17 research outputs found

    Tradução comentada dos contos Loss of Breath, Mystitifcation e Lellonta Tauta de Edgar Allan Poe

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    Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Comunicação e Expressão, Programa de Pós-Graduação em Estudos da Tradução, Florianópolis, 2015Esta dissertação faz parte do campo de pesquisa "Teoria, crítica e história da tradução", com foco na literatura traduzida. Neste trabalho efetuo a retradução comentada dos contos "Loss of Breath", "Mystification" e "Mellonta Tauta" de Edgar Allan Poe para o português brasileiro. Estas obras são praticamente desconhecidas do público brasileiro embora Poe seja um dos autores norte-americanos mais lidos e traduzidos no Brasil. As obras de Edgar Allan Poe foram traduzidas muitas vezes, algumas das quais contam com mais de 20 traduções para o português brasileiro. Na verdade, toda o cânone de Poe em prosa e verso foi traduzido em 1944 por Oscar Mendes e Milton Amado, e levando em consideração as reflexões de Antoine Berman (1995;2012) sobre retradução, estabelece-se um diálogo entre as obras traduzidas e a original. Os estudos críticos sobre contextos de publicação e revisão da literatura em Poe são considerados indispensáveis para a discussão e comentários, bem como as ponderações de Berman na questão da recepção do estrangeiro e suas demais diretrizes conceituais.Abstract : This dissertation is linked to the research field "Theory, criticism and history of translation", focusing on matters of translated literature. The essay attempts to realize a retranslation with commentary of Edgar Allan Poe's short stories "Loss of Breath", "Mystification" and "Mellonta Tauta" into the Brazilian Portuguese. These works remain virtually unknown to the Brazilian public although Poe is one of the most widely read and translated American authors in Brazil. The works of Edgar Allan Poe have been translated several times, some of his short stories have more than twenty translations into Brazilian Portuguese. In fact, all his works in prose and verse were translated in 1944 by Oscar Mendes and Milton Amado, and taking into account the reflections of Antoine Berman's essays on retranslation (1995;2012), it establishes a dialog between the translated works and the original. The critical studies on publishing contexts and Poe's literature are considered indispensable to the discussion and commentaries as well as the notes of Berman on the foreign reception and several conceptual guidelines

    Narração oral: uma arte performativa

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    Tese de doutoramento, Comunicação, Cultura e Artes, Faculdade de Ciências Humanas e Sociais, Universidade do Algarve, 2016Hoje é visível, na programação cultural de bibliotecas, associações, teatros e centros culturais, nas atividades curriculares e extracurriculares de escolas e jardins-de-infância, e no contexto de um variado leque de iniciativas, um interesse crescente pelos contos, ou seja, por espetáculos de contadores de histórias. Essa atividade, que em Portugal tem recebido o nome de “narração oral”, desenvolveu-se de forma mais visível nas últimas décadas do século XX, dinamizada por movimentos artísticos que, no contexto urbano e mediatizado das sociedades contemporâneas, procura promover tradições orais e modelos comunitários de proximidade. A presente tese pretende contribuir para uma teoria da prática dos artistas dedicados a essa atividade. Para isso, centra-se na análise das suas performances e dos recursos poéticos utilizados por esses “novos” contadores de histórias, tendo em conta os contextos desses movimentos artísticos: os seus fatores socioculturais, os seus discursos e os aspetos práticos da atividade profissional de contar histórias. A análise dessas performances procura identificar os modos como os artistas gerem a relação com a assistência e a narração das histórias, oscilando entre “contar” e “mostrar”, através das materialidades da narração oral: o discurso verbal, a quinésia, a proxémia, bem como outros elementos performativos, entre eles, o vestuário, a cenografia e a música

