24 research outputs found
Tecnologias de gestão e uso do solo para melhoria da eficiência no uso da água pluvial na Bacia Hidrográfica de Ribeira Seca
A produção de alimentos em ambientes secos, como Cabo Verde, é severamente afectada pela chuva insuficiente e irregular, secas recorrentes, eventos de alta intensidade, perdas de água através de escoamento rápido e altas taxas de evaporação do solo, resultando em baixa eficiência na utilização da água pluvial. Apesar dos investimentos em técnicas de conservação do solo e da água em Cabo Verde, a produtividade das culturas pluviais permanece baixa. O projecto de pesquisa propõe investigar tecnologias de gestão e uso da terra para condições de sequeiro de Cabo-Verde para aumentar a eficiência do uso da água de chuva e rendimento das culturas, combinando conhecimentos científicos e tradicionais numa abordagem participativa no campo. Ensaios de campo a escala de parcelas foram instalados para testar os efeitos de técnicas integradas no rendimento das culturas, nutrientes do solo e no balanço hídrico. As experiencias de campo foram concebidas e estão a ser executadas em estreita colaboração com os agricultores locais e os resultados avaliados utilizando indicadores biofísicos e económicos. O enfoque recai sobre as técnicas acessíveis de gestão e uso da terra que sejam viáveis e eficientes, aumentando a eficiência no uso da água pluvial e o rendimento das culturas de sequeiro
A Luta Contra a Desertificação em Cabo Verde
O problema da seca, dos processos de desertificação e da fome são particularmente
acutilantes no arquipélago de Cabo Verde, onde a irregularidade das chuvas associada ao
carácter insular e às características do relevo, muito acentuado nas ilhas com maior potencial
agrícola, constituem desafios avassaladores, que no passado implicavam a morte por fome de
percentagens significativas da população.
Após as fomes da década de 1940, começaram a ser implementadas um conjunto de
infra-estruturas de combate à desertificação, baseadas na conservação do solo e da água,
que hoje são omnipresentes na paisagem da ilha de Santiago e das ilhas com maior vocação
agrícola, e que em muito contribuem para que desde então os períodos de seca não tenham
degenerado em crises alimentares sérias.
Neste trabalho fazemos o inventário das diferentes técnicas usadas num esforço
colectivo que ganhou um fôlego acrescido depois da independência, e que constitui um dos
pilares da sociedade Cabo Verdiana no caminho para o desenvolvimento sustentável.The fight against desertification in Cape Verde
Drought, desertification and famine are of utmost relevance in Cape Verde due to the
vagaries of rainfall distribution associated with the fact that the country is composed by
islands and the geomorphological characteristics of the landscape with very sharp slope
angles specially in the islands with highest agriculture potential. Challenges are overwhelming
and in the past implied the death of a high percentage of the population as a consequence of
famines.
After the famines of the 1940s, Cape Verde began to implement a set of infrastructures
to combat desertification, based on soil and water conservation, which are now ubiquitous in the landscape of the island of Santiago and most of the islands with agricultural vocation.
These greatly contribute to the inexistence of serious food crisis during drought periods ever
since.
In this work we make an inventory of the different techniques used to combat
desertification. Their implementation become a national priority after the independence and
constitutes one of the pillars of Cape Verdean society on the path towards sustainable
[email protected]. [email protected] [email protected]
O Quadro Nacional de Bio-Segurança para Cabo Verde
A aplicação das biotecnologias é hoje considerada uma parte importante da
solução aos problemas gerados pela insegurança alimentar e a redução da
pobreza no mundo. Contudo, há necessidade da avaliação dos riscos reais
associados à liberação dos Organismos Geneticamente Modificados (OGMs)
desde que existe a possibilidade potencial de danos ao ambiente e à saúde
humana, pela alteração da diversidade biológica.
