10 research outputs found

    Literatura, loucura e autoria feminina: maura lopes cançado em sua autorrepresentação da escritora louca

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    Resumo Este artigo analisa a obra Hospício é Deus (1965), de Maura Lopes Cançado, na qual se apresenta uma perspectiva feminina sobre a insanidade a partir da autorrepresentação de uma escritora louca. Além de peça de inegável qualidade estética, a obra em estudo carrega em si uma elevada carga de subversão porque lida com a desestruturação da estabilidade do universo patriarcal e põe em questão não apenas os pressupostos da lógica racional, mas sobretudo os valores literários canonizados, ao acolher e legitimar a voz de uma minoria durante muito tempo silenciada. Ao extrapolar o espaço da interioridade e atingir o campo da cultura, a obra se reveste de valor literário e político.Palavras-chaveautorrepresentação literária, literatura brasileira, criação literária, loucura e literatura

    DO SUSSURRO AO GRITO: ESCRITOS AUTOBIOGRÁFICOS DE CAROLINA MARIA DE JESUS E MAURA LOPES CANÇADO

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    O naufrágio simbólico em vida pode representar o fim das esperanças. Mas tem, por vezes, o poder de materializar, de forma contundente e irrevogável, vozes até então silentes. Esse movimento é observado na produção autobiográfica das escritoras Carolina Maria de Jesus e Maura Lopes Cançado, autoras de Quarto de despejo – diário de uma favelada e Hospício é Deus, respectivamente. A partir da análise de suas obras, pode-se inferir que seus escritos, que vão do sussurro ao grito, têm a capacidade de empoderá-las, alçando-as de um espaço de dor e dando-lhes a possibilidade de ressignificar seus universos. Esta leitura parte do diálogo estabelecido entre os dois textos, valendo-se de teóricos como Mikhail Bakhtin e Phillipe Lejeune, dentre outros

    Outras alteridades:: apresentação

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    Presentation of the dossier about Other Alterities.Presentación de la sección temática sobre Otras Alteridades, publicada en el número 54 de la revista Estudios de Literatura Brasileña Contemporánea.Apresentação da seção temática sobre Outras Alteridades, publicada no número 54 da revista Estudos de Literatura Brasileira Contemporânea

    À Sombra de um Riso Amargo: A Utopia Vencida em O Exército de um Homem Só de Moacyr Scliar

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    O cômico é um ingrediente significativo nas obras de Moacyr Scliar, especialmente em O exército de um homem só. Entretanto, o riso que provém de sua forma irônica de representação literária não é um riso de pura descontração, mas a denúncia de um vazio, de algo que não se articula como seria de se esperar. Assim, o objetivo deste artigo é analisar o modo como se processa a construção da comicidade na obra, desvendando os mecanismos empregados com vistas a fazer rir o leitor. Busca-se elucidar a forma pela qual o autor, contando uma história envolvente, pode provocar esse relaxamento, seguido da reflexão essencial que está no espírito do texto artístico. The comic is an important element in the works of Moacyr Scliar, especially in O exército de um homem só. But the laughter provoked by his ironic form of literary representation is not a kind of relaxing laughter, but the denunciation of emptiness, once nothing is articulated as it would be of waiting. So, the objective of this article is to analyze the way as comicity is constructed in that work, unmasking the mechanisms used to make the reader to laugh. The intention is to elucidate the form by which the author, telling an involving history, provokes the relaxation, followed of the essential reflection that exists in the spirit of an artistic text.

    O “falatório” de Stela do Patrocínio: a palavra como resistência ou a linguagem da loucura

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    The literary writing may appear as a space of representation of madness in a human, philosophical, and aesthetic approach. The object of analysis of the present work ”“ the work Reino dos bichos e dos animais é o meu nome (2001), by Stela do Patrocínio, shake up the boundaries between madness and reason, the literary language and madness as a language. In this text, the interrupted and emptied voice of an insane woman emerges socially searching, by word, an understanding of her tragic experience or only one communication channel with the other. The analysis intends to understand how the insane writer uses verbal and literary creation to stand and speak from her conviviality with the label and stigma and to make a critique of her own madness.  A escrita literária pode figurar como espaço de representação da loucura em um viés humano, filosófico, estético. No objeto de análise do presente trabalho ”“ a obra Reino dos bichos e dos animais é o meu nome (2001), de Stela do Patrocínio, abalam-se as fronteiras entre loucura e razão, linguagem literária e a loucura como linguagem. Nesse texto, emerge a voz socialmente interrompida e esvaziada da mulher louca buscando pela palavra uma compreensão de sua experiência trágica ou apenas um canal de comunicação com o outro. A análise busca compreender como a louca utiliza a criação verbal e literária para se posicionar e falar a partir de seu convívio com o rótulo e o estigma e para fazer uma crítica de sua própria loucura. &nbsp