    Exemplo Cosmopolita: João Vário, Arménio Vieira e José Luiz Tavares

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    Tese de doutoramento em Letras, na área de Literatura Portuguesa, apresentada à Faculdade de Letras da Universidade de CoimbraEste estudo apresenta uma reflexão sobre as obras poéticas de João Vário, Arménio Vieira e José Luiz Tavares. Caracterizadas por uma expressão complexa e por um propósito cosmopolita, elas sustentam hoje a definição de um paradigma poético que se distingue do cânone instituído pelo modernismo neorrealista e nacionalista. A primeira parte começa por analisar os princípios e os juízos da crítica da poesia cabo-verdiana que, entre as décadas de 1940 e 1980, promovem o predomínio das estéticas neorrealistas e nacionalistas. Os exercícios de periodização literária e o teor prescritivo da crítica marxista, em que pontifica o nome de Manuel Ferreira, exercem uma influência determinante no âmbito do sistema literário cabo-verdiano. Exemplos desta autoridade são, por um lado, a proscrição da poesia anterior a Claridade, e, por outro, a circunscrição das “novas gramáticas” dos anos 70 ao âmbito da representação da “saga histórica”. O ponto seguinte revisita as opiniões críticas de T. Tio Tiofe e Arménio Vieira, apresentadas, pelos anos 70, nas “Epístolas ao meu irmão António” e nas páginas culturais do jornal Voz di Povo, respetivamente. Além de testemunharem a progressiva aproximação de Vieira às convicções de Vário, estas notas e comentários preparam e acompanham a afirmação de um novo modelo crítico, mais atento ao trabalho exercido sobre a linguagem poética e aos diálogos estabelecidos com diferentes textos e autores das literaturas estrangeiras (de língua portuguesa ou não). As opções do júri dos Jogos Florais 12 de Setembro, os critérios editoriais da revista Raízes e o ideário da antologia Mirabilis – De Veias ao Sol, entre outros, sustentam entretanto o aparecimento de uma nova geração de poetas, quase todos ligados ao Movimento Pró-Cultura, e que têm em José Vicente Lopes e José Luís Hopffer C. Almada os seus principais teóricos e críticos. A segunda parte deste trabalho divide-se em três capítulos, dedicados a cada um dos poetas estudados. O texto sobre João Vário começa por reavaliar o discurso crítico em torno dos seus nomes literários, situando-os relativamente ao exemplo de Fernando Pessoa e às teorias da complexidade social dos espaços crioulos. Em seguida, revisita o ambiente cultural e literário em que se forma João Vário, em Cabo Verde e (sobretudo) em Portugal, destacando as correntes existencialistas e metafísicas dos anos 50 e 60 e relevando a influência que elas tiveram na definição da sua poesia filosófica e neobarroca (como demonstram os Exemplos Geral e Relativo). A partir de George Steiner, o mesmo capítulo procura depois identificar algumas das causas da dificuldade (ontológica e contingente) da poesia de Vário. Consciente da condição por vezes ininteligível dos Exemplos, este ensaio termina com duas aproximações de Vário às obras assinadas por G. T. Didial (a propósito do tema da verosimilhança) e por T. Tio Tiofe (a propósito da singularidade genológica e das deslocações geopolíticas dos Livros de Notcha). O capítulo dedicado a Arménio Vieira, que constitui a parte nuclear deste estudo, começa por rever os principais tópicos e postulados da crítica da sua obra poética. Traça depois o percurso intelectual e artístico que parte do teor político dos seus primeiros poemas, do tempo de Seló (1963) e de Ariópe (1974), e termina com os critérios de exclusão do inaugural Poemas, publicado em 1981. A invenção de Silvenius, instigada por um excerto do Exemplo Próprio de Vário, bem como o tríptico que encerra os Poemas de 1981, dedicado a C. Valcorba e a Manuel Ferreira, assinalam então o abandono definitivo das estéticas neorrealistas e nacionalistas cabo-verdianas (e que inclui a condenação dos desvios totalitários do PAIGC). Segue-se