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    A terceirização e os trabalhadores: revisitando algumas questões

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    O objetivo deste artigo é introduzir a questão da terceirização e suas consequências para os trabalhadores. Apesar de não se constituir em novidade no capitalismo, uma vez que formas de subcontratação sempre estiveram presentes na produção industrial e mesmo de serviços, a externalização de atividades atingiu um grau sem precedentes no contexto do capitalismo flexível. Forma de redução de custos e aumento da competitividade empresarial, no geral, tem significado para os trabalhadores precarização do trabalho e das relações de emprego. Entretanto, esse processo é diversificado e complexo. Para discutir essa diversidade e seus efeitos para os trabalhadores, revisitamos de forma breve algumas questões como a reespacialização da produção e a imaterialidade de serviços e situações pontuais tais como a utilização de cooperativas de trabalho, novas e velhas ocupações como a construção civil e o telemarketing e as formas de diferenciação/estigmatização dos trabalhadores em grandes empresas conforme o tipo de contrato.The aim of this paper is to introduce the issue of outsourcing and its consequences for workers. Although it not be a newness into capitalism, once a sort of subcontracting have always been present even in industrial production and services, the outsourcing of activities has reached an unprecedented degree in the context of flexible capitalism. It has been a kind of reduced costs and increased business competitiveness, but, in general, it has meant for workers a way to raise precariousness of work and employment relations. However, this process to be diverse and complex. To discuss this process and its effects on workers, I do briefly revisit some issues such as despatialization of production, immateriality of services and specific situations such as the use of workers' cooperatives, old and new occupations such as construction sector and telemarketing, as well as forms differentiation/stigmatization of workers in large companies accordant with the kind of contract

    A globalização periférica e a ressignificação dos lugares

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    This article analyzes the new configurations of labor resulting from processes of industrial restructuring and the insertion of new territories into the logic of the global capitalist production. It discusses the re-spatialization processes of industrial sectors favored by the fiscal war between states and municipal governments, and their re-signification in places without an industrial tradition or organized labor. Outsourcing networks incorporate territories previously linked to traditional agricultural activities, or economically stagnant, which provide cheap and educated labor. Our argument is that these situations make it possible to understand the economic incorporation of peripheral regions in global markets, and the impact on current social relations. The place is integrated with the global in distinct, but complementary and heterogeneous ways, hybridizing forms of labor and occupation within the logic of accumulation. We selected three productive sectors in sub-regions of the northeast, which are representative of the different forms of labor relations where the place is a relevant variable: the clothing sector, software production, and the automotive industry, all deeply integrated into global value chains. These sectors characterize the region's integration into global flows, in which intertwine multiple globalizations.Neste artigo, busca-se analisar as novas configurações do trabalho decorrentes dos processos de reestruturação industrial e da inserção de novos territórios à lógica da produção capitalista global. Discutem-se os processos de reespacialização de setores industriais favorecidos pela guerra fiscal entre governos estaduais e municipais, e sua ressignificação em locais sem tradição industrial ou de trabalho organizado. As redes de terceirização incorporam territórios antes vinculados a atividades agrícolas tradicionais, ou estagnadas economicamente, que fornecem mão de obra barata e escolarizada. Nosso argumento é o de que essas situações permitem entender a incorporação econômica de regiões periféricas dentro do país num quadro de expansão de mercados globais, impactando nas relações sociais vigentes. O local se integra ao global de formas distintas, mas complementares e heterogêneas, hibridizando formas de trabalho e ocupação dentro da lógica da acumulação. Temos como recorte empírico três setores produtivos distribuídos em sub-regiões do nordeste, que são representativos das distintas formas de trabalho utilizado e o lugar se constitui numa variável relevante: o setor de confecções, o da produção de software e o da indústria automotiva, todos profundamente integrados em cadeias globais de valor. Esses setores caracterizam a integração da região aos fluxos globais, nos quais múltiplas globalizações se interlaça

    Trabalho, precarização e sindicalismo: os trabalhadores e as cooperativas de trabalho

