpretação e contextualização das informações de clima, mais especificamente em dois níveis principais: por um lado, no que se refere aos discursos e narrativas religiosos sobre clima, fator presente de forma decisiva na forma como as populações do sertão nordestino se relacionam com o meio ambiente; e por outro, na forma como as dinâmicas sociopolíticas desta região semi-árida, através da "naturalização" da miséria e da vinculação desta aos fenômenos climáticos (isto é, através da explicação da pobreza através de fatores naturais como eventos de seca), criaram através da história uma forma específica de entender o papel social da meteorologia e a responsabilidade desta no gerenciamento do bem estar da população mais vulnerável. Através do uso de material etnográfico, analisamos estas duas questões, e concluímos que a meteorologia deve atuar de forma ativa para alterar padrões coletivos de entendimento de sua missão, seu papel e suas capacidades reais de contribuição com os esforços de adaptação da população às condições do semi-árido
When climatologists meet social scientists: ethnographic speculations around interdisciplinary equivocations
This article argues for the need to address the fact that a large amount of conflict over environmental knowledge occurs inside the academy, against the commonsensical perception that it is a mark of the relationship between science and non-science. It proposes a conceptual speculative exercise that uses a framework presented by indigenous ethnology, specifically the theory of Amerindian perspectivism, to address tensions among scientific disciplines in interdisciplinary work. Ethnographic vignettes about contentious encounters between climatologists/meteorologists and social scientists are used as methodological and analytical resources. The paper argues for a non-platonic approach to interdisciplinarity, suggesting that a more productive and realistic attitude treats the collaboration of different disciplines as a case of alliance among “enemies”, with the caveat that the concept of enemy should be understood here in terms of the relational philosophies of Amerindian peoples, where antagonistic difference is valued for its constitutive and productive effects on reality. Este artigo sustenta ser necessário abordar o fato de que boa parte dos conflitos em torno do conhecimento ambiental ocorre dentro da academia, ao contrário do que sugere o senso comum, que entende tais conflitos como característicos da relação entre ciência e não ciência. Propõe-se aqui um exercício especulativo conceitual que utiliza a abordagem oferecida pela etnologia indígena, e, mais especificamente, pela teoria do perspectivismo ameríndio, para tratar do conflito entre disciplinas científicas no trabalho interdisciplinar. Relatos etnográficos sobre casos de conflito entre meteorologistas e cientistas sociais são usados como recurso metodológico e analítico. O artigo defende uma abordagem não platônica da interdisciplinaridade e sugere ser mais produtiva e realista uma abordagem que trate a colaboração entre diferentes disciplinas como um caso de aliança entre “inimigos”, com a ressalva de que o conceito de inimigo deve estar fundado na forma como as filosofias relacionais dos povos ameríndios o entendem, em um contexto em que a diferença antagônica é valorizada por seus efeitos constitutivos e produtivos sobre a realidade
Educação, antropologia, ontologias
The goal of this paper is to analyze the relation between anthropology and education, and the relation of both with the experience of life, in a context of debates in which epistemological concerns have gradually been substituted by a reflection on the ontological dimension of existence. Starting with a discussion on the asymmetric historical relation between anthropology and education, in what concerns the analysis of sociocultural dimensions of learning, we propose the inversion of terms of the expression anthropology of education, and then discuss the paradoxes that characterize the relation between the professional education of the anthropologist, identified as an epistemological exercise, and the ontological dimension of the ethnographic experience. From this discussion, the question of the body of the ethnographer emerges as something absent in mainstream ethnographic production, which is identified as an index of the presence of one of the structuring dichotomies of Western epistemology: the separation of mind and body. The works of authors associated to the so-called ontological turn in social sciences are brought to the discussion, and from the analysis of some of their main contributions, new points of contact between education and anthropology, on more symmetric grounds, emerge. From these, it is of special interest the one that focuses on happiness and the plenitude of becomings, which, albeit an unprecedented theme in anthropology, has been part of the pedagogical debates of the last four decades.Este texto tem como objetivo analisar a relação entre a antropologia e a educação, bem como entre esses dois campos e a experiência da vida, num contexto de debates acadêmicos em que preocupações mais propriamente epistemológicas cedem gradativamente espaço à reflexão sobre a dimensão ontológica da existência. A partir de uma discussão da relação histórica assimétrica entre a antropologia e a educação na reflexão sobre as dimensões socioculturais do aprendizado, propomos a inversão dos termos da expressão antropologia da educação, e em seguida discutimos os paradoxos existentes na relação entre a educação profissional do antropólogo, enquanto exercício epistemológico, e a dimensão ontológica da vivência etnográfica. Emerge daí a questão do corpo do etnógrafo como elemento ausente na reflexão etnográfica, indício da presença de uma das dicotomias estruturantes da epistemologia ocidental, a divisão entre corpo e mente. Os trabalhos de autores ligados à chamada virada ontológica nas ciências sociais são então trazidos ao debate e, a partir da análise de algumas de suas contribuições centrais, vêm à tona novos pontos de contato entre os campos da educação e da antropologia, em bases mais simétricas. Dentre estes, destacam-se os temas da felicidade e da plenitude do devir, inéditos na antropologia, mas presentes nos debates pedagógicos das últimas quatro décadas
