A nossa análise centra-se nos objectivos, mecânica
e resultados de um século de intervenção
das principais potências europeias no calcanhar
de Aquiles da segurança europeia que eram os
Balcãs. O nosso objectivo é perceber a importância
destas intervenções militares externas no
processo de constituição dos novos Estados
balcânicos: Sérvia, Grécia, Roménia e Bulgária,
e analisá-las em termos das questões fundamentais
que, ontem como hoje, este tipo de operação
militar suscita, nomeadamente quanto
à sua legitimidade, assim como aos critérios
de sucesso a aplicar. Mostramos quer as dificuldades
de não intervir, quer os perigos de intervir;
quer os problemas de intervir de forma
multilateral, quer os riscos de intervir unilateralmente.
A nossa tese fundamental é a de que
estas intervenções nos Balcãs são as primeiras
verdadeiramente modernas no sentido de que
representam o triunfo do modelo europeu ocidental
de Estado, a emergência simultânea do
nacionalismo como um problema internacional,
assim como o relevo crescente de preocupações
humanitárias e da opinião pública e
publicada na determinação da política externa
das grandes potências. Por isso a sua análise é
particularmente relevante para uma melhor
compreensão dos problemas das intervenções
actuais