10 research outputs found

    Uma Eva diferente: experiências e trajetórias evangélicas de mulheres trans

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    Starting from an anthropological approach, we sought to understand the evangelical experiences and trajectories of trans women in evangelical religious communities in their conventional and inclusive versions. Between 2016 and 2019, in the Grande Vitória - ES and São Paulo axis, fifteen trans women were formally interviewed with semi-structured initial script and audio recording, and four other trans women contributed to the research. They all identified or had already identified themselves as evangelical. With some of the interlocutors, the contact happened only once; with others, it was more intense, with participation in their daily lives - the meetings were no longer just an interview character but moved to a dimension of conversation and even confidentiality. However, the central focus of this work has the biographical accounts and life testimonies of especially five trans women - Crislaine, Mary, Mel, Jacque and Alexya - as a privileged locus, highlighting their moments of joining the evangelical churches. The emphasis on their life stories is an attempt to reflect on this through Perlongher's (1987) notion of model trajectories. From an interactionist perspective and considering the heterogeneity that characterizes the Brazilian evangelical field, the intention was, above all, to seek an understanding of the elaboration of trajectories as a dialogic process imbricated with ethnography. To this end, the complexity of each biographical narrative present in this work was highlighted. The focus is on individual strategies of negotiation and elaboration of evangelical religious adherence linked to a gender identity understood as dissident. The intention was to grasp, even if in part, ways of being and living such a specific gender-religious experience. From the evidenced biographical accounts, it is noted that the experiences and evangelical trajectories of trans women, when inserted in evangelical contexts - whether conventional or inclusive - put in question the homogeneity that Christian discourse tries to produce in the religious practices of those who follow it. They are women who confront this religious scene with the difference. They destabilize what seems fixed and airtight and, in doing so, they reveal gaps between institutional saying and doing and the multiple ways of inhabiting norms and dwelling among them.A partir de uma abordagem antropológica, buscou-se compreender as experiências e trajetórias evangélicas de mulheres trans em comunidades religiosas evangélicas em suas versões convencional e inclusiva. Entre 2016 a 2019, no eixo Grande Vitória – ES e São Paulo, foram entrevistadas, formalmente, com roteiro inicial semiestruturado e gravação de áudio, quinze mulheres trans e, de maneira menos formal, outras quatro, sendo que todas elas se identificavam ou já haviam se identificado como evangélicas. Com algumas das interlocutoras, o contato aconteceu apenas uma única vez; já com outras, ele foi mais intenso, com a participação em seus cotidianos, no qual os encontros deixaram de ter apenas um caráter de entrevista e passaram para uma dimensão mais de conversa e até mesmo de confidências. Contudo, o recorte central deste trabalho tem como lócus privilegiado os relatos biográficos e os testemunhos de vida de, especialmente, cinco mulheres trans – Crislaine, Mary, Mel, Jacque e Alexya –, com destaque para seus momentos de adesão às igrejas evangélicas. A ênfase em suas histórias de vida é uma tentativa de refletir acerca disso por meio da noção de trajetórias modelares, de Perlongher (1987). Numa perspectiva interacionista e considerando a heterogeneidade que caracteriza o campo evangélico brasileiro, a intenção foi, antes de tudo, buscar uma compreensão que entenda a elaboração das trajetórias como um processo dialógico imbricado ao fazer etnográfico. Para tanto, destacou-se a complexidade de cada narrativa biográfica presente neste trabalho, tendo sempre como foco as estratégias particulares de negociação e elaboração da adesão religiosa evangélica, atrelada a uma identidade de gênero entendida como dissidente, a fim de apreendermos, mesmo que em partes, formas de ser e de viver uma experiência gênero-religiosa tão específica. A partir dos relatos biográficos evidenciados, nota-se que as experiências e trajetórias evangélicas de mulheres trans, ao se inserirem em contextos evangélicos - sejam eles convencionais ou inclusivos -, colocam em xeque a homogeneidade que o discurso cristão tenta produzir nas práticas religiosas daqueles que o adotam. São mulheres que confrontam essa cena religiosa com a diferença. Elas desestabilizam o que parece fixo e hermético e, ao fazerem isso, revelam brechas entre o dizer e o fazer institucional e as múltiplas formas de se habitar as normas e por entre elas.CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superio

    Mulheres possíveis: a construção social da mulher nas experiências da transexualidade