Face ao desenvolvimento acelerado da biotecnologia moderna e face ao
desconhecimento das reais consequências das interacções dos OGMs com os
diversos ecossistemas, a comunidade internacional adoptou o Protocolo de
Cartagena sobre a Bio-segurança como um instrumento de prevenção dos riscos
provenientes de produtos biotecnológicos. Este Protocolo é um instrumento
jurídico internacional de cariz obrigatório adoptado pela Conferência das Partes
aquando da Convenção “Quadro das Nações Unidas sobre a Diversidade
Biológica (CDB)”, em 1992. A Convenção, reconhecendo o enorme potencial da
biotecnologia moderna para a resolução dos problemas antes mencionados,
objectiva “contribuir para assegurar um nível adequado de protecção para a
transferência, manipulação e utilização segura dos organismos vivos
modificados resultantes da biotecnologia moderna, e que possam ter efeitos
adversos para a conservação e utilização sustentável da diversidade biológica,
considerando igualmente os riscos para a saúde humana, e centrando-se
especificamente nos movimentos transfronteiriços”.
O governo de Cabo Verde, consciente da importância que se relaciona à
protecção da biodiversidade das ilhas e da saúde pública contra os potenciais
riscos dos OGMs, assinou, através do Decreto nº 11/2005 de 26 de Setembro, o
Protocolo de Cartagena sobre a Bio-segurança. Com a ratificação do PCB, a 1 de
Novembro de 2005, o país comprometeu-se a cumprir as exigências e
obrigações do Protocolo, dentre as quais, a elaboração e materialização do O objectivo primário do Projecto para o desenvolvimento do Quadro Nacional
de Bio-segurança ou, simplesmente, Projecto Nacional de Bio-segurança (PNB),
é o de desenvolver um Quadro Nacional de Bio-segurança para CV, de acordo
com as necessidades relevantes do protocolo de Cartagena, considerando
principalmente que “cada parte deve tomar as medidas legais, administrativas e
outras apropriadas para implementar suas obrigações sob o protocolo”.
Para a implementação do Plano, Cabo Verde fez uma análise do cenário actual
da biotecnologia e da Bio-segurança, propôs um quadro jurídico institucional
Nacional e elaborou um plano de acção para implementação do Quadro
Nacional de Bio-segurança (QNB). Este Quadro consiste num conjunto de
instrumentos políticos, legais, administrativos e técnicos, próprios para atingir
as necessidades relevantes do Protocolo de Cartagena. Especificamente, o
quadro visa o estabelecimento de bases científicas e sistemas transparentes de
tomada de decisão que habilitem o país a beneficiar dos potenciais benefícios da
biotecnologia moderna, assegurando a máxima protecção do ambiente, saúde
humana e animal dos potenciais riscos dessa biotecnologia; assegurar que a
investigação, liberação e manuseio de produtos da biotecnologia moderna
sejam desenvolvidos de forma a minimizar os potenciais riscos para o ambiente,
saúde humana e animal e; assegurar o manuseio e o movimento transfronteiriço
seguros de produtos derivados da biotecnologia moderna.
Entretanto, embora o país não dispõe de nenhuma política que aborde a
questão concreta da Bio-segurança, existem prioridades nacionais no contexto
de objectivos maiores de desenvolvimento, como o desenvolvimento
sustentável, conservação da biodiversidade, desenvolvimento agrícola,
segurança alimentar, etc., sob os quais uma política de biotecnologia e Biosegurança
no quadro do QNB será desenvolvida. Ela será alicerçada nas
políticas existentes para os vários sectores, principalmente, nos domínios do
ambiente (conservação da biodiversidade), da saúde pública, da agricultura
(protecção fitossanitária e sanidade animal) e da pesca, embora a investigação
neste domínio seja ainda incipiente. O desenvolvimento e a implementação do quadro nacional de Bio-segurança enfatizam e priorizam o reforço da
capacitação institucional e técnico para o manuseamento dos OGMs,
permitindo a adequação e reorganização das estruturas existentes. Não
obstante, o país pode utilizar os produtos da biotecnologia moderna já
disponíveis, em benefício da produção alimentar, da saúde humana e animal,
do ambiente, do melhoramento do sector florestal, da pesca e da indústria.
Para concretizar o plano, foi proposta a criação de um sistema administrativo e
institucional composto por seis órgãos, nomeadamente, a Autoridade Nacional
Competente, o Conselho Nacional de Bio-segurança; o Comité Regulador (CR)
/Monitorização e Fiscalização; o Secretariado Técnico (ST); o Painel Técnico
Científico (PTC) e; o Comité Público. Cada um desses órgãos tem funções
específicas que vão desde a orientação das vertentes políticas do país até a
sensibilização e educação do público no referente ao assunto. A proposta inclui
uma Autoridade Nacional Competente única, sob a alçada do Ministério do
Ambiente e Agricultura, como o órgão responsável pela autorização ou não da
introdução/criação de OGMs, pela coordenação de todas as actividades ligadas
à Bio-segurança; e pela recepção de pedidos de autorização e a gestão de
notificações, sejam eles para importação, liberação, propagação ou
comercialização; ou uso directo para a alimentação, derivado ou produtos do
processamento de produtos alimentares, através do Secretariado Técnico.