O dia em que virei índio – a identificação ontológica com o outro como metamorfose descolonizadora
This text combines reflections on the challenges encountered by me in my ethnographic work with the Cacique Cobra Coral Foundation, in special in what concerns the transformation in the way alterity was experienced throughout the ethnographic process, with criticisms made by indigenous anthropologists to anthropology and its practices, with the goal of making elements of the ethnographic research illuminate, as much as possible, uncomprehended dimensions of the mentioned criticisms. The text then offers some ref lections on the impacts of the appearance of the whole contingent of sel f-declared “animi st ” anthropologists, in a context in which anthropology tacitly reproduces, in some of its practices, the materialistic naturalism of the so called “hard” sciences.Este texto combina reflexões sobre as dificuldades encontradas em meu trabalho etnográf ico junto à Fundação Cacique Cobra Coral, em especial no que diz respeito a transformações na forma como a alteridade foi vivida ao longo do processo etnográfico, com críticas de antropólogos indígenas à antropologia e suas práticas, de modo a fazer com que elementos da pesquisa etnográfica iluminem, na medida do possível, dimensões pouco compreendidas das referidas críticas. O texto então busca oferecer algumas reflexões sobre os impactos do aparecimento de todo um contingente de antropólogos declaradamente “animistas” dentro de um contexto em que a antropologia tacitamente reproduz, em algumas de suas práticas, o naturalismo materialista das ciências ditas “duras”
Notes on the semiotic phenomenology of social discrimination
The goal of this paper is to explore the application of some elements of Charles S. Peirce’s
semiotic phenomenology to the study of social discrimination. Using E. Valentine Daniel’s
ideas about the “limits of culture” as a point of departure to understand the process of semeiosis,
this article argues that situations of social discrimination are a special case of the
phenomenon where the process through which percepts are transformed into (new) concepts
is incomplete. The distinctive element here is the fact that the process of social stigmatization
is only effective if capable of semiotically manipulating signs associated to group identities.
This manipulation reduces the semiotic complexity of the signs associated with whoever
is stigmatized. Susan Gal’s three processes of semiotic manipulation, namely iconization,
recursiveness, and erasure, and Harold Garfinkel’s work on degradation ceremonies will be
brought into analysis as relevant cases
The Invention of Violence (of Soccer Fan Groups in Buenos Aires)
This article presents and analyzes ethnographic data generated in Buenos Aires, the capital of Argentina, among soccer fans whose conduct is supposedly violent, and their relation to the police force. Using a theoretical framework proposed by authors working in the field of Melanesian anthropology, this text suggests that the police, with their insistence on establishing order and control, project an image of soccer fans as an unruly mob that rebels against police authority, thus leading to a neurotic escalation in the use of violence by the police. The fans, on the other hand, focus on their own supposedly heroic actions and leading roles as part of a process of individualization, and consider the police force an obstacle to the achievement of their goals, which leads them to act with even greater energy, to the point of hysteria, in their customary activities. Neurosis and hysteria are terms that are defined and used in a very specific way in this text.Este artigo apresenta e analisa dados etnográficos gerados em Buenos Aires, capital da Argentina, entre torcedores de futebol cujo comportamento é supostamente violento e sua relação com as forças policiais. Partindo do referencial teórico originado na antropologia melanésia, este texto sugere que a polícia, com sua determinação de estabelecer a ordem e o controle, projeta sobre as torcidas organizadas a imagem de um coletivo alvoroçado e rebelde à autoridade policial, o que a conduz a uma neurótica escalada no uso da violência oficial. Os torcedores, por sua vez, centralizam-se nas heroicidades e no protagonismo como parte de seu processo de individualização, e veem nas forças policiais um obstáculo para seus objetivos, o que os leva a atuarem com maior energia, histericamente, em suas atividades habituais. Neurose e histeria são conceitos que são definidos neste texto e empregam-se de maneira específica.024153
Antropologia pós-normal