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    A proposta central deste trabalho é, a partir de uma análise socioantropólogica, refletir e apresentar alguns elementos que colaboram na construção social de se compreender como mulher nas experiências da transexualidade, levando em consideração o processo de socialização existente na sociedade ocidental, processo esse que modela as nossas subjetividades por meio de binarismos de gênero e do corpo. Para tanto, desde 2012 tenho entrevistado mulheres transexuais, na tentativa de conseguir compreender como são os elementos recorrentes nesse processo de construção do ser mulher a partir de uma experiência constantemente questionada e deslegitimada, como é a experiência da transexualidade em nossa sociedade. A partir do método História de Vida, pude perceber nas trajetórias dessas mulheres experiências comuns e outras que eram peculiares a cada trajetória, mas em todos os relatos apareciam, sobretudo, situações de negligências de instituições sociais estruturantes de nossa sociedade, a saber: família, escola e igreja. Em suma, nas histórias de vida dessas mulheres é notória uma busca constante do “se pensar como mulher”, assim como nos relatos diversos percebe-se o não reconhecimento dessa experiência como sendo possível, pois a nossa sociedade constantemente tenta colocá-las no que eu denominei de liminaridade permanente

    A invisibilidade do corpo feminino nas montanhas fálicas: Picnic na Montanha Misteriosa (1975)

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    A partir de discussões que são ancoradas em teóricos da recepção e sobre o corpo feminino e sua dimensão na literatura, este artigo discute a narrativa fílmica de Picnic na Montanha Misteriosa (1975), de Peter Weir, adaptação de romance homônimo de Joan Lindsay (1967). O estudo tem como intenção entender a mitificação da figura feminina através dos efeitos produzidos pela obra cinematográfica do diretor em questão, tendo como contraponto a figura da audiência e a apreensão para a concretização do sentido da obra. Para tanto, é importante destacar as reflexões que abarcam as relações de gênero no cinema, pois, assim como em outras linguagens, a representação do feminino, quase sempre, alterna entre presença e ausência, ou seja, ora como um objeto mediante um olhar masculino, ora como uma imagem esmaecida quando protagoniza a criação de sentido. Em contrapartida, a teoria feminista do cinema (Rosen, 1973, Mellen, 1974 & Haskell, 1987) há muito tem proposto uma nova perspectiva ao espaço obscurecido pela construção social dos gêneros. O cinema é uma área importante para que sejam estabelecidas as discussões sobre gênero.Based on discussions that are anchored in reception theorists and the female body and its dimension in literature, this article discusses the filmic narrative of Picnic at the Hanging Rock (1975), by Peter Weir, adapted from the homonymous novel by Joan Lindsay (1967). The study intends to understand the mythification of the female figure through the effects produced by the cinematographic work of the director in question, having as a counterpoint the figure of the audience and its apprehension to formalize the meaning of the work. Therefore, it is important to highlight the reflections that encompass gender relations in cinema, as, as in other languages, the representation of the feminine almost always alternates between presence and absence, that is, sometimes as an object through a male gaze, sometimes as a faded image when she is the protagonist in the creation of meaning. In contrast, feminist film theory (Rosen, 1973; Mellen, 1974; Haskell, 1987) has long proposed a new perspective on the space obscured by the social construction of genders. Cinema is an important area for discussions on gender to be established.info:eu-repo/semantics/publishedVersio

    Clonal chromosomal mosaicism and loss of chromosome Y in elderly men increase vulnerability for SARS-CoV-2

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    The pandemic caused by severe acute respiratory syndrome coronavirus 2 (SARS-CoV-2, COVID-19) had an estimated overall case fatality ratio of 1.38% (pre-vaccination), being 53% higher in males and increasing exponentially with age. Among 9578 individuals diagnosed with COVID-19 in the SCOURGE study, we found 133 cases (1.42%) with detectable clonal mosaicism for chromosome alterations (mCA) and 226 males (5.08%) with acquired loss of chromosome Y (LOY). Individuals with clonal mosaic events (mCA and/or LOY) showed a 54% increase in the risk of COVID-19 lethality. LOY is associated with transcriptomic biomarkers of immune dysfunction, pro-coagulation activity and cardiovascular risk. Interferon-induced genes involved in the initial immune response to SARS-CoV-2 are also down-regulated in LOY. Thus, mCA and LOY underlie at least part of the sex-biased severity and mortality of COVID-19 in aging patients. Given its potential therapeutic and prognostic relevance, evaluation of clonal mosaicism should be implemented as biomarker of COVID-19 severity in elderly people. Among 9578 individuals diagnosed with COVID-19 in the SCOURGE study, individuals with clonal mosaic events (clonal mosaicism for chromosome alterations and/or loss of chromosome Y) showed an increased risk of COVID-19 lethality

    Para além do arco-íris : a construção social da mulher e as experiências da transexualidade

