85 research outputs found

    (Il)licit economies in Brazil: an ethnographic perspective: Economias (i)lícitas no Brasil: uma perspectiva etnográfica

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    Illicit economies are an issue of paramount importance and an opportunity for social mobility for millions in Brazil. The literature about them lacks empirical accuracy and less normative interpretive keys. Based on field research conducted between 2005 and 2018, this paper explores two stories: i) that of a young man working for illegal markets in the outskirts of São Paulo; and ii) that of a Toyota Hilux he stole. It adopts an approach centered on a theory of everyday action and focused on the boundary between legal and illegal and its pragmatic social effects. I argue the lack of public regulation of illicit economies has, over the last few decades, prevented their actors from obtaining social rights and started a vicious cycle of violence and reproduction of inequalities on a social level, as well as given rise to criminal populism in the public arena

    ETNOGRAFIA DE PROJETOS POLÍTICOS: SOBRECODIFICANDO O MUNDO SOBRECODIFICADO QUE CARLY MACHADO NOS APRESENTA

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    Este comentário, inspirado no texto de Carly Machado aqui publicado, é uma sobrecodificação intencional da etnografia realizada pela autora. Ele quer descrever os mesmos fenômenos por ela tratados, em especial o Ministério Flordelis e seus congressos religiosos, mas agora com categorias próprias do pensamento político secularizado, que me parece também informar as teorias nativas por ela estudadas. Além dessa tradução sobrecodificadora, procuro neste comentário subir a escala da abstração e tratar não mais do universo empírico em questão, mas da cena política brasileira que o projeto estudado escreve junto à sua comunidade política, enquanto nos permite entrevê-la. Parcial e provisório, este comentário ensaístico pretende que algum desentendimento entre ciência do social, e análise de conjuntura, seja produtivo a um só tempo intelectual e politicamente

    Sobre anjos e irmãos: cinquenta anos de expressão política do “crime” numa tradição musical das periferias

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    A bibliografia sobre as periferias urbanas, sobretudo em São Paulo,enfatizou sucessivamente a ação política dos movimentos de trabalhadores(anos 1970-1980) e a “violência urbana” (anos 1990-2000). A relação entre “política” e “violência” foi, entretanto, muito pouco discutida, como se “trabalhadores” e “bandidos” não coexistissem no tempo e no espaço e não construíssem mutuamente suas histórias de vida. Este ensaio se dedica a pensar essa relação, tomando como objeto heurístico a recuperação de fragmento da letra da canção “Charles Junior”, de Jorge Ben (1970), na abertura do álbum Nada como um dia após o outro dia dos Racionais MC’s (2002). Estudando a tradição expressiva condensada nessa citação, discuto as últimas cinco décadas de construção social do “crime” como guardião legitimado de valores políticos como paz, justiça, liberdade e igualdade emterritórios das periferias urbanas.The literature on urban peripheries, especially in São Paulo, successivelyemphasized the political action of workers’ movement (years 1970-1980) and the “urban violence” (years 1990-2000). The relationship between “politics” and “violence” was, however, hardly discussed, as if “workers” and “outlaws” did not coexist in time and space and did not mutually construct their life stories. This essay is dedicated to think about this relationship, taking as heuristic object the fragment recovery of song lyrics “Charles Junior” by Jorge Ben (1970), in the opening of the album Nada como um dia após o outro dia (Nothing like a day after another day) of Racionais MC’s (2002). Studying the expressive tradition condensed in this quotation, I discuss the last five decades of social construction of “crime” as legitimized guardian of political values such as peace, justice, freedom and equality in territories of urban peripheries

