16 research outputs found

    Geopolítica e geoestratégia

    Get PDF
    Este artigo efetua uma revisão analítica dos conceitos de geopolítica e geoestratégia. Argumenta que a designação corrente de geopolítica aplica-se predominantemente a elaborações teóricas que são do domínio da geoestratégia. Esta derivação semântica abre caminho ao surgimento de uma nova forma de encarar a geopolítica que respeite os seus fundamentos conceptuais, enquanto disciplina que assenta na combinação da geografia e da política, mas invertendo a interação mútua destes elementos, passando-se de uma geografia como instrumento em benefício da política, a uma política como instrumento colocado ao serviço da geografia

    Alterações estratégicas na África subsariana

    Get PDF
    Até à Conferência de Berlim (1884-1885) os actores em confl ito na África Subsariana, africanos em confrontos internos ou resistindo aos invasores europeus e europeus contra a resistência africana ou nas suas disputas para-imperiais, ainda não tinham atingido o patamar da “estratégia científi ca”, mantendo-se no da “estratégia instintiva”1 . Os princípios e métodos da estratégia científi ca, introduzidos por Carl Von Clausewitz, encarada como o emprego racional da coacção na gestão dos confl itos ao serviço da política, a oposição a um “outro” como essência do raciocínio estratégico, só chegaram ao continente africano através das guerras em que se confrontaram ambições coloniais das potências europeias, cujo início podemos situar na Guerra Anglo-Boer (1898-1902)

    Effects of therapeutic and aerobic exercise programs in temporomandibular disorder-associated headaches

    Get PDF
    Objective: To assess the effects of three 8-week exercise programs on the frequency, intensity, and impact of headaches in patients with headache attributed to temporomandibular disorder (TMD). Methodology: Thirty-six patients diagnosed with headache attributed to TMD participated in the study and were divided into three groups of 12 patients: a therapeutic exercise program (G1, mean age: 26.3±5.6 years), a therapeutic and aerobic exercise program (G2, mean age: 26.0±4.6 years), and an aerobic exercise program (G3, 25.8±2.94 years). Headache frequency and intensity were evaluated using a headache diary, and the adverse headache impact was evaluated using the Headache Impact Test (HIT-6). The intensity was reported using the numerical pain rating scale. These parameters were evaluated twice at baseline (A01/A02), at the end of the 8-week intervention period (A1), and 8–12 weeks after the end of the intervention (A2). Results: At A1, none of the G2 patients reported having headaches, in G1, only two patients reported headaches, and in G3, ten patients reported headache. The headache intensity scores (0.3 [95% CI: -0.401, 1.068]), (0.0 [95% CI: -0.734, 0.734]) and HIT-6 (50.7 [95% CI: 38.008, 63.459]), (49.5 [95% CI: 36.808, 62.259]), significantly decreased in G1 and G2 at A1. At A2 headache intensity scores (0.5 [95% CI: -0.256, 1.256]), (0.0 [95% CI: -0.756, 0.756]) and HIT-6 (55.1 [95% CI: 42.998, 67.268]), (51.7 [95% CI: 39.532, 63.802]) in G1 and G2 haven’t change significantly. The effects obtained immediately after the completion of the intervention programs were maintained until the final follow-up in all groups. Conclusion: The programs conducted by G1 (therapeutic exercises) and G2 (therapeutic and aerobic exercise) had significant results at A1 and A2

    A dicotomia marítimo versus conntinental : uma aporia epistemológica da geopolítica

