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    Por uma poética cartesiana: gráficos 3D nas criações digitais de André Vallias

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    The award-winning Brazilian visual artist and poet André Vallias, internationally renowned for his creations in electronic literature and digital arts, frequently uses cyberspace potentialities to engender his multisemiotic works. Besides the more common elements within interartistic dialogues, such as images, colors, volumes, movement and sounds, Vallias often adds to his creations a kind of sign that is unusual in works of art: 3D plots. These are tridimensional visual representations (but expressed on bidimensional surfaces, such as computer screens and smartphone screens) of algebraic functions built with AutoCad software ”“ often used in Engineering and Architecture projects ”“, to which Vallias adds artistic value by combining them with traditional elements of the lyrical genre, such as versification and rhythm. In his works, these plots trigger one or more aesthetic effects, such as the iconic representation of geometric shapes from the referential world; the deconstruction of reductionist antinomies, like subjectivity/objectivity (hence, poetic thought/mathematical thought); or the symbolic allusion to intangible elements of lyrical texts, especially phenomena from the phonological and the visual strata. In this context, we herein analyze three works by André Vallias ”“ Nous n’avons pas compris Descartes (1997), De verso (s.d.) and Oratorio (2004) ”“ in order to map out the aesthetical outcomes of his use of mathematical 3D plots as artistic resources that denaturalize our perception of the literary and its connections with unexpected semiotic systems.El galardonado artista visual y poeta André Vallias, internacionalmente conocido por sus creaciones en la esfera de la literatura electrónica y de las artes digitales, a menudo emplea las potencialidades del ciberespacio para la constitución multisemiótica de sus obras. Además de elementos más comunes en el campo de los diálogos entre artes, tales como imágenes, colores, volúmenes, movimiento y sonidos, Vallias suele emplear en sus creaciones un tipo de signo insólito en obras artísticas: gráficos matemáticos 3D. Estos son representaciones visuales tridimensionales (pero expresadas en superficies bidimensionales, como pantallas de ordenadores y celulares) de funciones algebraicas construidas con el software AutoCad ”“ generalmente utilizado en proyectos de áreas como la Ingeniería y la Arquitectura ”“, a las cuales Vallias agrega valor artístico por la combinación con elementos más tradicionales del género lírico, como la versificación y el ritmo. En sus obras, los gráficos desencadenan uno o más efectos estéticos, como la representación icónica de formas geométricas del mundo referencial, la deconstrucción de antinomias reductoras como subjetividad/objetividad (y, por tanto, pensamiento poético/pensamiento matemático), o la alusión simbólica a elementos intangibles de textos líricos, sobre todo fenómenos de los estratos fonológico y visual. En este contexto, este artículo analiza tres obras de André Vallias ”“ Nous n'avons pas compris Descartes (1997), De verso (s.d.) y Oratorio (2004) ”“ a fin de mapear el producto estético del uso de gráficos matemáticos 3D como recursos artísticos que desnaturalizan nuestra percepción de lo literario y su atravesamiento por sistemas semióticos inusitados.O laureado artista visual e poeta André Vallias, internacionalmente conhecido por suas criações na esfera da literatura eletrônica e das artes digitais, frequentemente lança mão das potencialidades do ciberespaço para a constituição multissemiótica de suas obras. Além de elementos mais comuns no campo dos diálogos interartes, tais como imagens, cores, volumes, movimento e sons, Vallias costuma empregar em suas criações um tipo de signo insólito em obras artísticas: gráficos matemáticos 3D. Trata-se de representações visuais tridimensionais (mas expressas em superfícies bidimensionais, como telas de computador e celular) de funções algébricas construídas com o software AutoCad ”“ geralmente utilizado em projetos de áreas como a Engenharia e a Arquitetura ”“, às quais Vallias agrega valor artístico por meio da combinação com elementos mais tradicionais do gênero lírico, como a versificação e o ritmo. Em suas obras, tais gráficos desencadeiam um ou mais efeitos estéticos, como a representação icônica de formas geométricas do mundo referencial, a desconstrução de redutoras antinomias como subjetividade/objetividade (e, por conseguinte, pensamento poético/pensamento matemático), ou a alusão simbólica a elementos intangíveis de textos líricos, sobretudo fenômenos dos estratos fonológico e visual. Nesse contexto, o presente artigo analisa três obras de André Vallias ”“ Nous n’avons pas compris Descartes (1997), De verso (s.d.) e Oratorio (2004) ”“ a fim de mapear o rendimento estético do uso de gráficos matemáticos 3D como recursos artísticos que desnaturalizam nossa percepção acerca do literário e seu atravessamento por sistemas semióticos inusitados

    A imagem das fezes na obra de Rubem Fonseca: uma mácula abjeta no espelho realista

