Efeitos da salinidade sobre a sobrevivencia e sobre o desenvolvimento das larvas de Ucides cordatus (LINNAEUS, 1763) cultivadas em laboratório

Orientador: Walter Antonio Pereira BoegerCoorientador: Antonio Ortrensky NetoMonografia (Bacharelado) - Universidade Federal do Paraná. Setor de Ciencias Biológicas. Curso de Graduaçao em Ciencias BiológicasResumo : A exploração excessiva e não planejada de recursos naturais pode tornar atividades econômicas inviáveis. Nas últimas décadas a espécie Ucides cordatus, também conhecida como "caranguejo do mangue" ou "uçá", vem apresentando uma redução no tamanho médio dos indivíduos e das populações. Com o objetivo de desenvolver técnicas auxiliares na preservação da espécie, o Grupo Integrado de Aqüicultura e Meio Ambiente - GIA, da Universidade Federal do Paraná, executa um projeto de produção de larvas em laboratório para repovoamento de manguezais no estado do Paraná. Durante os meses de dezembro de 2004 a março de 2005, foram realizados cultivos em larga escala de larvas de U. cordatus. Esta espécie pode apresentar cinco ou seis estádios de zoéa, mais uma fase de megalopa. Estádios iniciais do desenvolvimento de U. cordatus, fazem parte do meroplãncton e é na fase de megalopa que ocorre o retorno ao hábitat parenta!. As investigações acerca dos efeitos da salinidade no metabolismo larval, contaram com dois tipos de experimentos: Para determinar os valores de salinidade letal e crítica para as larvas de U. cordatus, foram realizados testes agudos. Estes testes quantificaram a mortalidade larval após o choque salino, que consistiu na transferência direta das larvas, cultivadas em salinidade 26, para as salinidades a serem testadas. Os testes para avaliar o fototropismo, utilizaram uma estrutura especificamente desenvolvida para o experimento, que permitia a contagem do número de larvas que se deslocavam, verticalmente, na direção de uma fonte luminosa. A salinidade máxima testada foi de 35 e o intervalo de diluição fixado em 5, assim, as salinidades testadas foram de 35,30,25,20, 15, 10, 5 e O. Nos testes agudos, o choque salino a O, 5 e 10 comprometeu a capacidade de deslocamento das larvas e foi mais letal para as fases iniciais. Conseqüentemente, o fototropismo não ocorre em salinidades inferiores a 10. As fases zoéa 1 e megalopa são mais resistentes à variação de salinidade. Este fato parece estar relacionado ao complexo mecanismo de dispersão larval, observado em diversas espécies de crustáceos cujos adultos habitam regiões de estuário. A resposta ao estimulo luminoso é mais acentuada no estádio zoéa 1, as fases superiores do desenvolvimento (zoéa 6 e megalopa), apresentam menor atração pela luz. O hábito planctônico das larvas zoéas, justifica a atração pela luz (fototropismo positivo), a ocorrência do plâncton depende da intensidade luminosa e portanto restringe-se à camada sub-superficial de águas oceânicas, com maior produtividade primária. A migração vertical pode determinar o sentido do deslocamento larval pois, durante as marés, o sentido do fluxo de água na superfície e fundo podem ser opostos. Nesses casos, a fototaxia positiva colabora para que as larvas sejam rapidamente exportadas do estuário e, a preferência por maiores profundidades, possibilita a reinvasão e o posterior assentamento aproveitando o fluxo da água durante os eventos de maré. As salinidades mais favoráveis para o desenvolvimento larval das fases iniciais do caranguejo uçá, são aquelas iguais ou superiores a 30. A manutenção dos estádios de zoéa 6 e megalopa, em tanques de cultivo que simulam condições planctônicas, deve ser evitada. A liberação das larvas cultivadas na área escolhida para o repovoamento, deverá ser feita na fase de zoéa 6 tardia e megalopa recém mudad

Intraspecific interactions in the mangrove crab Ucides cordatus (Decapoda: Ocypodidae) during the metamorphosis and post-metamorphosis periods under laboratory conditions

Current efforts for restocking natural populations of the mangrove crab Ucides cordatus (Linnaeus, 1763) in Brazil have focused on developing a methodology for stimulating the metamorphosis of U. cordatus larvae at a large scale. The aim of the present study was to compare the mortality rates both in individual and mass conditions, during the induction of metamorphosis of megalopa to juvenile in U. cordatus, without the use of mangrove sediment as substrate. Furthermore, the importance of intraspecific antagonistic behavior on survivorship rates during early post-metamorphosis period was investigated. Metamorphosis was induced by the use of water conditioned with conspecific adults (30 indiv. 100 L-1 for 24 hours). In the first assay, megalopae were stimulated into metamorphosis in experimental vials, both under individual and mass rearing conditions. The second assay assessed the interactions between megalopae and first instar juveniles, which have metamorphosed for more than 24 hours. In the third assay, the existence of cannibalistic behavior among first instar juveniles under different experimental densities was investigated. Significant differences between survivorship rates of individuals that metamorphosed under individual and mass rearing conditions were detected. However no cannibalistic behavior between juveniles and megalopae was observed in the second assay. Juveniles reared at a density of 200 indiv.m-2 showed survivorship rates similar to those obtained under individual conditions. Yet 500 juveniles.m-2 treatments showed significantly lower survivorship rates. Intraspecific interactions appear to be an important problem in U. cordatus specifically during the metamorphosis, but not during larval and post-larval rearing

