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    Autorias engajadas: a revista DADOS&Idéias 1974-1980

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    Este artigo vincula possibilidades de intervenção em políticas públicas a possibilidades de espaços de autoria em regimes autoritários focalizando o caso da “reserva do mercado de minicomputadores” no Brasil nos anos 1970/1980. A revista DADOS&Idéias concretizou um espaço de autoria temporariamente aberto pela ditadura militar brasileira onde profissionais escolarizados puderam discutir, definir e defender a implantação de uma Política Nacional de Informática (P.N.I.) anticolonial para a fabricação de minicomputadores no Brasil. Financiada e editada por um órgão oficial vinculado ao Ministério da Fazenda, o Serviço Federal de Processamento de Dados (SERPRO), DADOS&Idéias publicou de 1974 a 1980 artigos que afirmavam existir no Brasil de então uma “capacidade tecnológica limitada mas significativa” na área de Informática, propondo que essa capacidade, ampliada, já oferecia uma base para a criação de uma indústria que adotasse projetos (design) de minicomputadores feitos por profissionais brasileiros. Destaco 1) democracia relativa; 2) uma comunidade de informática; 3) a origem da tecnologia como problema; 4) dependência tecnológica como entidade múltipla; 5) um personagem semiótico; e também 6) dois entre muitos desafios como elementos que configuram uma visão compartilhada pelo grupo de autores que ocuparam este espaço de autoria. DADOS&Idéias foi fechada em 1980 pelo Serviço Nacional de Informações (S.N.I.), a polícia política da ditadura, marcando o abandono do etos anticolonial da Política Nacional de Informática.Sociedad Argentina de Informática e Investigación Operativ

    RESERVA DE MERCADO: UM MAL ENTENDIDO CASO POLÍTICO-TECNOLÓGICO DE SUCESSO DEMOCRÁTICO E FRACASSO AUTORITÁRIO

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    A oferta ao mercado de produtos tecnicamente defasados com preços altos e a pressão norte-americana são explicações insatisfatórias para que a reserva de mercado no setor da informática praticada no Brasil, nos anos 70 e 80, seja hoje uma experiência ainda mais intensamente rejeitada do que considerada fracassada. A situação requer explicações mais complexas. Este artigo oferece uma nova explicação para o fracasso e a rejeição e também para um pouco conhecido sucesso da reserva de mercado, colocando em cena três fatores sociotécnicos específicos: o caráter especial da comunidade de profissionais brasileiros de informática, a intervenção do SNI (a polícia política da ditadura) e o advento dos microcomputadores. A imbricação desses fatores problematiza de uma nova forma os vínculos entre a reserva de mercado, o caráter autoritário do regime militar e os ideais do liberalismo democrático. A abordagem de inclinação sociotécnica aqui adotada divide o período em duas fases em que esses vínculos diferem radicalmente. Com surpresa, a primeira fase da reserva do mercado dos computadores no Brasil mostra uma afinidade não explorada entre as formas democráticas e a possibilidade de sucesso de políticas industriais para o desenvolvimento das ciências e das tecnologias nos países em desenvolvimento. Abstract Supplying the computer market with technically obsolete and high priced products plus the American pressure do not provide a satisfactory explanation for the fact that the market reserve practiced in Brazil in the 1980-90 is today even more intensely rejected than just taken as a failure. The situation requires more complex explanations. This paper offers a new explanation for the rejection and failure of the market reserve, and for its little known success as well, by means of three specific sociotechnical factors: the special character of the community of Brazilian computer professionals, the intervention of the political police of the military dictatorship (SNI), and the appearance of the microcomputer. This paper runs against the mainstream opinion that does not sufficiently problematizes the links between the market reserve, the authoritarian character of the military regime, and liberal democratic ideals. The sociotechnically inspired approach here adopted performs a division of the period into two phases where these links differ radically. Surprisingly, the first phase of the computer market reserve presents a frequently denied affinity between the democratic forms and the possibility of successful implementation of industrial and scientific policies seeking the development of sciences and technologies in developing countries