a análise de alguns aspetos solipsistas da herança romântica de Vieira, que o conduzem à condição apátrida e cosmopolita de um bibliotecário de Babel (segundo a narrativa de Borges). Este capítulo prossegue com a observação de alguns exercícios de imitação de estilos alheios, entre os quais se encontra uma importante homenagem a João Vário, e termina com o exame de alguns cantos em louvor de diferentes figuras maiores da literatura e da filosofia (como sejam Homero, Heraclito, Espinosa, Pessoa ou Jorge Luís Borges). À semelhança do que sucede com João Vário, o capítulo sobre José Luiz Tavares começa por situar as coordenadas da sua formação cabo-verdiana, marcada pelo ideário da geração de Mirabilis, e do seu confronto posterior com a geração portuguesa que lhe é contemporânea. A exuberância lexical e metafórica de Tavares irá então opor-se ao prosaísmo e ao niilismo que, comumente identificados com Manuel de Freitas, dominam a poesia portuguesa dos anos 90 e do início do novo século. O ponto seguinte deste capítulo é dedicado à tradução de Paraíso Apagado por Um Trovão para a língua cabo-verdiana. As opções vocabulares e as frequentes paráfrases da versão crioula testemunham a escassa relação do português literário de Tavares com a sua língua materna; e confirmam, além disso, os muito diferentes estádios de maturidade artística destes dois idiomas. O penúltimo texto deste capítulo revisita “A deserção das musas”, de Agreste Matéria Mundo, onde Tavares, a partir de Burke, Heidegger ou Adorno, e na companhia de Rilke, E. M. Cioran ou Manoel de Barros, medita “em chave lírica” sobre a condição atual do poeta e da poesia. O regresso ao Paraíso Apagado por Um trovão pretende demonstrar, por fim, como a hospitalidade cosmopolita da poesia de José Luiz Tavares permitiu e promoveu a reconfiguração artística de Cabo Verde. Palavras-chave: cânone, crítica literária, poesia, cosmopolitismo, João Vário, Arménio Vieira, José Luiz TavaresThis study presents a reflection on the poetic works of João Vário, Arménio Vieira and José Luiz Tavares. Their works, being characterized by a complex expression and a cosmopolitan purpose, sustain the current definition of a poetic paradigm which differs from the canon settled by the neorealist and nationalist modernism. The first part begins with an analysis of the principles and the judgments of the critic on Cape Verdean poetry, which, during the decades from 1940 to 1980, promoted the predominance of the neorealist and nationalist aesthetics. The exercises on literary periodization and the prescriptive nature of the Marxist critic, on which Manuel Ferreira pontificates, exercise a decisive influence on the Cape Verdean literary system. As an example of this authority we have, on one hand, the proscription of the poetry preceding Claridade and, on the other hand, the circumscription of the “new grammars” from the 70s to the field of the representation of the “historic saga”. The next point revisits the critical opinions of T. Tio Tiofe and Arménio Vieira, presented in the 70s in the “Epistles to my brother António” and in the cultural pages of the newspaper Voz di Povo respectively. Besides giving evidence of Vieira’s gradual approach to the convictions of Vário, these notes and comments prepare and support the establishment of a new model of critic, which pays more attention to the work done on poetical language and to the dialogues established with various foreign texts and authors (Portuguese speaking or not). The choices made by the jury of the poetic contest Jogos Florais 12 de Setembro, the editorial criteria of the magazine Raízes and the mindset presented in the anthology Mirabillis – De Veias ao Sol, among others, sustain meanwhile the appearance of a new generation of poets, who are, almost all of them, connected to the group Movimento Pró-Cultura and who recognize José Vicente Lopes and José Luis Hoppner C. Almada as their most important theorists and critics. The