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    The objective of this article is to discuss the precarious employment conditions at employee ownership and the role of unions face to this new situation. Cooperatives have multiplied all over the country and the assumed self-management in cooperatives is used, in great measure, as a way of lowering costs. After a period of hesitation facing the new reality, and still oriented according to different areas, industrial sectors and political orientation, unions have been classifying cooperatives in true or false. True cooperatives have the support of unions while false cooperatives, which include greater number of workers, are combated or simply ignored.Este artigo tem como objetivo discutir a terceirização industrial e a precarização do trabalho a partir da recuperação de uma forma de organização do trabalho descontextualizada de seus objetivos originais: o trabalho autogestionário em cooperativas de trabalho e os sindicatos frente a essas cooperativas. Muito disseminada pelo país a pretensa autogestão em cooperativas é utilizada, em grande medida, como forma de barateamento de custos empresariais. Após período de hesitação frente a esse quadro, a atuação sindical incide sobre uma classificação que visa separar os empreendimentos autogestionários entre verdadeiros ou falsos. Ainda que com posturas diferenciadas por ramos, setores produtivos e orientações específicas, as centrais sindicais têm apoiado aquelas consideradas cooperativas verdadeiras e combatido as que consideram falsas e que, ironicamente, englobam maior número de trabalhadores, e que terminam sendo ignorados pelo sindicato.

    A reconfiguração da sociologia no Brasil: expansão institucional e mobilidade docente

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    Este artigo analisa a reconfiguração do campo da Sociologia no Brasil, tendo como recorte a expansão da graduação e da pós-graduação a partir dos anos 1980, que resultou num crescimento sem precedentes da pesquisa social no país. Esse processo se consolidou com a normatização da avaliação da pós-graduação, bem como com a implantação de políticas de fomento à formação e pesquisa e, a partir de 2003, de programas de expansão das universidades públicas, com novas universidades, novos campi, institutos federais e maior democratização do acesso a estudantes de baixa renda, cotistas e outros. Nesse período, houve uma forte renovação geracional propiciada, de um lado, pela abertura de novas vagas nas universidades públicas decorrentes de programas de expansão, como o PROUNI, e, de outro, pela aposentadoria de um número expressivo de professores que participaram da montagem e organização da pós-graduação de Sociologia em diferentes regiões do país. Esse conjunto de situações levou a um processo que estamos chamando de “nacionalização” do campo da Sociologia no Brasil. Nacionalização no sentido da construção de uma cultura acadêmica não mais restrita a pequenos grupos e regiões, mas à sua generalização pelo país de uma forma cada vez mais conectada com o desenvolvimento da disciplina internacionalmente. Para demonstrar essa afirmação utilizamos alguns indicadores: os dados do CCGE, que, por sua vez, utiliza dados da Plataforma Sucupira da Capes e da RAIS sobre número de cursos e titulados no mestrado e doutorado, assim como a situação diante do mercado de trabalho no período 1996-2014. Foram levantados também os cursos de graduação ativos no país a partir de 1933 e seu crescimento até 2018 através do site e-mec do Ministério da Educação. Utilizamos ainda a Plataforma Sucupira da Capes, para obter dados dos docentes disponíveis em todos os programas credenciados da área.The article analyzes the reconfiguration of the sociology field in Brazil, from the expansion of undergraduate and graduate studies starting from the 1980s, which resulted in an unprecedented growth of social research in the country. This process was consolidated with the standardization of the graduate evaluation, as well as the implantation of development policies towards graduation and research. Moreover, since 2003, with the programs of public university expansion - new universities, new campuses, federal institutes of technical education - and the democratization of access to low-income students. During this period, there was a strong generational renewal promoted, on one hand, by the opening of new vacancies in public universities because of expansion programs, like PROUNI, and, on the other, the retirement of a significant number of professors and researches who participated in the organization of the graduate sociology studies in different areas of the country. This set of situations has led to a process we are calling the "nationalization" of the sociology field in Brazil. Nationalization in the sense of building an academic culture no longer restricted to small groups and areas, but to its generalization in the country in a more connected way with the development of the discipline internationally. In order to demonstrate this, we have used some indicators: the CCGE data, which, in turn, uses data from the Capes and RAIS Sucupira Platform, regarding the number of courses and master’s and doctorate degrees, as well as the situation in the work market during the 1996-2014 period. The undergraduate courses active in the country, from 1933 and their growth until 2018, were obtained through the website of the Ministry of Education. We also used the Capes Sucupira Platform to obtain data regarding the faculty available and all accredited programs in the field

