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A HEGEMONIA DO AGRONEGÓCIO NO BRASIL: UMA CONSTRUÇÃO EM DISPUTA
O trabalho aborda o disputado processo de construção da hegemonia de um novo segmento dos grupos agroindustriais brasileiros entre as décadas de 1980 e 1990, articulado pela Organização das Cooperativas Brasileiras. A análise dos projetos e estratégias políticas adotados por seus dirigentes demonstra como a agremiação conseguiu, não apenas conseguiu superar a crise de representação política vigente entre as entidades patronais da agricultura, como também instituir-se na nova força hegemônica do conjunto, tendo como coroamento a proposição de uma entidade de novo tipo: a Associação Brasileira de Agribusiness, criada em 1993
Extensão rural e hegemonia norte-americana no Brasil
After World War II and in the beginning of the Cold War, a new rural education paradigm emerged, based on President Truman’s Point IV Program. One of its axes was a re-signification of that concept, emphasizing non-school educational practices designed to increase the consumption of new technologies created in the world’s capitalistic epicenter. This article analyzes the new practices of agricultural education perpetrated in Brazil on the basis of cooperation agreements signed by the American government and Brazil’s Ministry of Agriculture. It stresses the role played by rural extension as a conveyor belt between big capital and Brazilian rural workers, discussing the mechanisms of persuasion used by extension agents with the goal of inculcating among rural workers values, habits, practices and rudiments of a technical culture which theoretically would bring them out of underdevelopment and integrate them into the commercial circuits of hegemonic capitalism. For this purpose, the article compares the discourse and the practices of extension, in order to demonstrate the excluding character of the criteria established to define the potential beneficiaries of the so-called “new educational practices” and their political-ideological profile. Based on documents published by the Ministry of Agriculture and on a vast North American official documentation, it analyzes the mechanisms through which the American project assumed the dimension of a broad public policy at the national level in the 1950s.Key words: rural extension, State, Brazilian-North American relationships.No contexto do imediato pós-II Guerra e inícios da Guerra Fria, um novo paradigma de educação rural emergiria, respaldado pelo Programa Ponto IV do presidente Truman. Um de seus eixos consistiu na ressignificação do conceito, através da ênfase a práticas educacionais não-escolares, destinadas a fomentar o consumo das novas tecnologias agrícolas produzidas no epicentro do capitalismo mundial. O trabalho analisa as novas práticas de ensino agrícola perpetradas no Brasil a partir de acordos de cooperação firmados entre o governo norte-americano e o Ministério da Agricultura brasileiro. A ênfase do estudo recai sobre o papel do extensionismo como “correia de transmissão” entre o grande capital e o trabalhador rural brasileiro, abordando-se os mecanismos de convencimento adotados pelos agentes extensionistas visando a incutir, junto à força de trabalho rural, valores, hábitos, práticas e rudimentos de uma cultura técnica que, em teoria, a faria escapar do subdesenvolvimento, integrando-a aos circuitos mercantis do capitalismo hegemônico. Para atingir tal objetivo, efetuar-se-á o cotejo entre o discurso e as práticas da Extensão, para demonstrar o caráter excludente dos critérios estabelecidos para a definição dos potenciais beneficiários das chamadas “novas práticas educativas”, evidenciando seu perfil político-ideológico. Com base em documentos publicados pela Pasta da Agricultura, bem como em vasta documentação estadunidense, são analisados os mecanismos por cujo intermédio o projeto norte-americano assumiu, no decorrer da década de 1950, a dimensão de política pública com abrangência nacional. Palavras-chave: extensionismo rural, Estado, relações Brasil-Estados Unidos
Extensão rural e hegemonia norte-americana no Brasil
