76 research outputs found

    Personality and Transplantation

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    A associação entre o tipo de personalidade e vários aspectos relacionados com a doença médica tem sido objecto de abundante investigação. Os modelos teóricos de personalidade que, hoje em dia, são mais utilizados neste contexto são de dois tipos: o modelo de três factores (Neuroticismo, Extroversão e Psicoticismo) e o modelo de 5 factores (neuroticismo e extroversão, a conscenciosidade, agradabilidade, e a abertura à experiência). Os modelos que relacionam a personalidade com a doença médica situam-se entre três tipologias: Hiperreactividade induzida pela personalidade, Predisposição constitucional e Comportamentos deletérios induzidos pela personalidade. Na avaliação da personalidade no doente médico pode optar-se por vários tipos de abordagem: Abordagem Taxonómica vs Dimensional; Auto vs Hetero avaliação; Instrumentos específicos para uma população vs Inespecíficos. São explorados os argumentos que favorecem as várias formas de abordagem. Entre os vários instrumentos disponíveis para avaliar a personalidade destacam-se o NEO-PI nas suas diferentes versões (NEO-PI original, NEO-PI-R, NEO-FFI-60). O NEO-PI-R e o NEO-FFI-60 estão validados para a população portuguesa. Dos poucos estudos disponíveis sobre personalidade no transplante foi possível concluir que o neuroticismo se associava a uma menor qualidade de vida (física, mental, social) no período pós-transplante e a extroversão a uma maior qualidade de vida (física, social), que a personalidade de tipo D se associava a uma pior qualidade de vida e uma maior mortalidade e taxa de rejeição após o transplante e que as perturbações de personalidade não estavam relacionadas com um aumento da taxa de recaída no consumo de álcool em doentes transplantados por doença hepática alcoólica

    Coping in Transplantated Patients

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    O desenvolvimento teórico dos Mecanismos de Coping (MC) tem como base uma dialéctica relacionada com os seus principais factores determinantes: individuais e situacionais (na base das duas abordagens do coping: disposicional e constitucional). Actualmente a classificação dos MC mais utilizada é baseada em duas dimensões: coping focado na emoção, e coping focado na resolução de problemas. Considera-se essencial que os métodos de classificação dos MC tenham em conta a coexistência de elementos disposicionais estáveis com uma variabilidade situacional dos MC. São abordados alguns instrumentos de medição de coping, baseados em diferentes pressupostos teóricos. O coping pode influenciar a saúde através de vários mecanismos (sistema neuroendócrino, comportamentos relacionados com os riscos para a saúde e adesão terapêutica) e é incluído em dois dos principais modelos teóricos de saúde (Moos & Schaefer e modelo de Leventhal). Com base numa revisão da literatura, concluiu-se que os estilos de coping mais prevalentes no pré transplante foram: aceitação, coping activo, e procura de suporte, sendo os menos utilizados: auto culpabilização e evitação. No pós transplante o coping activo e procura de suporte continuam a ser os estilos de coping preferenciais, a par da confrontação, autoconfiança, recurso à religião e coping focado no problema. Os estilos de coping (Evasivo, Emotivo, Fatalistico) estão associados a uma menor capacidade de controlo pessoal sobre a doença, a confrontação a uma maior qualidade de vida, o evitamento à redução da qualidade de vida e ao aumento dos níveis de depressão e a negação ao aumento da não adesão. A compreensibilidade, a sensação de controlo sobre a doença, os estilos de coping «relacionados com a expressão dos afectos» e a negação variam ao longo da evolução do doente transplantado