    Get PDF
    O caos identitário atingiu a geopolítica. A derivação semântica tende a confundir geopolítica com geoestratégia, a apropriação da geoestratégia pela geopolítica que desvirtua o seu conceito “kjelleniano”. Influência da escola realista norte-americana. Esta amálgama concetual abre espaço para o surgimento de novas abordagens da geopolítica. A nova geopolítica, ainda numa fase ensaísta, nas suas quatro dimensões, ecopolítica, demopolítica, geoeconomia e biopolítica. Visão prospetiva obrigatória na análise geopolítica. Análises prospetivas de dois temas atuais da nova geopolítica e que exigem intervenções urgentes dos poderes políticos: o Ártico, que de espaço geopolítico e geoestratégico marginal está a tornar-se, em virtude do aquecimento global, centro e fator determinante de uma revolução geopolítica; as migrações, fenómeno geopolítico de primeira importância, fator de manipulação das decisões políticas nos espaços de destino e acolhimento.Desprezada pelos seus vizinhos do Norte como uma América inferior, a América do Sul foi, de facto, colonizada por Portugueses e Espanhóis de uma forma muito diferente daquela que ocorreu a Norte. Mas não só: as duas colonizações também diferiram bastante entre si, revelando diferentes conceções do espaço, mas também obedecendo aos gigantescos ditames da geografia sul-americana. Desta forma, quando libertos da tutela europeia os povos acabaram por organizar-se em várias unidades políticas que, com exceção do Brasil, resultaram da fragmentação, muitas vezes violenta, das unidades administrativas da coroa espanhola. Sem elites, sem formação política, estes Estados frequentemente prodigiosamente ricos em recursos, foram presa fácil de poderes exteriores. De facto, em muitos casos a independência política não passou de uma realidade virtual. Sempre desunida perante as crises que abalaram o mundo e o próprio subcontinente, mau grado a pletora de organizações multilaterais constituídas, a América do Sul que conheceu alguns sucessos políticos e económicos nas duas últimas décadas, enfrenta hoje o risco de desintegração das iniciativas que permitiram estes sucessos e, como é de regra, alinha-se de novo em dois campos. Continuará a ser um arquipélago de nações?Este artigo começa por revisitar o conceito de comunidade de segurança. Recupera o contexto da criação da comunidade transatlântica, a sua sobrevivência no fim da Guerra Fria e a revelação do “revisionismo hegemónico” norte-americano. Tenta, em seguida, explicar as razões das crescentes divergências transatlânticas e europeias. Paralelamente, analisa as implicações do fim da comunidade de segurança ocidental e avalia as possibilidades da sua reconstituição.Este artigo discute a conceção de “Indo-Pacífico” e analisa as justificações subjacentes ao uso deste novo léxico por alguns atores em substituição de “Ásia-Pacífico”, argumentando que as motivações são de natureza geopolítica e relacionadas, sobretudo, com o “fator China”. O texto está dividido em três partes. A primeira apresenta as principais perspetivas e abordagens acerca da nascente “região Indo-Pacífico”. A segunda explica o “fator China” e o seu impacto nas perceções e políticas dos outros atores. A terceira e última parte analisa as narrativas dos principais proponentes da conceção Indo-Pacífico, evidenciando as suas motivações geopolíticas e as ambivalências que lhe estão associadas. A fechar, as considerações finais sintetizam os nossos argumentos e perspetivam as possibilidades da noção Indo-Pacífico se consolidar como nova referência regional.Até ao início da epopeia marítima dos portugueses, com a conquista de Ceuta em 1415, a África a sul do Grande Deserto permaneceu quase totalmente desconhecida para a Europa. Demorou muito tempo para que as principais potências europeias começassem a colonizar o interior de África, estabelecendo fronteiras onde apenas existiam espaços abertos e determinando orientações culturais e linguísticas para ajudar a consolidar essas fronteiras. Hoje a África subsariana reflete ainda essas influências e os países e comunidades que a constituem continuarão a ser, cada vez mais, afetadas pelas influências externas. Após muitos anos de domínio europeu, assistir-se-á atualmente a uma situação de neocolonialismo, com os países africanos ainda muito dependentes da ajuda dos países do Norte, enquanto vão ficando devedores a novos poderes, como a China, podendo afirmar-se que a atual conjuntura da África Subsaariana, incluindo as suas fronteiras, está completamente desligada das realidades étnicas ou culturais, constituindo apenas uma sequência da fase colonial.O artigo que se segue procura corresponder à finalidade que se pensa descortinar da temática que lhe dá título, isto é, evidenciar relações entre ação atual e teorizações de natureza geopolítica. O texto sustentou-se num conjunto de pressupostos e a opção tomada foi aquela que privilegiou um conjunto de letras curioso, encadeado e consequente, pensa-se, sem navegar pelas fossas abissais do pormenor ou das explicações exaustivas da teoria. Por sua vez, demos mais corpo ao clássico por gosto pessoal e porque não existe um presente sem um passado e, por conseguinte, não se deve ostracizar ou mesmo esquecer o último, sob pena de não possuirmos a necessária ferramenta intelectual para percebermos o molde em que hoje estamos inseridos, nem um modelo de análise que consiga desvendar racionalidade nos caminhos que propomos para o futuro. Iniciamos o texto pelo seu átrio, esforçamo-nos de seguida para o desenvolvermos para, à laia de momento último, efetuarmos sintéticas considerações finais.O presente artigo pretende mostrar como uma das mais importantes teses da geopolítica clássica, a dicotomia entre potências marítimas e potências continentais, não tem sustentação nem histórica nem epistemológica para explicar os racionais e os fenómenos políticos condicionados pelo espaço. Nesse sentido alinham-se alguns dos materiais possíveis para a desconstrução da dicotomia, não sem antes escorar sucintamente o objeto da geopolítica, distinguindo-o tanto da geoestratégia quanto da geografia políticainfo:eu-repo/semantics/publishedVersio

