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    “A linguagem não pertence”: fantasmas da propriedade e da Comunicação em escritas contemporâneas (Copistas de Jorge Luis Borges, a Escrita Não Criativa e a poesia brasileira de apropriação)

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    Tendo em vista a disseminação de práticas e poéticas de apropriação na produção literária, esta tese tem por objetivo indagar as relações entre autoria, posse e comunicação no pensamento contemporâneo sobre a escrita. Partindo de uma provocação de Jacques Derrida sobre o "não pertencimento da linguagem" e os fantasmas de propriedade que tal condição despertaria, investigamos as transformações semióticas e políticas pelas quais certa episteme da apropriação passou, identificando seus paradoxos, continuidades e rupturas. Na trilha de Derrida, nosso principal referencial teórico, bem como de Marjorie Perloff, Michel Foucault e Serge Margel, construímos uma visada interessada na desconstrução do gesto apropriacionista. Por meio dela, identificamos na literatura contemporânea uma espécie de retorno do discurso autoral, que tensiona a própria noção de apropriação. Assim, constituiu-se como hipótese do trabalho o funcionamento de uma cadeia de despossessões iniciada pelo não-pertecimento da linguagem: que implica em falar de apropriação como, em simultâneo, desapropriar e tomar posse, e implica também em desnaturalizar a propriedade simbólica, sempre inventada. Metodologicamente, o texto estrutura-se como um relato de investigação detetivesca, que busca identificar não só o "crime" em questão (a morte do autor), nem só os "motivos do crime" (a concepção linguística e comunicacional de não pertencimento da linguagem), mas também as estratégias pelas quais os discursos sobre a cópia produzem seus fantasmas de propriedade, uma concepção singular da posse que altera as formas de produção de sentido desta. Para isso, buscamos discutir três casos singulares da produção literária de apropriação contemporânea: as reescritas de obras de Jorges Luis Borges por Pablo Katchadjian e Agustín Fernández Mallo; a Escrita Não Criativa concebida por Kenneth Goldsmith; e certa poesia brasileira interessadas na "linguagem pública", como a de Alberto Pucheu, Veronica Stigger, Francisco Alvim e Carlito Azevedo. Ao final deste exame, concluímos pela operatividade do conceito de apropriação para se refletir sobre o próprio comunicar da linguagem, que seria impossível fora de um regime de desapropriações, falseamentos e assombros.Considering the dissemination of practices and poetics of appropriation in literary production, this thesis aims to investigate the relations between authorship, possession and communication in the contemporary thought about writing. Starting from a provocation by Jacques Derrida about the "non-property of language" and the ghosts of property that such a condition would arouse, we investigate the semiotic and political transformations through which a certain episteme of appropriation has passed, identifying its paradoxes, continuities and ruptures. Following Derrida, our main theoretical reference, as well as Marjorie Perloff, Michel Foucault, and Serge Margel, we built a view interested in the deconstruction of the appropriationist gesture. Through it, we identify in contemporary literature a kind of return of the authorial discourse, which tensions the very notion of appropriation. Thus, the hypothesis of this text is the functioning of a chain of dispossessions initiated by the non-property of language: which implies in speaking of appropriation as, simultaneously, expropriating and taking possession, and also implies in denaturalizing symbolic property, always invented by. Methodologically, the thesis is structured as a detective investigation report, which seeks to identify not only the "crime" in question (the author's death), nor only the "motives of the crime" (the linguistic and communicational conception of the non-property of language), but also the strategies by which the discourses about copying produce their ghosts of property, a singular conception of possession that alters the ways in which it produces meaning. To this end, we seek to discuss three singular cases of contemporary literary works of appropriation: the rewritings of Jorges Luis Borges' texts by Pablo Katchadjian and Agustín Fernández Mallo; the Uncreative Writing conceived by Kenneth Goldsmith; and certain Brazilian poetry interested in the "public language," such as that of Alberto Pucheu, Veronica Stigger, Francisco Alvim, and Carlito Azevedo. At the end of this examination, we conclude that the concept of appropriation operates in order to reflect on the communication of language itself, which would be impossible outside a regime of expropriations, counterfeits, and hauntings

    The demon of rewriting: Vilém Flusser and conceptual writing as the future of writing