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    Segundo Roland Barthes, toda literatura é, em certa medida, realista, pois tenta reproduzir algum aspecto da realidade no universo que cria, valendo-se dos mais diversos expedientes verbais. No entanto, essa tradução intersemiótica, que converte signos de carne e osso (ou qualquer outro soma que o valha) em signos de papel e nanquim, ou voz e ritmo, é sempre um desvario fadado ao fracasso, pois “não se pode fazer coincidir uma ordem pluridimensional (o real) e uma ordem unidimensional (a linguagem)”.Assim, Rubem Fonseca, autor de uma prosa chamada de realista feroz por Antonio Candido, dada a temática da violência e da miséria em seus textos, é, segundo a análise que se propõe neste trabalho, um escritor que abala a paradoxal quimera realista de uma representação fidedigna do real. Para sustentar tal leitura de sua obra, investiga-se aqui a imagem das fezes, recorrente nos escritos do autor, como significante abjeto que macula o espelho mimético e borra o triângulo semiótico (tão equilátero quanto realista) de referente, significante e significado.Palavras-chave: realismo, hiperrealismo, mácula, abjeção, feze

    Apresentação

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    O desenvolvimento tecnológico do século XX e do início do século XXI enseja, a cadadia, novas práticas discursivas, nas quais se hibridizam linguagens e suportes de diferentesesferas. Códigos múltiplos das modalidades visual, auditiva e cinética misturam-se eressignificam-se no papel, na tela, na performance, na instalação. A noção de texto seexpande, ganha as múltiplas dimensões que o pós-estruturalismo francês lhe emprestoue se liberta de uma racionalidade linear e estática (gramática, como adjetivo) para devirparagramática: texto enquanto subversão, multidirecionalidade, abertura, polifonia epoliglossia; barafunda semiótica, enfim

    Recolher, escolher, acolher em um arquivo literário digital: o projeto da Electronic Literature Collection como coletânea e coleção

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    No presente artigo, analisamos os três primeiros volumes da Electronic Literature Collection (ELC), antologia seriada de literatura eletrônica desenvolvida pela Electronic Literature Organization. Interessa-nos discutir como a ELC se institui simultaneamente enquanto coletânea e coleção (dois conceitos diferentes em Português para collection), mobilizando um par de funções inerentes aos arquivos literários digitais: a instituição de um cânone e a preservação das obras compiladas nessa iniciativa. Apontamos como os modos de arquivamento da ELC afetam formas de produzir, circular, armazenar, catalogar ou ensinar a literatura eletrônica, determinando não apenas o passado ou o presente da e-lit, mas também seus possíveis futuros

    Histories of Architecture or Architectures of History: reading Austerlitz, by W. G. Sebald

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    Na tradição literária do século XIX, as imagens romanescas da arquitetura e da decoração de interiores estavam ligadas a uma tentativa de cópia fiel do real, sob pretexto de um pretenso apagamento do caráter representativo da própria linguagem. No entanto, W. G. Sebald, no romance Austerlitz, faz um diferente uso dessas metáforas, com grande rendimento ético e estético: nas linhas arquitetônicas e nas construções civis, a personagem Austerlitz, especialista em arquitetura capitalista, entrevê a estrutura de um massacre de proporções abissais, que culminou na shoah. Por trás da racionalidade instrumental e do fascínio do iluminismo, a cidade capitalista carrega em sua imanência - tal qual na página do romance escrito por Sebald - um olhar oblíquo para a destruição perpetrada em nome de um suposto ideal de pureza, racionalismo e ordem. Assim, o romance de Sebald, por meio da metáfora arquitetônica, revela o horror do massacre contra os judeus na Alemanha no século XX, mas sem recorrer a uma estetização do mal que comprometeria a própria reflexão acerca dos descaminhos humanos.In the literary tradition of the nineteenth century, romanesque images of architecture and interiors design were related to an attempt to copy reality directly, supposedly to elude the representative matter of language. However, in his novel entitled Austerlitz, W. G. Sebald uses these metaphors differently, with great ethical and aesthetical gains: from architectural lines and urban buildings, the character called Austerlitz, an expert on capitalist architecture, infers the structure of a horrid carnage, which grew to the catastrophic shoah. Behind instrumental reason and fascination for Enlightenment to its highest point, the capitalist city, like the pages of Sebalds novel, immanently offers an oblique look at the destruction in the name of supposed purity, rationalism and order. Therefore, Sebalds novel, by means of the architectural metaphor, reveals the horrid onslaught against German Jews in the twentieth century, but it does not provide readers with an aesthetics of evil, which would disturb the reflection against the astray path of humanity

