16 research outputs found

    Uma genealogia do management : ensaio sobre os dispositivos da gestão no cotidiano

    Get PDF
    Essa tese se apresenta na forma de ensaio como expressão de um desejo em problematizar sobre as urgências do presente e do passado recente da administração que inquietam, produzindo efeitos que se espalham pela cotidianidade e criam uma tecnologia específica de governo – o dispositivo do management. Para tanto, a forma ensaística é um caminho profícuo para lidar com uma forma de produção de conhecimento que busca a problematização ao invés da evidência. O ensaio é uma manifestação política que traz à tona no processo de escrita a trajetória reflexiva do pesquisador e o seu posicionamento diante de um problema. Nessa tese, o problema que se considera é o dispositivo do management e as formações discursivas que foram agenciadas a partir de sua positividade. Assim, utilizo a escrita de si como prática metodológica na criação de um argumento fictício no qual também se reverbera a positividade do management. Dando base à narrativa em ficção, defendo que a nossa história recente acompanhou um avanço das técnicas do management como referência na forma de organizar a vida em sociedade. Para além dos muros da empresa, as ferramentas de gestão são demandadas da administração pública até a domiciliar, configurando um modo de subjetivação racional-utilitarista sustentado pelo enunciado da padronização ao longo do século passado. Este ganhou força quando um novo mote econômico foi agenciado a partir dos anos 1980 com a expansão do neoliberalismo e a constituição dos mercados financeiros, reforçado pelo enunciado dos privilégios. O agravamento recente da positividade do management se dá na forma de outro modo de subjetivação que passa, então, a atuar concomitante a ele em uma operação concêntrica em prol da maximização dos fluxos do Capital: o dispositivo da financeirização. Assim, os sujeitos hoje se constituem fortemente subjugados a uma lógica que lhes incute uma pretensa individualização liberal que mascara um fundo de totalitarismo capitalístico disciplinar. Essa tese é uma problematização desse momento contemporâneo de (des)ilusão se engendrando na elaboração de uma genealogia que, como um trem que se adentra no túnel escuro, tão cedo não se verá o fim.This thesis presents itself in the form of an essay as an expression of a desire to problematize on the urgencies of the present and the recent past surrounding the study of organizations, producing effects that spread through the quotidian and creating a specific technology of government - the management dispositive. For this, the essay form is a useful way to deal with a form of knowledge production that seeks problematization rather than evidence. The essay is a political manifestation that brings to the fore by the writing process the reflective trajectory of the researcher and his positioning in the face of a problem. In this continuous process of reflexivity of the self in which theory and empiricism merge from the varied set of experiences of the essayist, knowledge is produced as a work of the self in thought that allows him to problematize on the questions around the sayings and doings of his field of study. In this thesis, the problem that is considered is the management dispositive and the discursive formations that were engendered by its positivity. Thus, I also use the writing of the self as a methodological practice creating a fictitious argument in which the positivity of management is also reverberated. Building upon the fiction narrative, I argue that our recent history has accompanied an advance in management techniques as a reference in the way of organizing life in society. Beyond the walls of firms, management tools are demanded from public administration to home care, setting up a rational-utilitarian mode of subjectivation supported by the standardization enunciation throughout the last century. It gained momentum when a new economic motto was enacted from the 1980s with the expansion of neoliberalism and the constitution of financial markets, reinforced by the enunciation of privileges. The recent aggravation of management positivity occurs in the form of another mode of subjectivation, which then acts alongside it in a concentric operation in favor of the maximization of Capital flows: the dispositive of financialization. Thus, subjects today are strongly subjugated to a logic that instils in them a supposed liberal individualization that masks a fund of disciplinary capitalistic totalitarianism. This thesis is a problematization of this contemporary moment of (dis)illusion engendering in the elaboration of a genealogy which, like a train that goes into a dark tunnel, will not see its end quite soon

