46 research outputs found

    Repúblicas da instabilidade: o domínio sobre os indígenas e africanos e a soberania régia nas Américas (1542-1549)

    Get PDF
    Between 1542 and 1549, the Crowns of Castile and Portugal had developed a new political framework for the colonization of the West Indies and Brazil. The article analyzes the measures taken, showing that the specificity of royal sovereignty over the Americas was constituted by the establishment of an apparatus of government and by the definition of the king as legitimator and mediator of the relations of domination over the indigenous peoples, and the African slave trade was an important element for this construction. The article updates the analysis of the Leyes Nuevas and the regimento of Tomé de Sousa inserting them in the current debates and reflections of historiography: the new political history; the connected history; and the idea of ??complementarity between the policy for the indigenous people and the African slave trade associated with the construction of the royal authority. The article suggests some conclusions: the different practices of the Crowns of Castile and Portugal and their dynastic alliance established a unified field of Ibero-Atlantic colonization experiments; overseas expansion was an essential element in the construction of the modern notion of sovereignty, and the dominion over non-Christian populations was one of its explanatory keys; slavery, seigneurial forms of domination and the limitations of the political status and freedom of Indians increased the confusion between public and private in American societies, characterizing them as republics of instability, marked by a radical distance between the representation and characterization of the political authority and the practices of domination by colonial agents.Keywords: sovereignty, policy for the indigenous people, African slave trade, domination practices, republics of instability.Entre 1542 e 1549, as Coroas de Castela e Portugal desenvolveram um novo marco político da colonização das Índias Ocidentais e do Brasil. O artigo analisa as medidas tomadas, demonstrando que a especificidade da soberania régia sobre as Américas se deu pela constituição de um aparato de governo e pela definição do rei como legitimador e mediador das relações de dominação sobre as populações indígenas, em que o tráfico de escravos africanos foi um elemento importante para essa construção. O artigo atualiza a análise das Leyes Nuevas e do regimento de Tomé de Sousa inserindo-os nos debates e reflexões atuais da historiografia: da nova história política; da história conectada; e da ideia de complementaridade entre a política indigenista e o tráfico negreiro associada à construção da autoridade régia. O artigo sugere algumas conclusões: as práticas diferenciadas das Coroas de Portugal e Castela e sua aliança dinástica estabeleceram um campo unificado de experiências de colonização ibero-atlânticas; a expansão ultramarina foi um elemento essencial para a construção da noção moderna de soberania e a problemática do domínio sobre as populações não cristãs uma de suas chaves explicativas; o escravismo, as formas senhoriais de dominação e as limitações da condição política e da liberdade indígenas foram fatores que ampliaram a confusão entre o público e o privado nas sociedades americanas, caracterizando-as como repúblicas da instabilidade, marcadas pela distância radical entre a representação e caracterização da autoridade política e as práticas de dominação pelos agentes coloniais.Palavras-chave: soberania, política indigenista, tráfico de escravos africanos, práticas de dominação, repúblicas da instabilidade

    “Minas de almas”: comércio de gente e geopolítica cristã (fim do século XVI)

    Get PDF
    Durante o último quarto do século XVI, a África Centro-Ocidental tornou-se um importante palco de disputas políticas e comerciais que envolviam a crise sucessória ao trono português, o padroado e o tráfico de escravizados. Diferentes instituições, grupos e agentes disputaram as prerrogativas e as rendas eclesiásticas, que se associavam ao comércio na região. D. Henrique foi o artífice do padroado luso-africano, desenvolveu uma política de influência sobre as Ordens Militares e a Inquisição, e encontrou na Companhia de Jesus sua principal aliada, definindo os reis do Congo como inimigos e a conquista de Angola como estratégica. No entanto, as sociedades novas e os grupos de interesse estabelecidos na ilha de São Tomé e em diferentes partes da África Centro-Ocidental, e suas conexões euro-atlânticas, tinham grande autonomia em relação à monarquia. Quando Felipe II incorporou Portugal à sua Coroa, seu principal objetivo era reunir as duas margens do Mar Oceano. Ao mesmo tempo, teve que reconhecer e remontar as peças de um complexo jogo político