Este artículo intenta problematizar la aceptación tácita por parte de las ciencias sociales en general –y de las prácticas etnográficas en particular– de cierta realidad a la que denominaremos ortodoxia ontológica u ontodoxia. El argumento es el siguiente: la filosofía de la ciencia del siglo xx sacó a la física de la posición de ser la cota de referencia invisible a la hora de juzgar la validez ontológica de todas las preguntas epistemológicas, fueran científicas o no. Dos de las implicaciones lógicas y metodológicas de este hecho –y seguramente las más relevantes para las humanidades y las ciencias sociales– son que cualquier investigación sobre el mundo o sobre un mundo no debería: 1) dar por sentadas las cualidades físicas del mundo (este mundo), ni 2) reducir las dimensiones ontológicas de tal mundo a sus aspectos físicos conocidos. Estas aseveraciones plantean a la etnografía desafíos metodológicos que hasta ahora no han sido analizados. Proponemos pensar en una “Antropología posnormal”, en el sentido que a este último término le atribuyeran Silvio Funtowicz y Jerome Ravetz (1991, 1993) a la hora de enfrentar situaciones en las que el encuentro etnográfico se da en contextos de verdadero choque ontológico y donde los marcos conceptuales que estructuran la perspectiva del etnógrafo no pueden permanecer sin alteraciones.This paper intends to problematize the tacit acceptance of certain physical reality(ies) –what we will call ontological orthodoxy, or ontodoxy– by social sciences in general, and by the ethnographic practices in particular. The argument runs as follows: 20th century philosophy of science removed physics from the position of invisible benchmark for ontological validity of all epistemological inquiries, scientific or not; two of the logical and methodological implications of this fact –and certainly the ones that are most relevant for the humanities and the social sciences– are that any inquiry into the (or a) world should not: 1) take the physical qualities of the (this) world for granted, and 2) reduce the ontological dimensions of such world to its known physical aspects. These assertions pose methodological challenges to ethnography that have not been addressed so far. We claim that a post-normal anthropology, in the sense given to post-normal by Silvio Funtowicz and Jerome Ravetz (1991, 1993) allows to refer and to conceptualize situations in which the ethnographic encounter takes place in contexts of real ontological clash, and where the conceptual frameworks that structure the perspective of the ethnographer cannot remain unchanged.Este artigo procura problematizar a aceitação tácita de certa(s) realidade(s) física(s) –o que chamaremos de ortodoxia ontológica, ou ontodoxia– pelas ciências sociais em geral, e pela prática etnográfica em particular. O argumento pode ser resumido da seguinte forma: a filosofia da ciência do século XX removeu a física da posição de padrão de referência invisível para a validação ontológica de toda e qualquer indagação epistemológica, científica ou não; duas das implicações lógicas e metodológicas deste fato –e certamente as mais relevantes para as humanidades e as ciências sociais– são o fato de que uma indagação sobre o (ou em um) mundo não deve: 1) assumir as qualidades físicas deste mundo como dadas, e 2) reduzir as dimensões ontológicas do mesmo aos seus aspectos físicos conhecidos. Tais asserções colocam desafios metodológicos à etnografia que ainda não foram tratados devidamente. Afirmamos que uma antropologia pós-normal, no sentido dado à expressão por Silvio Funtowicz e Jerome Ravetz (1991, 1993), permite a referencia e conceituação de situações nas quais o encontro etnográfico ocorre em contextos de choque ontológico real, e onde o marco conceitual que estrutura a perspectiva do etnógrafo não é capaz de permanecer inalterado
El día en que me transformé en indio – la identificación ontológica con el otro como metamorfosis descolonizadora: The day i became indigenous – the ontological identification with the other as decolonizing metamorphosis
Este texto reúne reflexiones sobre las dificultades presentes en mi etnografía en la Fundación Cacique Cobra oral, especialmente con respecto a las transformaciones en la forma como la alteridad fue vivida a lo largo del proceso etnográfico, junto a críticas de antropólogos indígenas a la propia antropología y a sus prácticas, de forma tal que elementos de la investigación etnográfica iluminen, en la medida de lo posible, dimensiones poco comprendidas de las referidas críticas. Por lo tanto, el texto pretende ofrecer algunas reflexiones sobre los impactos del surgimiento de todo un contingente de antropólogos declaradamente “animistas”, dentro de un contexto donde la antropología tácitamente reproduce, en algunas de sus prácticas, el naturalismo materialista de las ciencias llamadas “duras”
Mudanças climáticas, ciência e sociedade