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    Este ensayo pretende discutir la provocación de Vilém Flusser sobre el futuro de la escritura, a la luz de los movimientos de reescritura literaria contemporáneos a partir de una investigación bibliográfica exploratoria. Presentamos los movimientos contemporáneos que implican la reescritura, especialmente bajo la rúbrica de la escritura conceptual. Entendemos que esta escritura distorsiona el imperativo informativo de la escritura, tal y como lo definió Flusser, en la dirección de nuevas posibilidades para el lenguaje verbal. Esto se realiza mediante dos gestos, como demostramos: el lenguaje es entendido y descrito por estos escritores como aparato; y luego este aparato es sometido al juego a través de la escritura de apropiación.This essay seeks to reflect on Vilém Flusser’s provocation about the future of writing, considering contemporary literary rewriting movements, by exploratory bibliographical research. We present the contemporary movements involved in rewriting, especially those under the rubric of conceptual writing. We understand that this writing distends the informational imperative of writing, as defined by Flusser, in the direction of new possibilities for verbal language. These are realized by two gestures, as we have shown: language is understood and described by these writers as apparatus; and then this apparatus is submitted to the game by means of appropriation writing.Este ensaio busca refletir a provocação de Vilém Flusser sobre o futuro da escrita, à luz de movimentos literários contemporâneos de reescrita, através de pesquisa bibliográfica exploratória. Apresentamos os movimentos contemporâneos envolvidos pelo reescrever, sobretudo sob a rubrica da escrita conceitual. Entendemos que essa escrita distende o imperativo informacional do escrever, como o definia Flusser, na direção de novas possibilidades para a linguagem verbal. Estas se realizam por dois gestos, como o demonstramos: a linguagem é entendida e descrita por esses escritores como aparelho; e então esse aparelho é submetido ao jogo por meio da escrita de apropriação

    Notas para uma micropolítica da língua: modelizações ideológicas nas semioses da linguagem

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    Neste artigo apresentamos os primeiros movimentos de uma pesquisa a partir do conceito de Semiótica Crítica, em suas implicações linguísticas e políticas. Nosso objetivo é problematizar a colocação de Gilles Deleuze e Félix Guattari de que a linguagem é caso de política antes de ser caso de linguística. Para tal, procedemos a uma revisão bibliográfica e leitura crítica, retomando a ideia de micropolítica, em relação a uma concepção de linguagem (e de comunicação) não como transmissão, mas como produção: de signos e de ordens. Seguindo ainda Deleuze e Guattari, somos levados a tensionar essa micropolítica da linguagem à luz da noção de ideologia. Revisamos assim teorias da ideologia que estabeleceram relação com o pensamento semiótico, como os Aparelhos Ideológico de Estado, de Louis Althusser, e o marxismo de Mikhail Bakhtin. Essas visões são contrapostas às próprias críticas de Deleuze e Guattari, que advogam a adoção do conceito de subjetividade como operador desse nó micropolítico. Concluímos aqui, com e contra Deleuze e Guattari, por uma pertinência semiótica da ideologia como interpelação, com uma capacidade modelizante aos atos de comunicação, em sua potência de atuar já na infraestrutura do socius, compreendida sob a ideia de valor-signo.

    Roland Barthes contra Roland Barthes : o signo, da semiologia à semioclastiada

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    O presente trabalho propõe uma retomada do pensamento de Roland Barthes sobre o signo, com o objetivo de demonstrar sua atualidade e pertinência para o pensamento semiótico e comunicacional. Para isso, parte-se a uma revisão crítica de seus ensaios semióticos, na constituição de um percurso teórico que vai de seu conceito de semiologia à Teoria do Texto, destacando aí os pontos de ruptura e as inversões metodológicas de sua obra. A partir daí e por fim propõe-se o estudo da ideia de semioclastia, enquanto ferramenta semiótica e política, capaz de oferecer uma visão outra aos objetos de pesquisa do contemporâneo.This work proposes a resumption of the thought of Roland Barthes about the sign, seeking to demonstrate its relevance to semiotic and communicational thinking. For this, a critical revision of his semiotic essays is set up, in the constitution of a theoretical path that goes from his concept of semiology to the Theory of the Text, highlighting there his points of rupture and methodological inversions. From this point on, we propose the study of the idea of semioclasm, as a semiotic and political tool, capable of offering a different view to contemporary research objects

