10 research outputs found

    TRADUTOR DE WHITMAN E DE SHAKESPEARE: GENTIL SARAIVA JÚNIOR

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    Gentil Saraiva Júnior é formado em Letras (Inglês/Português) pelo Instituto de Letras da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, com mestrado e doutorado em tradução literária pelo Programa de Pós-Graduação (PPG) em Letras da mesma universidade, com foco em tradução de poesia. É mineiro de Espinosa e mora em Porto Alegre desde 1986, para onde se mudou aos dezenove anos. Especialista em tradução, dedicou-se por trinta anos à recriação em português da obra completa de Walt Whitman, Folhas de Relva, em sua edição do leito de morte, de 1891-92. A partir de 2016, tem se dedicado a traduzir obras de William Shakespeare, publicadas pela Ed. Martin Claret: Rei Lear, já publicado (2017); Hamlet, também publicado (2020), e A Doma da Megera, com edição prevista para 2021. Criterioso, revela as etapas do seu processo de tradução nesta entrevista, cujo interesse nasceu da pesquisa realizada pela entrevistadora, em seu estágio pós-doutoral em andamento na Universidade Federal de Minas Gerais. A pesquisa tem como um dos focos o estudo sobre as referências culturais e literárias do poeta português Fernando Pessoa, que teve formação inglesa, tendo sido considerado “anglômano” por Octávio Paz. Sendo Shakespeare e Whitman dois importantes autores para o poeta da heteronímia, Gentil Saraiva Júnior consiste em apoio teórico para o entendimento de aspectos formais e temáticos acerca dos modelos da língua inglesa adotados pelo poeta português. Em conversa com esta pesquisadora, o tradutor revelou importantes aspectos do seu trabalho e das obras por ele traduzidas

    A ARTE IMITA A NÃO-VIDA: FERNANDO PESSOA

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    Na obra de Fernando Pessoa, percebe-se um indivíduo perdido numa espécie de exílio e em “busca de si” dentro da própria alma. Sua escrita colige alter egos que afluem em torno de um abismo axial, nas recorrências em que negam a vida e afirmam a morte. Sua expressão não literária demonstra a tristeza das perdas, além da oposição aos valores, à mentalidade e aos costumes portugueses. A par da ideia de Jorge de Sena (1974) quando afirma que Fernando Pessoa corteja a morte durante muitos anos, este estudo, que faz parte de um projeto em andamento, avança na investigação de possibilidades externas subjacentes à representação da morte na obra do poeta. O percurso de leitura e análise busca identificar elos entre a produção escrita e a vida do poeta, pressupondo que a estética da morte reflete sombras de um estado psíquico de tristeza e desterro.  Tornam exemplo da associação entre vida e obra as mudanças desde a infância, as perdas, sua formação britânica, e a produção escrita em Portugal. Sua obra, neste trabalho, se reconstrói como uma ponte pênsil, arisca, bifurcada, que liga história e poesia; espaço e tempo.DOI: https://doi.org/10.47295/mren.v10i3.323

    Estória da Galinha e do Ovo: presença africana e brasilidade

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    Este trabalho parte do conto “Estória da galinha e do ovo”, presente na obra Luuanda, de José Luandino Vieira. Ao trazer aspectos sociais e estéticos, a análise reafirma a importância da literatura africana no Brasil e a inerência da cultura africana na brasileira. A obrigatoriedade de inclusão da matriz africana no currículo escolar, conforme dispõe a LDB, exigiu a busca de novos conhecimentos até então não contemplados. Luandino apresenta uma criação ficcional rica para se pensar a sociedade, o homem, seu passado e os modos de representá-los. A linguagem original, com novidade vocabular, sintática e marcada pela oralidade, intensifica o efeito da situação retratada. As entrelinhas da narrativa abrigam a consciência política do autor, revelando implicações de múltiplos vetores subjacentes ao que se afirma pelas falas e ações dos personagens. As relações de poder carregam contradições que se relacionam ao estigma da cor. O aspecto social ligado à criação da linguagem revela como é dissolvida a diferença do elemento culto na oralidade peculiar e como a construção se expande do particular para o universal, criando um sentido coerente e libertador para a palavra arte. Como resultado, observa-se que a crítica no relato da disputa por um ovo abriga um projeto de inversão do instituído, mudando as regras do jogo de poder que envolve a desigualdade e a precariedade dos “musseques” de Luanda como metáfora para a dinâmica maior. Autores como Pierre Bourdieu e Antonio Candido fazem parte da linha racional que conduz esta proposta

    CAIO GAGLIARDI E OS ESTUDOS PESSOANOS

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    Caio Gagliardi é professor associado da Universidade de São Paulo na área de Literatura Portuguesa. É coordenador do grupo de pesquisa Estudos Pessoanos e membro do projeto Estranhar Pessoa, da Universidade Nova de Lisboa. Desenvolveu um longo histórico de estudos a respeito de Fernando Pessoa, desde a graduação até a livre-docência. Convidado a nos conceder esta entrevista, concordou em compartilhar conosco um pouco do seu conhecimento a respeito de Fernando Pessoa, vida e obra.

