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Como se Faz um Estado com a Ajuda de Estranhos? Intervenções externas e construção de Estados nos Balcãs do século XIX
A nossa análise centra-se nos objectivos, mecânica
e resultados de um século de intervenção
das principais potências europeias no calcanhar
de Aquiles da segurança europeia que eram os
Balcãs. O nosso objectivo é perceber a importância
destas intervenções militares externas no
processo de constituição dos novos Estados
balcânicos: Sérvia, Grécia, Roménia e Bulgária,
e analisá-las em termos das questões fundamentais
que, ontem como hoje, este tipo de operação
militar suscita, nomeadamente quanto
à sua legitimidade, assim como aos critérios
de sucesso a aplicar. Mostramos quer as dificuldades
de não intervir, quer os perigos de intervir;
quer os problemas de intervir de forma
multilateral, quer os riscos de intervir unilateralmente.
A nossa tese fundamental é a de que
estas intervenções nos Balcãs são as primeiras
verdadeiramente modernas no sentido de que
representam o triunfo do modelo europeu ocidental
de Estado, a emergência simultânea do
nacionalismo como um problema internacional,
assim como o relevo crescente de preocupações
humanitárias e da opinião pública e
publicada na determinação da política externa
das grandes potências. Por isso a sua análise é
particularmente relevante para uma melhor
compreensão dos problemas das intervenções
actuais
Portugal and the UN: a rogue state resisting the norm of decolonization (1956-1974)
This article places the resistance by the Portuguese government to the growing wave of anti-colonialism in the UN in the context of wider debates regarding the role of the latter in the international history of decolonization and the dynamics of state resistance to UN norm-setting. It compares Portuguese and Belgian diplomatic approaches to anti-colonialism at the UN with the aim of improving our understanding of how successful and how specific the Portuguese policy towards decolonization really was. More specifically this article aims to explain why the Portuguese State sought entry to and remained in a UN hostile to overseas empires, and why it persisted in ‘a denial of colonialism’, despite its failure as a conventional diplomatic strategy
Myths of Decolonization; Britain, France, and Portugal Compared
This chapter considers the construction of the notion of decolonization
in the context of national political cultures. It seeks to explore the question:
What was the role of cultural prejudices and preferences in the
end of the three biggest European colonial empires in Africa? Answers
will be provided by tracing the impact of some explicit and recurrent
cultural prejudices at the level of senior decision makers and officials in
comparing British, French, and Portuguese decolonization.
It is not possible to show unequivocally here the decisive role of
political culture in decolonization. My aim is simply to present arguments
and evidence from some relevant sources that it did play an
important role in both setting the pace and helping define the shape of
decolonization
The myth of British minimum force in counterinsurgency campaigns during decolonisation (1945-1970)
This article argues that the dominant paradigm in studies of British small wars positing a central role of minimum force in doctrinal guidelines for counterinsurgency needs to be even more fundamentally revised than has been argued in recent debates. More specifically, it argues that minimum force is nowhere to be found in British doctrine during the small wars of decolonisation. The need for revision also applies to the way British counterinsurgency is usually sharply contrasted with French counterinsurgency. British doctrine during this period is better understood when placed in its proper historical context. This means comparing it with the other two most significant examples of doctrinal development for small wars of decolonisation – those of France and Portugal. This comparison shows that British counterinsurgency was not uniquely population-centric, and this characteristic cannot, therefore, be the reason for its arguably superior if far from infallible performance. Evidence for these arguments comes primarily from doctrinal sources developed specifically to deal with counterinsurgency, complemented with insights from key military thinkers and archival sources of relevance practices. Some wider implications of this analysis for the relationship between combat experience and doctrinal development as well as for counterinsurgency are identified
