24 research outputs found

    Aula Inaugural

    Get PDF
    Aula Inaugura

    TEMPO DE CANTAR: A NECESSIDADE DE ULTRAPASSAR O SILÊNCIO

    Get PDF
    Ao reconhecerem a limitação da linguagem discursiva diante da experiência íntima com Deus, diversos místicos cristãos adotaram ou recomendaram o silêncio como resposta para tal experiência. Contudo, em seus Comentários aos Salmos, Santo Agostinho, embora endosse a reiterada desconfiança pelo logos, contraindica o silêncio. Diante do que não se pode falar nem se calar, a solução seria jubilar, aconselha o santo, remetendo-se a um gênero musical do período, o jubilus, canto de exultação sem palavras. Neste artigo, examinar-se-á essa curiosa prescrição, verificando, primeiramente, quais as limitações do silêncio como modo de expressão (seja em geral, seja da experiência mística) e, em segundo lugar, de que forma a música poderia se manifestar como resposta mais consentânea a uma experiência do transcendente. Para tanto, recorrer-se-á a textos não só de Santo Agostinho, mas de autores contemporâneos como Ludwig Wittgenstein, Vladimir Jankélévitch e Susanne Langer, sensíveis ao tema do inefável. PALAVRAS-CHAVE: Silêncio. Júbilo. Expressão. Inefável. Música

    Antropologia em contraponto:

    Get PDF
    A música desempenha papel de centralidade não só na estética de Vladimir Jankélévitch, mas em toda a sua reflexão filosófica. Radicalmente inscrita na temporalidade, a experiência musical apresenta certos traços fundamentais que também caracterizam a concepção ontológica, ética e antropológica do autor. Este artigo focalizará, especificamente, possíveis pontos de confluência entre a música e o ser humano, recorrendo a um método analógico empregado com frequência pelo filósofo. Assim, a fim de abordarmos o problema antropológico, recorreremos à arte sonora e a fim de abordarmos o mistério musical, recorreremos ao sujeito que a cria, interpreta e aprecia. Nesta abordagem, serão especialmente examinados aspectos como a brevidade, a singularidade, a inefabilidade e a ambiguidade, partilhados pela música e pelo ser humano no pensamento jankélévitchiano

    O elogio à noite em Vladimir Jankélévitch (1903-1985)

    Get PDF
    Vladimir Jankélévitch concede um lugar de destaque à imagem e à experiência noturna, tanto em sua reflexão ontológica quanto musicológica. Ao contrário do que se observa de modo predominante na tradição filosófica ocidental, o filósofo francês contemporâneo efetua, em diversos momentos de sua obra, uma espécie de "elogio à noite", que merece ser investigado. O presente trabalho propõe, assim, identificar os principais fatores capazes de garantir a extrema positividade do motivo noturno no pensamento jankélévitchiano. Por meio deste estudo, será possível reconhecer algumas das influências fundamentais que, em alguns casos reinterpretadas, compõem a original perspectiva do filósofo. Dentre elas, encontram-se as poéticas musicais romântica e impressionista, a filosofia de Henri Bergson e toda uma tradição mística e apofática, na qual certa imagem da noite é igualmente valorizada.Vladimir Jankélévitch concedes to the image and experience of nighttime a proeminent place, both in his ontological and musicological reflections. Contradicting what is usually observed in Western philosophical tradition, the French contemporary philosopher elaborates, in different moments of his work, a kind of "compliment to the the night", worthy of study. Therefore, the current article intends to point out the main factors which contribute to the extreme positivity of the nocturnal motive in Jankélévitch's thought. Through this analysis it will be possible to recognize some of the fundamental influences which, in some cases reinterpreted, compose the original perspective of the philosopher. Among them, stand out the Romantic and Impressionist musical poetics, the philosophy of Henri Bergson, and a whole mystical and apophatical tradition, in which certain nocturnal image is equally valued

    Atributos privativos e musicais do fenômeno noturno

    No full text
    Desde a sua análise como mero fenômeno, elaborada com pretensões de neutralidade, a noite é por nós concebida a partir de atributos predominantemente privativos. Estes se acentuam culturalmente na tradição ocidental, que tende a desvalorizá-los como signos de um vazio de ordem ontológica, epistemológica, ética e, até mesmo, estética. Associadas a uma esfera de negatividade, tais privações parecem impedir ou, pelo menos, dificultar o tratamento artístico da experiência noturna, sobretudo quando este pretende se realizar num modelo de arte em continuidade com uma proposta visual e iluminista. Tomando como base nossa tese de doutorado, intitulada XXX, pretendemos aqui analisar de que modo os atributos privativos referentes à noite não só dificultam a sua mímese quanto estão presentes, sob nova interpretação, em contextos que revalorizam positivamente a experiência noturna, potencializando-a, assim, como motivo. Dentre estes contextos, concederemos particular atenção à arte musical, que, coincidentemente, manifesta para o teórico e o ouvinte alguns dos mesmos atributos privativos identificados na análise primária do noturno. A fim de efetuar este estudo, recorreremos ao pensamento de Vladimir Jankélévitch, principal fundamentação teórica da tese cujo percurso será sintetizado neste artigo

    Aula Inaugural

    No full text
    Aula Inaugura

    Muito mais que ornamentos: uma reflexão sobre as “coisas” em O zoológico de vidro, de Tennessee Williams

