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Eva Maria de Jesus (tia Eva)
Por meio das memórias dos idosos da comunidade negra Tia Eva, localizada em Campo Grande/MS, procuro, no presente artigo, apresentar a trajetória de vida da ex-escrava Eva Maria de Jesus (tia Eva) e, como consequência, a história da formação dessa comunidade. A memória sobre tia Eva também revelou as interações que ocorreram entre ex-escravos da região Sul de Mato Grosso (atual Mato Grosso do Sul) e ex-escravos migrantes das fazendas escravocratas do Triângulo Mineiro e do sul do estado de Goiás. Essas interações provocaram o nascimento do que denomino de “Irmandade” (categoria nativa), que uniu seus membros com o objetivo comum de realizar o projeto camponês e que pode ser resumido na tríade terra, família e trabalho. Procuro evidenciar também que os membros da Irmandade formaram intrínsecas ligações (políticas, socioeconômicas e culturais) que denominei de rede-irmandade. O foco dessa rede era o de ajuda e apoio mútuos, além da preservação e do acesso a terra, ou seja, o projeto de reprodução social camponês. Esse projeto, além de ter estabelecido os vínculos de uma Irmandade formada por ex-escravos, direcionou a vida da ex-escrava Eva Maria de Jesus (tia Eva).Through the memories of the elderly at Aunt Eva’s black community in Campo Grande, state of Mato Grosso do Sul, I attempt to present the life history of former slave Eva Maria de Jesus (Aunt Eva) and, hence, how that community was created. Memories about Aunt Eva also show the way interactions occurred between ex-slaves from southern Mato Grosso (today’s Mato Grosso do Sul) and migrant ex-slaves from plantations in Triângulo Mineiro and southern Goiás state. These interactions originated what I call “Brotherhood” (a native category) by uniting its members around the common goal of carrying out their peasant project, summarized by the land, family, and work triad. I also try to show that Brotherhood members created internal ties (political, socio-economic, and cultural) I have dubbed Brotherhood networking. This networking focuses on mutual aid and conservation and access to land, that is, the peasant project of social reproduction. Besides the ties it created between a Brotherhood of former slaves, this project also guided the life of ex-slave Eva Maria de Jesus (aunt Eva)
Tia Eva: Trajetória de Vida de uma Ex-Escrava Doceira
Resumo: o artigo tem como objetivo descrever, por meio da memória coletiva dos idosos da comunidade negra Tia Eva, a trajetória de vida da ex-escrava doceira Eva Maria de Jesus
(tia Eva). Associado a essa trajetória, o artigo demonstra que alguns saberes e práticas alimentares constituídas pelos escravos, no interior do sistema escravagista, foram importantes,
na pós-abolição, para a coesão do grupo.
Palavras-chave: Memória. Escravidão. Alimentação
As comunidades negras rurais nas ciências sociais no Brasil : de Nina Rodrigues à era dos programas de pós-graduação em antropologia.
Proponho, neste artigo, traçar uma breve análise dos estudos sobre relações raciais, nas ciências sociais no Brasil, com o intuito de demonstrar que o foco dos estudos sociológicos e antropológicos sobre o negro estava delimitado predominantemente em contextos urbanos até a década de 1960. As comunidades negras rurais, vistas como “desagregadas culturalmente”, foram colocadas à margem desses estudos no período citado. Esse quadro só começou a ser modificado com a criação dos programas de pós-graduação em antropologia, os quais investigaram múltiplos temas que, aos poucos, deram visibilidade às comunidades negras rurais
Eva Maria de Jesus (tia Eva) : memórias de uma comunidade negra
Por meio das memórias dos idosos da comunidade negra Tia Eva, localizada em Campo Grande/MS, procuro, no presente artigo, apresentar a trajetória de vida da ex-escrava Eva Maria de Jesus (tia Eva) e, como consequência, a história da formação dessa comunidade. A memória sobre tia Eva também revelou as interações que ocorreram entre ex-escravos da região Sul de Mato Grosso (atual Mato Grosso do Sul) e ex-escravos migrantes das fazendas escravocratas do Triângulo Mineiro e do sul do estado de Goiás. Essas interações provocaram o nascimento do que denomino de “Irmandade” (categoria nativa), que uniu seus membros com o objetivo comum de realizar o projeto camponês e que pode ser resumido na tríade terra, família e trabalho. Procuro evidenciar também que os membros da Irmandade formaram intrínsecas ligações (políticas, socioeconômicas e