32 research outputs found

    A infância e sua educação: Materiais, práticas e representações (Portugal e Brasil)

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    Auxílio aos alunos pobres nas escolas de primeiras letras em Minas Gerais no século XIX

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    RESUMOEste artigo tem por objetivo refletir sobre o início do processo de escolarização dos alunos pobres em Minas Gerais, no século XIX. Buscamos compreender, nesse processo, a construção sócio-histórica da designação “aluno pobre” pelos discursos em defesa da instrução pública que se relacionavam a práticas para viabilizar a frequência desses alunos às aulas públicas de primeiras letras. Com base em uma análise documental, utilizando como fontes, jornais da época, correspondências recebidas pela presidência da província, ofícios sobre a instrução pública e a legislação produzida, foi possível compreender o processo de atribuição de responsabilidades ao governo para a viabilização da frequência dos alunos pobres às escolas de primeiras letras na província de Minas Gerais. Pudemos acompanhar o desenvolvimento de uma estrutura burocrática amparada legalmente, que sustentava práticas anteriormente realizadas, visando a compra de materiais e livros para os alunos necessitados. Percebemos também a construção de representações, por meio de leis, requerimentos, ofícios, de sujeitos que fariam parte das escolas brasileiras desde então: os alunos pobres, que necessitavam do amparo do governo provincial para frequentar as escolas e assim, receber os ensinamentos básicos, princípios e valores, para se tornarem adultos civilizados.

    O ESTUDO DAS DIFERENÇAS INDIVIDUAIS POR ALFRED BINET E SUA CIRCULAÇÃO EM MINAS GERAIS (1925-1940)1

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    RESUMO Este estudo analisa os pressupostos do pesquisador francês Alfred Binet (1857-1911) sobre as diferenças individuais a partir de livros e artigos que produziu a respeito do assunto entre 1895 e 1909 e que fundamentaram a elaboração da primeira escala métrica Binet-Simon em 1905. Em seguida, identifica quais elementos de suas elaborações circularam e como foram apropriados, no contexto das reformas educacionais em Minas Gerais nas décadas de 1920 a 1940. A pesquisa se desenvolveu no diálogo entre a História da Psicologia e a História da Educação, mobilizando conceitos da historiografia, como o de intelectuais, redes de sociabilidade e apropriação. A pesquisa documental envolveu a análise dos primeiros livros publicados por Binet e as matérias publicadas na Revista do Ensino, órgão oficial do governo de Minais Gerais, nas quais se tratava sobre as diferenças individuais e sobre o uso dos testes nas escolas. Foi observada a tensão envolvendo a desconfiança e o entusiasmo em relação aos novos métodos para aferir as diferenças individuais; a apropriação da escala métrica adaptada nos Estado Unidos, cujos princípios eram criticados por Binet; a pouca ênfase nas dimensões sociais e culturais dos diferentes grupos sociais, que estava entre as preocupações centrais do autor

    CIRCULACIÓN DE CARTAS, MIGRACIONES Y DESPLAZAMIENTOS: EL CASO DE LAS MUJERES DEL ALTO SERTÃO DE BAHIA – BRASIL (1901-1950)

