556 research outputs found
Convite à análise discursiva em Michel Foucault nas pesquisas em Educação
Parece que nós, na Educação, começamos nossas investigações munidos de verdades preliminares, que induzem pesquisas a resultados antes de terem sido pesquisados. Igualmente, nossas verdades – pedagógicas, científicas, psicológicas, históricas – passam a ser pontos de chegada para a conclusão dos trabalhos, ainda que forçosamente. O que nem sempre fazemos é questionar essas verdades, isto é, como elas funcionam e chegaram a ser o que são. Nesse sentido, a análise discursiva de Michel Foucault nos oferece pontas de lança para um trabalho de pensar o próprio pensamento. Enquanto precauções e oportunidades, este artigo faz um panorâmico convite aos estudos foucaultianos e à sua arqueologia do saber discursivo, por um lado; e às suas possíveis aplicações nas pesquisas em Educação, por outro
Como dar uma aula de geografia?
This article presents the characteristics that have been considered appropriate, from the beginning of the 20th century to the present time, to give a Geography class: active pedagogies, participative methodologies, student research projects and the study of the place. In a similar way, he shares the opposite of the ideal class, represented by the figure of the Traditional Teacher, whose idea was supposed to be anchored in the exhaustive exposition of contents, in geographical encyclopedism and in mnemonic evaluations. In order to develop such an analysis, the text is used, first of all, of the archeology of knowledge of Michel Foucault, mainly through his concept of discursive formation. It also draws on Ludwig Wittgenstein's linguistics and Sandra Mara Corazza's investigative approach. Finally, the article asks: how could a new order of geoschoolling discourse be constructed? It responds that perhaps it is not the case to overcome the hegemonic discursive formation, but to pervert it, to subvert it, to transgress it, so that each Geography class has in itself the potential to constitute itself as a work of art.Este artigo apresenta as características que vêm sendo consideradas adequadas, desde o início do século XX até a contemporaneidade, para dar uma aula de Geografia: as pedagogias ativas, as metodologias participativas, os projetos de pesquisa discentes e o estudo do lugar. De forma semelhante, compartilha o oposto da aula ideal, representada pela figura do Professor Tradicional, cuja formatação supostamente se ancoraria na exposição exaustiva dos conteúdos, no enciclopedismo geográfico e nas avaliações mnemônicas. Para desenvolver tal análise, o texto se utiliza, em primeiro lugar, da arqueologia do saber de Michel Foucault, principalmente por intermédio do seu conceito de formação discursiva. Também se vale da linguística de Ludwig Wittgenstein e da perspectiva investigativa de Sandra Mara Corazza. Por último, o artigo pergunta: haveria como construir uma nova ordem do discurso geoescolar? Responde que talvez não seja o caso de superar a formação discursiva hegemônica, mas sim perverte-la, subverte-la, transgredi-la, fazendo com que cada aula de Geografia tenha em si mesma o potencial para se constituir enquanto obra de arte
Na cozinha da pesquisa qualitativa: método em investigações sobre ensino e aprendizagem
Pretendemos discutir algumas posturas básicas da Pesquisa Qualitativa quando a utilizamos em investigações referentes ao ensino e à aprendizagem. Em primeiro lugar, contrastamos educação à Pedagogia, esclarecendo que aquela se refere ao conjunto de cosmovisões passadas de uma geração à outra, enquanto essa se aproxima mais de uma arte que visa transformar em ato uma transposição do conhecimento, posteriormente desdobrando-se naqueles saberes sobre ensino e aprendizagem. Em segundo lugar, assinalamos que, por ser tratarem de arte, quando o ensino e a aprendizagem se tornam objeto de estudo, suas realidades são limitadas e particulares, impedindo qualquer universalização de método e metodologia. Daí se percebe a importância que a Pesquisa Qualitativa adquire quando efetuada. No entanto, sua escolha envolve um princípio e algumas posturas do pesquisador, a fim de fazer valer as características que a Pesquisa Qualitativa possui de melhor.
Palavras-chave: Pesquisa Qualitativa. Educação. Ensino. Aprendizagem.