This paper proposes a brief presentation of sociological studies on climate change, suggesting a synthesis of the emergence of this research area, its main contributions to the debate and, in particular, highlighting its interrelations with the field of Science and Technology Studies (STS). Thus, it intends to contextualize the dossier Climate change, science and society that makes up this issue of Sociologias. This dossier comprises texts by national and international authors, which demonstrate how the issue of climate change has been challenged in different spheres of political action and has been institutionalized, proving to be a privileged theme for the analysis of the continuous reordering of social relations through the interface between scientific knowledge, public policy, and materialities. Therefore, paving the way to the national debate, the dossier summarizes a contribution from the sociological approach to an increasingly pressing theme: the effects of climate change on contemporary social life. The articles gathered here discuss the battles fought on the subject within the different political arenas and allow us to see how the issue of climate change has the power to drive political transformations in various scales and territories. Thus, the texts presented document how the coexistence of paradigms, associated with transformations in the core of the earth sciences, is a unique opportunity for analytical and theoretical elaboration for both sociology and the studies on Science, Technology and Society.Este texto propõe uma breve apresentação dos estudos em sociologia das mudanças climáticas, sugerindo uma síntese do surgimento dessa área de pesquisa, suas principais contribuições para o debate e, em especial, destacando suas inter-relações com o campo dos Estudos Sociais em Ciência e Tecnologia (ESCT). Desse modo, pretende contextualizar o dossiê Mudanças climáticas, ciência e sociedade, que compõe esta edição de Sociologias. Este dossiê articula textos de autores nacionais e internacionais que demonstram o quanto o tema das mudanças climáticas vem sendo enfrentado nas diferentes esferas de ação política e tem-se institucionalizado, demonstrando ser um objeto privilegiado para a análise do reordenamento contínuo das relações sociais por meio da interface entre conhecimento científico, políticas públicas e materialidades. Portanto, de forma pioneira no debate nacional, o dossiê sumariza uma contribuição do enfoque sociológico ao tema que se tem demonstrado cada vez mais premente: os efeitos das mudanças climáticas na vida social contemporânea. Os artigos aqui reunidos discutem as batalhas travadas sobre o assunto dentro das distintas arenas políticas, e nos permitem constatar como a questão das mudanças climáticas tem poder de agenciamento de transformações políticas em diversas escalas e territórios. Assim, os textos apresentados documentam como a coexistência de paradigmas, associada a transformações no âmbito das ciências da terra, constitui-se em oportunidade ímpar de elaboração analítica e teórica para a sociologia e os ESCT
Mudanças climáticas, ciência e sociedade
Este texto propõe uma breve apresentação dos estudos em sociologia das mudanças climáticas, sugerindo uma síntese do surgimento dessa área de pesquisa, suas principais contribuições para o debate e, em especial, destacando suas inter-relações com o campo dos Estudos Sociais em Ciência e Tecnologia (ESCT). Desse modo, pretende contextualizar o dossiê Mudanças climáticas, ciência e sociedade, que compõe esta edição de Sociologias. Este dossiê articula textos de autores nacionais e internacionais que demonstram o quanto o tema das mudanças climáticas vem sendo enfrentado nas diferentes esferas de ação política e tem-se institucionalizado, demonstrando ser um objeto privilegiado para a análise do reordenamento contínuo das relações sociais por meio da interface entre conhecimento científico, políticas públicas e materialidades. Portanto, de forma pioneira no debate nacional, o dossiê sumariza uma contribuição do enfoque sociológico ao tema que se tem demonstrado cada vez mais premente: os efeitos das mudanças climáticas na vida social contemporânea. Os artigos aqui reunidos discutem as batalhas travadas sobre o assunto dentro das distintas arenas políticas, e nos permitem constatar como a questão das mudanças climáticas tem poder de agenciamento de transformações políticas em diversas escalas e territórios. Assim, os textos apresentados documentam como a coexistência de paradigmas, associada a transformações no âmbito das ciências da terra, constitui-se em oportunidade ímpar de elaboração analítica e teórica para a sociologia e os ESCT.This paper proposes a brief presentation of sociological studies on climate change, suggesting a synthesis of the emergence of this research area, its main contributions to the debate and, in particular, highlighting its interrelations with the field of Science and Technology Studies (STS). Thus, it intends to contextualize the dossier Climate change, science and society that makes up this issue of Sociologias. This dossier comprises texts by national and international authors, which demonstrate how the issue of climate change has been challenged in different spheres of political action and has been institutionalized, proving to be a privileged theme for the analysis of the continuous reordering of social relations through the interface between scientific knowledge, public policy, and materialities. Therefore, paving the way to the national debate, the dossier summarizes a contribution from the sociological approach to an increasingly pressing theme: the effects of climate change on contemporary social life. The articles gathered here discuss the battles fought on the subject within the different political arenas and allow us to see how the issue of climate change has the power to drive political transformations in various scales and territories. Thus, the texts presented document how the coexistence of paradigms, associated with transformations in the core of the earth sciences, is a unique opportunity for analytical and theoretical elaboration for both sociology and the studies on Science, Technology and Society
- …