E me visitastes quando estive preso: estudo antropológico sobre a conversão religiosa em unidades penais de segurança máxima

Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas. Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social.Uma das "verdades" a respeito do universo prisional - produzida, sobretudo, pelos funcionários do quadro técnico-administrativo das unidades penais - é a de que os detentos convertidos durante o cumprimento de suas penas estariam "se escondendo atrás da Bíblia". A declaração de uma opção religiosa e/ou a participação nos rituais religiosos seria um mecanismo utilizado pelo detento para simular um comportamento que o protegeria das "confusões da cadeia" e traria benefícios, sobretudo materiais. Pesquisando a conversão religiosa, em especial às religiões de orientação pentecostal, em duas unidades masculinas de segurança máxima do Departamento Penitenciário do Paraná, obtive "testemunhos" que problematizam esta "verdade". Meu objetivo, neste trabalho, é analisar a conversão religiosa como um processo estratégico que altera as relações sociais e as fronteiras simbólicas existentes entre os diferentes grupos de detentos e funcionário

Educating senses, guiding a practice an ethnography of practices of assistance among Brazilian evangelicals

A presente tese toma as práticas assistenciais evangélicas como objeto privilegiado para a análise das relações entre religião e esfera pública, aqui compreendida como uma arena de mediação de sentidos. Amparada pela abordagem desenhada por Habermas, formula-se a hipótese de que a assistência seria uma espécie de baliza que permite atribuir verossimilhança a determinados posicionamentos públicos, dado que faculta conexões muito singulares entre diferentes campos discursivos (como religião, direito, política e economia) e que, quanto mais complexas forem estas conexões, maior abrangência terá a argumentação e, por consequência, tanto maior será a probabilidade de ela ser levada em consideração na esfera pública. Elementos oriundos da teoria da prática formulada por Bourdieu também são utilizados para analisar estas relações. Disto resulta propor que os diferentes arranjos que permitem ampliar os sentidos atribuídos à assistência estejam intrinsecamente relacionados a disposições que, embora sejam compartilhadas, podem ser diferentemente acionadas em cada contexto de ação. Para refletir sobre em que termos estas relações são produzidas e como são agenciados diferentes códigos compartilhados, toma-se como recorte empírico a Igreja Universal do Reino de Deus e a Rede Evangélica Nacional de Ação Social, investindo-se na produção de uma etnografia de seus agentes e de suas práticasThis dissertation takes evangelical practices of assistance as a privileged object to analyze the relations between religion and the public sphere, which are understood as an arena for the mediation of meanings. Based on the approach designed by Habermas, the hypothesis is that assistance is something that would guide us in attributing verisimilitude to certain public positions, for it allows for very particular connections between different discursive fields (such as religion, law, politics, economy), and the more complex these connections are, the more encompassing argumentation will be; as a consequence, the greater is the probability that it will be taken into consideration in the public sphere. Elements from the theory of practice formulated by Bourdieu are also used to analyze these relations. The result is that the different arrangements that make it possible to broaden the meanings attributed to assistance are closely related to dispositions which, although they are shared, may be resorted to differently in each context of action. In order to think of how these relations are produced and how different codes shared are arranged, an ethnography of the agents and practices of the Universal Church of the Kingdom of God and the Brazilian National Evangelical Network of Social Action was carried ou

"Y me visitaste cuando estuve preso" : sobre la conversión religiosa en unidades penales de seguridad máxima

La conversión religiosa es, muchas veces, entendida como un acto individual, dado que se realiza a partir de diferentes motivaciones. Cuando se trata de la conversión religiosa de detenidos, frecuentemente se esgrimen dos hipótesis para explicar este fenómeno: o estos detenidos estarían "verdaderamente arrepentidos", o estarían apenas simulando la conversión, buscando beneficios materiales y "protección por detrás de la Biblia". A lo largo del trabajo juzgué interesante demostrar cómo el fenómeno de la conversión religiosa, en especial a iglesias de orientación pentecostal, fue socialmente producido, obedeciendo, como escribe Bourdieu, al "sentido del juego". De esta forma, la conversión puede ser "leída" como una acción calculada a partir de los bienes simbólicos y materiales disponibilizados durante y después de la operación de conversión, sin que sea necesariamente una acción deliberadamente consciente "para engañar a los demás". El proceso de conversión religiosa al pentecostalismo no se fija, por tanto, en los dominios de lo religioso propiamente dicho, sino que significa también la aprehensión del mundo social por un nuevo prisma. Torna posible un cambio del status religioso y prisional del detenido a partir de las normas y valores del grupo religioso en el que se congrega, concediéndole una nueva visión de mundo y nuevas posibilidades de inserción en la institución penal y "en el mundo". Las "salvaciones" posibles en este universo son efectos de este proceso estratégico que no se limita a los detenidos convertidos, es decir, a aquellos que se declaran como tales, sino que envuelve también a los no convertidos y a la propia institución penal

"SOB A PROTEÇÃO DA BÍBLIA"? A CONSERVAÇÃO AO PENTECOSTALISMO EM UNIDADES PENAIS PARANAENSES

O presente artigo apresenta algumas conclusões da pesquisa sobre a conversão religiosa, em especial às religiões de orientação pentecostal, em duas unidades masculinas de segurança máxima do Departamento Penitenciário do Paraná. O foco de atenção recai sobre a compreensão da conversão religiosa por parte dos diferentes funcionários do quadro técnico-administrativo. Tal ênfase permite, por um lado, percorrer alguns dos múltiplos significados atribuídos às religiões pentecostais no interior das unidades penais e verificar como eles “circulam” nesse campo. Por outro, possibilita apresentar ao leitor em que medida tal compreensão da conversão produz uma particular transformação das representações sobre os detentos, alterando relações sociais e fronteiras simbólicas entre os diversos grupos de detentos e funcionários