    Gestão por competências: uma abordagem estratégica adaptada à pequena empresa

    Get PDF
    Regarding the incited scene where organizations endeavor higher competitiveness and market leadership, the focus has been headed for people and their competences. The Competency Management has come as an alternative so that the human resources management can perform based on the individual contribution to the business success. The concept of competency accepts analysis in various levels in the organizational context (core competence, organizational, individual). This paper is a case study of the competency management in a small company. The study consists in a qualitative research which intends to identify and analyze the organizational competences of this firm; aiming at core competences – those which distinguish it and they are not presented by its competitors – assuring a sustainable competitive advantage. Besides the mapping of the individual competences desirable to the company’s people, so that they can seize their work and truly add value to themselves and the organization. Moreover, it was shown a methodology to create policies and practices which enables the prospecting and identification of individual competences, aspiring to develop the competences needed for the structuring of strategies which add perceived-value to the clients.Dentro do cenário acirrado em que as organizações buscam maior competitividade e distinção no mercado, o foco tem sido, cada vez mais, voltado para as pessoas e suas competências. A gestão por competências tem surgido como uma das alternativas para que a gestão de pessoas seja realizada de acordo com a contribuição do indivíduo para o sucesso do negócio. O conceito de competências admite análise em diversos níveis no contexto organizacional (essenciais, organizacionais, individuais). O presente artigo é um estudo de caso da abordagem de gestão por competências em uma pequena empresa. O estudo consiste em uma pesquisa qualitativa que visa identificar e analisar as diversas competências organizacionais da empresa, visando à busca de competências essenciais, aquelas que a diferenciam e não são apresentadas pelos concorrentes, garantindo uma vantagem competitiva sustentável, além do mapeamento das competências individuais necessárias às pessoas da organização, a fim de que elas possam apropriar-se de suas funções e realmente agregar valor a si e à empresa. Além disso, apresentou-se uma metodologia para a elaboração de políticas e práticas que possibilitem prospectar e identificar competências individuais, com a finalidade de desenvolver as competências necessárias para a formação de estratégias que agregam valor percebido aos clientes

    Educação e ideologia: em busca da crítica emancipatória

    Get PDF
    O presente artigo busca discutir o papel da escola, na contemporaneidade, sem perder de vista a ideologia que permeia os processos e práticas no campo da educação. Entende-se que esta ideologia, focada numa perspectiva de mercado, incita a manutenção do status quo de pequena parcela da população, além de inviabilizar a emancipação da maioria, na medida em que exclui para “incluir perversamente”. Neste sentido, discute-se não apenas o capital cultural da elite dominante, mas, também, o processo de socialização, não menos importante no contexto escolar, forjado por uma visão capitalista a priori excludente

    Epistemologia(s) na governança corporativa: Existe realmente escolha?

    Get PDF

    Negotiation and power in the public service : the case of the Campus Baixada Santista of Universidade Federal de São Paulo