    Get PDF
    A peça teatral O zoológico de vidro (The Glass Menagerie), de Tennessee Williams, conta com a participação, além de suas quatro personagens (Amanda, Laura, Tom e Jim), de uma série de “coisas” fundamentais para a construção do drama. Este ensaio tem como objetivo refletir sobre o papel, o estatuto, as interrelações e as implicações estéticas, sociais e existenciais de tais “coisas”, estreitamente vinculadas ao “mundo” das personagens. Para tanto, recorrerá ao pensamento de Martin Heidegger, mais especificamente à sua compreensão sobre o ocupar-se (Besorgen) e o utensílio (Zeug), extraídas de Ser e tempo (parágrafos 12 e 15), e à sua distinção entre “coisa” (Ding), “utensílio” (Zeug) e “obra de arte” (Kunstwerk), formulada na primeira parte de A origem da obra de arte. Ao longo do percurso proposto, examinar-se-á, sobretudo, a “coisa-título” da obra, a saber, a coleção de bichinhos de vidro em miniatura de Laura Wingfield, juntamente com algumas “coisas” coadjuvantes e, até, uma “não coisa”, dotada de relevante interação com a “coisa-título”: a luz. Por meio da aplicação da fundamentação teórica heideggeriana às diversas “coisas” analisadas, complementada por textos de Meyer Schapiro eJacques Derrida, será possível aprofundar temas específicos da peça e problemas mais gerais do campo estético, como as relações entre ilusão e desvelamento, utilidade e inutilidade (ou efetividade e inutilidade, dentro do contexto de uma obra), assim como as distinções entre re-missão e restituição, ornamento e obra de arte

    “Tinieblas del tiempo” El fin de la noche y de la temporalidad a partir de interpretaciones medievales del Apocalipsis

    Get PDF
    The book of Revelation describes the “final Paradise” as an environment in which certain “realities” of the present existence will be suppressed, among them, night time, whose abolition has been related throughout the Middle Ages to the suppression of time-inferred from certain interpretation of Rev 10:6. Based on the medieval reception of revelation, this article intends to analyze to what extent the supposed end of the night and of time can be associated, either by the elements found in the biblical sources or by the common structures of imaginary and of perception.El Apocalipsis describe el “Paraíso definitivo” como un ambiente del cual estarán del todo suprimidas ciertas “realidades” que integran la existencia presente. Entre ellas se encuentra el periodo nocturno, cuya abolición ha sido conectada, a lo largo de la Edad Media, con la supresión del tiempo, inferida de cierta interpretación del Ap 10,6. Al partir de la recepción medieval del Apocalipsis, este artículo pretende analizar en qué medida los supuestos fines de la noche y del tiempo pueden asociarse, sea por elementos presentes en las propias fuentes bíblicas, sea por estructuras comunes del imaginario y de la percepción

    Sabor de vida eterna: apuntes sobre la inefabilidad en San Juan de la Cruz

    No full text

    O MOTIVO DA NOITE: DA ESTERILIDADE INDIZIVEL A MUSICALIDADE INEFAVEL

    No full text
    Para la aproximación propia del arte mimético tradicional el problema que surge ante la representación del motivo nocturno implica una serie de paradojas fundamentales: ¿cómo representar lo que no se muestra, lo indeterminado, el vacío que ofrece pocos elementos a la apreciación estética? En la primera parte de esta investigación, tras asentar en términos fenomenológicos el problema del arte nocturno y examinar la intensificación de sus paradojas en medio de las cosmovisiones que han constituido la cultura occidental - donde han sido los imaginarios de la vista y de la luz los que han fundamentado una estética que va a la par de una metafísica, una epistemología y una ética- discernimos cómo este problema en realidad aparente se disuelve desde el momento en que se rescata la extrema fecundidad de la experiencia nocturna. El análisis de tal disolución, rastreada en una genealogía estética y místico-poética a contramano de la tendencia dominante, anuncia un "lugar" emblemático en que lo nocturno se potencializa positivamente: la experiencia auditivo-musical. A lo largo de este movimiento de resolución y superación de las paradojas iniciales, se observa cómo la noche sirve de imagen para dos niveles antitéticos de inexpresabilidad, los que son delimitados mediante una reutilización crítica de los conceptos de lo indecible y lo inefable extraídos de la obra de Vladimir Jankélévitch. Por un lado, en la noche indecible, se halla aquello que, al no contener nada, impide toda representación verbal o artística. Por otro, en la noche inefable, aquello que, por su riqueza, no se comunica en una sola imagen o palabra, pero aun así, o por lo mismo, posee un infinito potencial expresivo. El incógnito visual de lo nocturno remite entonces a la indeterminación de lo que acoge múltiples posibilidades y de lo que se ofrece como inagotable fuente poética. Es precisamente situándose y continuando críticamente la vía abierta por Jankélévitch, que en la segunda parte exploramos la fecundidad artística y fenoménica de la noche en su íntima afinidad con la escucha y con la música, arte que, según el filósofo francés, congrega el atributo de la inefabilidad y una esencia nocturna. En medio de una valoración de la aprehensión no-visual del mundo, examinamos los vínculos o parentescos entre lo auditivo-musical y lo nocturno, lo que nos permite precisar la fecundidad de la experiencia nocturna en el horizonte de una estética que favorece lo evocativo más que lo representacional
    corecore