In the kitchen of qualitative research: method in teaching and learning research
ABSTRACT
We wish to discuss some basic postures in Qualitative Research when we use it in research related to teaching and learning. For this, in the first place we contrast education with Pedagogy, clarifying that education refers to the set of worldviews passed from one generation to the other, as Pedagogy approaches more of an art that aims at transforming in act a transposition of knowledge that unfolds in those knowledge about teaching and learning. Second, we point out that, because they are art, when teaching and learning become objects of study, their realities are limited and particular, preventing any universalization of method and methodology. From this we can see the importance that Qualitative Research acquires when we operate it. However, its choice involves a principle and some postures of the researcher, in order to assert the characteristics that Qualitative Research has the best.
Keywords: Qualitative research. Education. Teaching. Learning.
En la cocina de la investigación cualitativa: método em investigaciones sobre enseñanza y aprendizaje
RESUMEN
Pretendemos discutir algunas posturas básicas dela investigación Cualitativa cuando la utilizamos en investigaciones referentes a La enseñanza y al aprendizaje. En primer lugar, contrastamos educación y pedagogía, aclarando que la primera se refi ere al conjunto de cosmovisiones pasadas de una generación a otra, mientras la segunda se aproxima más a un arte que pretende transformar en acto una transposición del conocimiento que se desdobla en aquellos saberes sobre enseñanza y aprendizaje. En segundo lugar, señalamos que, por tratarse de arte, cuando la enseñanza y el aprendizaje se convierten en objeto de estudio, sus realidades son limitadas y particulares, impidiendo cualquier universalización de método y metodología. De ahí se percibe la importancia quela Investigación Cualitativaadquiere cuando la operacionalizamos. Sin embargo, su elección implica un principio y algunas posturas del investigador, a fi n de hacer valer las características quela Investigación Cualitativaposee de mejor.
Palabras clave: Investigación cualitativa. Educación. Enseñanza. Aprendizaje
ENSINO DE GEOGRAFIA, ESCOLA NOVA E ALGUMAS FONTES da pedagogia missionária
O ensaio analisa alguns rebatimentos da Escola Nova e do Manifesto de 32 na configuração discursiva contemporânea do ensino de Geografia. As operações textuais se valem das linhas de trabalho presentes no segundo domínio teórico de Ludwig Wittgenstein; portanto, executa uma descrição de determinados jogos de linguagem. Em meio à essa análise, o texto sinaliza que 1) sob a influência de autores do porte de Delgado de Carvalho, Pierre Monbeig, Everaldo Backheuser e outros, desde a primeira metade do século XX o ensino de Geografia vem sendo pensado por um grupo restrito de intelectuais; 2) que esses, por sua vez, capitanearam uma hegemonia pedagógica que tem nas metodologias participativas sua moeda mais forte; 3) é das raízes desse movimento que podemos entender a vertente missionária que, até os dias atuais, prevalece na ordem do discurso da Geografia escolar.Palavras-chave: Ensino de Geografia. Didática. Escola Nova. Manifesto de 32. Boletim Geográfico.EDUCATION OF GEOGRAPHY, ESCOLA NOVA AND SOME SOURCES OF MISSIONARY PEDAGOGYAbstractThe essay analyzes some refutations of the New School and the Manifesto of 32 in the contemporary discursive configuration of the teaching of Geography. The textual operations use the lines of work present in the second theoretical domain of Ludwig Wittgenstein; therefore, performs a description of certain language games. In the midst of this analysis, the text indicates that 1) under the influence of authors of the size of Delgado de Carvalho, Pierre Monbeig, Everaldo Backheuser and others, since the first half of the twentieth century the teaching of Geography has been thinking for a restricted group of intellectuals; 2) that these, in turn, captained a pedagogical hegemony that has in its participatory methodologies its strongest currency; 3) it is from the roots of this movement that we can understand the missionary dimension that, to this day, prevails in the order of discourse in school geography.Keywords: Teaching Geography. Didactics. Escola Nova. 32 Manifesto. Geographical Bulletin.ENSEÑA DE GEOGRAFÍA, ESCOLA NOVA Y ALGUNAS FUENTES DE LA PEDAGOGÍA MISIONERAResumenEl ensayo analiza algunos rebatimentos de la