    Periferias, direito e diferença: notas de uma etnografia urbana

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    Este artigo descreve e analisa as transformações da questão – analítica, teórica e política – das periferias urbanas, no Brasil contemporâneo. Enfocando o percurso de transformações no projeto de mobilidade dos “trabalhadores” que colonizaram as margens da cidade de São Paulo nas últimas quatro décadas, argumento que o conflito que se funda nesses territórios de fronteira mudou de estatuto. Se nos anos 1980 esse conflito pôde ser pautado publicamente na perspectiva de integração das periferias “trabalhadoras”, pela aposta na extensão dos direitos da cidadania como contrapartida social do assalariamento, agora se trata sobretudo de gerenciar o conflito – não raro muito violento – que sustenta a figuração pública desses territórios “marginais”. Com base em situações etnográficas, discuto algumas das consequências sociais, políticas e analíticas dessa transformação

    Ladrões e caçadores: sobre um carro roubado em São Paulo

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    Trabalhos seminais como os de Knowles (2014) e de Tsing (2005) elevaram a tradição do estudo da trajetória de objetos a uma escala transnacional, e teoricamente inovaram ao focar não apenas nas jornadas como conectores fundamentais para a compreensão do mundo social, mas nos efeitos teóricos dessa operação metodológica. Para muito além da ideia de fluxos, assemblages e linhas de força descarnadas, as autoras propõem uma teoria imersa em situações empíricas concretas. Neste artigo, buscamos analisar as relações entre violência, mercados ilegais, desigualdades, seguro e proteção patrimonial, a partir da trajetória de um carro roubado, recuperado por uma das principais seguradoras do país5

    Das Prisões às Periferias : coexistência de regimes normativos na “Era PCC”

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    O artigo argumenta que a violência letal tem sido gerenciada de forma estrita nas periferias de São Paulo durante as últimas décadas. Rompendo com a tese que vê sua “banalização” nas favelas e bairros da periferia, e em contraste com o que ocorre em outras metrópoles brasileiras, apresento três situações etnográficas da ‘era do PCC’ na qual membros do “mundo do crime” interagem de maneira particular com a polícia e os advogados. A descrição verifica modos contemporâneos de gestão da violência, operando um repertório plural de práticas normativas que coexistem nas zonas periféricas de São Paulo, a saber: i) a justiça estatal; ii) a justiça dos tribunais do ‘crime’; iii) a justiça seletiva da polícia e iv) a justiça divina. A etnografia mostra como esse repertório divide diferentes formas de regulação da violência na cidade, que resultaram empiricamente nos diferentes regimes normativos que analisamos no artigo1

