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A agenda de defesa do Brasil para a América do Sul
Este ensaio aborda a evolução da agenda de defesa do Brasil para a América do Sul desde o final da Guerra Fria. Argumenta-se que o maior protagonismo internacional brasileiro e sua disposição de ampliar suas capacidades militares, combinados com a adoção de uma estratégia que envolve a integração sub-regional, implicam em mudanças no panorama estratégico regional. Essa agenda, contudo, sofre constrangimentos de duas ordens. De um lado o país ainda padece de capacidades militares bastante limitadas e pouco coordenadas entre si e os países vizinhos, além de hesitar em arcar com os custos da liderança e da integração regional. De outro lado, os Estados Unidos, como potência hegemônica, embora apoie discursivamente a liderança regional brasileira,mantém sua agenda para a região focada em temas (narcotráfico, delitos transfronteiriços, não proliferação) e abordagens (militarização) distintas das propostas pelo Brasil.Mesa 20: Paz y guerra entre las naciones. Política exterior y de defensa.Facultad de Humanidades y Ciencias de la Educació
Pontos de contato ou de atrito? Documentos de defesa nacional do Brasil e dos Estados Unidos
This paper investigates the topics that reveal disagreements and convergences in defense and international security policies in Brazil and the United States. Assessing the chances of friction between the two countries, one argues that the documents which makes public both countries strategies reveal important changes in the guidelines issued by each country to the other and that, despite ambiguities and mismatches, since 2010, there is more discursive space from U.S. to Brazil set agenda and negotiate his strategic interests.Este artigo investiga os tópicos que revelam os dissensos e as convergências nas políticas de defesa e segurança internacional do Brasil e dos Estados Unidos. Avaliando as possibilidades de atrito e entre os dois países, argumenta que os documentos que tornam públicas as estratégias revelam mudanças importantes no enquadramento conferido por cada país ao outro e também que, apesar de ambiguidades e descompassos, desde 2010, há mais espaço discursivo dos Estados Unidos para o Brasil definir agenda e negociar seus interesses estratégicos
Brasil, think tanks e o sistema internacional : uma análise de discurso
With the arrival of the Worker’s Party to power in 2003, Brazil engaged in expanding its international political participation through the BRICS, IBAS, and other multilateral forums. United States-based think tanks noticed this heightened engagement and subsequently produced a considerable volume of research about Brazilian foreign policy. This article employs discourse analysis as its research method and post-structuralist and post-colonial theoretical approaches to understand the representation that Brookings and CFR publications crafted about Brazil as an “emerging” or “rising” power. Specifically, we argue that Brazil was typically portrayed in a positive light. However, this constitution was based on hierarchical and racialized thinking that seeks to reaffirm preexisting global power relations.Com a chegada do Partido dos Trabalhadores ao poder em 2003, o Brasil iniciou uma expansão de sua participação política internacional por meio dos BRICS, IBAS e outros fóruns multilaterais. Os think tanks sediados nos Estados Unidos perceberam esse aumento no envolvimento político e subsequentemente produziram um volume considerável de pesquisas sobre a política externa brasileira. Este artigo emprega a análise do discurso como método de pesquisa, bem como abordagens teóricas pós-estruturalistas e pós-coloniais, para entender a representação que as publicações de Brookings e CFR elaboraram sobre o Brasil como um potencia “emerging” ou “rising”. Especificamente, argumentamos que o Brasil era tipicamente retratado de maneira positiva. No entanto, essa constituição foi baseada num pensamento hierárquico e racializado, que busca reafirmar relações de poder globais preexistentes
Brasil, Think Tanks e o Sistema Internacional: uma análise de discurso
With the arrival of the Worker’s Party to power in 2003, Brazil engaged in an expansion of its international political participation through the BRICS, IBAS, and other multilateral forums. United States-based think tanks noticed this heightened engagement and subsequently produced a considerable volume of research about Brazilian foreign policy. This article employs discourse analysis as its research method, as well as post-structuralist and post-colonial theoretical approaches, to understand the representation that Brookings and CFR publications crafted about Brazil as an “emerging” or “rising” power. Specifically, we argue that Brazil was typically portrayed in a positive light. However, this constitution was based on hierarchical and racialized thinking that seeks to reaffirm preexisting global power relations.Com a chegada do Partido dos Trabalhadores ao poder em 2003, o Brasil iniciou uma expansão de sua participação política internacional por meio dos BRICS, IBAS e outros fóruns multilaterais. Os think tanks sediados nos Estados Unidos perceberam esse aumento no envolvimento político e subsequentemente produziram um volume considerável de pesquisas sobre a política externa brasileira. Este artigo emprega a análise do discurso como método de pesquisa, bem como abordagens teóricas pós-estruturalistas e pós-coloniais, para entender a representação que as publicações de Brookings e CFR elaboraram sobre o Brasil como um potencia “emerging” ou “rising”. Especificamente, argumentamos que o Brasil era tipicamente retratado de maneira positiva. No entanto, essa constituição foi baseada num pensamento hierárquico e racializado, que busca reafirmar relações de poder globais preexistentes.