After World War II and in the beginning of the Cold War, a new rural education paradigm emerged, based on President Truman’s Point IV Program. One of its axes was a re-signification of that concept, emphasizing non-school educational practices designed to increase the consumption of new technologies created in the world’s capitalistic epicenter. This article analyzes the new practices of agricultural education perpetrated in Brazil on the basis of cooperation agreements signed by the American government and Brazil’s Ministry of Agriculture. It stresses the role played by rural extension as a conveyor belt between big capital and Brazilian rural workers, discussing the mechanisms of persuasion used by extension agents with the goal of inculcating among rural workers values, habits, practices and rudiments of a technical culture which theoretically would bring them out of underdevelopment and integrate them into the commercial circuits of hegemonic capitalism. For this purpose, the article compares the discourse and the practices of extension, in order to demonstrate the excluding character of the criteria established to define the potential beneficiaries of the so-called “new educational practices” and their political-ideological profile. Based on documents published by the Ministry of Agriculture and on a vast North American official documentation, it analyzes the mechanisms through which the American project assumed the dimension of a broad public policy at the national level in the 1950s.Key words: rural extension, State, Brazilian-North American relationships.No contexto do imediato pós-II Guerra e inícios da Guerra Fria, um novo paradigma de educação rural emergiria, respaldado pelo Programa Ponto IV do presidente Truman. Um de seus eixos consistiu na ressignificação do conceito, através da ênfase a práticas educacionais não-escolares, destinadas a fomentar o consumo das novas tecnologias agrícolas produzidas no epicentro do capitalismo mundial. O trabalho analisa as novas práticas de ensino agrícola perpetradas no Brasil a partir de acordos de cooperação firmados entre o governo norte-americano e o Ministério da Agricultura brasileiro. A ênfase do estudo recai sobre o papel do extensionismo como “correia de transmissão” entre o grande capital e o trabalhador rural brasileiro, abordando-se os mecanismos de convencimento adotados pelos agentes extensionistas visando a incutir, junto à força de trabalho rural, valores, hábitos, práticas e rudimentos de uma cultura técnica que, em teoria, a faria escapar do subdesenvolvimento, integrando-a aos circuitos mercantis do capitalismo hegemônico. Para atingir tal objetivo, efetuar-se-á o cotejo entre o discurso e as práticas da Extensão, para demonstrar o caráter excludente dos critérios estabelecidos para a definição dos potenciais beneficiários das chamadas “novas práticas educativas”, evidenciando seu perfil político-ideológico. Com base em documentos publicados pela Pasta da Agricultura, bem como em vasta documentação estadunidense, são analisados os mecanismos por cujo intermédio o projeto norte-americano assumiu, no decorrer da década de 1950, a dimensão de política pública com abrangência nacional. Palavras-chave: extensionismo rural, Estado, relações Brasil-Estados Unidos
Agricultura, questao agrária e reforma agrária no Brasil do século XX
Este trabalho tem início com uma indagação: por que tem sido tão freqüente, no meio acadêmico e na produção historiográfica brasileira, durante anos recentes, a falta de clareza com que são tratados significantes tão distintos quanto “reforma agrária” e “questão agrária”? Recordando, com base em Pierre Bourdieu, que o poder simbólico consegue transformar relações de dominação/submissão, em relações afetivas e, mais ainda, que quanto maior o sentimento mobilizado, maior é o grau de ocultamento das diferenças -sejam elas sociais, políticas, acadêmicas ou de qualquer espécie-, sendo ofuscada, neste processo, a própria operação de violência perpetrada, parto do princípio de que, no campo da história e das ciências sociais, nenhuma escolha de palavras é ingênua ou neutra.Dossier: Temas sobre la historia de BrasilDepartamento de Histori
Mundo rural, intelectuais e organização da cultura no Brasil: o caso da Sociedade Nacional de Agricultura
Para além dos ricos e frutíferos debates acerca do caráter oriental ou ocidental da sociedade brasileira (1), decorrentes da leitura de Gramsci e de sua apropriação enquanto instrumental analítico do caso nacional, bem como visando contribuir, enquanto historiadora de ofício, para o maior nuaçamento daquilo que, corriqueiramente, caracteriza-se como a sociedade civil no Brasil das três primeiras décadas deste século, optei por conduzir a reflexão numa direção bem mais aplicativa do que teórica.