Different pathways in the larval development of the crab Ucides cordatus (Decapoda, Ocypodidae) and their relation with high mortality rates by the end of massive larvicultures

One of the most limiting factors affecting the larval rearing of Ucides cordatus in the laboratory is a period of high mortality, which usually occurs late in the course of the larviculture during the metamorphosis from the zoeal to the megalopal phase. The objective of the present research was to analyze the post-embryonic development of U. cordatus on an individual basis and, in particular, to search for patterns linking disturbances in the molting process to the high larval death rates observed in massive larvicultures. A total of 50 larvae were individually reared from hatching to metamorphosis into the megalopal phase under controlled conditions, fed a combination of microalgae and rotifers. The survivorship rate was 70% until zoea V. The 35 surviving zoea V larvae followed two different pathways. Eleven underwent metamorphosis directly to megalopa, eighteen molted to zoea VI and six died as zoea V. In the last molting event, only two zoea VI larvae reached the megalopal stage, while the remaining sixteen died. In further observation under microscope, 13 of the dead zoea VI showed characteristics of the pre-molt stage and pereiopods disproportionably large in relation to the carapace. The observed pattern resembles the Molt Death Syndrome (MDS) described for other decapod species, in which larvae die in the late pre-molt phase of the molting cycle. We suggest that U. cordatus larvae develop disturbances in the molting process similar to the MDS described for other species and that these disturbances are related to a more complex pathway involving the emergence of larval stage zoea VI

Survival of Ucides cordatus (Decapoda: Ocypodidae) megalopae during transport under different conditions of density and duration

Target areas for Ucides cordatus (Linnaeus, 1763) restocking programs are often located far from the laboratory where larval rearing is developed. During translocation, the larvae are submitted to highly stressful conditions due to handling, packing, and transport activities. The aim of the present study was to assess the mortality rates of U. cordatus megalopae caused by different transportation procedures. Megalopae at loading densities of 50, 150, and 300 ind.L-1 were packed in double polyethylene 12 x 25 cm plastic bags with 200 ml of marine water at salinity 30. The bags were filled with oxygen at a proportion of 1:2 parts of water and sealed tightly. The trepidations during transport were simulated by the use of a shaker device (800 vibrations/minute) over periods of three and six hours inside a dark container. The survivorship rates of larvae after simulation were compared to those obtained in control groups, which consisted of plastic vials with megalopae at a loading density of 50 ind.L-1 maintained at rest. Immediately after the two transport simulations, there was no significant difference in survivorship between the treatments and the control. However, 24 hours after simulation some of the tested densities resulted in significantly lower survivorships. The results demonstrated that U. cordatus megalopae can tolerate six hours of shaking during transportation, at high densities with minimal mortality

Restocking Ucides cordatus (Decapoda: Ocypodidae): interespecific associations as a limiting factor to the survival of released recruits

Simulations in the laboratory were used to investigate whether survivorship rates of Ucides cordatus youngsters produced in the laboratory are significantly affected by other crab species after their release in natural environments. Furthermore, it was investigated whether the release of first instar juveniles instead of megalopae would reduce the mortality related to interspecific predation. A preliminary estimate of the crab community structure in the target area of a restocking program was undertaken and indicated a great dominance of fiddler crabs (Uca spp). Based on this information, experiments were conducted to assess the ecological relationship between Ucides cordatus megalopae and first instar juveniles and fiddler crabs of different size classes in the presence of mangrove sediment, simulating natural conditions, as well as in the absence of any kind of refuge. It was observed that fiddler crabs not only compete with, and prey on U. cordatus youngsters, both as megalopae and juveniles. Furthermore, it was observed that the predation behavior of fiddler crabs is exercised only by individuals with carapaces wider than 0.5 cm. The results of the assay simulating natural conditions showed that, even when sediment was provided as a refuge, the same pattern was observed, with survivorship rates significantly lower in the presence of Uca crabs.<br>Simulações em laboratório foram efetuadas visando investigar se após liberação na natureza a sobrevivência de recrutas de Ucides cordatus produzidos em laboratório é afetada por outras espécies de caranguejos. Adicionalmente, foi verificado se com a liberação de juvenis no estágio 1, ao invés de megalopas, haveria redução da mortalidade causada por predação interespecífica. Para tanto foi realizada estimativa prévia da estrutura da comunidade de caranguejos presente na área-alvo de um programa de repovoamento em desenvolvimento na região de Santo Amaro, Baía de Todos os Santos, Brazil, cujos resultados mostraram grande dominância de caranguejos violinista (Uca spp.). Com base nessa informação, foram realizados experimentos para verificar as relações ecológicas entre megalopas e juvenis 1 de Ucides cordatus e as diferentes classes de tamanho das outras espécies de Uca, em presença de sedimento do mangue, simulando condições naturais, e na ausência de refúgio. Observou-se que os caranguejos violinista competem predando tanto juvenis quanto megalopas de Ucides cordatus. Além disso, foi visto que esse comportamento de predação é exercido apenas por indivíduos com largura de carapaça maior que 0,5 cm. Os resultados do teste de simulação das condições do ambiente natural evidenciaram que o mesmo padrão de predação foi observado mesmo quando o sedimento foi oferecido como refúgio, sendo as taxas de sobrevivência significativamente menores na presença de espécies de Uca