 
Ideologia do autoritarismo militar no Brasil: a gênese no exército
O artigo analisa as ideias e os espaços de produção e circulação dessas ideias que foram articuladas na ideologia que informou e legitimou o protagonismo político do Exército Brasileiro no século XX. Para tanto, discute o emprego da categoria ideologia como ferramenta analítica para a ação política sustentando que a polissemia do termo demanda uma definição articulada com o objeto investigado, uma vez que a produção de um determinado discurso ideológico deve ser investigada junto aos agentes, aos espaços e às crenças daqueles que o formulam e o empregam nas suas lutas políticas. Posteriormente, o texto aborda as ideias predominantes entre os militares do polo intervencionista-controlador do Exército e os espaços institucionais nos quais essas ideias foram articuladas e difundidas a ponto de se tornarem, não sem disputas, dominantes no meio militar durante o período abordado
Da II guerra mundial à guerra fria : conexões entre os exércitos do Brasil e dos Estados Unidos
Este texto aborda, a partir da estruturação e funcionamento de canais institucionais, a cooperação e infl uência norte-americana sobre o Exército Brasileiro na década de 1940 e início de 1950. Estes canais foram as comissões militares mistas que funcionaram em Washington e no Rio de Janeiro a partir de 1942, os programas de visita e treinamento de militares brasileiros nos EUA e os programas de assistência norte-americana às instituições de ensino militar no Brasil. Tais programas, somados às transferências de material bélico, resultaram numa forte infl uência organizacional, doutrinária e política norteamericana sobre as Forças Armadas brasileiras, particularmente sobre o exército. Tal infl uência, contudo, também gerou resistências, adaptações e tensões no corpo de ofi ciais
A guerra das Malvinas/Falklands e o pensamento militar brasileiro: em busca da autonomia e da dissuasão
O artigo aborda o impacto da guerra das Malvinas/Falklands no pensamento militar brasileiro. Analisa as percepções de militares brasileiros sobre diferentes aspectos do conflito publicadas em livros e periódicos profissionais, bem como recomendações feitas e seus desdobramentos em mudanças organizacionais. Argumenta-se que a guerra reforçou a estratégia de busca por autonomia e de instrumentos que dissuadissem a presença das grandes potências na região. Assim, apesar das restrições orçamentárias, os programas de produção doméstica armamentos foram mantidos e cada uma das forças promoveu reformas com vistas a incorporar algumas das lições extraídas da guerra. Paralelamente, foram adotadas iniciativas diplomáticas de concertação regional que criassem constrangimentos políticos a atuação de potências extrarregionais, como a Zona de Paz e Cooperação do Atlântico Sul
Argentina and Brazil in the view of the United States' think tanks
No decorrer dos anos 2000, Argentina e Brasil chamaram atenção dos think tanks dos Estados Unidos dedicados à América Latina e aos países emergentes, por conta da eleição de governantes progressistas e do maior protagonismo externo desses países, expresso em iniciativas como a liderança da MINUSTAH, a criação de novos mecanismos de concertação regional e na adoção de posições críticas ao sistema liderado pelos EUA, embora não necessariamente identificadas com o bolivarianismo. Esse papel suscitou considerável produção de “experts” a respeito dos dois países no sentido de decifrar essa nova realidade e de orientar a política dos Estados Unidos para a região. O presente estudo analisa como a produção ideacional dos think tanks dos EUA abordou o ciclo de maior protagonismo externo da Argentina e do Brasil, as crises domésticas e os novos governos que chegaram ao poder em 2015 e 2016. São escrutinadas as temáticas dominantes e enfatizados, na análise, os aspectos securitários e estratégicos considerados pelos think