Resultado de vários anos de pesquisas acerca da história das classes dominantes brasileiras, com ênfase especial para suas frações agrárias, trago para discussão o caso de uma entidade agremiadora de segmentos de proprietários rurais estudada no período compreendido entre 1897 – quando de sua fundação – e 1930 – quando da eclosão do movimento que redefiniria o bloco histórico – buscando, através dele, analisar o tema que me foi proposto à reflexão: a relação entre ideologia, intelectuais e organização da culturaCentro de Estudios Históricos Rurale
A independência do Brasil em perspectiva historiográfica
The paper contextualizes the peculiarities of Brazilian political emancipation process, assuming three basic presuppositions: that it was a reasonably long process, over determined by imposition of hegemonic interest groups of Southeast over the other regions; that the syntony between Territory and State only acquired its configuration from a “inner expansion” and that its consolidation occurred since a conquest –military, political and cultural– whose basis was slavery.O texto contextualiza as especificidades do processo de emancipação política do Brasil, partindo de três pressupostos básicos: que ela consistiu de um processo razoavelmente longo sobredeterminado pela imposição da hegemonia dos grupos de interesse do Sudeste sobre as demais regiões; que a construção da sintonia entre Território e Estado Nacional somente adquiriu contornos a partir de uma “expansão para dentro” e que sua consolidação foi fruto de uma conquista -militar, política e cultural- tendo por alicerce a escravidão
Conflitos Intraestatais e Políticas de Educação Agrícola no Brasil (1930-1950)
A discussão sobre o Ensino Agrícola no Brasil girou em torno de duas vertentes: a do ensino agrícola alfabetizador e a da educação para o trabalho. Arrastando-se entre as décadas de 1930 a 1950, ela envolveu agências da Sociedade Política, sobretudo os Ministérios da Agricultura e da Educação. O trabalho, fruto de pesquisa em conclusão, evidencia aspectos desta disputa, acirrada após a Segunda Guerra Mundial, quando um conjunto de acordos de “cooperação” entre Brasil e Estados Unidos foram firmados, consolidando tanto a vertente tecnicista do Ensino Rural, quanto sua redefinição, transmutando-o da dimensão escolar à “assistência técnica” ao homem do campo. Nesse registro, o “ensino agrícola” no Brasil consolidou-se como instrumento negador dos conflitos no campo, consagrando uma identidade subalterna do trabalhador rural junto a todos os demais trabalhadores do país
QUESTÃO AGRÁRIA E REFORMA AGRÁRIA: ALGUMAS REFLEXÕES
O artigo, sob a forma de ensaio, trata da distinção entre os conceitos de ´reformaagrária‘ e ´questão agrária‘, analisando os desdobramentos – a um só tempo – acadêmicos epolíticos de sua utilização indiscriminada por parte da historiografia especializada nos estudossobre o campo brasileiro
ABAG: ORIGENS HISTÓRICAS E CONSOLIDAÇÃO HEGEMÔNICA
O trabalho, fruto de pesquisa em andamento, analisa o processo de consolidação da hegemonia de um novo segmento dos grupos agroindustriais brasileiros ocorrido entre as décadas de 1990 e 2000, articulado pela Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) e coroado pela fundação da Associação Brasileira de Agronegócio (ABAG). Com base em documentos oficiais, bem como aqueles produzidos por esta última, refletimos sobre os projetos elaborados por dirigentes da ABAG, enfatizando a metodologia de mapeamento destes últimos, com o objetivo de demonstrar seu grau de inserção junto a organismos da sociedade política, no período compreendido entre 1993 e 2013
Historias no presente - sujeitos, vozes e memórias em um currículo em construção
-A pesquisa atual é conseqüência daquelas desenvolvidas ao longo dos anos de 2005 e 2006, e elucida o potencial de desenvolvimento do Grupo de
Pesquisa Memória, História ensinada e Saberes escolares na medida em que ensejou não só financiamento específico do Edital Universal da
Fapemig, como também se situou como base para o desenvolvimento de projetos de Mestrado no âmbito do PPGE. O foco da pesquisa em curso
recai sobre uma escola municipal da periferia urbana de Juiz de Fora que, há cerca de cinco anos, iniciou um denso processo de reformulação
curricular, através da criação de uma área denominada “Estudos Antropológicos”. Observando de modo indiciário e investigativo seu cotidiano
escolar, o tema da identidade étnico-racial e as formas de preconceito velado das relações cotidianas fizeram com que a escola começasse a
desenvolverdesenvolver diversos trabalhos artísticos, culturais, musicais e artesanais, tudo permeado pelo eixo estruturante das relações
África-Brasil. Esse movimento acarretou uma importante mudança paradigmática quanto a uma determinada tradição pedagógica que, sem dúvida,
altera a natureza dos componentes dos saberes docentes.
Pretende-se, com essa investigação de caráter longitudinal, acompanhar as vozes dos sujeitos envolvidos nesse fazer cotidiano, tentando entender
os reflexos dessa mudança curricular no modo de ensinar dos professores e como os sujeitos (tanto professores quanto alunos) compreendem essa
renovação e a partir daí constroem o conhecimento histórico
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