    OBJETO DAS CIÊNCIAS, OBJETIVIDADE DO DIREITO

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    Os Science Studies desnudaram o ardil moderno que historicamente separou as relações de força de ordem política (colocadas no mundo dos “homens-entre-si) das relações de razão de ordem filosófica e científica (colocadas no mundo das “coisas-em-si) para apoiar a razão com a força e a força com a razão. (1) Esse desnudamento abriu novos espaços nas relações entre ciência e direito, entre eles o da superação da subalternidade moderna materializada na colonialidade do poder.  É neste espaço que se pode fazer o que chamamos de acompanhamento reverso dos processos que, na ciência assim como no direito, a partir de proposições postas em circulação nas comunidades intervenientes, chegam a estabelecer os objetos das ciências e as objetividades dos direitos. (2) É o acompanhamento reverso que pode revelar os preconceitos e valores tácitos que intervieram durante um processo de criação/invenção/observação /descoberta/feitura dos objetos das ciências e das objetividades dos direitos, preconceitos e valores que foram apagados quando as proposições à jusante do processo foram se estabilizando e se instalando no mundo com a robustez dos objetos das ciências ou das objetividades dos direitos. Na feitura da ciência, os caminhos da pesquisa e as considerações sobre as alternativas do que fazer não são discutidas independentemente de seus respectivos custos, da consideração do que poderiam vir a produzir e da avaliação da probabilidade de sucesso nas buscas de recursos para financiá-las. Já na feitura do direito, nem o reconhecimento das violências sociais nem a presença das regras são suficientes para prever o movimento. Parece que nesse momento, não há necessidade de buscar outra realidade invisível além da sinuosidade do raciocínio, para explicar a cada instância o rumo desse movimento abrindo um caminho de feitura do direito através de todos aqueles obstáculos. Tão hesitante e cuidadoso quanto o trabalho no laboratório na feitura da ciência é o trabalho nas oficinas de feitura do direito.(3) Para adentrar o espaço de superação da subalternidade moderna materializada na colonialidade do poder é preciso receptualizar as relações entre ciência e direito. As visitas ao colossal edifício de conhecimentos dos modernos, inevitáveis que são, devem ser feitas com espírito antropofágico, isto é, para voltar de lá trazendo o que se selecionou autonomamente (tanto quanto possível) eliminando preconceitos e retendo valores próprios de libertação / descolonização

    Reserva de mercado: um mal entendido caso político-tecnológico de "sucesso" democrático e "fracasso" autoritário

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    A oferta ao mercado de produtos tecnicamente defasados com preços altos e a pressão norteamericana são explicações insatisfatórias para que a reserva de mercado da informática praticada no Brasil nos anos 70 e 80 seja hoje uma experiência ainda mais intensamente rejeitada do que considerada fracassada. Este artigo oferece uma nova explicação para o fracasso e a rejeição, baseada em três fatores sociotécnicos específicos: o caráter da comunidade de profissionais brasileiros de informática, o advento dos microcomputadores, e a intervenção do SNI (a polícia política da ditadura). O artigo procura desfazer a opinião corrente que não problematiza os vínculos entre a reserva de mercado e o caráter autoritário do regime militar. A situação requer explicações mais complexas, e uma divisão do período em duas fases. Surpreendentemente, a primeira fase da reserva do mercado dos computadores no Brasil mostra uma afinidade muitas vezes negada entre as formas democráticas e a possibilidade de sucesso de políticas industriais para o desenvolvimento de ciências e tecnologias nos países em desenvolvimento

    Desmaterialização dos bens e serviços e oportunidades de trabalho

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    Submitted by Elaine Almeida ([email protected]) on 2017-08-15T14:16:20Z No. of bitstreams: 1 25_99_000611669.pdf: 1789908 bytes, checksum: 9bcdbb41fb05722ba547a0ba8766d39a (MD5)Made available in DSpace on 2017-08-15T14:16:21Z (GMT). No. of bitstreams: 1 25_99_000611669.pdf: 1789908 bytes, checksum: 9bcdbb41fb05722ba547a0ba8766d39a (MD5) Previous issue date: 1999-12-3