    “Minas de almas”: comércio de gente e geopolítica cristã (fim do século XVI)

    Get PDF
    Durante o último quarto do século XVI, a África Centro-Ocidental tornou-se um importante palco de disputas políticas e comerciais que envolviam a crise sucessória ao trono português, o padroado e o tráfico de escravizados. Diferentes instituições, grupos e agentes disputaram as prerrogativas e as rendas eclesiásticas, que se associavam ao comércio na região. D. Henrique foi o artífice do padroado luso-africano, desenvolveu uma política de influência sobre as Ordens Militares e a Inquisição, e encontrou na Companhia de Jesus sua principal aliada, definindo os reis do Congo como inimigos e a conquista de Angola como estratégica. No entanto, as sociedades novas e os grupos de interesse estabelecidos na ilha de São Tomé e em diferentes partes da África Centro-Ocidental, e suas conexões euro-atlânticas, tinham grande autonomia em relação à monarquia. Quando Felipe II incorporou Portugal à sua Coroa, seu principal objetivo era reunir as duas margens do Mar Oceano. Ao mesmo tempo, teve que reconhecer e remontar as peças de um complexo jogo político.During the last quarter of the sixteenth century, West Central Africa became an important stage for political and commercial disputes involving the succession crisis for the Portuguese throne, the patronage, and the enslaved trade. Different institutions, groups and agents disputed the ecclesiastical prerogatives and rents that were associated with trade. D. Henrique was the architect of the Luso-African patronage, developed a policy of influence over the Military Orders and the Inquisition, and found in the Society of Jesus its main ally, defining the kings of Congo as enemies and the conquest of Angola as a strategy. However, the new societies and interest groups established on the island of São Tomé and in different parts of West Central Africa, and their Euro-Atlantic connections, had great autonomy in relation to the monarchy. When Philip II incorporated Portugal into his Crown, his main objective was to bring together the two shores of the Mar Oceano. At the same time, he had to recognize and rearrange the pieces of a complex political puzzle

    Repúblicas da instabilidade: o domínio sobre os indígenas e africanos e a soberania régia nas Américas (1542-1549)

    Get PDF
    Between 1542 and 1549, the Crowns of Castile and Portugal had developed a new political framework for the colonization of the West Indies and Brazil. The article analyzes the measures taken, showing that the specificity of royal sovereignty over the Americas was constituted by the establishment of an apparatus of government and by the definition of the king as legitimator and mediator of the relations of domination over the indigenous peoples, and the African slave trade was an important element for this construction. The article updates the analysis of the Leyes Nuevas and the regimento of Tomé de Sousa inserting them in the current debates and reflections of historiography: the new political history; the connected history; and the idea of ??complementarity between the policy for the indigenous people and the African slave trade associated with the construction of the royal authority. The article suggests some conclusions: the different practices of the Crowns of Castile and Portugal and their dynastic alliance established a unified field of Ibero-Atlantic colonization experiments; overseas expansion was an essential element in the construction of the modern notion of sovereignty, and the dominion over non-Christian populations was one of its explanatory keys; slavery, seigneurial forms of domination and the limitations of the political status and freedom of Indians increased the confusion between public and private in American societies, characterizing them as republics of instability, marked by a radical distance between the representation and characterization of the political authority and the practices of domination by colonial agents.Keywords: sovereignty, policy for the indigenous people, African slave trade, domination practices, republics of instability.Entre 1542 e 1549, as Coroas de Castela e Portugal desenvolveram um novo marco político da colonização das Índias Ocidentais e do Brasil. O artigo analisa as medidas tomadas, demonstrando que a especificidade da soberania régia sobre as Américas se deu pela constituição de um aparato de governo e pela definição do rei como legitimador e mediador das relações de dominação sobre as populações indígenas, em que o tráfico de escravos africanos foi um elemento importante para essa construção. O artigo atualiza a análise das Leyes Nuevas e do regimento de Tomé de Sousa inserindo-os nos debates e reflexões atuais da historiografia: da nova história política; da história conectada; e da ideia de complementaridade entre a política indigenista e o tráfico negreiro associada à construção da autoridade régia. O artigo sugere algumas conclusões: as práticas diferenciadas das Coroas de Portugal e Castela e sua aliança dinástica estabeleceram um campo unificado de experiências de colonização ibero-atlânticas; a expansão ultramarina foi um elemento essencial para a construção da noção moderna de soberania e a problemática do domínio sobre as populações não cristãs uma de suas chaves explicativas; o escravismo, as formas senhoriais de dominação e as limitações da condição política e da liberdade indígenas foram fatores que ampliaram a confusão entre o público e o privado nas sociedades americanas, caracterizando-as como repúblicas da instabilidade, marcadas pela distância radical entre a representação e caracterização da autoridade política e as práticas de dominação pelos agentes coloniais.Palavras-chave: soberania, política indigenista, tráfico de escravos africanos, práticas de dominação, repúblicas da instabilidade