Escuela Nueva y del Manifiesto de 32 en la configuración discursiva contemporánea de la enseñanza de Geografía. Las operaciones textuales se valen de las líneas de trabajo presentes en el segundo dominio teórico de Ludwig Wittgenstein; por lo tanto, ejecuta una descripción de determinados juegos de lenguaje. En medio de este análisis, el texto señala que 1) bajo la influencia de autores del porte de Delgado de Carvalho, Pierre Monbeig, Everaldo Backheuser y otros, desde la primera mitad del siglo XX la enseñanza de Geografía viene siendo pensando por un grupo restringido de intelectuales; 2) que éstos, a su vez, capitanearon una hegemonía pedagógica que tiene en las metodologías participativas su moneda más fuerte; 3) es de las raíces de ese movimiento que podemos entender la vertiente misionera que, hasta los días actuales, prevalece en el orden del discurso de la Geografía escolar.Palabras Clave: Enseñanza de Geografía. Didáctica. Escola Nova. Manifiesto de 32. Boletín Geográfico
A governamentalidade neoliberal e algumas implicações no espaço geográfico contemporâneo
Resumo: O artigo realiza uma genealogia do pensamento neoliberal através da perspectiva de Michel Foucault, num esforço de resposta ao seguinte questionamento: quais seriam as implicações desse discurso na leitura do espaço geográfico contemporâneo? Com esse objetivo em mente, a discussão se desenvolve tomando por base 1) levantar o conceito de governamentalidade foucaltiano; b) entender, a partir disso, a construção do liberalismo clássico; c) situar as condições históricas de emergência do neoliberalismo; d) diferenciá-lo do discurso liberal; d) problematizar o homo oeconomicus; e) sinalizar alguns efeitos do regime de verdade neoliberal na contemporaneidade, no que se refere às categorias tanto de espaço quanto de tempo.
Palavras-chave: Neoliberalismo. Foucault. Governamentalidade. Espaço. Tempo.
Neoliberal governmentalism and some implications in contemporary geographic space
Abstract: The article presents a genealogy of neoliberal thought through the perspective of Michel Foucault, in an effort to answer the following question: what would be the implications of this discourse in the reading of contemporary geographic space? With this aim in mind, the discussion is developed based on 1) raising the concept of Foucauldian governmentality; b) to understand, from this, the construction of classical liberalism; c) to situate the historical conditions of emergence of neoliberalism; d) differentiate it from liberal discourse; d) problematize the homo oeconomicus; e) to point out some effects of the regime of neoliberal truth in contemporaneity, in terms of both space and time categories.
Keywords: Neoliberalism. Foucault. Governmentality. Space. Time.
 
ENSINO DE GEOGRAFIA: ENTRE A VERDADE DO MERCADO E A REGULAÇÃO NEOLIBERAL
O texto analisa, sob a perspectiva da filosofia de Michel Foucault, as possíveis formações discursivas presentes no ensino de Geografia, com o objetivo de dar respostas ao seguinte questionamento: a quais relações de poder e saber esse componente curricular vem pagando tributo? A partir disso, o artigo trata de a) regressar até ditos e escritos da primeira metade do século XX, descrevendo suas bases argumentativas; b) identificar, no bojo do ensino de Geografia, uma ordem de discurso; c) problematiza-lo, por sua vez, como uma parte inextricável do pensamento neoliberal
Pensar o ensino de Geografia como algo feito por comentaristas de textos sagrados
Este artigo trabalha o ensino de Geografia e a prática docente a partir das ferramentas de Michel Foucault, relacionadas às formações discursivas, em geral, e ao comentário, em particular. A vontade de saber orbita em torno de entender quais os regimes de verdade que compõem essa disciplina escolar. Percorrendo textos da primeira metade do século XX até os dias atuais, a partir de uma descrição panorâmica dos seus discursos, constatou-se que a verdade da Geografia escolar vai da Queda à Redenção. Entende-se por Queda a extinção desse campo do conhecimento, capitaneado pela metodologia tradicional de ensino; e por Redenção levar a bom termo as descobertas das psicologias escolares e as pedagogias ativas. No meio de tudo isso, o resultado é um discurso amarrado por palavras sagradas, dividindo o certo e o errado, e que vem fazendo dos escritos escolares um jogo de cartas marcadas, coordenado por intelectuais
Algumas maneiras pós-estruturalistas de responder às perguntas: Como escrever? Como ser autor?
