59 research outputs found

    A colonialidade na Filosofia do Brasil e o problema da identidade psicossocial

    Get PDF
    Os europeus que colonizaram o Brasil se depararam com povos que tinham costumes muito diferentes dos seus, o que gerou um choque de culturas. Diante do contexto que encontraram, os europeus expandiram sua “missão”, que, além da exploração comercial, passou a abranger, em nome de ideais iluministas de progresso, a evangelização dos povos indígenas. Além do que, para que a dominação desses povos fosse efetiva era preciso que eles falassem a mesma língua e concordassem com os ideais cristãos vindos da Europa. Assim, o colonialismo não implica em apenas dominação territorial, mas inclui também uma dominação epistemológica: uma “colonização das mentes” (DASCAL, 2010). A colonização da mente teve grande impacto na cultura brasileira, de tal forma que mesmo com o fim das hierarquias coloniais a dominação continua no âmbito epistemológico, como denomina Santos (2010), estamos inseridos num regime de “colonialidade”. Com a Filosofia não foi diferente. Os modos de entender, estudar e fazer Filosofia no Brasil estão intimamente ligados às práticas europeias de filosofar, inclusive estudar Filosofia implica no estudo de autores em sua maioria europeus e, raramente, se tem contato com algum brasileiro ou latino-americano. E esse modelo europeu de filosofar contém algumas características próprias que o vinculam, por exemplo, a práticas discursivas, lógicas e sistemáticas de escrita de textos, e, excluem outras formas de pensar como a indígena, indiana, chinesa, africana, brasileira, entre outras. Neste trabalho, discutiremos, através do conceito de “identidade psicossocial”, o problema da colonialidade na Filosofia brasileira, de modo a apontar as dificuldades no estabelecimento de uma Filosofia que seja própria de nosso país

    O PROBLEMA DO EXTRATIVISMO EPISTÊMICO E DA ETNOBIOPIRATARIA: DESAFIOS PARA A PROMOÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS

    Get PDF
    Faced with contemporary demands in the field of the fight for rights and, especially, in the face of environmental devastation that forces us to rethink the way in which the hegemonic Western world is structured, it is possible to notice a transformation in the themes of scientific research in universities, which have been seeking a dialogue intercultural and the recovery of ancestral knowledge. In this context, several questions have arisen regarding the way in which this dialogue occurs, in order to understand whether the inclusion of non-hegemonic knowledge promotes structural transformations or is characterized as a functional change for neoliberalism and its colonial logic, which comes being called “epistemic extractivism” or “knowledge piracy”. With the aim of presenting the problem of epistemic extractivism, this article will initially discuss the problem of ethnobiopiracy as the highest expression of this extractive mentality, and, in the second movement of the article, it will raise ethical-political challenges so that scientific research can to carry out intercultural dialogue promoting human rights. We will argue that to break with epistemic extractivism it is necessary to recognize different forms of production and expression of knowledge as legitimate, as well as recognizing their knowers as legitimate, that is, as subjects of knowledge and rights, with attention to their struggles and demands and with retribution for their teachings.Frente a las demandas contemporáneas en el campo de la lucha por los derechos y, especialmente, frente a la devastación ambiental que obliga a repensar la forma en que se estructura el mundo occidental hegemónico, es posible advertir una transformación en los temas de investigación científica en las universidades, que vienen buscando el diálogo intercultural y la recuperación de conocimientos ancestrales. En este contexto, han surgido varios interrogantes respecto de la forma en que se da este diálogo, con el fin de comprender si la inclusión de conocimientos no hegemónicos promueve transformaciones estructurales o se caracteriza como un cambio funcional para el neoliberalismo y su lógica colonial, que viene denominándose “extractivismo epistémico” o “piratería del conocimiento”. Con el objetivo de presentar la problemática del extractivismo epistémico, este artículo discutirá inicialmente el problema de la etnobiopiratería como máxima expresión de esta mentalidad extractiva, y, en el segundo movimiento del artículo, planteará desafíos ético-políticos para que la investigación científica podemos para llevar a cabo un diálogo intercultural que promueva los derechos humanos. Argumentaremos que para romper con el extractivismo epistémico es necesario reconocer como legítimas las diferentes formas de producción y expresión de conocimiento, así como reconocer a sus conocedores como legítimos, es decir, como sujetos de conocimiento y derechos, con atención a sus luchas y demandas y con retribución por sus enseñanzas.Diante de demandas contemporâneas no campo da luta por direitos e, especialmente, diante da devastação ambiental que obriga a repensar o modo como se estrutura o mundo ocidental hegemônico, é possível notar uma transformação dos temas das pesquisas científicas nas universidades, que vêm buscando um diálogo intercultural e o resgate de saberes ancestrais. Neste contexto, têm surgido diversos questionamentos no que tange à forma como esse diálogo ocorre, de maneira a compreender se a inclusão de saberes não hegemônicos promove transformações estruturais ou se caracteriza como uma mudança funcional para o neoliberalismo e a sua lógica colonial, o que vem sendo chamado de “extrativismo epistêmico” ou “pirateamento de saberes”. Com o objetivo de apresentar o problema do extrativismo epistêmico, este artigo discutirá, inicialmente, o problema da etnobiopirataria como a mais alta expressão dessa mentalidade extrativista, e, no segundo movimento do artigo, levantará desafios ético-políticos para que a pesquisa científica possa de fato realizar o diálogo intercultural promovendo os direitos humanos. Defenderemos que para romper com o extrativismo epistêmico é necessário reconhecer como legítimas diferentes formas de produção e expressão de conhecimentos, bem como reconhecer como legítimos/as seus/suas conhecedores/as, isto é, como sujeitos de saberes e de direitos, com atenção a suas lutas e demandas e com a retribuição por seus ensinamentos