    Intertextualidade e estranhamento em "Amor de Clarice", de Rui Torres

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    No âmbito da literatura de vanguarda, o lugar-comum “toda obra enseja múltiplas leituras” corre um duplo risco: o de implodir, sob o peso de textos que não permitem leitura alguma (ou que a tanto se propõem), dado o hermetismo formal; e o de explodir, mediante a pressão centrífuga de obras que não são as mesmas a cada leitura sequer na materialidade textual. É dessa categoria de obras movediças que se fala aqui, na condição de aporias da leitura literária no século XXI, em que inovações estruturais do texto vão com frequência a reboque de inovações tecnológicas, as quais permitem transformações materiais na obra. No caso da cyberliteratura, tal afirmação torna-se ainda mais pertinente, uma vez que os recursos computacionais, cada vez mais sofisticados, vêm ensejando uma poética antes inimaginável, sobretudo em sua multiplicidade de figurações e leituras, dada a condição subversiva de devir em que habita sua substância. Nesse contexto, optou-se neste artigo pela análise da obra Amor de Clarice, do poeta português Rui Torres; esta, valendo-se de distintos recursos tecnoestéticos digitais, subverte a máxima “Toda obra enseja múltiplas leituras”, uma vez que relê o já subversivo conto “Amor”, de Clarice Lispector, por meio de uma materialidade textual informática que se dissolve e transforma a cada clique no mouse. O adágio perde, assim, ares de lugar-comum desgastado pelo uso na academia e retoma, por vias algorítmicas subversivas, uma potência que só a arte enquanto estranhamento estético – proposta, em última medida, de toda releitura – pode deter

    Clarisse Sieckenius de Souza (SERG/PUC-RJ): Letras, Computação - interfaces e impactos

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    Convidamos a  Profa. Dra. Clarisse Sieckenius de Souza (Semiotic Engineering Research Group - SERG/PUC-RJ) para uma conversa sobre as interfaces entre Letras e Computação nas mais diferentes esferas e como esse diálogo pode impactar ambas as áreas. Ela é Bacharel em Tradução e Interpretação de Conferências - Inglês, Francês (1979), mestre em Língua Portuguesa (1982) e doutora em Linguística Aplicada (1987) pelo Departamento de Letras da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. É professora titular do Departamento de Informática da PUC-Rio. Sua pesquisa concentra-se na área de Interação Humano-Computador (IHC), na qual foi uma das pioneiras na Ciência da Computação brasileira. Seus principais interesses na área são: abordagens teóricas e científicas de IHC, métodos de avaliação de interfaces e interação com sistemas, comunicação mediada por computador, end-user programming e sistemas de explicação. Em 2010, voltou-se para o ensino de raciocínio computacional para crianças e jovens, trazendo seus interesses de pesquisa para este campo e propondo que programação - neste contexto - é uma forma de autoexpressão através de software. Clarisse é a criadora da Engenharia Semiótica, uma teoria de base semiótica para IHC, e (co)autora de artigos e livros internacionalmente publicados. Foi, por cinco anos, membro do Comitê Assessor de Ciência da Computação do CNPq e detentora de bolsas de “Cientista do Nosso Estado”, concedidas pela FAPERJ, de 2009 a 2015. Em 2010, foi agraciada com o ACM SIGDOC Rigo Award e em 2013 tornou-se membro da ACM SIGCHI CHI Academy. Em 2014, recebeu o título de HCI Pioneer, outorgado pelo Comitê Técnico de Interação Humano-Computador (TC13) da IFIP

    A mão de Teresa

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    Resenha de CERDEIRA, Teresa Cristina. A mão que escreve: ensaios de literatura portuguesa. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2014

    Fezes, erotismo e literatura: uma leitura de "Viagem de núpcias", de Rubem Fonseca

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    “SERENDIPIDADES!” E OUTROS FRUTOS ESTRANHOS QUE SE PRODUZEM EM "UM DEFEITO DE COR", DE ANA MARIA GONÇALVES

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    This paper analyzes the novel Um defeito de cor by Ana Maria Gonçalves, taking into account the relationship between the languages used in its prologue – called ‘Serendipity!’ – and the historiographic metafiction that emerges after it. While the first one arises from the “escrevivência” of Gonçalves’s authorial self-character, the other employs the self-awareness of a historical textuality, considered here as decolonial historiographic metafiction, since it stems from the first-person narrative of a black slaved woman, Kehinde. The contiguity between those two languages generates a ‘strange fruit’, which seems to demand a hybridized methodology between post-modern and decolonial approaches, given that a methodology that sees literature as a crystallized field would hardly cope with it. Thus, a method is proposed that examines literature as a post-autonomous field in order to question its role in concrete reality and to investigate fictionality as a shade of reality.Neste artigo, realizamos uma análise do romance Um defeito de cor, de Ana Maria Gonçalves, acerca da relação entre as linguagens do prólogo intitulado “Serendipidades!” e a metaficção historiográfica que o sucede. Enquanto o primeiro surge da escrevivência do eu-autoral-personagem criado por Gonçalves, a segunda se vale de uma autoconsciência da textualidade da história, a qual estamos chamando de metaficção historiográfica decolonial, pois emerge da narrativa em primeira pessoa de Kehinde, uma mulher negra escravizada no século XIX. A contiguidade entre essas duas linguagens acaba gerando um “fruto estranho”, que parece demandar uma metodologia hibridizada entre abordagens pós-modernas e decoloniais. uma vez que uma perspectiva que trate a literatura como um campo cristalizado dificilmente dará conta de elucidá-lo. Assim, propomos um método que aborda o literário como uma instância pós-autônoma, questionando o papel da literatura na realidade concreta e examinando a ficcionalidade como uma sombra dessa realidade
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