Uma estratégia global para Portugal numa Europa em crise
O quadro específico da estratégia não tem de ser o conflito armado, mas implica sempre a competição entre diversos atores, cada qual com os seus próprios interesses, daí resultando inevitável fricção. As situações de crise podem tornar a estratégia mais
difícil de definir e implementar, mas também mais necessária do que nunca. Este texto é
uma reflexão sobre os elementos fundamentais para uma estratégia nacional. Irá abordar
primeiro as capacidades – tangíveis e intangíveis – indispensáveis à concretização de qualquer estratégia, e respectivas vulnerabilidades e potencialidades de Portugal, por forma a apresentar recomendações quanto à melhor forma de procurar minorar essas vulnerabilidade
e maximizar essas potencialidades. Depois olhará para os pilares da estratégia nacional
– vontade, inteligência; e daí procurar extrair recomendações quanto à melhor forma
de re-organizar a formulação da estratégia nacional para maximizar as suas capacidades a
esse nível, destacando-se a sugestão de criação de um Secretariado de Segurança Nacional com funções indispensáveis de coordenação e acompanhamento da implementação do planeamento estratégico e sua revisão. O texto terminará com uma reflexão relativamente à Grande Estratégia Nacional
A Concordata de Salazar? Uma análise a partir das notas preparatórias de Março de 1937
In text are analysed the fundamental objectives of Salazar in the negotiations that led, after three long years, to the formal signature, at May 7, 1940 of the Concordat that sought to close the question opened by the aggressive Separation of Church and State decreed by the 1st Portuguese Republic in 1911. This is done through an indepth analysis of a manuscript document by Salazar (dated March 1937), the founder and strongmen of the Estado Novo (New State) authoritarian regime (1933- -1974). In it, Salazar discusses, article by article, the project put-forward to him by Cardinal Cerejeira. The objective of the article is to ponder, both the degree of success of the former negotiating strategy, and to help understand his conception of Church/State relations, contributing, in that sense, for the on-going debate over this important question for the characterisation of the Estado Novo.Neste texto são analisados os objectivos fundamentais de Salazar nas negociações que levaram, depois de três longos anos, à assinatura, a 7 de Maio de 1940, da Concordata que procurou por fim à questão aberta pela Separação conflituosa de 1911. O que é feito pela análise de um extenso documento manuscrito do fundador do Estado Novo, preservado no seu arquivo, datado de Março de 1937, em que ficaram registadas as suas notas preparatórias para as negociações. Nele Salazar discute, artigo a artigo, o projecto que lhe foi apresentado pelo Cardeal Cerejeira. O objectivo do presente artigo é ponderar o grau de sucesso de Salazar na prossecução dos seus projectos negociais, e ajudar a perceber melhor a sua concepção das relações Igreja/Estado, contribuindo, desta forma, para o debate em curso sobre essa importante questão para a caracterização do Estado Novo
A construção social da governança das relações internacionais: Entrevista com Emanuel Adler
Damos continuidade a esta série de entrevistas com figuras de relevo no campo das
relações internacionais com uma conversa com Emanuel Adler, nascido no
Uruguai, com licenciatura e mestrado em História e Relações Internacionais na Hebrew
University de Jerusalém, e o doutoramento na Universidade da Califórnia-Berkley.