    Matching perturbative and Parton Shower corrections to Bhabha process at flavour factories

    Get PDF
    We report on a high-precision calculation of the Bhabha process in Quantum Electrodynamics, of interest for precise luminosity determination of electron-positron colliders involved in R measurements in the region of hadronic resonances. The calculation is based on the matching of exact next-to-leading order corrections with a Parton Shower algorithm. The accuracy of the approach is demonstrated in comparison with existing independent calculations and through a detailed analysis of the main components of theoretical uncertainty, including two-loop corrections, hadronic vacuum polarization and light pair contributions. The calculation is implemented in an improved version of the event generator BABAYAGA with a theoretical accuracy of the order of 0.1%. The generator is now available for high-precision simulations of the Bhabha process at flavour factories.Comment: 34 pages, 8 figures, uses elsart.cls. Version to appear on Nuclear Physics

    Soberania e Escravidão

    Get PDF
    O objetivo deste artigo é analisar a relação entre escravidão e soberania na história da América. O conceito de dominium, entre os séculos XVI e XVII, possuía um significado ambivalente, entre as noções de propriedade privada e de poder político, que definiu o paradoxo das relações entre a Coroa e os agentes coloniais mediadas pela tutela e escravidão dos indígenas e africanos. Quais foram os limites definidos pelo dominium senhorial e privado para a emergência da soberania? Analisaremos essa questão em quatro momentos da história americana: na política ultramarina Habsburgo para o Brasil e Angola, entre 1580 e 1640; na colonização britânica e francesa das Antilhas, na segunda metade do século XVII; na política reformista de meados do século XVIII; e nos processos de independência de Cuba, Brasil e EUA.The aim of this paper is to analyze the relationship between slavery and sovereignty in American history. The concept of dominium, between the sixteenth and seventeenth centuries, had an ambivalent meaning, ranging from the concepts of private property and political power, which defined the paradox of the relationship between the Crown and the colonial agents mediated by tutelage and slavery of Indians and Africans. What were the limits set by seigniorial and private dominium to the emergence of sovereignty? We will review this issue at four moments of American history: the Habsburg policy overseas to Brazil and Angola, in the period of 1580 and 1640; the British and French colonization of the Antilles, in the second half of the seventeenth century; the reformist politics of the mid-eighteenth century; and the processes of independence of Cuba, Brazil and the United States

    A formação do Candomblé. História e ritual da nação jeje na Bahia

    Get PDF
    PARES, Luis Nicolau. A formação do Candomblé. História e ritual da nação jeje na Bahia

    Guerra, domínio e soberania: experiências coloniais e império no Atlântico Sul, década de 1570