O diploma legislativo proposto estabelece as normas de segurança e
mecanismos de fiscalização à importação, exportação, trânsito, produção,
manipulação, manuseamento e utilização de organismos geneticamente
modificados (OGM) e seus produtos, em conformidade com o princípio da
precaução e tendo em vista a protecção da vida e a saúde do homem, dos
animais e das plantas, bem como, o meio ambiente. As normas estabelecidas
pelo diploma aplicam-se a todas as entidades públicas e privadas envolvidas na
importação, exportação, trânsito, produção, manipulação, manuseamento e
utilização de OGM e seus produtos, sem prejuízo do regime fixado para as
operações de comércio externo de e para Cabo Verde e demais legislação aplicável. O diploma também não se aplica aos movimentos transfronteiriços de
fármacos para seres humanos, que sejam OGM e seus produtos, e que estejam
sujeitos a legislação específica.
E finalmente, visando assegurar que o QNB para Cabo Verde seja cabalmente
activo no país, foi concebido um plano de acção quinquenal para sua
operacionalização. Este plano de acção consiste num conjunto de actividades
que deverão ser adoptadas e realizadas nos próximos cinco anos, sendo estas: o
estabelecimento de um quadro institucional e administrativo de Bio-segurança;
estabelecimento de um sistema de consciencialização, educação e participação
para bio-segurança; criação de capacidade local para o manuseio da
biotecnologia; reforço da capacidade local institucional existente no domínio da
biotecnologia/bio-segurança; estudo dos impactos da biotecnologia moderna
na agricultura local (incluindo produção pecuária e aquacultura); manutenção
do uso seguro de produtos farmacêuticos e alimentares como uma prioridade
no domínio da saúde pública e; certificação de um conjunto de medidas e
políticas efectivas que acompanhem as constantes mudanças
Appraising and selecting strategies to combat and mitigate desertification based on stakeholder knowledge and globalbest practices in Cape Verde Archipelago
Cape Verde is considered part of Sahelian Africa, where
drought and desertification are common occurrences. The
main activity of the rural population is rain-fed agriculture,
which over time has been increasingly challenged by high
temporal and spatial rainfall variability, lack of inputs, limited
land area, fragmentation of land, steep slopes, pests,
lack of mechanization and loss of top soil by water erosion.
Human activities, largely through poor farming practices
and deforestation (Gomez, 1989) have accelerated natural
erosion processes, shifting the balance between soil erosion
and soil formation (Norton, 1987). According to previous
studies, vegetation cover is one of the most important factors
in controlling soil loss (Cyr et al., 1995; Hupy, 2004; Zhang
et al., 2004; Zhou et al., 2006). For this reason, reforestation
is a touchstone of the Cape Verdean policy to combat
desertification.