tanks como mais relevantes para os Estados Unidos, assim como as recomendações políticas feitas por tais organizações.In the 2000s, Argentina and Brazil caught the attention of the United States think tanks devoted to Latin America and emerging countries. The election of center-left rulers that increased the foreign protagonism of their countries through initiatives such as the leadership of MINUSTAH, the creation of new regional organizations and the criticism to the US-led international order, although not necessarily identified with Bolivarianism, really changed the regional landscape. This role has given rise to considerable production of “experts” about the two countries in order to decipher this new reality and to guide US policy towards the region. The present study analyzes how the ideational production of US think tanks addressed the cycle of greater external protagonism in Argentina and Brazil, the domestic crises and the new governments that came to power in 2015 and 2016. The text depicts the predominant issues and is focused on the analysis of the strategic and security aspects considered by the think tanks as most relevant to the United States, as well as the policy recommendations made by these organizations
Argentina e Brasil na visão dos think tanks dos Estados Unidos
No decorrer dos anos 2000, Argentina e Brasil chamaram atenção dos think tanks dos Estados Unidos dedicados à América Latina e aos países emergentes, por conta da eleição de governantes progressistas e do maior protagonismo externo desses países, expresso em iniciativas como a liderança da MINUSTAH, a criação de novos mecanismos de concertação regional e na adoção de posições críticas ao sistema liderado pelos EUA, embora não necessariamente identificadas com o bolivarianismo. Esse papel suscitou considerável produção de “experts” a respeito dos dois países no sentido de decifrar essa nova realidadee de orientar a política dos Estados Unidos para a região. O presente estudo analisa como a produção ideacional dos think tanks dos EUA abordou o ciclo de maior protagonismo externo da Argentina e do Brasil, as crises domésticas e os novos governos que chegaram ao poder em 2015 e 2016. São escrutinadas as temáticas dominantes e enfatizados, na análise, os aspectos securitários e estratégicos considerados pelos think tanks como mais relevantes para os Estados Unidos, assim como as recomendações políticas feitas por tais organizações
De pátria a nação: percursos da construção identitária no Uruguai ( 1810-1918)
Distancing itself from approaches that restrict the study of Uruguayan identitarian discourses to nationalistic formulas, this article sustains that the word “fatherland” played a central role in the political strugglesof the earliest decades of the country’s existence. “Fatherland” was more inclusive and more able to mobilize loyalties in times of wars and institutional fragility. Only at the end of the 19th century, with the consolidation of state sovereignty from Montevideo and the internal pacification of Uruguay, did identitarian discourses begin to use the category “nation”. However, its meaning was not consensual, reflecting political party cleavages of the period.Diferentemente de abordagens que limitam o estudo dos discursos identitários no Uruguai a formulações nacionalistas, este artigo sustenta que o termo “pátria” teve papel central nas lutas políticas das primeiras décadas de existência do país. “Pátria” mostrava-se mais inclusiva e capaz de mobilizar lealdades em tempode guerras e fragilidade institucional. Somente no final do século XIX, com a consolidação da soberania estatal a partir de Montevidéu e a pacificação interna do Uruguai, a categoria “nação” começou a embasaros discursos identitários. Contudo, seu significado não era consensual, e expressava as clivagens político-partidárias do período
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