    Get PDF
    Este estudotratou-se de uma pesquisa exploratória e descritiva, de natureza qualitativa na forma de estudo de caso, com o objetivo de analisar como os gestores do CampusBaixada Santista da Universidade Federal de São Paulo percebem a influência da competência negociação no uso do poder e nos resultados das negociações. O trabalhocontou com uma pesquisa exploratória e um levantamento teórico sobre os conceitos de competências, negociação, perfil dos negociadores e sobre a questão do poder nas negociações, sendo seguido pela realização de entrevistas qualitativas em profundidade com oito gestores do Campus Baixada Santista da UNIFESP. A pesquisa revelou que os gestores identificam a capacidade de negociar como necessária para o desempenho de suas funções e conhecem as características que formam o perfil do negociador. Também reconhecem a importância do desenvolvimento desta competênciae, portanto, afirmam que é uma competência que pode ser aprendida e desenvolvida. Constatou-se que os programas de capacitação da UNIFESP não atingem o objetivo de desenvolver as competências dos gestores, inclusive a negociação. Foi identificada a totalrelação entre poder e negociação, prevalecendo a autoridadehierárquica, com o poder de decisão concentrado na área acadêmica da universidade.A questão crucial que esta pesquisa revelou é que, apesar do reconhecimento, por parte dos gestores, da influência da competência negociação e da importância de seu desenvolvimento, não existem práticas de negociaçãona universidade, não há “o poder agir”, condição essencial para o desenvolvimento desta competência. O ambiente organizacional deveria permitir não só aos gestores, mas a todos os servidores a experiência para exercitarem a capacidade de negociação e de solução de conflitos. Como qualquer outra competência, a capacidade de negociar melhora à medida que negociamos.This study was an exploratory and descriptive research of qualitative nature in the form of a case study, with the objective of analyzing how the managers of Campus Baixada Santista of the Federal University of São Paulo perceive the influence of the negotiation competence in the use of power and the results of the negotiations. The work had an exploratory research and a theoretical survey on the concepts of skills, negotiation, negotiators profile and on the question of power inthe negotiations, followed by qualitative interviews in depth with eight managers of the UNIFESP Campus Baixada Santista. The survey revealed that managers identify the ability to negotiate as necessary for the performance of their duties and know thecharacteristics that form the negotiator's profile. They also recognize the importance of developing this competence and, therefore, affirm that it is a competence that can be learned and developed. It was found that UNIFESP's training programs donot achieve the objective of developing managers' skills, including negotiation. The total relation between power and negotiation was identified, with hierarchical authority prevailing, with the power of decision concentrated in the academic area of the university. The crucial question that this research reveals is that, despite the managers' recognition of the influence of the negotiating competence and the importance of its development, there are no negociatingpractices in the university, there is no "power to act", an essential condition for the development of this competence. The organizational environment should allow not only the managers, but all the servants the experience to exercise the ability to negotiate and resolve conflicts. Like any other competence, the ability to negotiateimproves as we negotiate

    APRENDIZAGEM E COMPETÊNCIAS POR MEIO DAS ARTES: ATIVIDADE PROFISSIONAL E VIVÊNCIA ARTÍSTICA EM DIÁLOGO

    Get PDF
    Este trabalho teve por objetivo analisar a percepção de pessoas que atuam como artistas e que também possuem outra profissão, a respeito da aprendizagem e desenvolvimento de competências por meio das artes. Iniciou-se da ideia que atualmente o desempenho dos profissionais precisa ser capaz de responder às problemáticas diversas que emergem no contexto organizacional, exigindo o constante desenvolvimento de competências. Considerou-se neste estudo a possibilidade de o meio artístico contribuir à aprendizagem e à formação destas competências. Nesse sentido, em relação ao método, escolheu-se como campo de estudo um festival de artes da cidade de Porto Alegre, sendo realizadas 21 entrevistas semiestruturadas com profissionais participantes deste festival, com experiência artística e que tivessem outra profissão além das artes. Os resultados apontaram que as artes podem representar um recurso capaz de promover o desenvolvimento de competências em outras profissões, como a capacidade de improvisação, criatividade e flexibilidade