    Revolução nos assuntos militares: perversões estratégicas

    Get PDF
    Com a viragem do século muito se escreveu sobre a Revolução nos Assuntos Militares (RAM). Ultimamente tem atraído menos abordagens teó- ricas, não porque o conceito se tenha esvaziado mas, pelo contrário, porque se vulgarizou. De facto, na conflitualidade instalada um pouco por todo o mundo, desde as guerras de maior envergadura no Afeganistão, no Iraque e na Síria, aos conflitos identitários em todo o arco islâmico, ao terrorismo global com a marca da Al Qaeda, à violência da criminalidade transnacional organizada, aos tumultos dos indignados nas grandes megalópoles, ou até nas ameaças latentes derivadas da proliferação de armas nucleares, aquilo a que se assiste é a novas guerras tomando o lugar das velhas guerras convencionais ou clausewitzianas. As novas guerras do limiar do século XXI, que não evidenciam objetivos políticos claros, que são protagonizadas por entidades não-estatais, que envolvem grupos armados alheios aos padrões convencionais, em que se confrontam potenciais dissimétricos e modalidades de ação assimétricas, revelam uma metamorfose no paradigma dos conflitos e inscrevem-se no quadro da RAM1 . Uma RAM tem origem numa aceleração do progresso tecnológico com incidência na área dos armamentos e equipamentos militares, mas o seu alcance é muito mais vasto. Trata-se de um fenó- meno complexo que, tendo por base uma transformação tecnológica, produz ruturas e avanços bruscos em outras três áreas da ciência militar, a organizacional, a conceptual e a doutrinária. Novas tecnologias implicam novas organizações, que a nível institucional incidem nos modelos de serviço militar e a nível funcional na estruturação e articulação dos meios. Novas tecnologias e organizações impõem renovação de conceitos, estratégicos e táticos, de perceção das ameaças e de gestão dos meios de coação. Paralelamente a estas evoluções e sob a influência das viragens na sociedade envolvente, são as próprias doutrinas da natureza da guerra, a filosofia da guerra enquanto conflito violento, que são questionadas. São estas quatro áreas que, em conjunto e interagindo na sua evolução, configuram uma RAM

    O fim da África Austral branca

    Get PDF
    No contexto das independências da África Subsariana, também conhecida como África Negra, isto é, da sua libertação face aos regimes coloniais das potências europeias, a África Austral justifi ca uma abordagem especial. Até porque foi o conjunto regional que encerrou o processo de descolonização