After Independence in 1975, the Cape Verde government
had pressing and closely entangled environmental and
socio-economic issues to address, as long-term desertification
had resulted in a lack of soil cover, severe soil erosion
and a scarcity of water resources and fuel wood. Across
the archipelago, desertification was resulting from a variety
of processes including poor farming practices, soil erosion
by water and wind, soil and water salinity in coastal areas
due to over pumping and seawater intrusion, drought and
unplanned urbanization (DGA-MAAP, 2004). All these
issues directly affected socio-economic vulnerability in rural
areas, where about 70% of people depended directly or indirectly
on agriculture in 1975. By becoming part of the Inter-
State Committee for the Fight against Drought in the Sahel
in 1975, the government of Cape Verde gained structured
support to address these issues more efficiently. Presentday
policies and strategies were defined on the basis of
rational use of resources and human efforts and were incorporated
into three subsequent national plans: the National
Action Plan for Development (NDP) (1982–1986), the
NDP (1986–1990) and the NDP (1991–1995) (Carvalh
Diversity of Useful Plants in Cabo Verde Islands: A Biogeographic and Conservation Perspective
Cabo Verde’s biodiversity is threatened by activities that meet human needs. To counteract this, an integration of scientific and indigenous knowledge is required, but no comprehensive list of the useful local plants is available. Thus, in this work, we assess (1) their diversity and phytogeography; (2) the role of geophysical, historical, and socio-economic factors on species distribution and uses; and (3) potentially relevant species for sustainable development. Data were obtained from flora, scientific publications, historical documents, herbarium specimens and field work. Many species were introduced since the 15th century to support settlement and commercial interests. We identified 518 useful taxa, of which 145 are native, 38 endemic and 44 endangered. The number of useful taxa is correlated with altitude and agricultural area, as well as with rural population indicators, but not with total population or socio-economic indicators such as gross domestic product. Native taxa are mostly used for fuelwood, forage and utilitarian purposes. Agrobiodiversity and traditional practices seem crucial to cope with recurrent droughts and ensure food security. Most of the introduced species do not present conservation problems, contrasting with the overuse of some native taxa. The safeguarding of native populations will ensure the sustainable exploitation of these resources and benefit the local economy.info:eu-repo/semantics/publishedVersio
The future of small farms and small food businesses as actors in regional food security: A participatory scenario analysis from Europe and Africa
This research was supported by the `Small Farms, Small Food Businesses and Sustainable Food Security' (SALSA) project, which has received funding from the European Union's Horizon 2020 research and innovation programme under grant agreement No 677363.
Funding for open access charge: CRUE-Universitat Politecnica de Valencia.Ortiz Miranda, D.; Moreno-Pérez, OM.; Arnalte-Mur, L.; Cerrada-Serra, P.; Martinez Gomez, VD.; Adolph, B.; Atela, J.... (2022). The future of small farms and small food businesses as actors in regional food security: A participatory scenario analysis from Europe and Africa. Journal of Rural Studies. 95:326-335. https://doi.org/10.1016/j.jrurstud.2022.09.0063263359
Effect of Integrated Water-Nutrient Management Strategies on Soil Erosion Mediated Nutrient Loss and Crop Productivity in Cabo Verde Drylands.
Soil erosion, runoff and related nutrient losses are a big risk for soil fertility in Cabo Verde drylands. In 2012, field trials were conducted in two agro-ecological zones to evaluate the effects of selected techniques of soil-water management combined with organic amendments (T1: compost/manure + soil surfactant; T2: compost/animal or green manure + pigeon-pea hedges + soil surfactant; T3: compost/animal or green manure + mulch + pigeon-pea hedges) on nitrogen (N) and phosphorus (P) losses in eroded soil and runoff and on crop yields. Three treatments and one control (traditional practice) were tested in field plots at three sites with a local maize variety and two types of beans. Runoff and eroded soil were collected after each erosive rain, quantified, and analysed for NO3-N and PO4-P concentrations. In all treatments runoff had higher concentrations of NO3-N (2.20-4.83 mg L-1) than of PO4-P (0.02-0.07 mg L-1), and the eroded soil had higher content of PO4-P (5.27-18.8 mg g-1) than of NO3-N (1.30-8.51 mg g-1). The control had significantly higher losses of both NO3-N (5.4, 4.4 and 19 kg ha-1) and PO4-P (0.2, 0.1 and 0.4 kg ha-1) than the other treatments. T3 reduced soil loss, runoff and nutrient losses to nearly a 100% while T1 and T2 reduced those losses from 43 to 88%. The losses of NO3-N and PO4-P were highly correlated with the amounts of runoff and eroded soil. Nutrient losses from the applied amendments were low (5.7% maximum), but the losses in the control could indicate long-term nutrient depletion in the soil (19 and 0.4 kg ha-1 of NO3-N and PO4-P, respectively). T1-T3 did not consistently increase crop yield or biomass in all three sites, but T1 increased both crop yield and biomass. We conclude that T3 (combining crop-residue mulch with organic amendment and runoff hedges) is the best treatment for steep slope areas but, the pigeon-pea hedges need to be managed for higher maize yield. T1 (combining organic amendment with soil surfactant) could be a better choice for flatter areas with deeper soils
Rainfall distribution over the 2012 rainy season at the three experimental sites.
<p>The arrows indicate daily rainfall causing runoff. * Rainfall accumulated between Nov 30 and Dec 2. Short title: Rainfall distribution over the 2012 rainy season.</p