    TRABALHO FLEXÍVEL E O NOVO INFORMAL

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     O artigo analisa a retomada dos estudos sobre informalidade, agora dentro do paradigma da flexibilidade, tendo como referência o crescimento do chamado setor informal nos países de capitalismo avançado. Sustenta o caráter polêmico do conceito e sua aplicabilidade voltada a situações particulares em contextos de reestruturação econômica. Apresenta o caso do tradicional cluster do vestuário, formado pelas cidades de Santa Cruz do Capibaribe e Toritama em Pernambuco, totalmente organizado na informalidade desde os anos 60, e as mudanças em curso a partir dos anos 90.              PALAVRAS-CHAVE: Informalidade, trabalho flexível, trabalhadores do vestuário, trabalho eventual, pequena produção.                                                                  FLEXIBLE WORK AND THE NEW INFORMAL SECTOR The paper analyses the retaking of the studies on informality inserted into the flexibility paradigm, having as a reference the growth of the so-called informal sector in the countries where capitalism has reached an advanced level. It supports the polemic feature of the concept and its applicability in economical restructuring contexts. It presents the traditional clothing cluster formed by the cities of Santa Cruz do Capibaribe and Toritama Pernambuco, in the Northeast of Brazil, totally informality centered from the 60s on and the ongoing  changes  from the 90s on. KEY WORDS: Informality, flexible work, clothing workers, eventual work, small production. Publicação Online do Caderno CRH: http://www.cadernocrh.ufba.b

    A sociedade brasileira e a sociologia entre dois vírus letais

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    O Brasil enfrenta hoje a pandemia da covid 19, com um governo negacionista que faz com que não haja políticas publicas nacionais de combate ao vírus. O presidente da republica faz questão de aparecer em público em aglomerações dizendo que é uma gripezinha ou algo sem importância, mesmo com parte da sua equipe tendo pego o vírus e o país ter um número de mortes crescente. Ao lado dele, um ministro da economia com uma proposta de um neoliberalismo que não deu certo em lugar nenhum enfatizando que importa mais preservar economia do que a vida. Juntos, defendem o fim de qualquer isolamento social, na contramão das orientações da Organização Mundial de Saúde e ignoram a experiência de outros países no combate a pandemia

    Differential mobilities and institutionalised illegalities: trends and contradictions of contemporary labour

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    Neste artigo discutimos os novos reordenamentos e tendências do capital e do trabalho no que diz respeito às novas formas de organizar o capital, o trabalho, as mobilidades e o controle de ambos, as quais surgiram a partir de mudanças politicas, econômicas, sociais e culturais das ultimas décadas. Argumentamos que, ao destacar as tendências e contradições da mobilidade do capital e do trabalho contemporâneo, focando nas disposições desregulatórias por um lado e regulatórias de outro, podemos evidenciar as mobilidades (e inclusões) diferenciadas e a precarização crescente da vida social contemporânea. Este artigo se baseia, empiricamente, em pesquisas realizadas com trabalhadores no Brasil e com imigrantes brasileiros na Inglaterra no âmbito do Laboratório de Estudos sobre Trabalho, Profissões e Mobilidades da Universidade Federal de São Carlos. This article analyses the new rearrangements and trends of capital and labour regarding the new forms of organising the capital and labour as well the mobilities and control of both, which emerged from the political, economic, social and cultural changes of the last four decades. We argue that by highlighting the contemporary trends and contradictions of capital and labour, focusing on deregulatory disposition on one hand and on regulatory disposition on the other, we can see the formation of processes of differential mobilities (and inclusions) as well a growing situation of precariousness in the contemporary social life. This article is based, empirically, on a range of studies developed at the Laboratory of Work, Professions and Mobility, at the Federal University of São Carlos, which include researches conducted on workers in Brazil as well as on Brazilian immigrants in London

    Reestruturação industrial, desemprego e autogestão: as cooperativas do Vale do Sinos