    "Más allá del arco iris" : trayectorias de carrera de parejas homosexuales

    Get PDF
    Este trabalho buscou compreender como se constrói a carreira de casais homossexuais, individual e conjuntamente, e como são negociadas as trajetórias frente às possibilidades existentes. Realizou-se uma pesquisa qualitativa com seis casais de diferentes idades, formações profissionais e tempo de relação. A coleta de dados ocorreu em dois momentos: entrevistas individuais e com o casal. Para análise dos relatos seguiu-se a análise de conteúdo. Os resultados apontaram que a construção do projeto coletivo evidencia a metamorfose dos projetos individuais e redirecionamentos de carreira com alternância na valorização das trajetórias individuais, permitindo explorar nuances e pontos de virada nas trajetórias de casais de dupla carreira. Se por um lado há maior liberdade para negociações das carreiras, por outro, no campo de possibilidades da trajetória de cada um, emerge um espaço de dilemas e conflitos, na forma como estes casais vivenciam papeis e status em uma sociedade pautada na heteronormatividade.This paper aimed to understand how homosexual couples build their careers, individually and jointly, and how trajectories are negotiated considering existing possibilities. Qualitative research was carried out with six homosexual couples of various ages, professional backgrounds, and relationship stages. The data collection had two moments: individual interviews and a joint interview. Analysis of the reports was based on content analysis. The results indicated that the construction of the collective project clearly shows the metamorphosis of the individual projects and career redirections with greater alternation in the valuation of the individual trajectories. This allows the exploration of nuances and turning points of the trajectories of dual career couples. While on the one hand there is greater freedom for negotiations regarding careers, on the other hand, in the field of possibilities for each trajectory, a space of dilemmas and conflicts emerges, in the way these couples experience roles and status in a society based on heteronormativity.Este trabajo buscó comprender cómo se construye la carrera de parejas homosexuales, individual y conjuntamente, y cómo se negocian las trayectorias frente a las posibilidades existentes. Se realizó una investigación cualitativa con seis parejas de diferentes edades, formaciones profesionales y tiempo de relación. La recolección de datos tuvo dos momentos: entrevista individual y entrevista con la pareja. Para la investigación de los datos se siguió el análisis de contenido. Los resultados apuntaron que la construcción del proyecto colectivo evidencia la metamorfosis de los proyectos individuales y redirecciones de carrera con mayor alternancia en la valorización de las trayectorias, permitiendo explorar matices y puntos de giro de trayectorias de parejas de doble carrera. Si, por un lado, hay mayor libertad para negociaciones de las carreras, por otro, en el campo de posibilidades de la trayectoria de cada uno, emerge un espacio de dilemas y conflictos, en la forma en que estas parejas vivencian papeles y status en una sociedad pautada en la heteronormatividad

    The creation process in organizations: a study on creativity in perception management