    Adherence in Transplantated Patients

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    Com base na literatura existente abordam-se os principais aspectos psiquiátricos relacionados com a adesão no transplante. Projectam-se vários modelos teóricos que podem ser utilizados no âmbito da adesão, entre os quais se destacam o modelo da hipótese cognitiva da adesão (Ley), o modelo de crenças da saúde (Rosenstock, Becker) e o modelo de autoregulação de Leventhal e propõe-se um modelo que se adequa ao doente transplantado. Não sendo possível uma classificação mono dimensional da adesão, consideraram-se várias características como a temporalidade (inicial, intermédia ou contínua), a frequência (ocasional, intermitente, persistente ou completa), a motivação (acidental, vulnerável ou decidida) e a certeza diagnóstica (definitiva, provável, possível ou pouco provável). Dos métodos para a medição da adesão podemos classificá-los como directos: observação directa da toma dos comprimidos, medição da concentração de fármaco no sangue, uso de marcadores incorporados nos comprimidos e de embalagens electrónicas; e indirectos: autorelato do doente, relato do médico assistente. Sugerese aquele que mais se adequa ao doente transplantado. A não adesão em doentes transplantados é muito frequente sendo a sua prevalência média de 25,28% e pode ser influenciada por diversos factores nomeadamente, demográficos (idade, estado civil, sexo, raça e nível socioeconómico), psiquiátricos e psicológicos (depressão, perturbações de personalidade, atraso mental, alcoolismo, crenças da doença, locus de controlo) e outros (custo da medicação, história de transplante prévio)

    Depression, Obesity and Bariatric Surgery

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    Introdução: O excesso de peso é um problema cada vez mais significativo em todo o mundo. Em Portugal, em 2008, 60% da população adulta tinha excesso de peso e 25% era obesa. A relação entre as perturbações afetivas e a obesidade é sobejamente conhecida e cerca de 2/3 da população que procura a cirurgia bariátrica tem um diagnóstico psiquiátrico, sendo a depressão o mais comum. Objetivos: Esta revisão pretende estudar a relação da depressão e obesidade antes e após uma cirurgia bariátrica e analisar o impacto da cirurgia bariátrica na farmacocinética dos medicamentos antidepressivos e vitaminas e minerais com influência na sintomatologia depressiva. Metodologia: Efetuou-se uma pesquisa na literatura em língua inglesa na MEDLINE, desde 1988 a 2015, utilizando como palavras-chave: absorption, bioavailability, bariatric surgery, obesity, depression, antidepressants. Resultados: A depressão e a obesidade potenciam-se uma à outra, estando fatores como a gravidade de cada uma destas condições, o género, a inatividade física, a dieta e a toma de medicamentos antidepressivos envolvidos nesta relação recíproca. A cirurgia bariátrica para tratamento da obesidade acarreta alterações na farmacocinética dos fármacos antidepressivos e nos nutrientes envolvidos na regulação do humor. Discussão e Conclusão: Os dados disponíveis sobre os temas propostos alertam para a necessidade de prestar atenção aos doentes submetidos a cirurgia bariátrica e com sintomatologia depressiva. Não só porque a existência de sintomatologia depressiva prediz um menor sucesso na perda de peso, mas também porque esta cirurgia acarreta uma diminuição na biodisponibilidade da medicação antidepressiva.info:eu-repo/semantics/publishedVersio

    Psychotropic Drugs and HIV

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    Introdução: A infecção VIH/SIDA está muitas vezes associada a perturbações psiquiátricas tais como psicose, depressão e ansiedade. Comorbilidades psiquiátricas podem interferir na adesão à terapêutica anti-retrovírica, pelo que o seu diagnóstico e o tratamento oportuno são essenciais. No entanto, a administração de um psicofármaco concomitante à terapêutica HAART pode resultar em interacções medica mentosas. Objectivos: Esta revisão pretende analisar os vários psicofármacos que podem ser usados nestes doentes, bem como as interacções e reacções adversas que podem surgir. Métodos: Foi efectuada uma pesquisa na lite- ratura anglo-saxónica, de 1993 até 2011, pela MEDLINE, utilizando como palavras-chave: HIV, AIDS, psychosis, depression, anxiety, sec- ondary mania, antidepressive agents, an- tipsychotics, benzodiazepines, HAART. Resultados: Foram localizados 100 artigos, dos quais 66 foram incluídos e 34 excluídos. Os artigos que não apresentassem dados espe- cíficos sobre o uso de psicofármacos nos doen - tes com VIH foram excluídos. Discussão: Podem ocorrer interações farma- cológicas por ocupação das mesmas vias de metabolização dos medicamentos. São neces- sários estudos adicionais com indicações para uma boa prática clínica. São ainda de conside- rar as intervenções psicoterapêuticas. Conclusão: A escolha da intervenção terapêu- tica, nomeadamente quando se consideram psicofármacos, com o menor número de inte- racções e efeitos adversos é crucial para alcan- çar o sucesso terapêutico no tratamento dos doentes com VIH

