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    A HISTÓRIA DA LITERATURA SEGUNDO WALTER BENJAMIN E O DIÁLOGO COM A HERMENÊUTICA BÍBLICA

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    O presente artigo pretende analisar, por um lado, o fragmento de 1922 de Benjamin acerca das Afinidades eletivas de Goethe. Por outro lado, examinar o texto de 1931 sobre a História da Literatura. Além disso, apontamos, inicialmente alguns versos de Charles Baudelaire, especialmente Le Spleen de Paris, I - L’Étranger, de 1869, no qual ele descreve a vida moderna. Há vários pontos de contato entre os autores: a descrição da modernidade e a união da Literatura com a História (Geschichte). Assim, seguimos um esquema triádico: primeiro, literatura atual – filologia / Benjamin – crítica x comentário; segundo, interpretação dos elementos – tarefa do crítico; terceiro, história das obras – preparação crítica. Nesse sentido, colocamos em diálogo o pensamento hermenêutico crítico de Benjamin com a hermenêutica bíblica, por meio de algumas passagens do Primeiro e Segundo Testamentos

    John Mawe e a Fazenda de Santa Cruz: edição do ofício denunciando os problemas do latifúndio

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    O presente trabalho ocupa-se da edição e tradução de um ofício manuscrito elaborado pelo minerólogo inglês John Mawe, possivelmente endereçado ao Conde de Linhares. Por tratar-se de um documento manuscrito em língua inglesa, a edição e a tradução do mesmo podem auxiliar seu uso como fonte de estudos sobre a Fazenda de Santa Cruz e seu impacto econômico e político no Rio de Janeiro do século XIX, recorte temporal do texto. Para o estudo mais completo do documento e das condições e razões para sua feitura, elaborou-se uma breve exposição do contexto histórico bem como sobre a vida de Mawe e a história da fazenda. Além dessa contextualização, foi feita uma tradução do documento, que tem como língua original o inglês

    Sonho de arquivo

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    O presente artigo busca analisar as noções de arquivo e de prática dearquivo a partir das reflexões de Walter Benjamin. Buscaremos compreender a novidade do método benjaminiano mostrando sua forma de exposição da obra do poeta Charles Baudelaire. A partir da correspondência entre Benjamin e Adorno, apresentaremos o dispositivo desenvolvido por Benjamin e que se trata não de interpretar a obra de Baudelaire, mas antes de expô-la. Expor essa obra significa, para Benjamin, um engajamento histórico-político do teórico-analista-arquivista e a tensão de suas contradições enquanto sujeito singular histórico. Essas contradições não são resolvidas, mas identificadas e imobilizadas como tal

    DA LÍNGUA QUE SEMPRE VAI ONDE O DENTE DÓI: UMA ANÁLISE DISCURSIVA DO PAR DE PALAVRAS PRESIDENTA/PRESIDENTE

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    Este artigo, fundamentado na análise do discurso de linha materialista, analisa materiais que discutem o uso das palavras “presidenta” e/ou “presidente”. Partindo de um acontecimento que trouxe o debate à tona (a eleição de Dilma Rousseff à presidência do país), cotejamos diferentes materialidades que abordam a flexão de gênero em “presidenta”: uma coluna jornalística escrita de 2010, leis e pareceres da década de 1950 e um artigo de opinião com comentário publicado em 2015. A partir de análises ancoradas nas noções de formação discursiva, ideologia, juridismo, língua fluida e língua imaginária, concluímos que o debate a respeito desse par de palavras ultrapassa as esferas linguística e gramatical e permite circunscrever uma tomada de posição de cunho político. Nosso gesto de leitura aponta para a compreensão da inseparabilidade entre língua e político

    WALTER BENJAMIN E AS IMAGENS DA HISTÓRIA: possibilidades de uma crítica social a partir da arte

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    This paper is intended to theme a few considerations from Walter Benjamin regarding the social critique potentialities inherent to the avant-garde art and art critique. For this purpose, the methodological implications derived from his concept of critique shall be considered firstly, followed by an analysis pertaining his considerations as for language and the destruction of the aura and experiences proper to modernity, by means of focusing the power of imagery in the artistic language.O artigo pretende tematizar algumas considerações de Walter Benjamin a respeito das potencialidades de crítica social inerentes à arte de vanguarda e à crítica de arte. Com este objetivo, considerar-se-á, primeiramente, as implicações metodológicas de seu conceito de crítica, e, em seguida, suas reflexões acerca da linguagem e da destruição da aura e da experiência na modernidade,  com enfoque no poder da imagem na linguagem artística

