12 research outputs found

    Prolegômenos à comédia de Aristófanes como testemunho socrático

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    Este trabalho tem por objetivo demonstrar a possibilidade da poética cômica de Aristófanes em Nuvens servir como um testemunho da atividade e da filosofia de Sócrates. Face ao problema acerca das fontes da filosofia socrática, a peça Nuvens se apresenta como termo de acusação imprescindível para a reconstituição do tipo de educação que teria sido a razão da condenação do filósofo ao início do século IV, de modo que a disputa intertextual entre detratores e defensores de Sócrates depende de se considerar o lugar de destaque que cabe a poesia de Aristófanes. Para tanto, é preciso refutarmos a ideia comum de que o Sócrates de Nuvens é indigno de crédito, porque representaria um tipo ou compósito e não a pessoa do Sócrates histórico. Pretendo mostrar que a comédia de Aristófanes, no uso das chamadas invectivas pessoais, situa-se na perspectiva crítica de ridicularizar personagens da cena cultural de Atenas, de modo que a caricatura de Sócrates em Nuvens depende da acuidade histórica fundamental para o efeito cômico, servindo-nos como uma fonte privilegiada para o contexto de surgimento da filosofia na antiguidade

    As dores do mundo: pandemia e liberdade

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    Propõe-se neste ensaio uma análise filosófica dos dilemas morais e políticos a que fomos submetidos pela situação de pandemia da Covid-19. As dificuldades de muitas sociedades ocidentais no enfrentamento à pandemia têm posto em questão o paradigma liberal da preservação da vida, da privacidade e da liberdade a partir da adoção de políticas de austeridade estatal que se tornaram a orientação principal no combate ao coronavírus, e que não raro esbarram nos chamados direitos individuais a que os orientais não parecem familiarizados. Nossa reflexão pretende oferecer, pelo recurso à filosofia da Vontade de Schopenhauer, um diálogo entre as posturas oriental e ocidental em vista daquilo que nos é fundamental enquanto seres humanos: uma compreensão da condição de fragilidade da vida e dos limites inerentes à liberdade individual, orientados por uma noção de justiça inevitavelmente determinada pelas dores e sofrimentos imanentes ao mundo

    Para um socratismo exemplar: Euclides de Mégara e a filosofia do Bem

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    Pretendemos neste artigo apresentar uma aproximação crítica com relação à filosofia desenvolvida pelos chamados megáricos, em face sobretudo da figura de Euclides de Mégara como representante e líder dessa linhagem de pensamento. O enfoque será feito tendo em vista o tipo de filosofia exposta e praticada por Euclides, a partir das acusações que contra ela se fizeram denunciando-a como pura erística, ou seja, a disputa e o debate entre discursos com o único objetivo de obter vitória na argumentação. O que se constata em Euclides é a defesa da prática do debate com a finalidade de mostrar que o discurso é incapaz de dar conta da realidade, de um modo geral, e assim impossível de determinar, de um modo específico, o Ser e a Unidade que são a essência daquilo que organiza e move todas as coisas. Essa essência de ordem é desejável por ser boa, e o Bem se apresenta, assim, como fundamento da realidade. Os estudos sobre a tradição megárica dividem-se entre a influência dos eleatas e a influência de Sócrates. Faremos, desse modo, a defesa de que a filosofia de Euclides está afinada com o socratismo, conjugando de um modo exemplar aquilo que os eleatas haviam definido em relação ao Ser

    A imagem do filósofo: o Teeteto de Platão e o método de Sócrates

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    It is intended to offer a justification, as it seems to have been indicated by Plato in the Theaetetus, for the method of Socrates, announced in Apologia as an anthropíne sophía, able to evaluate the different types of knowledge. The recourse to the image of maieutics in the Theaetetus brings the representation of an aspect of this method, after the refutation (élenkhos), in which the examiner and midwife raises the opinions of the interlocutor until his transcendent principle, to show them or their emptiness or its strength. As we shall see, Plato's Dialogue seems not only to represent the method of Socrates, but to draw inspiration from it for the composition of his discourse, which plays with the form of seeing and with what is seen from it.Pretende-se oferecer aqui uma justificativa, tal como ela parece ter sido indicada por Platão no Teeteto, para o método de Sócrates, anunciado em Apologia como uma anthropíne sophía, capaz de avaliar os diferentes tipos de conhecimento. O recurso à imagem da maiêutica, no Teeteto, traz a representação de um aspecto desse método, posterior à refutação (élenkhos), em que o examinador ou parteiro elevam as opiniões do interlocutor até um princípio transcendente, para mostrar-lhes ou sua vacuidade ou sua solidez. Por fim, o Diálogo de Platão parece não apenas representar o método de Sócrates, mas se inspirar nele para a composição do seu discurso, que joga com a forma de fazer ver e com aquilo que se vê a partir dele