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    O objetivo central desta pesquisa é propor uma abordagem socioantropológica do fenômeno da transexualidade, na sociedade ocidental contemporânea, a partir da análise das “trajetórias de vida” de quatro mulheres que vivenciam a transexualidade, residentes na Grande Vitória - ES, com o intuito de compreendermos as suas visões de mundo e projetos de vida, constituídos em meio a uma heteronormatividade pungente. A metodologia utilizada foi a História de Vida, tendo como objetivo primeiro a percepção dos elementos que são recorrentes na construção social dessa mulher. Os meus contatos com essas mulheres se deram a partir de 2012 até os primeiros meses de 2014. Além das histórias de vida, utilizei algumas entrevistas e dados jornalísticos de mulheres na transexualidade, que ganharam notoriedade na sociedade brasileira nos últimos anos. Inicialmente, foi realizada uma revisão bibliográfica sobre as noções de gênero e seus impactos na sociedade ocidental, assim como o do fenômeno da transexualidade. A partir das histórias de vida e dos dados jornalísticos busquei interpretar os elementos que são invocados para a construção social da mulher nas experiências da transexualidade, analisando os eventos que são recorrentes em suas vidas, tendo como pressuposto a noção de que essa experiência, em nossa sociedade, é entendida como “comportamento desviante”.As análises das histórias de vida tiveram como referência primeira o conceito de projeto proposto por Alfred Schutz e revistado por Gilberto Velho.Outro foco de análise dessa pesquisa é a produção da “feminilidade”, a partir do corpo, levando em consideração que essa é uma dimensão muito importante nesse processo de tornar-se mulher,buscando a compreensão das representações de corpo e gênero na produção dessa identidade. De forma geral, pretende-se desvelar o processo de construção social da pessoa pelo qual essas mulheres passam e o modo como se percebem nas relações sociais que estabelecem em sua vida cotidiana, como também o lugar social que elas tendem a ocupar na sociedade ocidental, principalmente na brasileira.The main purpose of this research is suggest a social and anthropological approach to the transexuality phenomenon in the contemporary western society. Starting from the analysis of the women's "journey" who are transexual (in transexuality) in Vitoria- ES, in attempt to understand their perspective of life and their points of view which were developed in a poignant heteronormative society. My interviews happened from 2012 to the beginning of 2014. The main methodology used for analisys was life story (oral story of people's life), having as main goal the perception of the elements which are recurrent during the process of building a social identity for those women. Besides their life stories I used some interviews and multimedia materials and data about women in transexuality who has been gaining notoriety in the Brazilian society on the last couple years. First of all, it was made a bibliographic rescue of academic discussion about gender and its impact in the western society as well as the transexuality phenomenon. Based on the interviews and media data, I made an interpretation of the elements which are invoked to build a social image of those women in transexuality. I've analysed the events recurrent in their lives knowing that this kind of experience is considered as a deviance in our society. The analysis of their life stories had as main reference the concept of project which is suggested by Alfredo Schultz and it was revised by Gilberto Velho. Another point analysed on that research was the feminine body construction, considering that as a very important point on the whole process of becoming woman as well as seeking the comprehension of the body and gender representation in their identity construction. I intented to show the process their personal and social identity construction which each of experience and how they see themselves on their social relationship established on their daily basis as well as their social place in the western society, especially the Brazilian one

    Novas dinâmicas religiosas na configuração da contemporaneidade

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    Este GT apresenta-se como um espaço para a apresentação de pesquisas e discussões sobre estruturas ou fenômenos da religião onde se possa pôr em debate elementos que apontem para uma possível reestruturação ou reapresentação da religião na contemporaneidade, seja em termos de grupos religiosos, de estruturas religiosas, de espaços religiosos, de eventos religiosos ou mesmo teologias. Dentre os aspectos que mais chama atenção no atual cenário sociocultural é sem dúvida, a questão do pluralismo religioso, onde a cada dia, novas formas de religiosidade têm surgido, seja de cultos, ritos ou espaços religiosos, o que condicionam construções e manutenções constantes dessas identidades religiosas. O fator urbanização e modernidade também contribuem para uma nova roupagem dessas plausibilidades religiosas, seja na interface da religião com o espaço, com a natureza, com a sociedade, com a ecologia... Sendo assim, visto este cenário, é preciso pensar em novas formações e/ou conformações religiosas inclusive buscar compreender os processos que ocasionam essas mudanças no campo religioso. Para este GT espera-se comunicações que contribuam para o repensar de algumas possibilidades das religiões, religiosidades ou espiritualidades na sociedade em vista das mudanças que vêm ocorrendo, seja em forma de novos espaços ou formas de culto, novas instalações, novas ideologias..