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    Neste artigo, analisamos um acervo de cartas escritas durante a primeira metade do século XX por Anna Spínola Teixeira (1864-1944) e pelas suas seis filhas mulheres, que teve com Deocleciano Pires Teixeira (1844-1930): Evangelina Spínola Teixeira (1886 - 1965), Celsina Spínola Teixeira (1887 - 1979), Hersília Spínola Teixeira (1891 - 1968), Leontina Spínola Teixeira (1896 - 1978), Angelina Spínola Teixeira (1905 - 1982) e Carmen Spínola Teixeira (1909 - 2002). Num total estimado de 2185 cartas (enviadas e recebidas), consultamos, principalmente, as enviadas. Para este texto, analisamos um total de 27 cartas com o objetivo de discutir sobre a fluência desse tipo de documento para a compreensão de elementos que ultrapassam os assuntos privados, com foco nos processos de migração e de circulação pelo território. Compreendemos que, para as famílias abastadas, migrações e deslocamentos se davam por opção e, quando eram motivadas por necessidade, se justificava para ter acesso a níveis mais elevados de escolarização; identificamos também a migração alheia à própria vontade, em função de interesses econômicos e patrimoniais de seus familiares.In this article, we analyze a collection of letters written during the first half of the 20th century by Anna Spínola Teixeira (1864-1944) and by her six daughters, who she had with Deocleciano Pires Teixeira (1844-1930): Evangelina Spínola Teixeira (1886 - 1965), Celsina Spínola Teixeira (1887 - 1979), Hersília Spínola Teixeira (1891 - 1968), Leontina Spínola Teixeira (1896 - 1978), Angelina Spínola Teixeira (1905 - 1982) and Carmen Spínola Teixeira (1909) - 2002). In an estimated total of 2185 letters (sent and received), we consulted mainly those sent. For this text, we analyzed a total of 27 letters with the aim of discussing the fluency of this type of document for the understanding of elements that go beyond private matters, focusing on the processes of migration and circulation through the territory. We understand that, for wealthy families, migrations and displacements took place by choice and, when motivated by necessity, it was justified to have access to higher levels of schooling; we also identified migration outside their own control, due to the economic and patrimonial interests of their families.En este artículo analizamos una colección de cartas escritas durante la primera mitad del siglo XX por Anna Spínola Teixeira (1864-1944) y sus seis hijas mujeres que tuvo con Deocleciano Teixeira (1844-1930): Evangelina Spínola Teixeira (1886 - 1965), Celsina Spínola Teixeira (1887 - 1979), Hersília Spínola Teixeira (1891 - 1968), Leontina Spínola Teixeira (1896 - 1978), Angelina Spínola Teixeira (1905 - 1982) e Carmen Spínola Teixeira (1909 - 2002). En un total estimado de 2185 cartas (enciadas y recibidas), consultamos, principalmente, las enviadas. Para este testo, analizamos 27 cartas, con el objetivo de discutir la fluidez de este tipo de documento para la comprensión de elementos que van más allá de lo privado, con foco en los procesos migratórios y de circulación por el territorio. Entendemos que, para las famílias ricas, la migración y desplazamientos fue por elección, pero también por necesidad, para aceder a mayores niveles de escolaridade; también identificamos la migración fuera de su voluntad, por interesses económicos y patrimoniales de sus familiares.

    Retórica, escrita jornalística e instrução: narrativas políticas em disputa no Império brasileiro (Minas Gerais, 1825-1832)

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    O artigo analisa a função educativa dos jornais do período de 1825 a 1832, problematizando as estratégias de escrita dos seus redatores. Dialoga com autores do campo da História da Leitura e da História da Cultura Escrita, utilizando como fontes, quatro periódicos liberais de grande circulação, impressos na província de Minas Gerais, e dois compêndios de retórica impressos em Portugal no século XVIII. Identifica os elementos da Retórica como fórmula para construir os argumentos em defesa da monarquia constitucional e combate ao absolutismo. São analisadas três estratégias comuns utilizadas pelos redatores para persuadir os leitores e influenciar a opinião pública: a produção da polêmica pela polarização política simplificada; a instituição do medo e do risco iminente do Brasil retornar ao status de colônia portuguesa; e a ridicularização dos opositores políticos por meio da ironia e do deboche. Essas estratégias demonstram a influência de elementos da oralidade na escrita dos jornais, condicionada pela ambiência intelectual e política dos redatores, e pela necessidade de atingir a ampla população não leitora do período.