    Filosofias para além do excepcionalismo humano: ecologias nas costuras entre mundos

    Get PDF
    O Antropoceno é fomentado pelas consequências de um ideal de humanidade superior e separado do que se entende por natureza, cuja elaboração conceitual recebeu contribuições de filósofos renomados. Neste contexto, este artigo busca por meio das filosofias não hegemônicas que foram silenciadas pela colonialidade, repensar a forma como entendemos a humanidade e a natureza, dialogando com ecologias para além do excepcionalismo humano e do discurso do desenvolvimento sustentável. Dessa forma, pretendemos evocar um viés ecológico e não antropocêntrico da filosofia que rompa com o dualismo humanidade/natureza e que esteja mais conectado com a maneira como a vida acontece no planeta que vivemos.

    Uma proposta de filosofia além da esfera verbal para um pensamento descolonizado

    Get PDF
    This thesis investigated the relation between philosophy and the practice of writing texts in order to treat the following issue: There are alternative ways of expression and development of philosophy beyond those related to resources of verbal language? As there seems to be a necessary connection between philosophy and verbal language in the Western philosophical tradition, we aim to rethink philosophical practices within the university and to analyze the existing potential of various formats of thinking. Initially, we present the contributions of an inter/multidisciplinary approach to philosophy, pointing to the paradigm of complexity as an appropriate resource for investigating contemporary philosophical problems. We understand that the complexity paradigm has been designed to provide a shift in philosophy that takes it beyond the realm of verbal language. As a case study, we discuss the central features of Brazilian philosophy in the context of the public university. In this context, we analyze the limits of verbal language as an expression of thoughts. Finally, we discuss the potential of non-verbal forms in philosophical reflection, analyzing their contributions and limits for the development of genuine philosophizing. Neste artigo investigamos a relação entre a Filosofia e a prática de escrita de textos de maneira a tratar do seguinte problema: Existem formas alternativas de expressão e desenvolvimento da Filosofia além daquelas relacionadas a recursos da linguagem verbal? Como parece haver, na tradição filosófica Ocidental, uma vinculação necessária entre a Filosofia e a linguagem verbal, temos como objetivo repensar as práticas filosóficas dentro da universidade e analisar a potencialidade de pensamentos existente em diversos formatos de pensar. Inicialmente apresentamos as contribuições de uma abordagem inter/multidisciplinar para a Filosofia, de modo a apontar o paradigma da complexidade como um recurso apropriado para investigar problemas filosóficos da contemporaneidade. Entendemos que o paradigma da complexidade tem se delineado de forma a proporcionar uma virada na Filosofia que extrapola o domínio da linguagem verbal. Como um estudo de caso, discutimos características centrais da Filosofia brasileira no contexto da universidade pública. A partir da caracterização da Filosofia na universidade brasileira, analisamos os limites da linguagem verbal como forma de expressão de pensamentos. Por fim, discutimos o potencial de formas não verbais na reflexão filosófica, analisando suas contribuições e limites para o desenvolvimento de um filosofar genuíno

    A tradição filosófica e o eurocentrismo: como decolonializar o filosofar e o ensino de Filosofia contemporâneo?