second part of this work is divided into three chapters, each one dedicated to one of the studied poets. The text on João Vário begins reevaluating the critical discourse around his literary names, placing them in relation with the example of Fernando Pessoa and with the social complexity of the creole spaces. Next, it revisits the cultural and literary environment in which João Vário acquired his education, in Cape Verde and (mostly) in Portugal, emphasizing the existentialist and metaphysical currents of the 50s and 60s and stressing the influence they had in the definition of his philosophical and neo-baroque poetry (as visible in Exemplo Geral and in Exemplo Relativo). Taking George Steiner as an impulse, this chapter tries to identify some of the reasons for the difilculty (ontological and contingent) in the poetry of Vário. Aware of the sometimes unintelligible condition of Exemplos, this essay ends with two approaches from Vário to the works signed by G. T. Didial (concerning verisimilitude) and by T. Tio Tiofe (concerning the singularity of the literary gender and the geopolitical replacements of Livros de Nocha). The chapter dedicated to Arménio Vieira, which constitutes the central part of this study, begins reviewing the main topics and postulates of the critic on his work. It then draws the intellectual and artistic development, which starts with the political nature of his first poems, at the time of Seló (1963) and Ariópe (1974), and ends with the criterions for exclusion of the inaugural Poemas published in 1981. The invention of Silvenius, incited by an excerpt from Vário’s Exemplo Próprio, as well as the triptych which closes the Poemas from 1981, dedicated to C. Valcorba and to Manuel Ferreira, mark the definite abandonment of the Cape Verdean neorealist and nationalist aesthetics (which includes the disapproval of the PAIGC’s totalitarian tendencies). This part then continues with an analysis on some of the solipsistic aspects of the romantic heritage of Vieira, which lead him to the stateless and cosmopolitan condition of a Babel´s librarian (according to Borges’s narrative). This chapter goes on observing some exercises on the imitation of other authors’ stiles , among which there is an important tribute to João Vário, and ends examining some paeans of praise to various significant philosophers and literates (such as Homer, Heraclitus, Espinosa, Pessoa or Jorge Luís Borges). Similar to the structure of the former chapter, the chapter about Luiz Tavares begins with the coordinates of his Cape Verdean education, influenced by the ideas exposed through the Mirabili’s generation, and of his later confrontation with his contemporary Portuguese generation. The lexical and metaphorical exuberance of Tavares will then oppose to the prosaicism and nihilism which, normally associated with Manuel de Freitas, dominate the Portuguese poetry of the 90s and of the beginning of the new century. The next point of this chapter is dedicated to the translation of Paraíso Apagado por Um Trovão into the Cape Verdean language. The vocabulary choice and the frequent paraphrases in the creole version witness the poor relation of the author’s literary Portuguese to his mother tongue; and confirm, furthermore, the very different stadiums of the artistic maturity of these two languages. The penultimate part in this chapter revisits the “desertion of the muses”, in Agreste Matéria Mundo, where Tavares, taking Burke, Heidegger or Adorno as an impulse, and in the company of Rilke, E. M. Cioran ou Manoel de Barros, meditates in “lyrical key” on the present condition of the poet and poetry. The return to Paraíso Apagado por Um Trovão tries to demonstrate, at last, how the cosmopolitan hospitality of the poetry of José Luiz Tavares enabled and promoted the artistic reconfiguration of Cape Verde. Keywords: canon, literary criticism, poetry, cosmopolitanism, João Vário, Arménio Vieira, José Luiz Tavare