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    Este artigo objetiva analisar uma situação típica do quadro de multiplicação de cooperativas de trabalho que atuam como empresas terceirizadas: a organização de cooperativas por sindicatos de trabalhadores como forma de reação ao desemprego decorrente da reestruturação industrial do setor calçadista. Foram pesquisadas cinco cooperativas de um total de nove, nos municípios de Novo Hamburgo e Parobé no Vale do Rio dos Sinos, no Rio Grande do Sul, que trabalham para grandes indústrias sediadas na região. Procurou-se analisar o processo de reestruturação do setor, suas conseqüências em termos de desemprego, o papel dos sindicatos na organização e suporte das cooperativas e a percepção dos trabalhadores acerca da autogestão, da sua situação de proprietário-gestor-trabalhador em face de a experiências anteriores de trabalho assalariado

    Mulheres trabalhadoras em uma fábrica recuperada: mudanças e permanências na organização e gestão do trabalho

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    The industrial restructuring of the 1990s in Brazil forced many workers to seek “new” work strategies to face unemployment. Among these strategies, the self-management constituted a possibility to avoid informality and guarantee income. In this context, several factories were recovered by the workers and transformed into cooperatives. In this article, we seek to analyze the work and daily life of the working women of a textile cooperative located in the southern region of Brazil. The objective was to verify the changes in the management and organization of labor, in view of the previous situation as a regular company and how women were involved in this process. Interviews were conducted with 27 cooperatives, aged between 35 and 75 years, and collected data on the history of the factory and the transition process. We found that the change in management did little in terms of the working conditions and the personal and social. life of women workers. The fact that they were “collective owners” of the means of production did not guarantee them greater autonomy and freedom at work, or any change in the sexual division of labor.Keywords: self-management, labor conditions, sexual division of labor.A reestruturação produtiva nos anos 1990, no Brasil, obrigou muitos(as) trabalhadores(as) a buscar “novas” estratégias de trabalho para enfrentar o desemprego. Entre essas estratégias, o cooperativismo constituiu-se uma possibilidade para evitar a informalidade e garantir renda. Nesse contexto, várias fábricas foram recuperadas pelos(as) trabalhadores(as) e se transformaram em cooperativas. Neste artigo, buscamos analisar o trabalho e a vida cotidiana das mulheres trabalhadoras de uma cooperativa têxtil situada na região sul do Brasil. Teve como objetivo verificar as mudanças na gestão e organização do trabalho frente à situação anterior, como empresa regular, e como as mulheres se inseriram nesse processo. Foram realizadas entrevistas com 27 cooperadas, com idades entre 35 e 75 anos e levantados dados acerca do histórico da fábrica e do processo de transição. Verificamos que a mudança na forma de gestão pouco alterou as condições de trabalho e a vida pessoal e social das trabalhadoras. O fato de serem “proprietárias coletivas” dos meios de produção não lhes garantiu maior autonomia e liberdade no trabalho, ou qualquer alteração na divisão sexual do trabalho.Palavras-chave: cooperativismo, condições de trabalho, mulheres trabalhadoras, divisão sexual do trabalho

    Trabalho atípico e capital social:: os Agentes Comunitários de Saúde na Paraíba

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    Este artigo tem por objetivo analisar o trabalho dos agentes comunitários de saúde vinculados a dois programas governamentais: o Programa de Agentes Comunitários de Saúde e Programa Saúde da Família. Os agentes integram equipes de trabalhadores voltados à atenção básica em saúde cuja função é transmitir informações sobre higiene e saúde nas comunidades onde atuam, levantar dados sobre incidência de doenças na população e encaminhar os doentes para atendimento na Unidade de Saúde da Família. Para isso devem ser moradores da comunidade, para fazer o elo entre esta e a equipe. Constituem-se num trabalhador atípico, seja pelas características dos contratos de trabalho (temporários, terceirizados, não formalizados), seja pela posse de um capital social como competência exigida, ou seja, uma característica relacional como condição para exercer a ocupação. O trabalho dos agentes reflete as novas formas de implementação de políticas sociais descentralizadas pelo Estado e as novas formas de utilização de trabalhadores, fora do quadro do funcionalismo tradicional. A pesquisa constou de questionário aplicado a 53 Agentes Comunitários de Saúde de doze equipes do Programa de Saúde da Família nos municípios de João Pessoa, Campina Grande, Casserengue e Cacimba de Dentro; entrevistas com lideranças sindicais, enfermeiras e médicos vinculados às equipes, e gestores estaduais e municipais.&nbsp
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