    Oswal de Andradde in the O Homem do Povo newspaper

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    Em 1931, Oswald de Andrade cria e publica O Homem do Povo, jornal em que manifesta seu ativismo comunista, e no qual satiriza a sociedade capitalista e burguesa no Brasil de seu tempo. Suas edições, no total de oito, foram publicadas em março e abril de 1931, contando com a participação de Patrícia Galvão (Pagu) e Queiroz Lima e com a parceria de importantes intelectuais como o crítico Astrojildo Pereira. O trabalho tem por objetivo analisar propriedades expressivas e críticas das construções do jornal, sobretudo nas formulações do ativista Oswald de Andrade. Para isso foram selecionados do jornal principalmente os editoriais escritos por Oswald de Andrade, vários artigos que levam a sua assinatura, e outros assinados por pseudônimos ou anônimos, evidenciados os traços peculiares de sua escrita e ideias. Por meio da pesquisa investigativa, leitura e análise do corpus, destacam-se três elementos substanciais presentes na sua escrita: o humor do jogo de espírito irreverente, a reflexão vinculada aos propósitos de sua própria formulação crítica a respeito da antropofagia, e a subversão, em que resume elementos de estética e política, cuja configuração se manifesta na própria organicidade do jornal. Tais ingredientes, em analogia com outros articulistas, dão sustentação à substância satírica que permeia o jornal O Homem do Povo. Assim, observa-se nas diferentes estratégias de sua linguagem, metafórica ou não, que Oswald de Andrade continuamente alia-se aos colaboradores para representar um mundo às avessas, alvejando a sociedade capitalista e suas elites. Neste sentido, interessa exibir que, por suas elaborações hiperbólicas, o jornal, provocativamente, serve de instrumento na procura de evidenciar, por diversos meios e modos, o destronamento do burguês e a entronização do povo. Nessa tarefa, Oswald de Andrade busca se reinventar criticamente, ao transpor pela atividade jornalística seu espaço legitimado na burguesia e balizar-se por projetos voltados para o povo. Nesse exercício desdobra-se em seus pseudônimos e se posiciona como líder de um grupo, fazendo da palavra e do humor escudo e arma, construindo paradoxos, trocadilhos, ironias e hipérboles. Com isso Oswald de Andrade aciona o potencial crítico dos recursos da linguagem expressiva e comunicativa que, no jornal O Homem do Povo, serve para denunciar, provocar e ridicularizar valores consagrados pela burguesia e pelo sistema capitalista que a sustenta, fundindo o embate político do articulista e o embate estético do escritor modernista.In 1931, Oswald de Andrade creates O Homem do Povo, a newspaper in which he publicly declares his communist activism, and in which he satirizes both, capitalism and the bourgeois society at the time. Its eight editions, were published in March and April of 1931 together with the participation of both Patricia Galvão (Pagu) and Queiroz Lima. Such a work intended to analyze both expressive and critical properties of Oswald de Andrades constructions at the journal and to put in evidence points of contact between the aesthetic and political aspects of the activists formulations. For doing it so, Oswald de Andrades editorials were selected such as articles signed by him and others which clearly evidence his writings and ideas. Through reading and corpus analyses it is detected three substantial elements such as: the irreverent spirit game, the reflection tied to purposes of his own critical formulation as far as anthropophagy is concerned and the subversion where he summarizes aesthetics and political elements; the configuration of which shows itself in the setting of the journal. Such ingredients, allied to comicality back up the satirical element that permeates O Homem do Povo. So, it can be observed in any of the different strategies of his vocabulary, either metaphoric or not, that Oswald de Andrade continually tries to represent an upside down world having the capitalist society and its elites as targets. In that way, it is interesting to show that, due to his hyperbolic elaborations, the writer-journalist in a teasing way tries to put in evidence the bourgeois decline and the ascension of the people through many different ways and methods. In such a work, Oswald de Andrade looks forward to reinvent himself critically, by transposing his legitimate space in bourgeoisie through journalist activity and determining projects which concerns the proletariat, that is to say, the lower social class. While doing so he creates many different pseudonyms and situate himself as a leader of the referred class, using words and humor as both shield and weapon, building paradoxes, puns, irony and hyperboles. By doing so, Oswald de Andrade turns on the critical power of his communicative and expressive language that at O Homem do Povo is used for denouncing, teasing and making ridicule consecrated values of the bourgeoisie and of the capitalist system that supports it linking both the political resistance of the journal´s editor and the aesthetic resistance of the modernist writer