    No full text
    O estudo sobre a criatividade tem possibilitado a compreensão de apenas alguns de seus múltiplos aspectos. Seu entendimento intriga pesquisadores de todos os campos do conhecimento e apresenta-se, ainda no século XXI, como um tema em aberto. Por um longo período, ela foi entendida como um dom, um talento, um presente divino e só recentemente este inatismo foi substituído por concepções que sinalizam a possibilidade de que todos e, cada um em particular, podem desenvolver-se criativamente, quer seja pelas vivências do cotidiano, pelo esforço pessoal ou pela educação formal e informal. Meu objetivo principal foi compreender como ocorrem processos de criação em empresas, trazendo assim algumas elucidações para esse campo de ação humana, relativamente ignorado e esquecido, principalmente no que concerne à gestão das pessoas nas organizações. Para isso tive que escolher certos contextos e pessoas a entrevistar, colegas atuantes no âmbito da administração que, por outras razões suas, também manifestem o ímpeto instigado e a vontade em desvendar algumas noções sobre esse tema, sobre a dinâmica da criação nos espaços organizacionais. Com eles, investiguei a noção que têm de criatividade dentro de suas experiências de trabalho; analisei como elementos sócio-culturais participam dos processos de criação; quais as competências de um gestor para criar, bem como as capacidades mobilizadas para suas criações. O estudo se caracteriza como qualitativo genérico, realizado com sete gestores, com a oportunidade de uma segunda rodada de entrevistas, totalizando 13 entrevistas realizadas. Os resultados permitiram inferir que nos contextos de criação as pessoas são cobradas por uma produção criativa que é comprimida por um ambiente tecnocrata, limitado e economicamente ideológico. Em síntese, cria-se a prescrição de um trabalho que se vê perdido frente à lógica cambiante das trocas e relações empresariais. A administração ainda enfatiza demais o executar, o ordenar e o organizar. Essas ações levam a uma falsa criatividade, a uma criação que só serve para resolver problemas. É assim que a maioria das empresas tem reproduzido o discurso da criatividade instrumental, aquela que basta ao profissional entregar a demanda que lhe é incumbida. A base para pensar em mudanças de rumo nas concepções que temos de criatividade e do processo criativo é o senso de responsabilização que acompanha toda criação, e faz desta ação humana um ato consciente, e é isto que caracteriza a criatividade como uma competência. Criar é, acima de tudo, assumir as responsabilidades pelo ato criativo e pelo produto criado; e, por si só, abarca todos os aspectos (contextos específicos, capacidades mobilizadas e níveis de entregas criativas) que contemplam uma competência individual ou coletiva. Dessas noções emergem o gestor e suas atribuições para com a criatividade. O gestor dificilmente cria o negócio da organização, a não ser que ele seja o próprio empreendedor do negócio ou esteja em constante processo de criação junto com sua equipe. Na verdade, o que o gestor cria, em sua essência, é o entorno, o espaço e as condições para manifestação e realização da criatividade. Isso ficou evidenciado nas quatro competências gerenciais para criar emergidas das falas dos gestores: receber e defender o novo, criar espaço para liberdade, dirigir a criação, e acompanhar o processo criativo.The study of creativity has enabled the understanding of just a few of its many aspects. Its understanding intrigues researchers from all fields of knowledge and presents, even today, as an open issue. For a long time, it was understood as a gift, a talent, a gift from God and only recently this innateness has been replaced by concepts that point to the possibility that each and every one in particular, can develop creatively, whether by experiences of everyday life, by personal effort or by formal and informal education. My main objective was to comprehend how creative processes occur in setting up businesses, thus bringing some clarifications to this field of human action, relatively ignored and forgotten, especially as regards the management of people in organizations. For this I had to choose certain contexts and people to interview, some colleagues working within the administration that for their reasons, also express the impetus instigated and willingness to disclose relevant information on this subject, the dynamic of creation in organizational spaces. With them, I investigated the notion that they have of creativity in their work experience; I analyzed how socio-cultural factors participate in the processes of creation, what the responsibilities of a manager to create, and capacities mobilized for their creations. The study is characterized as generic qualitative, conducted with seven managers with the opportunity of a second round of interviews, totaling 13 interviews. Results showed that in the contexts of creating people are charged for a creative production that is compressed by a technocrat environment, economically and ideologically limited. In a brief, it is created the prescription of a work that finds it lost and broken due to the logic of changing trade and business relations. The administration still emphasizes effortlessly the other execution, the ordering and the organizing. These actions lead to a false creativity, a creation that only serves to solve problems. It is how most companies have reproduced the discourse of instrumental creativity, being the professional only required to deliver the demands which he is responsible. The basis for thinking about changing course in these concepts of creativity and creative process is the sense of responsibility that comes with all creation, and makes this human action a conscious act, which characterizes creativity as a competence. Creating is, above all, taking responsibility for the creative act and the product created. By itself, it combines all the aspects (specific contexts, capacities mobilized and creative level of deliveries) which contemplate an individual or collective competence. From these notions emerge the manager and its duties towards creativity. The manager hardly creates the organization's business, unless he is an entrepreneur or in constant process of creation along with his team. In fact, what the manager creates, in essence, is the environment, space and conditions for appearance and manifestation of creativity. This was evidenced in the four managerial competences to create emerged of the mangers speeches: to receive and defend the novelty, to create space for freedom, to direct creation, and to accompany the creative process

    The creation process in organizations: a study on creativity in perception management