    Práticas educativas no cotidiano de mulheres do Alto Sertão Baiano (1885-1950)

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     O artigo analisa práticas educativas vivenciadas por mulheres da família Spínola Teixeira no período de 1885 a 1950. Influente econômica, social e politicamente no Alto sertão da Bahia e no Estado, essa família se projetou nacionalmente pela atuação de Anísio Teixeira no desenvolvimento educacional brasileiro na primeira metade do século XX. Analisamos as correspondências pessoais produzidas pela matriarca Anna Spinola Teixeira (1864-1944) e suas seis filhas, dialogando com os estudos em História da Educação, História da Leitura e História das Culturas do Escrito. Identificamos o papel ativo das mulheres em práticas educativas não institucionalizadas: se informavam sobre política e atualidades pela leitura de jornais e revistas; enviavam esses impressos para as irmãs e sobrinhas/os de outras localidades; instruíam seus irmãos e irmãs no ambiente doméstico; acompanhavam o desenvolvimento escolar dos familiares e noticiavam pelas cartas os progressos e desafios profissionais e educacionais, constituindo uma complexa rede de sociabilidade.

    Writing and reading diaries in the education of teachers for the rural schools of Minas Gerais (1948-1974)I

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    Este trabalho busca analisar os princípios norteadores da proposta de formação de professoras do Ginásio Normal Rural Oficial Sandoval Soares de Azevedo e alguns aspectos das práticas ali desenvolvidas, no período de 1948 a 1974. Trata-se da primeira escola normal do estado de Minas Gerais voltada para a formação de professoras que atuariam no meio rural. Além dessa particularidade, a proposta diferenciada, marcada substancialmente pelos ideários desenvolvidos pela psicóloga e educadora Helena Antipoff e suas colaboradoras, dá destaque a essa instituição no cenário educativo mineiro e brasileiro. Observa-se, nessa análise, a ênfase dada ao que Antipoff chama de educação integral das normalistas, que alia a capacidade reflexiva e a dimensão socioafetiva aos valores democráticos e de bem-estar da coletividade, aspectos pouco discutidos nos trabalhos recentes voltados para o estudo dessa instituição. Trata-se de uma pesquisa documental desenvolvida no cruzamento de três tipos de fontes escritas: a legislação e documentos administrativos de caráter oficial/institucional; duas coletâneas que reúnem textos de Helena Antipoff de 1929 à década de 1970, publicadas em 2002 e 1992, respectivamente; seis diários de autoria das alunas da escola normal, em que relatam a rotina de atividades e expressam opiniões. Pode-se identificar, na proposta de educação integral desenvolvida na instituição, a adaptação dos princípios escolanovistas ao meio rural e a integração dos interesses e necessidades dos educandos aos princípios democráticos de autonomia e cooperação, visando ao bem-estar coletivo.This work aims to analyze the main principles of the proposal of teacher education at Ginásio Normal Rural Oficial Sandoval Soares de Azevedo and some aspects of the practices developed there from 1948 to 1974. It was the first normal school in Minas Gerais state focused on the education of teachers for rural schools. Besides this particularity, its differentiated proposal, profoundly marked by ideals developed by the psychologist and educator Helena Antipoff and her collaborators, draws attention to this school in the educational scenario of Minas Gerais and Brazil. In this analysis, we can observe the emphasis given to what Antipoff called the comprehensive education of normal school students, connecting the development of reflection and socio-affective dimensions to the values of democracy and collective well-being, aspects hardly discussed in recent studies on this institution. This documental research has used three different written sources: legislation and official/institutional administrative documents; two collections of texts by Helena Antipoff from 1929 to the 1970s, published in 2002 and 1992, respectively; six diaries written by the normal school students, in which they reported their everyday activities and expressed their opinions. We can identify, in the proposal of comprehensive education developed in the institution, the adaptation of Escola Nova principles to the rural environment and the integration of interests and necessities of the students to the democratic principles of autonomy and cooperation, aiming at collective well-being

    Mulheres de meios populares e a construção de modos de participação nas culturas do escrito (Minas Gerais, Brasil, Século XX)