    Natural history notes

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    Global variation in postoperative mortality and complications after cancer surgery: a multicentre, prospective cohort study in 82 countries

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    © 2021 The Author(s). Published by Elsevier Ltd. This is an Open Access article under the CC BY-NC-ND 4.0 licenseBackground: 80% of individuals with cancer will require a surgical procedure, yet little comparative data exist on early outcomes in low-income and middle-income countries (LMICs). We compared postoperative outcomes in breast, colorectal, and gastric cancer surgery in hospitals worldwide, focusing on the effect of disease stage and complications on postoperative mortality. Methods: This was a multicentre, international prospective cohort study of consecutive adult patients undergoing surgery for primary breast, colorectal, or gastric cancer requiring a skin incision done under general or neuraxial anaesthesia. The primary outcome was death or major complication within 30 days of surgery. Multilevel logistic regression determined relationships within three-level nested models of patients within hospitals and countries. Hospital-level infrastructure effects were explored with three-way mediation analyses. This study was registered with ClinicalTrials.gov, NCT03471494. Findings: Between April 1, 2018, and Jan 31, 2019, we enrolled 15 958 patients from 428 hospitals in 82 countries (high income 9106 patients, 31 countries; upper-middle income 2721 patients, 23 countries; or lower-middle income 4131 patients, 28 countries). Patients in LMICs presented with more advanced disease compared with patients in high-income countries. 30-day mortality was higher for gastric cancer in low-income or lower-middle-income countries (adjusted odds ratio 3·72, 95% CI 1·70–8·16) and for colorectal cancer in low-income or lower-middle-income countries (4·59, 2·39–8·80) and upper-middle-income countries (2·06, 1·11–3·83). No difference in 30-day mortality was seen in breast cancer. The proportion of patients who died after a major complication was greatest in low-income or lower-middle-income countries (6·15, 3·26–11·59) and upper-middle-income countries (3·89, 2·08–7·29). Postoperative death after complications was partly explained by patient factors (60%) and partly by hospital or country (40%). The absence of consistently available postoperative care facilities was associated with seven to 10 more deaths per 100 major complications in LMICs. Cancer stage alone explained little of the early variation in mortality or postoperative complications. Interpretation: Higher levels of mortality after cancer surgery in LMICs was not fully explained by later presentation of disease. The capacity to rescue patients from surgical complications is a tangible opportunity for meaningful intervention. Early death after cancer surgery might be reduced by policies focusing on strengthening perioperative care systems to detect and intervene in common complications. Funding: National Institute for Health Research Global Health Research Unit

    Effects of hospital facilities on patient outcomes after cancer surgery: an international, prospective, observational study

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    © 2022 The Author(s). Published by Elsevier Ltd. This is an Open Access article under the CC BY 4.0 licenseBackground: Early death after cancer surgery is higher in low-income and middle-income countries (LMICs) compared with in high-income countries, yet the impact of facility characteristics on early postoperative outcomes is unknown. The aim of this study was to examine the association between hospital infrastructure, resource availability, and processes on early outcomes after cancer surgery worldwide. Methods: A multimethods analysis was performed as part of the GlobalSurg 3 study—a multicentre, international, prospective cohort study of patients who had surgery for breast, colorectal, or gastric cancer. The primary outcomes were 30-day mortality and 30-day major complication rates. Potentially beneficial hospital facilities were identified by variable selection to select those associated with 30-day mortality. Adjusted outcomes were determined using generalised estimating equations to account for patient characteristics and country-income group, with population stratification by hospital. Findings: Between April 1, 2018, and April 23, 2019, facility-level data were collected for 9685 patients across 238 hospitals in 66 countries (91 hospitals in 20 high-income countries; 57 hospitals in 19 upper-middle-income countries; and 90 hospitals in 27 low-income to lower-middle-income countries). The availability of five hospital facilities was inversely associated with mortality: ultrasound, CT scanner, critical care unit, opioid analgesia, and oncologist. After adjustment for case-mix and country income group, hospitals with three or fewer of these facilities (62 hospitals, 1294 patients) had higher mortality compared with those with four or five (adjusted odds ratio [OR] 3·85 [95% CI 2·58–5·75]; p<0·0001), with excess mortality predominantly explained by a limited capacity to rescue following the development of major complications (63·0% vs 82·7%; OR 0·35 [0·23–0·53]; p<0·0001). Across LMICs, improvements in hospital facilities would prevent one to three deaths for every 100 patients undergoing surgery for cancer. Interpretation: Hospitals with higher levels of infrastructure and resources have better outcomes after cancer surgery, independent of country income. Without urgent strengthening of hospital infrastructure and resources, the reductions in cancer-associated mortality associated with improved access will not be realised. Funding: National Institute for Health and Care Research
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