    Get PDF
    The history of dominant Western Philosophy contributed strongly to the colonization and racist processes by establishing hierarchies based on the concept of Eurocentric reason. Among the ideologies with the greatest impact on coloniality we can cite the Eurocentric dualism that separates body and reason and the myth of the existence of a state of nature. In this sense, Philosophy has great responsibility in coloniality and we believe that its teaching has as an obligation to unwind such ideologies. In view of this article, we aim to highlight the Eurocentric assumptions of Philosophy in order to think about a decolonial teaching and that is corresponds to contemporary problems, usually caused by Western logic itself. We will argue that a decolonial teaching of Philosophy needs to break with eurocentric hierarchies and value experience as a form of knowledge.A história da Filosofia ocidental dominante contribuiu fortemente para a colonização e para o delineamento de processos racistas através do estabelecimento de hierarquias baseadas no conceito de razão eurocêntrico. Entre as ideologias com maior impacto na colonialidade podermos citar o dualismo eurocêntrico que separa corpo e razão e o mito da existência de um estado de natureza. Nesse sentido, a Filosofia tem grande responsabilidade na colonialidade e acreditamos que seu ensino tem como obrigação descontruir tais ideologias. Diante disso, nesse artigo temos como objetivo evidenciar os pressupostos eurocêntricos da Filosofia a fim de pensar um ensino decolonial e que esteja à altura dos problemas contemporâneos, em geral causados pela própria lógica ocidental. Defenderemos que um ensino de Filosofia decolonial precisa romper com as hierarquias eurocêntricas e valorizar a experiência como forma de conhecimento

    Repensando O Lugar Da Representação, Da Transmissão E Da Experiência No Ensino Da Filosofia

    Get PDF
    Será que o conhecimento pode ser transmitido de forma representacional, por meio de uma explicação, sem que aquele que aprende faça uma experiência por si só daquilo que aprende? Este artigo, amparando-se no pensamento de Hume, Deleuze, Rancière e Gallo, pretende mostrar que somente a experiência com o objeto pode promover a aprendizagem efetiva, violentando o pensamento para que este busque por si só seu sentido e forme sua própria apreensão.41p. 46-63Filosofia Da Educaçã

    Ensino de Filosofia em espaços não formais: notas de uma experiência

    Get PDF
    This article presents the findings of the university extension project “Philosophy teaching in non-formal spaces” and explains both the process of its implementation in practical terms and its philosophical developments. The general idea was to create a space to offer an experience at philosophizing, different from the one established in formal settings (school). Due to previous experiences regarding Philosophy teaching in institutional formalities, we tried to overflow the limits of these spaces, by converting the classical teaching into a dialogical dimension of learning and creating new spaces for thinking. In summary, this article has allowed us to explore some implications about what we have planned and henceforth what we have been experiencing: our own construction of meaning about teaching and learning Philosophy, especially of what it means to think philosophically.Este artigo tem como objetivo apresentar os resultados do projeto de extensão “Ensino de filosofia em espaços não formais”, explicitando basicamente os processos de sua execução em termos práticos tanto quanto os desdobramentos filosóficos de seu transcorrer. Em princípio a ideia geral do projeto consistiu em criar um espaço dedicado às possibilidades de experiência com o filosofar que produzisse aos participantes um modo de relação com a filosofia diferente daquele estabelecido em ambientes formais como, por exemplo, a instituição escolar. Devido às experiências anteriores no que se refere ao ensino de filosofia demarcado pelas formalidades institucionais, procuramos transbordar esses espaços convertendo o ensino clássico em uma dimensão dialógica de aprendizagem e de criação de novos espaços de pensamento. Respaldados pelas contribuições filosóficas de Gilles Deleuze e Jacques Rancière, procuramos desterritorializar o ensino da filosofia de sua tradição histórica, afirmando-o eventualmente nas potencialidades criativas do pensar, na contingência das afecções, no encontro com os signos. Em síntese, a escrita deste texto nos permite explorar algumas implicações daquilo que projetamos e do que vivenciamos doravante nossa própria construção de sentido acerca do ensinar e do aprender filosofia, principalmente do que significa pensar filosoficamente

    EDITORIAL

    Get PDF
    É com muita satisfazação que lançamos mais uma edição da Kínesis - Revista de Estudos dos Pós-Graduandos em Filosofia, compondo o Volume 7, Número 13. A presente edição é constituída por 20 artigos e 1 resenha
    corecore