    Inventários de Objetos Impossíveis

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    O artigo discute o romance House of Leaves, de Mark Z. Danielewski e a noção de apropriação por ela movimentada. Ao observar as distintas cadeias de roubo e desapropriação presentes na trama do livro, consideramos que ele propõe uma dramatização dos processos de tomada de posse no ato de escrever. Para estudá-la, constituímos um percurso de leitura a partir do romance, em conjunção à noção de apropriação elaborada na filosofia de Jacques Derrida. A observação do conceito próprio a House of Leaves parte desse entrecruzamento, a partir de pesquisa bibliográfica, para realizar uma investigação dos níveis de apropriação presentes na trama do romance, bem como os diferentes modos de registro destas. Concluímos que todo gesto apropriacionista é uma espécie de inventário de posses (pregressas, presentes e futuras), e procedemos a uma descrição e a uma problematização dos inventários presentes em House of Leaves

    Os corpos biográficos de Fernando Henrique Cardoso: uma abordagem biografemática do jornalismo

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    Este artigo busca discutir o problema da representação da vida no jornalismo por meio dos conceitos de fait divers e biograema de Roland Barthes. O trajeto teórico é ilustrado por uma análise do perfil “O andarilho”, sobre Fernando Henrique Cardoso. Evidencia-se aí um regime de escrita capaz de apreender não o sujeito, mas sim suas diversas singularidades, representadas por regimes signícos de diferentes níveis de representação

    Do perfil jornalístico à escrita biográfica: vida em detalhes // From the journalistic profile to the biographical writing: life in details

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    Este artigo discute o perfil jornalístico em sua relação com a escrita biográfica, propondo uma leitura cruzada dos gêneros para ampliar a compreensão do perfil. Apresentamos uma revisão da literatura a respeito do perfil, articulando-a com questões levantadas pela história e pelos aspectos formais da biografia. Nesse intercâmbio, percebemos a importância do uso do detalhe descritivo em ambos os gêneros, afirmado tanto pelo jornalismo quanto pela literatura como método para o texto acercar-se da realidade cotidiana. Desse modo, propomos aqui a enunciação do detalhe como ferramenta de enfrentamento ao problema que atravessa tanto perfis quanto biografias: “Como irei escrever uma vida?”

    Do fait divers ao biografema

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    Esse artigo propõe uma teoria sobre a escrita biográfica tendo por base o trabalho de Roland Barthes. Partindo de uma revisão da obra do semiólogo francês, identificamos um percurso crítico que articula os conceitos de fait divers, efeito de real, punctum e biografema na tentativa de resolver o problema da escrita realista e da apreensão do sujeito pelo Texto. Através do artifício da escritura, torna-se possível realizar uma dobra no problema “De que forma é possível escrever uma vida?”. Com Barthes, a questão torna-se “Que vida é possível ver por meio do Texto?”

    Amamentação como tabu: impacto no conhecimento e percepção entre alunos do ensino médio/ Breastfeeding as a taboo: impact in the knowledge and perception between high school students

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    O Aleitamento Materno (AM) é o melhor método de alimentação nos primeiros meses de vida, corroborando para a redução da mortalidade neonatal por infecções e do risco de obesidade na vida adulta, além de trazer benefícios para a saúde materna. Apesar da implementação de estratégias que incentivam o AM no Brasil, os índices do país ainda estão distantes do preconizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), fazendo-se necessária a busca por novas medidas de promoção de saúde. Nesse contexto, este trabalho objetiva descrever o conhecimento e os significados da amamentação entre adolescentes do 2º ano do ensino médio. Foi feito um estudo transversal, descritivo, de abordagem quantitativa, avaliando o conhecimento, percepções e sentimentos sobre amamentação de 84 alunos de escolas públicas e privadas de Anápolis - Goiás. A maioria dos estudantes apresentou atitudes positivas em relação ao AM, apesar de apenas 36,9% terem assinalado que querem que seu filho seja amamentado. De forma geral, exibiram bom conhecimento sobre o tema, que, no entanto, carece de informações e é pautado em crenças populares. Dessa forma, faz-se necessária uma abordagem do tema amamentação precocemente, visando aumentar o conhecimento dos adolescentes sobre o assunto, uma vez que a decisão de amamentar é tomada muito antes de se ter filhos
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