    Materiality and contingency : contributions to aesthetic thinking in literary studies

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    Orientadores: Fabio Akcelrud Durão, Osvaldo Manuel SilvestreTese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Estudos da Linguagem, Universidade de CoimbraResumo: A Teoria Literária surgiu, consolidou-se como disciplina e entrou em colapso durante o século XX. Enquanto parte da institucionalização do estudo acadêmico da literatura, a Teoria rechaçou tanto o historicismo associado à Filologia como a abordagem estético-filosófica da obra literária, promovendo o que seria um paradigma epistemológico mais "adequado". Seu compromisso com a disciplina da Linguística, que alimentou o desprezo por fatores "extrínsecos" ao texto literário, foi para tal decisivo. No entanto, em consequência dos próprios limites metodológicos que subscreveu, e junto à crítica geral aos conceitos e interesses cognitivos tradicionais das Humanidades ¿ crítica então levada a cabo pela "virada linguística" e a seguir pela "virada cultural" ¿, a Teoria da Literatura pouco a pouco perdeu espaço para outras formas de discurso. Trata-se da institucionalização do pós-estruturalismo e da Desconstrução, dos estudos culturais e demais abordagens temáticas ¿ e de sua subsequente fragmentação no atual quadro "pós-teórico." Em certo sentido, essas manifestações podem ser compreendidas como uma complexificação interna ao paradigma, como catálogos descritivos em disputa, e não como resultantes de uma ruptura radical. Permanece-lhes comum uma concepção transmissivo-semiótica da textualidade literária, apenas infletida no tocante à semântica textual. Por essa razão, os dissidentes não deixaram de incorrer em problemas análogos àqueles acusados nas abordagens tradicionais, e mesmo delas herdados ¿ desde já do fato de que seu enlace com a linguística não só permaneceu inquestionado como se tornou sua ferramenta crítica por excelência. Entretanto, como contraparte dessas abordagens hoje correntes, fez-se progressivamente visível uma série de outras intenções teóricas, que se poderiam sumarizar como uma problematização da materialidade. Comum a essas outras intenções e junto a essa categoria, parece estar em operação uma epistemologia da não-identidade, dotada de uma dupla função: por um lado, permite-lhes serem mais do que simples recaídas nas abordagens pré-teóricas do historicismo e do esteticismo; por outro, exime-lhes de construírem seus catálogos descritivos com base nas mesmas regras da Teoria de penhor linguístico. Se, a princípio, poder-se-ia entender essa categoria ¿ de materialidade ¿ como signo de um retorno à Filologia, é também à volta dela que se percebe um retorno da Estética nos estudos literários. Nosso trabalho questiona e mensura a validade dessa teorização literária, com especial atenção à ideia de "contingência," não-identidade. Para tal, seguimos sobretudo o percurso teórico-crítico de três autores: num momento, o trabalho de Hans Ulrich Gumbrecht, que de modo mais conceitualmente explícito, volumoso e inconstante esforça-se por elaborar a categoria da materialidade por vias radicalmente distintas daquela adotada pela tradicional teoria e pelas abordagens correntes; num outro, os trabalhos de Jerome McGann e Johanna Drucker, os quais procuraram implementar e medir de maneira prática o que poderia ser uma tal via alternativa, processo através do qual diferentes modelos emergiram. Consideramos como esses autores respondem ao atual cenário da teoria e da crítica literária e como suas reflexões têm ressonância dentro e fora desse contexto, isto é, como também se inserem numa discussão epistemológica mais ampla. Repensando os métodos de que se valem os estudos literários, este trabalho visa contribuir com a reorientação da teoria literária no âmbito da contemporânea reflexão estético-filosófica. Em última instância, pensar a materialidade exige não apenas que se considerem os predicados fundamentais e as premissas da teoria literária