    “The raven” : referências, traduções e intermidialidade

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    Tese (doutorado)—Universidade de Brasília, Instituto de Letras, Departamento de Teoria Literária e Literaturas, 2019.Esta tese objetiva atualizar o debate sobre a potencialidade intermidiática do poema “O Corvo” de Edgar Allan Poe, especialmente no que diz respeito ao enorme volume de referências, traduções literárias e intermidiáticas ligadas ao poema mais importante do já citado escritor estadunidense. Através de levantamentos de dados sobre o poema “O Corvo” em diálogo com a música, com o teatro, com as artes visuais e principalmente com o cinema, a partir das contribuições teóricas da literatura, das teorias do cinema, da teoria midiática e da intermidialidade, esta investigação concluiu que o mencionado poema e o ensaio “A Filosofia da Composição” tem uma importante contribuição para a formação da linguagem cinematográfica e também para o desenvolvimento de vários gêneros artísticos intermidiáticos que se harmonizam em muitos aspectos com os postulados estéticos edgarianos. Os principais resultados desta pesquisa são: “O Corvo” foi constantemente reproduzido nos jornais norte-americanos, demonstrando o grande interesse da mídia do século XIX, o jornal impresso, por este texto. “O Corvo” também foi reproduzido inúmeras vezes em antologias, manuais didáticos e de retórica, aparecendo como um poema-ícone da formação literária americana a partir da segunda metade do século XIX. Além disso, “O Corvo” parece ser o poema moderno mais traduzido no mundo; um dos mais traduzidos para a música (em vários gêneros) e também transposto para o cinema (há 110 anos de relações dialógicas entre este poema de Poe e o cinema). As relações entre “O Corvo” e as demais artes tem ressonâncias no cinema produzido com base no citado poema. Há ainda convergências entre a estética de Poe e várias estéticas cinematográficas, bem como em relação aos respectivos atos de criação dessas artes, além de ter incontáveis diálogos com as artes visuais. O conjunto de dados da pesquisa e as análises realizadas evidenciam que “O Corvo” de Poe é um prisma excepcional para as artes e para as mídias. Assim, a poética edgariana provou ser bem-sucedida, do ponto de vista formal, estrutural e temático.This thesis aims to update the debate on the intermedial potentiality of Edgar Allan Poe's poem “The Raven”, especially as regards the enormous volume of references, literary and intermedial translations linked to the most important poem of the aforementioned American writer. Through data surveys about of “The Raven” poetry in dialogue with the music, with the theater, with the visual arts and especially with the cinema, based on the theoretical contributions of literature, of the theories of cinema, media theory and intermediality, this investigation concluded that the mentioned poem and the essay “The Philosophy of Composition” has an important contribution to the formation of cinematographic language and also to the development of various intermedial artistic genres that harmonize in many respects with Poe’s aesthetic postulates. The main findings of this research are: “The Raven” was constantly reproduced in the US newspapers, demonstrating the great interest of the nineteenth century media, the printed newspaper, by this text. “The Raven” has also been reproduced countless times in anthologies, didactic and of rhetoric manuals, appearing as a poem-icon of the US literary formation from the second half of the 19th century. Besides that, “The Raven” seems to be the most translated modern poem in the world; one of the most translated for the music (in several genres) and also transposed for the cinema (there is 110 years of dialogical relations between this poem of Poe and the cinema). The relations between “The Raven” and the other arts have resonances in the cinema produced based on the mentioned poem. There are still convergences between Poe’s aesthetic and various cinematographic aesthetics, as well as in relation to the respective acts of creation of these arts, besides having countless dialogues with the visual arts. The set of research data and the analyzes carried out show that Poe’s “Raven” is an exceptional prism for the arts and for the medias. Thus, the Poe’s poetics has proven to be successful, from the formal, structural and thematic point of view

    Psicanálise, cinema e cultura pop : os mitos no contemporâneo

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    O que a cultura pop tem a dizer sobre os sujeitos de nosso tempo? Partindo da premissa que cada época e cada configuração social mobilizam formas particulares de produção de subjetividade, a aposta que dispara esse escrito é que podemos localizar, no terreno da cultura pop, algumas chaves de leitura para compreender a subjetivação contemporânea. Trabalhando com a ideia de a mitologia cumpre a função de recobrir narrativamente o Real do desamparo, nossa proposta é que algumas formações da cultura pop apresentam uma estrutura mítica, acessando, sob o véu da ficção, o recalcado de um tempo que se crê racionalista. Para isso, o cinema opera como interlocutor privilegiado. Inspirados no unhemilich freudiano, propomos o conceito de (in)humano para dar conta das figuras que constitutivamente encarnam a negação das representações de humanidade. Destacamos duas delas: vampiros e robôs. Por meio de uma extensa genealogia, buscamos, através da variância e da repetição, desvelar a estrutura subjacente que lhes engendra. Como resultado, destacamos, em cada uma delas, os traços que supomos serem específicos da constituição contemporânea dessas figuras: em relação aos vampiros, a conversão de pesadelo da Modernidade a representante dos ideais de adolescentização da cultura; em relação aos robôs, o desdobramento da paixão pelo autômato, que se desloca do campo de batalha ao domínio da erótica. Por fim, sustentamos que, se essas produções da cultura pop são consumidas com tamanha voracidade, é porque dizem algo sobre os sujeitos que a elas se lançam – ou seja, sobre a subjetividade de nosso tempo.What does pop culture have to say about the subjects of our time? We assume that each time and each social configuration mobilize specific forms of subjectivity production; as so, the hypothesis that launches this text is that we can find, in pop culture ground, some of keys to understand the contemporary subjectivation. Working on the idea that mythology uses storytelling to cover the Real of helplessness, we argue that some of the pop culture formations have a mythic structure, accessing, under the veil of fiction, the repressed contents of an age that considers itself rationalistic. To this end, cinema functions as a favoured interlocutor. Inspired on Freud’s unheimlich, we present the concept of (ih)human to address the fictional creatures that embody in its constitution what is denied in representations of humankind. We work around two of them: vampires and robots. Throughout an extensive genealogy, tracking variations and repetitions, we try to unveil their underlying structure. As a result, we highlight the traces that, in each one of them, specify their contemporary composition: on the vampires, the mutation from Modernity’s nightmare to agent of teenager culture ideals; on the robots, the unfoldings of passion for the automaton, which dislocates from the fields of war to the domain of love. Finally, we sustain that if these pop culture productions are consumed with such voracity, it is because they say something about the subjects who are targeted – that is, about the subjectivity of our time