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    How do low-income women build, throughout their lives, ways to participate in written culture? What are the main instances that “sponsor” this participation? What kind of participation is built? This article aims to analyze the tactics through which low-income, uneducated black women, who were born in rural areas and today live in a slum in Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil, built their participation in written culture during the mid-20th century. Oral history was used as methodological approach to interview 33 women. A survey of secondary data about their hometowns was also performed. The theoretical framework includes the works done in the fields of cultural history, sociology of reading, and orality and literacy. The results of the research show that family, school, the urban environment, and the participation in social movements were, in general, responsible for the women’s participation in written culture. The research also shows that they performed different ways of participation. Some women became literary readers, wrote poems and music, and developed very organized speeches. However, most of them experienced a distant relationship with the written world: they learned how to sign their names and developed tactics to live in a written-centered society, such as memorization and the help from people who know how to read and write.¿Cómo las mujeres  de ambientes  populares construyen, a través de su trayectoria de la vida,  maneras de participación en las culturas de la escritura ¿Qué papel  cumplen los  “agentes de la alfabetización” en este contexto? ¿Que formas de participación son construidas? Este artículo busca, con base en los resultados de una pesquisa concluida, analizar las tácticas por medio de las cuales un grupo de mujeres negras, con las experiencias restrictas o inexistentes de escolarización, en su mayoría de medios  agrícolas y actualmente viviendo en  un conglomerado en Belo Horizonte, el Brasil, construyó su participación en las culturas de la escritura, a mediados del siglo XX. Fundamentado en la metodología de la historia  oral,  entrevistamos a 33 mujeres y levantamos en la reunión de datos secundarios de sus lugares de origen. Estimadas de historia cultural, de la sociología de la lectura, y los trabajos que discuten las relaciones entre la tradición oral y la cultura escrita fundamentaron el  análisis de los datos. Los resultados del estudio indican que la familia, la escuela, los espacios urbanos y la participación en movimientos sociales habían sido los principales motivos que hacieron posible un uso más eficaz de la lectura y de la escritura. También mostró, que las formas de participación en las culturas de la escrita construida por las mujeres fueron bastante distintas entre sí: algunas  se convirtieron en lectoras literarias, escriben poemas y músicas, desarrollaron una oralidad extremadamente  estructurada; la mayoría, sin embargo, vivencia una relación de poco acercamiento con el mundo escrito: aprendió a firmar el nombre y desarrolló tácticas para vivir en una sociedad  grafo céntrica, como la memorización y la ayuda de los que dominan la lectura y la escritura.Como mulheres de meios populares constroem, ao longo de suas trajetórias de vida, modos de participação nas culturas do escrito? Que instâncias ocupam o papel de “agentes de letramento” nessa participação? Que tipos de participação são construídas? Este artigo busca, com base nos resultados de uma pesquisa concluída, analisar as táticas por meio das quais um grupo de mulheres negras, com experiências restritas ou inexistentes de escolarização, originárias em sua maioria de espaços rurais e atualmente moradoras de um aglomerado em Belo Horizonte, Brasil, construiu sua participação nas culturas do escrito, em meados do século XX. Baseados na metodologia da História Oral, entrevistamos 33 mulheres e realizamos o levantamento de dados secundários de suas localidades de origem. Os pressupostos da história cultural, da sociologia da leitura, e dos trabalhos que discutem as relações entre oralidade e cultura escrita fundamentaram a análise dos dados. Os resultados do estudo indicam que a família, a escola, os espaços urbanos e a participação em movimentos sociais foram as principais instâncias que possibilitaram um uso mais efetivo da leitura e da escrita. Mostraram, ainda, que os modos de participação nas culturas do escrito construídos pelas mulheres foram bastante distintos entre si: algumas se tornaram leitoras literárias, escrevem poemas e músicas, desenvolveram uma oralidade extremamente estruturada; a maioria, no entanto, vivencia uma relação de pouca aproximação com o mundo escrito: aprendeu a assinar o nome e desenvolveu táticas para viver em uma sociedade grafocêntrica, como a memorização e o apoio dos que dominam a leitura e a escrita
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