mas que se faça o esforço por sua transformaçãoAbstract: During the twentieth century, Literary Theory emerged, consolidated itself as an academic discipline and finally fell into crisis. As part of the academic institutionalization of literary studies, Literary Theory rebutted both the old historicist approach associated with Philology and the aesthetic-philosophical approach to literary works, promoting instead an epistemological paradigm that intended to be more adequate than the previous one. Fostering the contempt for factors then regarded as "extrinsic" to the literary text, its disciplinary commitment to Linguistics was decisive for such a process. However, as a result of the very methodological limits it subscribed, along with the general criticism of traditional concepts and cognitive interests of Humanities ¿ a criticism carried out by "linguistic" and "cultural" turns in the second half and late twentieth century ¿, Literary Theory steadily gave way to other discursive forms. This process concerned the institutionalization of post-structuralism and deconstruction, of cultural studies and other thematic approaches to literature ¿ as well as its subsequent fragmentation in the current "post-theoretical" era. In a certain sense, these manifestations can be understood as part of a process of internal differentiation, as competing catalogues of description inside a same paradigm, and not as a result of a radical rupture. They all have in common a semiotic-transmissive understanding of literary textuality, merely inflected with regard to textual semantics. For this reason, the dissident theories failed to avoid problems that were analogous to those perceived in the more traditional approaches, and even inherited from them ¿ first of all from their link to linguistics, which, besides remaining unquestioned, also became their critical device par excellence. Nevertheless, a host of other theoretical intentions gradually came forth as a counterpart to such efforts, concerning what we could summarize as the inquiry of materiality. Common to these intentions and along with this category, an epistemology of non-identity seems to operate, with a double role: on the one hand, it allows them to be more than a sheer regression to those pre-theoretical approaches earlier mentioned; on the other, it exempts them from modelling catalogues of description under the rule of linguistic-dependent theory. If we could, at first, understand this category ¿ materiality ¿ as a sign of a return to philology, it is also around this concept that we can perceive a return of aesthetic theory in literary studies. Our thesis questions and measures the validity of this literary theorizing, with special attention to the idea of "contingency," non-identity. In order to do this, we inquire the theoretical-critical works of three authors: first, Hans Ulrich Gumbrecht¿s work, which strives more explicitly ¿ and in a conceptually massive and unstable fashion ¿ to develop the category of materiality through ways radically distinct from those subscribed by literary theory; second, the works of Jerome McGann and Johanna Drucker, which sought to implement and measure in a practical manner what could be and how such alternatives could operate, the very process through which different conceptual models gradually arose. We examine how these authors, among others, react to the current scene of literary theory and criticism, and how their inquiries resonate both within and outside of this context, that is, how they also partake in a wider epistemological discussion. Through reassessing the methods employed by literary studies, the main purpose of this thesis is to contribute to the ongoing relocation of literary theory within the framework of contemporary aesthetic thinking. Inquiring materiality implies not only to question the fundamental predicates and assumptions of literary theory, but also the attempt to change itDoutoradoTeoria e Critica LiterariaDoutor em Teoria e História Literári