    Borders of tension : politics and violence in São Paulo

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    Orientador: Evelina DagninoTese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Filosofia e Ciencias HumanasResumo: Esta tese trata, de um modo específico, da relação contemporânea entre as periferias de São Paulo e a política. Seu objetivo central é etnografar as fronteiras, densamente políticas, que se conformam entre as periferias da cidade e o mundo público. A categoria fronteira é mobilizada por preservar o sentido de divisão, de demarcação, e por ser também, e sobretudo, uma norma de regulação dos fluxos que atravessam, e portanto conectam aquilo que se divide. A pesquisa foi realizada em dois registros empíricos distintos: i) o estudo de trajetórias e da vida cotidiana de adolescentes e famílias de Sapopemba (um distrito da zona Leste de São Paulo), de perfis heterogêneos, que de modos distintos são marcados pela presença do ¿mundo do crime¿ em suas histórias; e ii) o estudo das rotinas do Centro de Defesa dos Direitos de Crianças e Adolescentes ¿Mônica Paião Trevisan¿ (CEDECA), organização que procura mediar o contato entre estes adolescentes e o mundo público. A descrição das situações de campo procura desvelar o funcionamento dessas fronteiras: iluminar seus fluxos e tensões mais freqüentes, os interesses em disputa e os atores que as controlam. Onde há fronteira há conflito, ainda que latente. E, se ela pode ser disputada, é comum, sobretudo em sociedades muito hierárquicas, que a latência ceda lugar à violência. Tratar da relação entre as periferias urbanas e o mundo público, em São Paulo, significa hoje também discutir as relações entre política e violência. Do debate apresentado no corpo da tese, extraio três argumentos centrais: i) o da resignificação de matrizes discursivas fundamentais no universo social das periferias urbanas, tais sejam, família, trabalho, religião e projeto de ascensão social, que nutre o que chamo de ¿expansão do mundo do crime¿ nas periferias (como ¿marco discursivo¿ e parâmetro de ¿sociabilidade¿, tanto quanto ¿criminalização¿); ii) o da ¿expansão da gestão do social¿ nas periferias ¿ no seu papel de mediação entre o universo dos adolescentes do bairro e a cena jurídico-política, onde se pretende fazer garantir seus direitos, o CEDECA e as organizações sociais das periferias se defrontam em suas trajetórias com o inchaço de suas rotinas de gestão, que se nutre da deficiência da rede de encaminhamentos externos dos casos atendidos, e que limita a tematização propriamente política de suas demandas (aquelas que visam à inserção de pautas e interesses dos adolescentes atendidos no debate público); iii) o da relação entre as diversas modalidades de violência social que transbordam das trajetórias estudadas e a violência política que se apresenta às trajetórias das lideranças do CEDECA sempre que, escapando dos limites impostos pela gestão e pelo crime local, conseguem agir politicamente. Nas notas finais, proponho a coexistência atual entre dois ordenamentos sociais nas periferias urbanas e em suas relações com a política. O primeiro é o código universalista da cidadania, e o segundo o código instrumental da violência, ambos constitutivos e necessários para a reprodução de um modelo de funcionamento institucional e social marcado pela manutenção de um mundo público formalmente democrático, e por uma dinâmica de distribuição dos lugares sociais marcada por extrema hierarquizaçãoAbstract: This thesis discusses, in a specific way, the contemporary relationship between the poor neighborhoods of Sao Paulo and politics. Its central goal is to study the political borders between the periphery of the city and the public space. The category border is mobilized to preserve the sense of division, of demarcation, but also because it implies a regulation of the flows that cross and thus connect what is divided. The study was conducted through two empirical approaches: i) studying heterogeneous trajectories and everyday life of adolescents and families of Sapopemba (a neighborhood in Eastern São Paulo), and ii) following the routines of the Center for Defense of the Rights of Children and Adolescents "Mônica Paião Trevisan" (CEDECA), an organization that seeks to mediate the contact between adolescents and families of Sapopemba and the public world. The description of the fieldwork situations shows different dimensions of these borders: their flows and tensions, the interests in dispute and the actors that control them. In every border there are conflicts, even if latent. And if it can be disputed, it is common, especially in very hierarchical societies as the Brazilian one, that this latency gives rise to violence. To study the relationships between urban neighborhoods and the public world, in São Paulo today means also to discuss the relationships between politics and violence. That discussion, presented in the thesis, gives place to three arguments: i) the modification of fundamental discursive patterns in the social universe of urban peripheries, such as family, work, religion and projects for social mobility, which nourishes what I called "expansion of the world of crime" in the neighborhoods (understood as a discursive parameter, as sociability and as "criminalization"); ii) the expansion of the "management of the social" in the suburbs ¿ CEDECA, in his role of mediation between the universe of the adolescents and public scene, where it intends to ensure their rights, faces the increasing growth of its management routines. This growth is nourished by the fragility of the public network of services to ensure rights and restricts CEDECA¿s political actions, iii) the relationship between the different forms of social and political violences that appear in the fieldwork. The political violence appears in the trajectories of the leaders of the CEDECA when, escaping the limits imposed either by managerial burdens or by local organized crime, they are able to act politically. Finally, I suggest a coexistence between two current social orders in urban peripheries and in their relations with politics. The first is the code of citizenship, and the second code is that of violence, both constitutive and necessary for the reproduction of a model of institutional democratic functioning characterized by the maintenance of an extremely hierarchical and unequal social worldDoutoradoDoutor em Ciências Sociai

    A era da indeterminação

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    A era da indeterminaçãoFrancisco de Oliveira e Cibele Saliba Rizek (Org.), São Paulo: Boitempo, 2007 (Coleção Estado de Sítio)
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