    Get PDF
    By analysing documents and historiography, the article identifies the constitution of a unified field of colonization experiences in the South Atlantic during the 1570s. Royal authority over colonial spaces was characterized, on the one hand, by the institution of politicaladministrative apparatus, and on the other, by intervention in the manorial relations to which native Africans and Americans were subjected. The latter created a point of compromise and dissension that marked the instability between colonial powers and European authorities, using a system of composite exploitation, characterized by complementarity between different statutes and forms of domination.A través del análisis de los documentos y de la historiografía, el artículo identifica la constitución de un campo unificado de experiencias de colonización en el Atlántico Sur, durante la década de 1570. La caracterización de la autoridad regia sobre los espacios coloniales pasaba, de una parte, por la institución de un aparato político-administrativo, y de otra, por la intervención en las relaciones de dominio señorial establecidos sobre los indígenas y africanos. Este último fue el punto de compromiso y disensión, que definía el equilibrio inestable entre los poderes coloniales y las autoridades europeas mediante un sistema de explotación compuesto, caracterizado por la complementariedad entre diferentes estatutos y formas de dominación. [pt] Por meio da análise de documentos e da historiografia, o artigo identifica a constituição de um campo unificado de experiências de colonização no Atlântico Sul, durante a década de 1570. A caracterização da autoridade régia sobre os espaços coloniais se dava, por um lado, pela instituição de um aparato político-administrativo, por outro, pela intervenção nas relações de domínio senhorial estabelecidas sobre os indígenas e africanos. Esse último era o ponto de compromisso e dissensão, que definia o equilíbrio instável entre os poderes coloniais e as autoridades europeias, por meio de um sistema de exploração compósito, caracterizado pela complementaridade entre diferentes estatutos e formas de dominação

    Diáspora e Colonização

    Get PDF

    O diálogo entre o Reyno do Ndongo e a Coroa Portuguesa por intermédio do “bakule”, apontando para sua importância no comércio ultramarino pelo Atlântico a partir do século XVI

    Get PDF
    Anais do IV Encontro de Iniciação Científica da Unila - “UNILA 5 anos: Integração em Ciência, Tecnologia e Cultura na Tríplice Fronteira” - 05 e 06 de novembro de 2015 – Sessão HistóriaEste trabalho tem por objetivo analisar as relações de poder entre as lideranças africanas e os portugueses, na atual região de Angola, a partir do século XVI. A data de 1570 ao que parece, corresponde a data oficial em do período entitulado “conquista de Angola”, a partir de então encontra-se a maior parte dos registros escritos sobre essas relações. Relações essas, que não apenas alteraram os sistemas econômicos de ambas sociedades como também interferiram nas estruturas sociais e estatais internas existêntes, como modificou a forma na qual se relacionavam com as demais sociedades. Através da utlização de documentos como as cartas de Fernão de Souza compiladas pela autora Beatrix Heintze nos serviram de fontes, cartas essas direcionadas aos representantes e à própria Coroa Portuguesa e por mais que apresentem objetivos diversos, quando analisadas cuidadosamente e devidamente questionadas nos revelam muito sobre a formação do Ndongo e sobre como viviam os seus habitantes..A análise consiste em apresentar como ambos os lados, portugueses e africanos, procuraram beneficiar-se deste contato com o outro, seja através da riqueza que este oferecia, seja quanto a apropriação e execução de sistemas internos deste outro para o próprio proveito. Observamos que, assim como os portugueses interpretaram as hierárquicas internas existentes no Reino do Ndongo dada a forma como se aproximaram desses reinos, adaptando-se a essas organizações africanas; as lideranças presentes no Ndongo também o fizeram, seja através da adoção de existentes no reino; o baculamento consistia no pagamento de impostos e a servidão interna de pessoas, destacando sempre as específicdades deste antes da incorporação pelos portugueses. Ambos, africanos e europeus se basearíam nessas apropriações para favorecer aos seus interesses que eram por vezes econômicos, os portugueses tempos depois, utilizariam-se dessa estrutura de servidão para basear o modelo escravocata tal qual se conheceu nas Américas. Importante destacar que a chegada dos portugueses não retirou a autonômia desses chefes dentro de seus territórios, e tampouco implicou na subordinação direta de seus lideres africanos aos portuguêses, ao contrario, este período foi marcado por resistentes oposições á Coroa Portuguesa. A partir desta apresentação, acredito ter familiarizado o leitor com o texto; que está organizado em três partes: a) A formação do Estado do Ndongo – a partir de sua organização e os sistemas de servidão interna; b) O comércio pelo Atlântico de escravos; c) Sistema de tributagem apontando para seu significado.Bolsista da Pibic/ Fundação Araucári
    corecore