This article opposes to textbooks that teach ‘how to write well’ but paradoxically assume the condition of being a shaky tutorial that risks signaling which paths may make writing more authorial. The article has the support of Post-Structuralism, especially the references of Michel Foucault, Jorge Larrosa, and others. It discusses the possible routes for authorship in order to obtain an aesthetic and ethical text. Aesthetic, for it is careful with the form of words and the plasticity of writing, in the manner of a work of art. Ethical, because the writer writes it to others as if he was writing to himself something he would like to read not once but many times. It concludes that the texts that are worthwhile are those in which the authors risk their own reputation for developing a style of their own, whose télos could only be admirable writing; authors that do borderline work not to become a stereotype prototype; who rehearse-write it experimentally, for the constant attitude is to create.Este artigo se opõe aos manuais que ensinam “Como escrever bem”, mas, paradoxalmente, assume a condição de ser um tutorial movediço que arrisca sinalizar quais percursos podem tornar mais autoral a escrita. Tem o aporte do Pós-Estruturalismo, em especial sob as referências de Michel Foucault, Jorge Larrosa e outros. Discute as rotas passíveis de ser prospectada a autoria, a fim de obter um texto estético e ético; estético, pois toma cuidado com a forma das palavras e a plasticidade da escrita, à maneira de uma obra de arte; ético, porque o escritor o faz para os outros como se estivesse escrevendo para si mesmo algo que gostaria de ler não uma, mas outras tantas vezes. Conclui que os textos que valem a pena são aqueles nos quais os autores arriscam sua própria reputação para desenvolver um estilo próprio, cujo télos só poderia ser uma escrita admirável; que efetuam um trabalho limítrofe, para não se tornarem um protótipo de estereótipo; que ensaiam-escrevem experimentalmente, pois a atitude constante é a de criar
Como nos tornamos professores de Geografia: discurso ordenado, prática neoliberal
Este artigo, elaboração parcial de uma tese de doutorado, discute a organização discursiva do ensino de Geografia na contemporaneidade. Para tanto, realiza a descrição de textos pedagógicos desse componente curricular da primeira metade do século XX no Brasil, através do método arqueológico de Michel Foucault. O trabalho que se faz opera por meio do periódico Boletim Geográfico, publicação de destaque nacional na formação de professores a partir da década de 1940. Desse regresso, duas constatações. Primeiro, um discurso ordenado que se mantém até os dias atuais, sistematizado pelo jogo contraditório entre a didática tradicional e as pedagogias ativas. Segundo, uma rede de enunciados e estratégias que sinalizavam uma prática neoliberal, que se iniciava nos discursos pedagógicos, e que hoje é hegemônica. Assim, com a intenção de formar sujeitos consumidores, flexíveis, empreendedores e empresários de si mesmos, o ensino de Geografia muitas vezes vem estando a serviço da economia de mercado
A TRIUNFANTE DÉCADA NEOLIBERAL NOS CURRÍCULOS GAÚCHOS
A fim de analisar as recentes reformas curriculares que vêm acontecendo no Estado do Rio Grande do Sul, o artigo é desenvolvido tomando por base os seguintes objetivos teórico-metodológicos: 1) através das indicações de Michel Foucault e de outros analistas sobre o neoliberalismo, refutar as análises simplistas que tomam o pensamento neoliberal como um retorno ao laissez-faire apregoado pelo liberalismo clássico, pois tal filosofia rejeita a concepção de que a realidade aconteça por meio da troca, mas sim através da competição entre os indivíduos, de forma que todos precisam ser submetidos à norma da concorrência; 2) desconsiderar que haja no neoliberalismo um desejo de retirada do Estado da economia de mercado, posto que no bojo das escolas neoliberais se defende que o mercado não é natural, mas uma realidade construída com a qual o Estado deve estar de acordo e ajudar a produzir; 3) Suspeitar, consequentemente, das configurações dessas diretrizes curriculares: pretensamente progressistas, supostamente inovadores e aparentemente democráticas, integram-se aos regimes de verdade do pensamento neoliberal no sentido de demandarem que as instituições conduzam os indivíduos ao empreendedorismo, com a empresa se transformando em modelo de identidade. Por intermédio da análise de discurso foucaultiana, conclui-se que no Rio Grande do Sul as matrizes curriculares procuram responder a interesses utilitaristas, cujas potencialidades residiriam no incremento do capital humano de cada estudante, que investe sobre si para se tornar vendável futuramente. De acordo, portanto, com a noção de que no neoliberalismo a educação é uma das peças-chave: ela pode simular o maior número possível de situações de mercado, impondo aos sujeitos a obrigação de se capitalizarem.Palavras-chave: Michel Foucault; Discurso; Arquivo; Educação; Rio Grande do Sul
- …