Atualmente é professor de Relações Internacionais no Departamento de Ciência Política
da Universidade de Toronto, onde é também Andrea and Charles Bronfman Chair of Israeli
Studies. Foi uma das figuras pioneiras no desenvolvimento da abordagem construtivista
no campo das relações internacionais. Desde 2007, até recentemente, foi coeditor da
revista International Organization
Two South Africans in the Portuguese Wars of Decolonization (1961-1975): it could have been better, it could have been worse
The two books reviewed in this article offer testimonies by two South Africans with direct experience of the Portuguese Wars of Decolonization. Al Venter is the only foreign war correspondent with direct experience in the field in all three theaters of operations of the Portuguese late colonial wars. Brigadier General van der Waals was the Vice-Consul and de facto military attaché in Luanda from 1970 to 1974. Both books show that South Africa was the foreign power most directly involved in these conflicts and with most vital interests at stake. It has, consequently, every reason to pay the closest possible attention to them. Both books also show that, despite the close cooperation in the field between South Africa and Portugal, especially after 1968, the mainstream South African view of these counter-insurgencies was often very critical of the Portuguese war effort.Os dois livros analisados neste artigo oferecem testemunhos escritos por dois sul-africanos com experiência directa das guerras portuguesas de descolonização de 1961-1975. O texto de Al Venter representa o testemunho do único correspondente de guerra estrangeira com experiência directa no terreno dos três teatros de operações das guerras coloniais portuguesas. O outro é da autoria do general de brigada van der Waals, vice-cônsul e adido militar de facto da África do Sulem Luanda no período 1970-1974. Ambos os livros são reveladores do facto de que a África do Sul foi a potência estrangeira com a maior participação directa e mais interesses vitais em jogo nestes conflitos e tinha, consequentemente, todas as razões para lhes prestar a máxima atenção. Ambos os livros também mostram que, apesar da estreita cooperação no terreno entre África do Sul e Portugal, especialmente depois de 1968, o ponto de vista dominante entre os sul-africanos relativamente a estas guerras de contra-guerrilha foi muitas vezes muito crítico do esforço de guerra português.info:eu-repo/semantics/publishedVersio
Tutela, direção e comando superior das Forças Armadas na Europa do século XXI: análise histórica e comparativa
Este texto procura analisar de forma breve a evolução das estruturas de tutela civil, direção e comando superior das Forças Armadas no espaço euro-atlântico. Divulga-se assim, num formato adaptado, o trabalho de comparação das reformas realizadas neste campo no pós-Guerra Fria. Procurou-se situar estas mudanças mais recentes na longa duração. Recua-se brevemente ao século XIX e início do século XX, para as reformas que levaram ao gradual desenvolvimento de EstadosMaiores ao nível dos Ramos. Notar-se-á também o esforço crescente de coordenação e o surgimento de uma tendência para a valorização da dimensão conjunta, a partir da Segunda Guerra Mundial e do surgimento da NATO de forma gradual. A principal conclusão é que se verificam efetivamente nas décadas que se seguiram ao final da Guerra Fria, em 1991, no nosso espaço geoestratégico de referência euro-atlântico, uma vaga de mudanças importantes nas estruturas de direção e comando superior das Forças Armadas. Estas reformas têm vindo a ser desenvolvidas pelos nossos principais parceiros e aliados, com sucessivas afinações e adaptações, até ao presente. Só desde 2019, cinco países – França, Hungria, Grécia, na República Checa e Suécia – realizaram ou têm em curso novas reformas, mais ou menos significativas, neste campo. Desta análise destacamse claramente importantes tendências convergentes: em todos os países europeus onde se verificaram reformas da estrutura de comando superior das Forças Armadas houve um reforço do poder do Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas ou seu equivalente no topo da hierarquia das Forças Armadas, nomeadamente, com a subordinação ao seu comando operacional dos Ramos e, por vezes, com o fim dos respetivos Estados-Maiores e a sua transformação em comandos de componente. Naqueles países em que os Estados-Maiores dos Ramos ou seu equivalente foram mantidos, verifica-se uma forte concentração destes nas tarefas de recrutamento, treino, aprontamento e sustentação. Em todos os países europeus onde houve reformas verificou-se também um reforço da dimensão de Comando Conjunto, coordenando ou integrando componentes navais, terrestres e aéreas, mas também cada vez mais espaciais, cibernéticas ou ligadas a outras novas tecnologias disruptivas em linha com o peso crescente dado a uma resposta multidomínio a ameaças muitas vezes multidimensionais, híbridas e irregulares. Não existe, portanto, uma resposta definitiva à questão da estrutura de comando superior das Forças Armadas, que se deve ir adaptando às necessidades do seu tempo.info:eu-repo/semantics/publishedVersio
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