    A adaptação cinematográfica das obras The civil war letters of colonel Robert Gould Shaw, One gallant rush e Lay this Laurel proposta por Glory, de Edward Zwick

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    Tese de Doutoramento em Literatura na especialidade de Literatura Norte-Americana apresentada à Universidade AbertaO objetivo a que nos propomos nesta tese consiste em analisar de que modo o texto fílmico histórico Glory, do realizador Edward Zwick, fruto da adaptação de três obras não-ficcionadas, designadamente The Civil War Letters of Colonel Robert Gould Shaw, One Gallant Rush e Lay this Laurel, e de uma leitura eivada de subjetividade pode contribuir para a divulgação do conhecimento histórico, e neste caso específico, pode recriar a história da organização, treino e atuação do 54º Regimento de Voluntários de Massachusetts, que se destacou pelo seu desempenho na Guerra Civil Americana. Consequentemente, tornou-se incontornável, por um lado, aprofundar a relação existente entre literatura e outras formas de arte, com especial incidência entre a literatura e o cinema referindo as interações, intersecções e aspetos dissonantes entre elas, abordando nomeadamente a problemática da adaptação cinematográfica através de diferentes conceptualizações, perfilhadas por teóricos de períodos distintos, inerentes à transposição de um texto literário ao fílmico, sublinhando as especificidades de cada sistema semiótico apresentado no produto final concebido pelo cineasta. Por outro, debruçamo-nos sobre a importância do filme na recriação do passado, nomeadamente, a relação que se tem estabelecido entre o cinema e a história, mais precisamente, de que maneira o texto fílmico pode ser considerado uma fonte documental da história e, assim, contribuir para a disseminação do conhecimento histórico.This research work aims at analysing how the historical filmic text Glory, directed by Edward Zwick, the result of the adaptation of three non-fictional books, namely The Civil War Letters of Colonel Robert Gould Shaw, One Gallant Rush and Lay this Laurel, and of a reading riddled with subjectivity can contribute to the dissemination of historical knowledge, and in this specific case, how it can recreate the history of the organization, training and performance of the 54th Regiment Massachusetts Volunteers, who stood out for their performance in the American Civil War. Consequently, it has become essential, on the one hand, to deepen the relationship between literature and other art forms, with special emphasis between literature and cinema referring the interactions, intersections and dissonant aspects between them, addressing in particular the issue of film adaptation through different conceptualizations, adopted by different theorists, inherent to the translation of a literary text into a filmic one, highlighting the specificities of each semiotic system presented in the final product designed by the filmmaker. On the other hand, we look on the importance of film in the recreation of the past, namely, the relationship that has been established between film and history, more precisely, how the filmic text can be considered a documentary source of history, thus contributing to the dissemination of historical knowledge