    Correlates of burnout and dropout intentions in medical students: A cross-sectional study

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    Background Burnout is a pervasive issue among medical students, exhibiting a high prevalence that jeopardizes their academic success and may also predispose them to more severe affective disorders such as depression. This study aims to explore the complex relationships between psychological capital (PsyCap), general social support, educational satisfaction, and burnout, and how these factors collectively influence dropout intentions. Methods A non-probabilistic convenience sample was collected through an online survey from first- and second-year medical students at a Faculty of Medicine in Portugal. The survey employed psychometric instruments to measure burnout (BAT-12), social support (F-SozU K-6), PsyCap (CPC-12R), satisfaction with education, and dropout intentions (Screening Instrument for Students At-Risk of Dropping Out). Structural equation modeling was applied to analyze the data from 351 participants. Results The model demonstrated a significant positive association between burnout and dropout intentions ( = 0.37; p < 0.001), underscoring burnout as a direct correlate of dropout intentions alongside educational satisfaction ( = −0.25; p = 0.003) and PsyCap ( = −0.22; p = 0.005). Higher social support is associated with reduced burnout ( = −0.28; p < 0.001) and increased educational satisfaction ( = 0.22; p = 0.002). Limitations The non-probabilistic sampling method prevents the generalization of the findings. The cross-sectional data do not permit the inference of temporal relationships between the studied variables. Conclusions These findings emphasize the importance that burnout may have on dropout intentions, and contribute to the understanding of affective syndromes such as burnout in educational settings.info:eu-repo/semantics/publishedVersio

    Psicopatologia e encefalopatia hepática

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    Desde Hipócrates que as alterações psiquiátricas causadas por doença hepática têm fascinado os médicos, mas só em finais do século XIX é que Marcel Nencki e Ivan Pavlov sugeriram a relação entre o aumento de concentração de amónia e a Encefalopatia Hepática (EH). O fruto da reacção entre a amónia e o glutamato (a glutamina, verdadeiro “Cavalo de Tróia da neurotoxidade da amónia”) continua sendo considerado o principal responsável pelas lesões neurológicas, confirmadas recentemente através de estudos de neuroquímica e de neuroimagiologia. A glutamina espoleta processos inflamatórios a nível do sistema nervoso central para os quais parecem também contribuir o manganésio, e os sistemas neurotransmissores gabaérgico e endocanabinóides. Actualmente consideram-se três grandes grupos etiológicos, qualitativos, de EH: tipo A associada a falência hepática aguda; tipo B associada a bypass porto-sistémico; e tipo C associada a insuficiência hepática crónica por cirrose. Quanto ao estadiamento clínico, este ainda se baseia no sistema West Haven, mas com a novidade da introdução de um Grau 0 pré-clínico (a chamada EH Mínima); à medida que agrava a EH pode ser quantificada entre o Grau 1 (com alterações subtis ao exame médico), e o Grau 4 (onde se instala o estado comatoso). Neste trabalho pretende-se fazer uma revisão bibliográfica de 30 artigos recentes, que focam os vários aspectos psicopatológicos, fisiopatológicos, etiológicos e de estadiamento nesta entidade clínica transversal à Psiquiatria e à Gastrenterologia. São descritas a nível da vigilidade e consciência: a desorientação no tempo, espaço e pessoa. Ao nível da atenção, concentração e memória há alteração dos testes neuropsicológicos logo na fase pré-clínica. O humor pode oscilar entre o eufórico e o depressivo. As alterações da personalidade podem instalar-se de forma óbvia e abrupta ou de forma subtil e insidiosa. Na percepção há alucinações visuais mas também acústico-verbais. O pensamento pode ser delirante paranóide, sistematizado ou não. O discurso poderá estar acelerado, lentificado ou imperceptível. O insight surge prejudicado na EH Mínima, nomeadamente para a capacidade de condução de veículos. Na vida instintiva, várias perturbações de sono atingem metade dos doentes com EH; o apetite surge diminuído mas foi descrito pelo menos um caso de pica; enquanto que a libido poderá parecer aumentada em contexto de uma desinibição semelhante à verificada nas lesões do lobo pré-frontal