    No full text
    O estudo sobre a criatividade tem possibilitado a compreensão de apenas alguns de seus múltiplos aspectos. Seu entendimento intriga pesquisadores de todos os campos do conhecimento e apresenta-se, ainda no século XXI, como um tema em aberto. Por um longo período, ela foi entendida como um dom, um talento, um presente divino e só recentemente este inatismo foi substituído por concepções que sinalizam a possibilidade de que todos e, cada um em particular, podem desenvolver-se criativamente, quer seja pelas vivências do cotidiano, pelo esforço pessoal ou pela educação formal e informal. Meu objetivo principal foi compreender como ocorrem processos de criação em empresas, trazendo assim algumas elucidações para esse campo de ação humana, relativamente ignorado e esquecido, principalmente no que concerne à gestão das pessoas nas organizações. Para isso tive que escolher certos contextos e pessoas a entrevistar, colegas atuantes no âmbito da administração que, por outras razões suas, também manifestem o ímpeto instigado e a vontade em desvendar algumas noções sobre esse tema, sobre a dinâmica da criação nos espaços organizacionais. Com eles, investiguei a noção que têm de criatividade dentro de suas experiências de trabalho; analisei como elementos sócio-culturais participam dos processos de criação; quais as competências de um gestor para criar, bem como as capacidades mobilizadas para suas criações. O estudo se caracteriza como qualitativo genérico, realizado com sete gestores, com a oportunidade de uma segunda rodada de entrevistas, totalizando 13 entrevistas realizadas. Os resultados permitiram inferir que nos contextos de criação as pessoas são cobradas por uma produção criativa que é comprimida por um ambiente tecnocrata, limitado e economicamente ideológico. Em síntese, cria-se a prescrição de um trabalho que se vê perdido frente à lógica cambiante das trocas e relações empresariais. A administração ainda enfatiza demais o executar, o ordenar e o organizar. Essas ações levam a uma falsa criatividade, a uma criação que só serve para resolver problemas. É assim que a maioria das empresas tem reproduzido o discurso da criatividade instrumental, aquela que basta ao profissional entregar a demanda que lhe é incumbida. A base para pensar em mudanças de rumo nas concepções que temos de criatividade e do processo criativo é o senso de responsabilização que acompanha toda criação, e faz desta ação humana um ato consciente, e é isto que caracteriza a criatividade como uma competência. Criar é, acima de tudo, assumir as responsabilidades pelo ato criativo e pelo produto criado; e, por si só, abarca todos os aspectos (contextos específicos, capacidades mobilizadas e níveis de entregas criativas) que contemplam uma competência individual ou coletiva. Dessas noções emergem o gestor e suas atribuições para com a criatividade. O gestor dificilmente cria o negócio da organização, a não ser que ele seja o próprio empreendedor do negócio ou esteja em constante processo de criação junto com sua equipe. Na verdade, o que o gestor cria, em sua essência, é o entorno, o espaço e as condições para manifestação e realização da criatividade. Isso ficou evidenciado nas quatro competências gerenciais para criar emergidas das falas dos gestores: receber e defender o novo, criar espaço para liberdade, dirigir a criação, e acompanhar o processo criativo.The study of creativity has enabled the understanding of just a few of its many aspects. Its understanding intrigues researchers from all fields of knowledge and presents, even today, as an open issue. For a long time, it was understood as a gift, a talent, a gift from God and only recently this innateness has been replaced by concepts that point to the possibility that each and every one in particular, can develop creatively, whether by experiences of everyday life, by personal effort or by formal and informal education. My main objective was to comprehend how creative processes occur in setting up businesses, thus bringing some clarifications to this field of human action, relatively ignored and forgotten, especially as regards the management of people in organizations. For this I had to choose certain contexts and people to interview, some colleagues working within the administration that for their reasons, also express the impetus instigated and willingness to disclose relevant information on this subject, the dynamic of creation in organizational spaces. With them, I investigated the notion that they have of creativity in their work experience; I analyzed how socio-cultural factors participate in the processes of creation, what the responsibilities of a manager to create, and capacities mobilized for their creations. The study is characterized as generic qualitative, conducted with seven managers with the opportunity of a second round of interviews, totaling 13 interviews. Results showed that in the contexts of creating people are charged for a creative production that is compressed by a technocrat environment, economically and ideologically limited. In a brief, it is created the prescription of a work that finds it lost and broken due to the logic of changing trade and business relations. The administration still emphasizes effortlessly the other execution, the ordering and the organizing. These actions lead to a false creativity, a creation that only serves to solve problems. It is how most companies have reproduced the discourse of instrumental creativity, being the professional only required to deliver the demands which he is responsible. The basis for thinking about changing course in these concepts of creativity and creative process is the sense of responsibility that comes with all creation, and makes this human action a conscious act, which characterizes creativity as a competence. Creating is, above all, taking responsibility for the creative act and the product created. By itself, it combines all the aspects (specific contexts, capacities mobilized and creative level of deliveries) which contemplate an individual or collective competence. From these notions emerge the manager and its duties towards creativity. The manager hardly creates the organization's business, unless he is an entrepreneur or in constant process of creation along with his team. In fact, what the manager creates, in essence, is the environment, space and conditions for appearance and manifestation of creativity. This was evidenced in the four managerial competences to create emerged of the mangers speeches: to receive and defend the novelty, to create space for freedom, to direct creation, and to accompany the creative process
    corecore