    Artes visuais e aids no Brasil : histórias, discursos e invisibilidades

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    Esta tese investiga a relação entre as Artes Visuais e a aids no Brasil, problematizando como se manifestam os discursos que contribuem para a invisibilidade desse tema. Portanto, tal pesquisa se inscreve na discussão sobre a constituição disciplinar da História da Arte a partir dos preceitos da autonomia, advindos da Estética, assim como debate a condição abjeta da doença, que esteve diretamente relacionada ao sofrimento e à morte, bem como ao comportamento homoerótico. Por meio do atrito entre a autonomia da arte e o desejo de abordar a epidemia, a pesquisa se constitui a partir da análise de exposições, artistas e obras atravessadas pela moléstia através de um estudo comparativo que justapõe dois objetos de estudo: as exposições sobre aids realizadas no país e os textos a respeito de artistas que a abordaram em suas obras e ou que vieram a falecer em decorrência do contágio com o HIV. Assim, o estudo das exposições Aids: consciência e arte (1993 e 1994), curada por Edilson Viriato e Arte contra Aids (1994), parceria entre Viriato e Paulo Gomes, assim como A Cultura em Tempos de Aids (2002) e SIDAIDS (2002-2004), organizadas por Armando Mattos, foi aproximado dos resultados da análise dos textos sobre Leonilson (1957-1993), Rafael França (1957-1991), Hudinilson Jr. (1957-2013), Alex Vallauri (1949-1987), Jorge Guinle (1947- 1987), Raul Cruz (1957-1993), Viriato (1966- ), Cláudio Goulart (1954-2005), Otacílio Camilo (1959-1989) e Cláudia Wonder (1955-2010). A partir da investigação comparada desses dois grupos, foi possível identificar que a invisibilidade da aids nos discursos das artes visuais ocorre tanto pela fragilidade na produção da memória das exposições que abordaram o tema, bem como pelo silêncio sobre os artistas e as obras atravessados pela aids, que frequentemente estão relacionados também à interdição do homoerotismo. Esses dois aspectos estão inseridos em uma visão fragmentária da influência da aids no campo artístico, que geralmente apresenta a questão como uma manifestação isolada e particular, e não como um aspecto que influenciou diretamente a arte e a cultura a partir das últimas décadas do século XX.Esta tesis investiga la relación entre las Artes Visuales y el SIDA en Brasil, problematizando cómo se manifiestan los discursos que contribuyen a la invisibilidad de este tema. Por lo tanto, dicha investigación es parte de la discusión sobre la constitución disciplinaria de la Historia del Arte desde los preceptos de autonomía, derivados de la Estética, así como también el debate sobre la condición abyecta de la enfermedad, que estaba directamente relacionada con el sufrimiento y la muerte, así como con el comportamiento homoerótico. A través de la fricción entre la autonomía del arte y el deseo de abordar la epidemia, la investigación se constituye a partir del análisis de exposiciones, artistas y obras atravesadas por la importunación a través de un estudio comparativo que yuxtapone dos objetos de estudio: las exposiciones sobre el SIDA realizadas en el país y los textos sobre artistas que se acercaron a ella en sus obras y que murieron como resultado de un contagio con el VIH. Así, el estudio de las exposiciones sobre el SIDA: conciencia y arte (1993 y 1994), comisariada por Edilson Viriato; y Arte contra el SIDA (1994), asociación entre Viriato y Paulo Gomes; así como La cultura en tiempos de SIDA (2002) y SIDAIDS ( 2002-2004), organizadas por Armando Mattos, fue aproximado a los resultados del análisis de textos sobre Leonilson (1957-1993), Rafael França (1957-1991), Hudinilson Jr. (1957-2013), Alex Vallauri (1949-1987), Jorge Guinle (1947-1987), Raul Cruz (1957-1993), Viriato (1966-), Cláudio Goulart (1954-2005), Otacílio Camilo (1959-1989) y Cláudia Wonder (1955-2010). A partir de la investigación comparativa de estos dos grupos, fue posible identificar que la invisibilidad del SIDA en los discursos de las artes visuales ocurre tanto por la fragilidad en la producción de la memoria de las exposiciones que abordaron el tema, como por el silencio sobre los artistas y las obras atravesadas por el SIDA, que a menudo también están relacionadas con la prohibición del homoerotismo. Estos dos aspectos se insertan en una visión fragmentaria de la influencia del SIDA en el campo artístico, que generalmente presenta la cuestión como una manifestación aislada y particular, y no como un aspecto que influyó directamente en el arte y la cultura a partir de las últimas décadas del siglo XX.This thesis studies the relation between the Visual Arts and aids in Brazil, questioning how the discourses that foment an invisibility of this theme manifest themselves. Therefore, the given study inserts itself into the discussion about the Art History disciplinary constitution coming from autonomy prejudices, originated from the Esthetic, just as it questions the abject condition of the illness, which has been directly related to suffering and death, as well as the homoerotic behavior. From the clash between the art’s autonomy and the desire to address the epidemic, the research constitutes itself on the analysis of art exhibitions, artists and works crossed by the illness through a comparative study that overlaps two subjects: the exhibits about aids held in the country and the papers regarding the artists that approached HIV in their works or happened to pass away due to its transmission. Thus, the study on the art exhibits Aids: consciência e arte (1993 to 1994), curated by Edilson Viriato and Arte contra Aids (1994), partnership between Viriato and Paulo Gomes, as well as A Cultura em Tempos de Aids (2002) and SIDAIDS (2002- 2004), organized by Armando Mattos, was approximate to the outcomes from the analysis on the papers about Leonilson (1957-1993), Rafael França (1957-1991), Hudinilson Jr. (1957- 2013), Alex Vallauri (1949-1987), Jorge Guinle (1947-1987), Raul Cruz (1957-1993), Viriato (1966-), Cláudio Goulart (1954-2005), Otacílio Camilo (1959-1989) and Cláudia Wonder (1955-2010). Starting from the comparative study between these two groups, it was possible to identify that the aids invisibility in the visual arts discourses happens not only due to the fragility on the memory set up of the exhibits that addressed the subject, but also the silence upon the artists and works of art traversed by aids, that are also frequently related to the homoerotism interdiction. These two aspects are injected into a fragmentary vision of the aids influence in the artistic field, which usually shows the question as an isolated and particular manifestation, and not as an aspect that have directly influenced the arts and culture from the last decades of the 20th century onwards

