Extensão rural e hegemonia norte-americana no Brasil

Abstract

After World War II and in the beginning of the Cold War, a new rural education paradigm emerged, based on President Truman’s Point IV Program. One of its axes was a re-signification of that concept, emphasizing non-school educational practices designed to increase the consumption of new technologies created in the world’s capitalistic epicenter. This article analyzes the new practices of agricultural education perpetrated in Brazil on the basis of cooperation agreements signed by the American government and Brazil’s Ministry of Agriculture. It stresses the role played by rural extension as a conveyor belt between big capital and Brazilian rural workers, discussing the mechanisms of persuasion used by extension agents with the goal of inculcating among rural workers values, habits, practices and rudiments of a technical culture which theoretically would bring them out of underdevelopment and integrate them into the commercial circuits of hegemonic capitalism. For this purpose, the article compares the discourse and the practices of extension, in order to demonstrate the excluding character of the criteria established to define the potential beneficiaries of the so-called “new educational practices” and their political-ideological profile. Based on documents published by the Ministry of Agriculture and on a vast North American official documentation, it analyzes the mechanisms through which the American project assumed the dimension of a broad public policy at the national level in the 1950s.Key words: rural extension, State, Brazilian-North American relationships.No contexto do imediato pós-II Guerra e inícios da Guerra Fria, um novo paradigma de educação rural emergiria, respaldado pelo Programa Ponto IV do presidente Truman. Um de seus eixos consistiu na ressignificação do conceito, através da ênfase a práticas educacionais não-escolares, destinadas a fomentar o consumo das novas tecnologias agrícolas produzidas no epicentro do capitalismo mundial. O trabalho analisa as novas práticas de ensino agrícola perpetradas no Brasil a partir de acordos de cooperação firmados entre o governo norte-americano e o Ministério da Agricultura brasileiro. A ênfase do estudo recai sobre o papel do extensionismo como “correia de transmissão” entre o grande capital e o trabalhador rural brasileiro, abordando-se os mecanismos de convencimento adotados pelos agentes extensionistas visando a incutir, junto à força de trabalho rural, valores, hábitos, práticas e rudimentos de uma cultura técnica que, em teoria, a faria escapar do subdesenvolvimento, integrando-a aos circuitos mercantis do capitalismo hegemônico. Para atingir tal objetivo, efetuar-se-á o cotejo entre o discurso e as práticas da Extensão, para demonstrar o caráter excludente dos critérios estabelecidos para a definição dos potenciais beneficiários das chamadas “novas práticas educativas”, evidenciando seu perfil político-ideológico. Com base em documentos publicados pela Pasta da Agricultura, bem como em vasta documentação estadunidense, são analisados os mecanismos por cujo intermédio o projeto norte-americano assumiu, no decorrer da década de 1950, a dimensão de política pública com abrangência nacional. Palavras-chave: extensionismo rural, Estado, relações Brasil-Estados Unidos

    Similar works