    O desespero contemporâneo em Extensão do domínio da luta, de Michel Houellebecq

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    Na sociedade contemporânea, dominada pelo dinheiro e pela erotização desenfreada, as relações humanas caminham rumo ao aniquilamento. O atual estágio de evolução do sistema capitalista caracteriza-se por uma substituição das mercadorias pelas imagens como mediadoras das relações humanas, e o espetáculo tornou-se a forma mais desenvolvida de relação entre as pessoas. Nos espaços sociais, os indivíduos confundem-se em multidões amorfas, sem rostos e sentimentos, incapazes de resistir às imposições e apelos do esquema da indústria cultural, que os reduz a consumidores de artefatos e imagens, incessantemente produzidos. Nesse contexto escatológico é que se move o narrador do romance Extensão do domínio da luta, do escritor francês Michel Houellebecq, obra que ele próprio classifica como um romance da aprendizagem do desgosto, no qual expõe seu desencanto com a humanidade e o desespero em relação à própria vida. Em um mundo que promove a massificação do indivíduo, a escrita literária vem representar um espaço privilegiado de manifestação da subjetividade, conforme se observa na obra em análise. Nela, o narrador dá sua resposta, a partir da condição de massacrado pelas dinâmicas desse mundo, a uma sociedade homogeneizada: na ficção, o indivíduo reina livre e solitário, mas triunfante e concentrado na experiência do existir. Baseada no caos e na barbárie da vida contemporânea, a linguagem da obra assume a crueza de seu conteúdo, sintetizado no desencanto com um cotidiano altamente regrado, previsível e normatizado em todos os seus aspectos. O texto literário constrói, enfim, uma severa crítica ao “progresso” tecnológico e à informatização do cotidiano, que trazem em si uma acentuada pobreza existencial, com a reificação do homem e a fossilização das relações humanas, e acabam por levar o narrador da obra a uma situação de tensão e desespero

    Olhando sobre o muro : representações de loucos na literatura brasileira contemporânea