    O sentido táctil da existência humana

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    Nossa cultura ocidental, desde a Grécia antiga, tem sustentado a primazia do visual e do olho como órgão de saber, de tal forma que o vocabulário utilizado ainda hoje para caracterizar o conhecimento deriva do repertório desenvolvido para descrever a visão e o olhar. Parte dessa primazia tem obscurecido a importância fundamental do processo simbólico da mente e de sua realização em diversas instituições humanas. Meu interesse geral, neste estudo, orienta-se pela indicação de que o processo simbólico, ao abarcar e transcender a atividade racional da mente, não pode se identificar com a imaginação em termos de mera criação de imagens, seja espontânea ou premeditada – porque a atividade criadora de símbolos exige a participação, não premeditada e sim espontânea, de todos os canais sensoriais de percepção. Meu interesse mais específico está em poder demonstrar em que medida o sentido do tato, por ser a mais fundamental das experiências sensoriais, tende a organizar nossa vivência do mundo e, desse modo, nossa criatividade simbólica, devendo ser compreendido como análogo ao destino humano de dar sentido à existência. Ambos os interesses são determinados pelo propósito de argumentar em favor do paradigma táctil como sendo mais adequado para representar a mente orientada pela condição existencial da vivência simbólica. Acredito, assim, oferecer uma compreensão da condição humana menos alienada pela noção visual e individual e mais afetiva e solidária a partir da realização de si como espaço de (con)vivência significativa

    AMANSADOS PELA FÉ: REFLEXÕES SOBRE AS FACES DAS CONVERSÕES DOS PALIKUR

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    O artigo reflete sobre o processo de conversão dos Palikur, povo nativo do Estado do Amapá, ao catolicismo romano e, posteriormente, ao pentecostalismo a eles introduzido pelos missionários do Summer Institute of Linguistics (SIL). Resgatando considerações de Arnaud (1984), Capiberibe (2001) e Passes (1998) a respeito e empreendendo esforço de compreensão dos condicionantes que provavelmente contribuíram para a efetivação desse evento, além dos já mencionados pelos autores de base, o artigo propõe, na condição de outro explicador, a possibilidade de escolha como iniciativa dos próprios Palikur, percebendo-se que se mantém um sistema de costumes e crenças integrando a cosmologia palikur, por um lado, e a fé cristã manifesta no catolicismo romano e no pentecostalismo missionário, por outro, evento este que finda por se inscrever na esfera dos processos de hibridização cultural. Nota-se, por fim, que, a despeito disso, as sucessivas intervenções de natureza religiosa impactaram de maneira profunda a cosmologia ancestral palikur em favor de um ideal de evangelização resultado de interpretações unilaterais das narrativas bíblicas

    A maturidade simbólica: da ciência ao mito = Symbolic maturity: from science to myth = La madurez simbólica: de la ciencia al mito

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    O presente estudo tem por objetivo demonstrar que o mito, não a ciência, expressa a mais elevada aplicação e atividade da mente humana. Para tanto, é preciso compreender a natureza da razão científica em sua delimitação/limitação conceitual dos fenômenos, o que impossibilita à ciência uma descrição científica da realidade em sua concretude. As contribuições da moderna epistemologia servem-nos aqui de base para uma compreensão da natureza das investigações científicas. Diante de tais contribuições, a ciência se apresenta como dependente de um discurso que alcance a totalidade vivenciada pelos seres humanos, discurso que terá de ser simbólico. O símbolo é a operação essencial do pensamento humano em vista da totalidade do ser, como dizer e agir. Com isso, tornar-se claro de que modo qualquer atividade científica e conceitual depende, em última instância, de uma cosmovisão mitológica que lhe ofereça sua moldura de compreensão e de sentido, a partir da qual ela pode ser vivenciada pela cultura human

    A imagem do filósofo: o Teeteto de Platão e o método de Sócrates

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    It is intended to offer a justification, as it seems to have been indicated by Plato in the Theaetetus, for the method of Socrates, announced in Apologia as an anthropíne sophía, able to evaluate the different types of knowledge. The recourse to the image of maieutics in the Theaetetus brings the representation of an aspect of this method, after the refutation (élenkhos), in which the examiner and midwife raises the opinions of the interlocutor until his transcendent principle, to show them or their emptiness or its strength. As we shall see, Plato's Dialogue seems not only to represent the method of Socrates, but to draw inspiration from it for the composition of his discourse, which plays with the form of seeing and with what is seen from it.Pretende-se oferecer aqui uma justificativa, tal como ela parece ter sido indicada por Platão no Teeteto, para o método de Sócrates, anunciado em Apologia como uma anthropíne sophía, capaz de avaliar os diferentes tipos de conhecimento. O recurso à imagem da maiêutica, no Teeteto, traz a representação de um aspecto desse método, posterior à refutação (élenkhos), em que o examinador ou parteiro elevam as opiniões do interlocutor até um princípio transcendente, para mostrar-lhes ou sua vacuidade ou sua solidez. Por fim, o Diálogo de Platão parece não apenas representar o método de Sócrates, mas se inspirar nele para a composição do seu discurso, que joga com a forma de fazer ver e com aquilo que se vê a partir dele

    Textos selecionados de filosofia antiga.

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    É com satisfação que oferecemos nossa primeira edição de verbetes traduzidos da Enciclopédia de Filosofia da Stanford (SEP) sob a temática da Filosofia Antiga. Com a atual curadoria do professor Edward Zalta, a SEP tornou­se referência para diversos temas e problemas examinados pela investigação filosófica, contribuindo para uma importante apresentação do estado da questão à comunidade científica e ao público interessado. A tradução dos verbetes figura, desse modo, como uma valorosa iniciativa para contribuir com o desenvolvimento dos estudos filosóficos em língua portuguesa

    V diretriz da Sociedade Brasileira de Cardiologia sobre tratamento do infarto agudo do miocárdio com supradesnível do segmento ST

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    Resumo não disponíve
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