    A ciência da personalidade, de Jacques Lacan: exame epistemológico das nações de psicogenia e gênese social

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    Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Florianópolis, 2008.Dentre as grandes sistematizações teóricas da Psicanálise, a elaborada por J. Lacan destaca-se singularmente por seu rigor e vanguarda epistemológicos. Essa singularidade do sistema teórico de Lacan se deve, em grande parte, pela utilização do referencial estruturalista. Embora esta justificativa da singularidade teórica não esteja incorreta, ela pode, por vezes, conduzir a leituras parciais sobre a obra de Lacan. As leituras são parciais quando entendem que as primeiras teorias de Lacan não têm relevância epistemológica para o entendimento dos trabalhos lacanianos posteriores. A presente dissertação adota uma postura contrária a este tipo de leitura e, embora sem recusar a diferença epistemológica entre as etapas da obra lacaniana, entende que os trabalhos iniciais de Lacan estão envolvidos com a sua adesão posterior ao estruturalismo. Para fundamentar essa hipótese, esta dissertação confronta a articulação dos conceitos psicogenia e gênese social presentes no primeiro sistema teórico de Lacan, a Ciência da Personalidade, com a história do espaço epistemológico que culminou no estruturalismo, tal como é apresentada pela arqueologia das Ciências Humanas realizada por Foucault. A dissertação pretende demonstrar que, diante dos impasses epistemológicos, a articulação entre dois conceitos - psicogenia e gênese social - realizada na Ciência da Personalidade está em conformidade antes com as orientações que levaram ao estruturalismo do que com as orientações que dele se distanciaram. Para demarcar mais concretamente a conformidade da Ciência da Personalidade com as perspectivas posteriores de Lacan, a dissertação utiliza a comparação entre Lacan e D. Lagache. Os comentadores consideram que os fundamentos epistemológicos de Lacan e Lagache só passam a se diferenciar decisivamente quando Lacan adere aos referenciais estruturalistas. A dissertação demonstra, utilizando como critério a relação das teorias dos dois autores com a arqueologia do estruturalismo apresentada por Foucault, que desde a Ciência da Personalidade seus sistemas teóricos divergem, e que a própria adesão (ou não) ao estruturalismo pode ser entendida a partir dessa diferença radical e inicial.Within the great theoretical sistematics of psychoanalysis, the one elaborated by J. Lacan stand out due to its epistemological rigour and vanguard. This singularity of Lacan's theoretical system is due, greatly,to the use of the structural reference. Although this justification of theoretical singurality is not incorrect, it can at times conduct to partial readings about Lacan's work. The readings are partial when they interpret that the first theories of Lacando do not present epistemological relevance for an understanding of the later Lacanian work. The present dissertation adopts a contrary posture to this kind of reading and, although not refusing the epistemological difference between the phases of the the Lacanian work, it understands that the inicial works of Lacan are involved with its later adhesion to structuralism. In order to offer a basis for this hypothesis, this dissertation confronts the articulation of the concepts of psychogenesis and social Genesis present in Lacan's first theoretical system, the Science of Personality, with the history of epistemological space that culminated in structuralism, as presented by the arqueology of Human Sciences by Foucault. The dissertation intends to demonstrate that, in face of the epistemological impasses, the articulation between two concepts - psychogenesis and social Genesis - performed in the Science of Personality is first in agreement with the orientations that led to structuralism rather than with the orientations that distanced from it. To point out more concretely the conformity of the Science of Personality with Lacan's later perspectives,the dissertation used the comparison between Lacan and D. Lagache. The commentators consider that the epistemological fundamentals of Lacana and Lagache only start to differ decisively when Lacan adheres to structural references. Using as a criteria the relationship of the theories of both authors with the arqueology of structuralism presented by Foucault the dissertation demonstrates that since the Science of Personality their theoretical sistemas diverge and that the actual adhesion (or not) to strucuturalism may be understood parting from this initial and radical difference

    Imagens e fraturas da história : arte e crítica social em Walter Benjamin

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    Monografia (graduação)—Universidade de Brasília, Instituto de Ciências Humanas, Departamento de Filosofia, 2013.Este trabalho de monografia pretende abordar as considerações de Walter Benjamin acerca das potencialidades de crítica social a partir da arte. Assim, pretende-se partir de suas concepções epistemológicas das obras de arte como objetos de estudo capazes de fornecer uma verdade histórico-social, como mônadas, que carregariam em si uma historicidade intensiva imanente, bem como da metodologia para uma crítica de arte capaz de fazer com que tal teor das obras venha à tona, revelando-se, assim, também como crítica social. Em seguida, a partir do diagnóstico de Benjamin acerca da destruição, na modernidade, da experiência e das tradicionais formas de narrativa que nela se sustentavam, surge a questão de pensar a construção de novas linguagens artísticas a partir das quais se possa estabelecer uma relação entre arte e crítica social, novas possibilidades formais para uma nova função social da arte, de engajamento e intervenção política, opondo-se ao status de autonomia da arte adquirido na sociedade burguesa. Tendo em vista tais considerações, pretende-se, nos momentos seguintes, abordar suas interpretações acerca do surrealismo e do teatro épico de Bertolt Brecht, fenômenos da arte moderna que, salvo suas especificidades, são marcados explícita e conscientemente pela historicidade em sua própria forma, pela ruptura frente à tradição e por um projeto de crítica social. Neste contexto, temos a valorização de Benjamin da imagem, da figura do corpo humano e dos procedimentos de montagem, voltados para um choque perceptivo, típicos das vanguardas históricas. Este parece ser o cerne em torno do qual irão girar as interpretações de Benjamin acerca das potencialidades de crítica social e atuação política de tais fenômenos artísticos. Buscaremos, então, mostrar que sua concepção de crítica histórico-social gira em torno de noções como a de destruição de uma dada configuração factual dos fenômenos em seus elementos constitutivos, trazendo à tona a possibilidade de uma outra organização, e de interrupção de uma narrativa linear e oficial da história, que permita vir à luz uma história esquecida ou recalcada da perspectiva dos historicamente explorados
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