culturais) que denominei de rede-irmandade. O foco dessa rede era o de ajuda e apoio mútuos, além da preservação e do acesso a terra, ou seja, o projeto de reprodução social camponês. Esse projeto, além de ter estabelecido os vínculos de uma Irmandade formada por ex-escravos, direcionou a vida da ex-escrava Eva Maria de Jesus (tia Eva).Through the memories of the elderly at Aunt Eva’s black community in Campo Grande, state of Mato Grosso do Sul, I attempt to present the life history of former slave Eva Maria de Jesus (Aunt Eva) and, hence, how that community was created. Memories about Aunt Eva also show the way interactions occurred between ex-slaves from southern Mato Grosso (today’s Mato Grosso do Sul) and migrant ex-slaves from plantations in Triângulo Mineiro and southern Goiás state. These interactions originated what I call “Brotherhood” (a native category) by uniting its members around the com-mon goal of carrying out their peasant project, summarized by the land, family, and work triad. I also try to show that Brotherhood members created inter-nal ties (political, socio-economic, and cultural) I have dubbed Brotherhood networking. This networking focuses on mutual aid and conservation and access to land, that is, the peasant project of so-cial reproduction. Besides the ties it cre-ated between a Brotherhood of former slaves, this project also guided the life of ex-slave Eva Maria de Jesus (aunt Eva)
As comunidades negras rurais nas ciências sociais no Brasil: de Nina Rodrigues à era dos programas de pós-graduação em antropologia
Proponho, neste artigo, traçar uma breve análise dos estudos sobre relações raciais, nas ciências sociais no Brasil, com o intuito de demonstrar que o foco dos estudos sociológicos e antropológicos sobre o negro estava delimitado predominantemente em contextos urbanos até a década de 1960. As comunidades negras rurais, vistas como “desagregadas culturalmente”, foram colocadas à margem desses estudos no período citado. Esse quadro só começou a ser modificado com a criação dos programas de pós-graduação em antropologia, os quais investigaram múltiplos temas que, aos poucos, deram visibilidade à s comunidades negras rurais
ALMEIDA, Alfredo Wagner Berno de; MOURÃO, Laís. 2017. Questões agrárias no Maranhão contemporâneo
O livro Questões agrárias no Maranhão contemporâneo analisa as relações sociais camponesas impactadas por projetos desenvolvimentistas, no estado do Maranhão. Assim, ao contrário do que poderia parecer, o termo “contemporâneo”, presente no título, contém a ideia crítica que os organizadores deste livro invocam; o exercício proposto procura romper a própria temporalidade e seus limites. A novidade desse termo, segundo os autores, “atém-se a processos históricos, reais, que não correspondem a “..
Pervasive gaps in Amazonian ecological research
Biodiversity loss is one of the main challenges of our time,1,2 and attempts to address it require a clear un derstanding of how ecological communities respond to environmental change across time and space.3,4
While the increasing availability of global databases on ecological communities has advanced our knowledge
of biodiversity sensitivity to environmental changes,5–7 vast areas of the tropics remain understudied.8–11 In
the American tropics, Amazonia stands out as the world’s most diverse rainforest and the primary source of
Neotropical biodiversity,12 but it remains among the least known forests in America and is often underrepre sented in biodiversity databases.13–15 To worsen this situation, human-induced modifications16,17 may elim inate pieces of the Amazon’s biodiversity puzzle before we can use them to understand how ecological com munities are responding. To increase generalization and applicability of biodiversity knowledge,18,19 it is thus
crucial to reduce biases in ecological research, particularly in regions projected to face the most pronounced
environmental changes. We integrate ecological community metadata of 7,694 sampling sites for multiple or ganism groups in a machine learning model framework to map the research probability across the Brazilian
Amazonia, while identifying the region’s vulnerability to environmental change. 15%–18% of the most ne glected areas in ecological research are expected to experience severe climate or land use changes by
2050. This means that unless we take immediate action, we will not be able to establish their current status,
much less monitor how it is changing and what is being lostinfo:eu-repo/semantics/publishedVersio