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    Tese (doutorado)—Universidade de Brasília, Instituto de Letras, Departamento de Teoria Literária e Literaturas, 2008.O objetivo desta tese é contribuir com a reflexão acerca das formas de representação de grupos marginalizados na literatura brasileira, especificamente no que se refere aos indivíduos psiquicamente perturbados – referidos como loucos. Tomada como objeto social, a loucura é construída por uma rede de discursos que circulam socialmente em relação ao ser do louco e da especificidade da loucura. Se o fenômeno pode ser tratado sob diferentes perspectivas, também o discurso literário, como fonte e espaço de representações, contradições e tensões, pode expressar um saber sobre esse objeto, possibilitando uma compreensão do louco enquanto alteridade, e mesmo como uma identidade social, considerado sujeito da diferença. Partindo do estudo de obras ficcionais literárias relativamente recentes, esta tese aponta a seguinte constatação: conforme o modo de representação da personagem louca, o texto literário estaria operando uma visão emancipatória em relação a esse grupo marginalizado, ou, por outro lado, reforçaria os estereótipos e os preconceitos existentes no espaço social, ao passo que as uto-representações centram-se na linguagem e na escrita como estratégias para revelação de novas identidades sociais. Mediante uma análise estrutural da composição da personagem, examina-se o modo de representação na construção da identidade e da alteridade, apontando elementos usados nos textos que configuram identidades deterioradas pelo estigma de loucas. Este estudo contempla obras narrativas ficcionais da literatura brasileira publicadas no período compreendido entre 1951 e 2001. Enquanto as representações da alteridade são colhidas dos textos literários ―A doida‖ (1951), de Carlos Drummond de Andrade; ―Sorôco, sua mãe, sua filha‖ (1962), de Guimarães Rosa; ―As voltas do filho pródigo‖ (1970), de Autran Dourado; Armadilha para Lamartine (1976), de Carlos Sussekind; O exército de um homem só, (1973), de Moacyr Scliar; e O grande mentecapto (1979), de Fernando Sabino; as uto-representações são obtidas das obras Hospício é Deus (1965), de Maura Lopes Cançado, e Reino dos bichos e dos animais é o meu nome (2001), de Stela do Patrocínio. Para fundamentar teoricamente a discussão sobre o problema, toma-se como base a teoria da narrativa, com uma abordagem em que se cruzam pressupostos das teorias da identidade e da Teoria das Representações Sociais com o pensamento filosófico de Michel Foucault. No desenvolvimento da análise, considera-se ainda a contribuição das pesquisas da antropologia social, de Erving Goffman, em diálogo com a visão política dos estudos culturais, além de textos de antipsiquiatras, como Thomas Szasz e David Cooper, que debatem o estatuto da loucura no mundo contemporâneo. __________________________________________________________________________________________ RÉSUMÉL‘objectif de cette thèse est de réfléchir sur les formes de représentation de groupes marginalisés dans la littérature brésilienne, spécifiquement en ce qui concerne les personnes psychiquement aliénées – considérées comme des fous. Prise comme objet social, la folie est construite par un réseau de discours qui circulent socialement concernant l‘être du fou et de la spécificité de la folie. Si le phénomène peut être traitée sous différentes perspectives, le discours littéraire, source et espace de représentations, contradictions et tensions, peut lui aussi exprimer un savoir sur cet objet, rendant possible une compréhension du fou en tant qu‘altérité, et même comme une identité sociale, en tant que sujet de différence. En partant de l‘étude d‘oeuvres de fiction littéraires relativement récents, cette thèse vérifie la suivante hypothèse: selon le mode de représentation du personnage fou, le texte littéraire opérerait une vision emancipatrice concernant ce groupe marginalisé, ou, par ailleurs, renforcerait les stéréotypes et les préjugés existants dans l‘espace social, tandis que les auto-représentations se centrent dans la langue et dans l‘écriture comme stratégies pour la manifestation de nouvelles identités sociales. Moyennant une analyse structurelle de la composition du personnage, on examine la forme des représentations dans la construction de l‘identité et de l‘alterité, indiquant des éléments utilisés dans les textes qui configurent des identités détériorées par le préjugé qu‘elles sont folles. Cette étude envisage des oeuvres narratives de fiction de la littérature brésilienne publiées entre 1951 et 2001. Tandis que les représentations de altérité sont choisies dans des textes littéraires ―A doida‖ (1951), de Carlos Drummond de Andrade; ―Sorôco, sua mãe, sua filha‖ (1962), de Guimarães Rosa; ―As voltas do filho pródigo‖ (1970), de Autran Dourado; Armadilha para Lamartine (1976), de Carlos Sussekind; O exército de um homem só, (1973), de Moacyr Scliar; et O grande mentecapto (1979), de Fernando Sabino; les autoreprésentations sont choisies dans les oeuvres Hospício é Deus (1965), de Maura Lopes Cançado, et Reino dos bichos e dos animais é o meu nome (2001), de Stela do Patrocínio. Pour fonder théoriquement le débat du problème, on choisit comme base la théorie du récit, avec un abordage dans lequel se croisent des préssuposés des théories de l‘identité et de la Théorie des Représentations Sociales et la pensée philosophique de Michel Foucault. Au cours de l‘analyse, on considère encore la contribution des recherches de l‘anthropologie sociale, d‘Erving Goffman, en dialogue avec la vision politique des études culturelles, et des textes d‘antipsiquiatres, comme Thomas Szasz et David Cooper, qui discutent le statut de la folie dans le monde contemporain

    Sonhos roubados de umas meninas da esquina: traduções intersemióticas ou dialogismo intertextual entre literatura e cinema brasileiros

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    O livro As meninas da esquina: diários dos sonhos, dores e aventuras de seis meninas do Brasil, de Eliane Trindade, traz o relato de seis adolescentes e jovens que vivem da prostituição, e inspirou o filme Sonhos roubados, dirigido por Sandra Werneck. A partir desses produtos culturais, propõe-se analisar como a linguagem e o discurso dessas adolescentes e jovens brasileiras participam da construção de suas identidades, bem como se busca compreender as estratégias do processo tradutório de uma obra verbal para uma audiovisual e suas ressignificações. Busca-se traçar um panorama dialógico apontando as aproximações e distanciamentos na representação desse grupo de adolescentes e jovens nos dois diferentes gêneros e suportes. Com base em categorias teóricas desenvolvidas por Mikhail Bakhtin, especialmente noções como intertextualidade, dialogismo, polifonia, e gêneros discursivos, entre outras, pretende-se explicitar o processo de construção identitária iniciada com o "diário de encomenda", culminando com a ficcionalização do que, a priori, aparece deguisé como "real"

    Outras alteridades: apresentação

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    Presentación de la sección temática sobre Otras Alteridades, publicada en el número 54 de la revista Estudios de Literatura Brasileña Contemporánea.Presentation of the dossier about Other Alterities.Apresentação da seção temática sobre Outras Alteridades, publicada no número 54 da revista Estudos de Literatura Brasileira Contemporânea
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