    Use of psychotropic drugs in respiratory disease

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    Introdução: A comorbilidade psiquiátrica é frequente em doentes com patologia respiratória, sendo que as perturbações depressivas e ansiosas são as que mais se verificam nesta população. Contudo, tendem a ser sub-diagnosticadas, possivelmente devido à sobrepo-sição entre as manifestações somáticas da doença psiquiátrica e os sintomas físicos da disfunção respiratória grave. A ocorrência de patologia psiquiátrica em doentes com patologia respiratória tem um impacto negativo em vários indicadores da saúde (controlo da doença, fraca adesão à terapêutica, compromisso funcional, aumento da utilização de cuidados de saúde, atrasos na avaliação ou tratamento e aumento dos custos relacionados com a saúde). O tratamento das perturbações emocionais associadas às doenças respirató-rias pode permitir o aumento da qualidade de vida associada à saúde e o alívio de alguma sintomatologia respiratória. Objectivos: Com este artigo, pretendemos rever as principais classes de psicofármacos que poderão ser úteis para a estabilização de sintomatologia psiquiátrica em doentes com doen- ça respiratória concomitante e principais efeitos secundários associados a esta população. Métodos: Os artigos selecionados para a revisão, foram identificados através de uma pesquisa sistemática da literatura em inglês na Medline, de Janeiro de 1970 a Maio de 2013, combinando as palavras-chave: psychotropics, antidepressants, mood stabilizers, anxiolytics, hypnotics, antidementia agents, respiratory illness/disease e lung disease (vinte e sete revisões, seis estudos originais, seis ensaios clínicos, quatro estudos randomizados controlados, um relatório curto, um estudo comparativo e um editorial). Foram também consultados quatro livros de texto relativos ao mesmo tema e cujas datas de publicação se encontram entre Janeiro de 1970 e Maio de 2013. Resultados e Conclusões: A comorbilidade psiquiátrica em doentes com patologia res-piratória é frequente e pode ter um impacto importante na morbilidade e mortalidade. É, assim, fundamental, saber-se como tratar adequadamente os sintomas psiquiátricos nestes doentes

    Quality of life following liver transplantation: a comparative study between Familial Amyloid Neuropathy and liver disease patients

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    <p>Abstract</p> <p>Background</p> <p>It has been demonstrated in many studies that quality of life can be improved after liver transplantation in patients with liver disease. Nevertherless quality of life improvement in specific groups of transplantated patients such as those with Familial Amyloid Polineuropathy hasn't yet been explored. The present study aimed to compare the change in quality of life following liver transplantation between patients with Familial Amyloid Polineuropathy (FAP) and patients with liver disease.</p> <p>Results</p> <p>Patient's mental quality of life showed an improvement in all liver disease patients, and a worsening in FAP patients, resulting in a significant difference between the two groups. Regarding physical quality of life, although a similar improvement was seen in both groups, FAP patients had significantly less improvement than the sub-group of decompensated liver disease (Child-Pugh B and C).</p> <p>Conclusion</p> <p>It is concluded that liver transplantation has a less beneficial impact in FAP patient's physical quality of life, probably because they are not so much disabled by their disease at the moment of liver transplantation. The lesser improvement in mental quality of life of FAP patients may be due to their particular psychological profile and greater expectations towards transplantation.</p
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