    CONFIGURAÇÕES SIMBÓLICAS DA ANTROPOFAGIA

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    Este estudo consiste em um cotejamento entre duas configurações da antropofagia indígena. Por um lado, busca no poema “I-Juca-Pirama”, de Gonçalves Dias, alguns aspectos culturais e simbólicos da construção literária do sacrifício antropófago durante o rito relatado.  Por outro, evoca como polêmica a assimilação “antropófaga”, no sentido usado por Oswald de Andrade no “Manifesto Antropófago”. O modernista arrebata a ideia da antropofagia como centro da sua utopia filosófica, construindo idealmente um modo oposicionista de ser no mundo. Na vertente modernista, reside o substrato de um posicionamento que se presume ativo, libertário e progressista diante dos fatos.  Em certos pontos, ela se opõe à antropofagia indígena; em outros, se aproxima daquela. O percurso do poema se faz em sintonia com o ritual indígena, representando poeticamente os valores, crenças e costumes do canibal. Diante dessas observações, constitui o objetivo da presente proposta discorrer sobre a antropofagia do poema e pontuar com algumas características do impulso na antropofagia modernista, revelando propriedades das duas vertentes.&nbsp

    Antropofagia e canibalismo no jornal O Homem do Povo

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    This study is a snip of the thesis "Oswald de Andrade no jornal “O Homem do Povo”, selecting points of comparison between the expression of Astrojildo Pereira’s critical work (who was protected by pseudonyms), and the modernist Oswald de Andrade, in the subversive newspaper Homem do Povo (March – April 1931). The discovery that reveals the substantial cooperation of the article writer Astrojildo Pereira in the newspaper makes possible a comparison of Andrade’s and Pereira’s protests - being the last also a founder of Brazil’s Communist Party. His elaborations, especially under the pseudonym "Aurelinio Corvo" (Aurelino Raven) are greater if compared to Andrade’s other employees

    Antropofagia e canibalismo no jornal O Homem do Povo

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    This study is a snip of the thesis "Oswald de Andrade no jornal “O Homem do Povo”, selecting points of comparison between the expression of Astrojildo Pereira’s critical work (who was protected by pseudonyms), and the modernist Oswald de Andrade, in the subversive newspaper Homem do Povo (March – April 1931). The discovery that reveals the substantial cooperation of the article writer Astrojildo Pereira in the newspaper makes possible a comparison of Andrade’s and Pereira’s protests - being the last also a founder of Brazil’s Communist Party. His elaborations, especially under the pseudonym "Aurelinio Corvo" (Aurelino Raven) are greater if compared to Andrade’s other employees.Este trabalho baseia-se em um ponto da pesquisa que gerou a tese “Oswald de Andrade no jornal O Homem do Povo”, selecionando pontos de comparação entre a expressão do crítico Astrojildo Pereira, protegido por pseudônimos, e do modernista Oswald de Andrade, no jornal subversivo O Homem do Povo (março-abril de 1931). A descoberta que revela a colaboração substancial do articulista Astrojildo Pereira propicia uma comparação entre o protesto de Oswald de Andrade e o do crítico de literatura, que também é fundador do Partido Comunista no Brasil. Suas elaborações, principalmente sob o pseudônimo “Aurelinio Corvo”, são abordadas em destaque em relação aos outros colaboradores do escritor

    LITERATURA, FILME E MACHADO DE ASSIS

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    A produção de um filme baseado em uma obra literária célebre, geralmente  implica uma intenção parafrástica, direcionada à aproximação entre a palavra literária, a imagem visual e os sons que a representam.  Nesse ponto, mais do que questionar até que ponto o cinema materializa a palavra literária ou quais os limites e deslimites dos recursos cinematográficos na produção fílmica baseada em obras literárias, este artigo tenta apresentar algumas observações sobre  a  relação entre literatura e cinema, articuladas  a teorias que lhes servem de suporte. O exemplo que associará alguns pontos da obra escrita representada pelo texto cinematográfico é a obra de Machado de Assis. Como apoio teórico, este estudo tem como centro a obra de J. Dudley Andrew

    CAIO GAGLIARDI E OS ESTUDOS PESSOANOS

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    Caio Gagliardi é professor associado da Universidade de São Paulo na área de Literatura Portuguesa. É coordenador do grupo de pesquisa Estudos Pessoanos e membro do projeto Estranhar Pessoa, da Universidade Nova de Lisboa. Desenvolveu um longo histórico de estudos a respeito de Fernando Pessoa, desde a graduação até a livre-docência. Convidado a nos conceder esta entrevista, concordou em compartilhar conosco um pouco do seu conhecimento a respeito de Fernando Pessoa, vida e obra.
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