    … Da Descolonização: do protonacionalismo ao pós-colonialismo

    No full text
    Tese de doutoramento em Relações Internacionais, na especialidade de Resolução de Conflitos, apresentada à Faculdade de Economia da Universidade de CoimbraColonização e descolonização, duas faces de uma mesma moeda. Essa moeda é o colonialismo. Descolonização que tende a ser encarada na antiga potência colonial numa perspetiva viciada: condicionada pela incapacidade de a entender como um processo prolongado e faseado que é conduzido pelo colonizado e compreende a tomada de consciência, a luta de libertação, a transferência do poder, a independência e a consolidação da identidade nacional; redutora porque a confunde com a mera transferência do poder, única fase em que participou pela positiva; distorcida porque pretende colocar-se no centro de um processo cujo protagonista foi, de facto, o colonizado, o único que a viveu na sua globalidade. O colonizador opôs-se-lhe enquanto pôde e só quando se confrontou com a inevitabilidade de um desfecho que lhe era desfavorável, aceitou participar. A descolonização começa como resposta do colonizado à colonização, a colonização encerra-se como resultado da descolonização. Busca-se aqui a compreensão para a forma como a descolonização das colónias africanas de Portugal se inscreveu nesta lógica: como a ditadura colonial, incapaz de aceitar que chegara a hora de reconhecer o direito à autodeterminação e independência dos povos colonizados, conduziu inevitavelmente à guerra colonial; como a guerra, culminando uma relação que foi sempre violenta, se tornou a condicionante mais trágica da transferência do poder e das fases subsequentes; nomeadamente como a guerra colonial esteve na origem de guerras civis e de intervenções armadas externas, causas mais diretas das guerras prolongadas com que se encerrou a império colonial português; e ainda como, ironicamente, a guerra colonial acabou determinar a queda do próprio regime colonial, proporcionando a entrada de Portugal no processo de descolonização. Angola, pela sua especificidade, terá sido um caso paradigmático da colonização e da descolonização das colónias portuguesas, porque era a “joia da coroa” do império português em África e, por isso mesmo, veio a tornar-se o “rubicão da descolonização”. Para concluir que, se sem o 25 de Abril de 1974 Portugal teria falhado o seu encontro com a descolonização, sem a descolonização Portugal teria falhado o seu encontro com a liberdade. ABSTRACT Colonization and decolonization are two sides of the same issue. This issue is colonialism. Decolonization tends to be seen in the old colonial power in a vitiated perspective: conditioned by the inability to understand it as an prolonged and multi-phased process that is conducted by the colonized and includes the awareness, the fight for liberation, the transfer of power, the independency and the consolidation of national identity; reductive because confounds it with only the transfer of power, the only phase where it participated in the positive; distorted because aims to place itself at the heart of a process whose protagonist was, in fact, the colonized, the only one who lived it in its entirety. The colonizer objected to him while he could, and only when he was confronted with the inescapability of an unfavorable outcome he accepted to participate. Decolonization begins as an answer of the colonized to the colonization, and the colonization ends as a result of decolonization. Our aim is understand how the decolonization of the African colonies of Portugal entered this logic: how the colonial dictatorship, unable to accept that the time had come to recognize the right to self-determination and independence of the colonized populations, inevitably led to the colonial war; how the war, in the sequence of a relationship that was always violent, became the most tragic conditioner of power transference and subsequent phases; namely how the colonial war was in the origin of civil wars and external armed conflicts, which were direct factors for the lengthy wars that ended the Portuguese colonial empery; and as, ironically, the colonial war determined the fall of the colonial regime itself, providing Portugal entry in the decolonization process. Angola, due to its particularities, was an paradigmatic case of colonization and decolonization of Portuguese colonies, since it was the “crown jewel” of the Portuguese empire in Africa and so it became the "Rubicon” of decolonization. In conclusion, without the April 25 1974 Portugal would have missed its encounter with decolonization, and without decolonization Portugal would have missed its encounter with freedom

    Coordenação neuromuscular em movimentos balísticos

    No full text
    Doutoramento em Motricidade Humana na especialidade de Ciências da Motricidad
    corecore