"Y me visitaste cuando estuve preso" : sobre la conversión religiosa en unidades penales de seguridad máxima

La conversión religiosa es, muchas veces, entendida como un acto individual, dado que se realiza a partir de diferentes motivaciones. Cuando se trata de la conversión religiosa de detenidos, frecuentemente se esgrimen dos hipótesis para explicar este fenómeno: o estos detenidos estarían "verdaderamente arrepentidos", o estarían apenas simulando la conversión, buscando beneficios materiales y "protección por detrás de la Biblia". A lo largo del trabajo juzgué interesante demostrar cómo el fenómeno de la conversión religiosa, en especial a iglesias de orientación pentecostal, fue socialmente producido, obedeciendo, como escribe Bourdieu, al "sentido del juego". De esta forma, la conversión puede ser "leída" como una acción calculada a partir de los bienes simbólicos y materiales disponibilizados durante y después de la operación de conversión, sin que sea necesariamente una acción deliberadamente consciente "para engañar a los demás". El proceso de conversión religiosa al pentecostalismo no se fija, por tanto, en los dominios de lo religioso propiamente dicho, sino que significa también la aprehensión del mundo social por un nuevo prisma. Torna posible un cambio del status religioso y prisional del detenido a partir de las normas y valores del grupo religioso en el que se congrega, concediéndole una nueva visión de mundo y nuevas posibilidades de inserción en la institución penal y "en el mundo". Las "salvaciones" posibles en este universo son efectos de este proceso estratégico que no se limita a los detenidos convertidos, es decir, a aquellos que se declaran como tales, sino que envuelve también a los no convertidos y a la propia institución penal

Experimentaciones etnográficas en redes y balcones: religión en tiempos de pandemia

Neste artigo, com foco em experimentos etnográficos relacionados à religião em tempos de Covid-19, compartilhamos reflexões preliminares sobre arranjos e conciliações que produzem a religião vivida. Foram dois os contextos de obtenção do material apresentado: de um lado, as redes sociais e aplicativos de mensagens, recursos previamente utilizados em pesquisas etnográficas realizadas em Curitiba e no Rio de Janeiro, e, de outro, as varandas em um condomínio no subúrbio carioca. Em comum aos campos de pesquisa das três autoras destaca-se a multiplicação de práticas e a intensificação de celebrações religiosas durante a pandemia. Os experimentos demonstram, assim, possibilidades de continuidade das pesquisas antropológicas na pandemia e evidenciam que a religião próxima ao cotidiano, além de fornecer imagens e metáforas para as advertências quanto aos potenciais riscos à saúde causadas pelo Covid-19, também tem sido frequentemente mobilizada a favor da organização da experiência coletiva de quarentena, regulando horários, ativando redes de solidariedade, evocando lembranças sobre as comunidades de fé, criando licenças para escapar da rigidez do isolamento e buscando estabelecer uma ética em nome do bem comumFocusing on ethnographic experiments related to religion in Covid-19 times, the article shares preliminary reflections on the arrangements and reconciliations that produce the lived religion. There were two contexts for obtaining the material presented: on the one hand, social networking and messaging platforms, both resources previously used in ethnographic research carried out in Curitiba and Rio de Janeiro. On the other, the balconies in a condominium in the Rio de Janeiro suburbs. The research fields of the three authors have in common the multiplication of practices and the intensification of religious celebrations during the pandemic stay-at-home requirements. The experiments thus demonstrate possibilities for continuing anthropological research during the pandemic closures. They also show that lived religion, in addition to providing images and metaphors for warnings about potential health risks caused by Covid-19, has also been frequently mobilized in favor of organizing the collective experience of quarantine, regulating schedules, activating solidarity networks, evoking memories of faith communities, creating licenses to escape the rigidity of isolation and seeking to establish ethics parameters in the name of the common good.Basado en los experimentos etnográficos relacionados con la religión en los tiempos del Covid-19, en este artículo compartimos reflexiones preliminares sobre los arreglos y conciliaciones que producen la religión vivida. Hubo dos contextos en los que se obtuvo el material presentado: por un lado, las redes sociales y las aplicaciones de los mensajes, recursos utilizados anteriormente en las investigaciones etnográficas realizadas en Curitiba y Río de Janeiro, y por otro, los balcones de un condominio en los suburbios de Río de Janeiro. En común con los campos de investigación de las tres autoras, el articulo destaca la multiplicación de las prácticas y la intensificación de las celebraciones religiosas durante la pandemia. Así pues, los experimentos demuestran las posibilidades de continuidad de la investigación antropológica en la pandemia y muestran que la religión cercana a la vida cotidiana, además de proporcionar imágenes y metáforas de advertencias sobre los posibles riesgos para la salud causados por el Covid-19, también se ha movilizado a menudo en favor de la organización de la experiencia colectiva de la cuarentena, la regulación de los horarios, la activación de redes de solidaridad, la evocación de los recuerdos de las comunidades de fe, la creación de licencias para escapar de la rigidez del aislamiento y el intento de establecer una ética en nombre del bien común