    Vida em comum : a poética de Adília Lopes

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    A proposta deste trabalho é pensar a relação entre vida e poesia tentando articular o modo como essas duas estabelecem entre si uma passagem capaz de criar uma forma de realidade e um novo modo de articular a política. Diante do arsenal discursivo do capitalismo contemporâneo – que molda identidades e nos separa da experiência da linguagem –, pensamos que a poesia é, em si mesma, um gesto de resistência. Por essa via, iremos nos deter no trabalho da poeta contemporânea portuguesa Adília Lopes que apresenta uma torção dos limites estabelecidos entre vida e poesia, realidade e ficção, política e poesia. Isso porque ao mesmo tempo que trabalha com a exposição da vida privada, ao modo reality show, ou então, enquanto dramatiza o quotidiano de uma vida naïf de solteirona de classe média, Adília Lopes o faz utilizando estratégias textuais extremamente sofisticadas de releitura de uma vasta cultura artística, de reproblematização da identidade autoral e de desconstrução dos discursos correntes. Numa série de jogos de indiscernibilidade entre o discurso comum e o literário, entre prosa e poesia, entre sujeito poético e sujeito empírico, entre o intra e o extraliterário, a autora desarticula a fixação de identidades, seja do sujeito ou do texto, manchando a poesia de mundo e propondo-se à árdua e não necessariamente bem sucedida tarefa – devido à própria lógica de inclusão e normalização em que estamos atualmente inseridos – de manchar o mundo de poesia

    A narrativa de Branquinho da Fonseca : os lugares do conto

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    Doutoramento em LiteraturaBranquinho da Fonseca (1905-1974) é um escritor polifacetado: a sua obra literária é composta por textos líricos, dramáticos e narrativos. É, porém, no conto que o escritor atinge o mais elevado mérito. A sua vocação de contista manisfesta-se não apenas nos textos narrativos, mas também nos textos líricos e dramáticos; por isso, os dois primeiros capítulos deste trabalho procuram circunscrever os lugares do conto em toda a obra do autor. Nos três capítulos seguintes, pretende-se propor uma leitura dos contos de Branquinho, partindo do princípio de que os textos são tributários de uma estética compósita, configurada por três elementos essenciais: o realismo, o lirismo e o grotesco.Branquinho da Fonseca (1905-1974) is a writer of multiple facets: his literary production includes lyrical, dramatic and narrative texts. It is, however, with the short story genre that the author achieves higher literary merit. His inclination as a short story writer is patent not only in the narrative texts, but also in the lyrical and dramatic ones. Therefore, the first two chapters of this study attempt to circumscribe the short story places within the author’s work. The three following chapters aim to suggest a reading of Branquinho’s short stories by taking into account that the texts are indebted to composite aesthetics defined by three key-elements: realism, lyricism and grotesque
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