    Interleaved paths in the configuration of the academic field of Information Systems in Brazil

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    Este artigo retoma momentos do percurso de construção dos cursos de terceiro grau em computação no Brasil e no exterior. O objetivo é compreender e questionar a caracterização dos cursos de graduação em Sistemas de Informação como cursos que têm a computação como "atividade-meio" em contraposição a outros que são classificados como cursos que têm a computação como "atividade-fim". Em particular são abordadas duas tensões: a escolha por um caminho brasileiro em contraposição ao modelo estrangeiro e a opção por um curso interdisciplinar em contraposição a um curso centrado nas ciências exatas.This article resumes moments of the path of construction of third-level courses in computer science in Brazil and abroad. The aim is to understand the characterization of undergraduate courses in Information Systems as courses that have “computation as a means” in contrast to other that are classified as courses that have “computation as an end”. In the analysis of this division we address the following two tensions: the option for a Brazilian path in opposition to a foreign model and the option for an interdisciplinary course in opposition to a course centered in the exact sciences.Facultad de Informátic

    Interleaved paths in the configuration of the academic field of Information Systems in Brazil

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    Este artigo retoma momentos do percurso de construção dos cursos de terceiro grau em computação no Brasil e no exterior. O objetivo é compreender e questionar a caracterização dos cursos de graduação em Sistemas de Informação como cursos que têm a computação como "atividade-meio" em contraposição a outros que são classificados como cursos que têm a computação como "atividade-fim". Em particular são abordadas duas tensões: a escolha por um caminho brasileiro em contraposição ao modelo estrangeiro e a opção por um curso interdisciplinar em contraposição a um curso centrado nas ciências exatas.This article resumes moments of the path of construction of third-level courses in computer science in Brazil and abroad. The aim is to understand the characterization of undergraduate courses in Information Systems as courses that have “computation as a means” in contrast to other that are classified as courses that have “computation as an end”. In the analysis of this division we address the following two tensions: the option for a Brazilian path in opposition to a foreign model and the option for an interdisciplinary course in opposition to a course centered in the exact sciences.Facultad de Informátic

    Apresentação - Conhecimentos e redes: produção e apropriação de C&T

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    As mudanças que acompanham a formação de coletivos crescentemente mundializados e os concomitantes desenvolvimentos das tecnologias de informação e de comunicação são elementos estratégicos na transformação das condições destes coletivos produzirem informação e conhecimentos. A importância das redes de produção, disseminação e apropriação de conhecimentos tornou estratégica a reflexão sobre as mesmas e sobre as possibilidades e repercussões que trazem para as formas da vida econômica, social e cultural, notadamente para as possibilidades de atividades inter e trans-disciplinares e setoriais. Nosso objetivo, aqui, é apresentar um conjunto de debates sobre essa temática, que remete à relação entre produção de ciência, tecnologia, inovações e condições de vida e à necessidade da ampliação do debate social em torno da tecnociência, sua construção e usos e as possibilidades de inclusão de novos atores nesse debate

    “Não é que os conhecimentos especializados não sirvam, mas que eles deixam buracos na sua visão de mundo”

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    Foi pela vivência de pesquisa no exterior que Ivan da Costa Marques tomou consciência da dependência tecnológica do Brasil. Foi na pesquisa no Brasil que ele vivenciou a reserva do mercado de minicomputadores como uma linha de fuga da dependência tecnológica, o que para ele seria, para o Brasil, uma aproximação autônoma da modernidade. Foi refletindo sobre como o sucesso dessa linha de fuga se transformou em fracasso que da Costa Marques se deu conta de que as explicações disciplinares, fossem da engenharia, da economia ou mesmo da sociologia, tinham sempre hipóteses e opções implícitas de valores que tendiam a reforçar o modo de ver dos países ditos desenvolvidos. Depois, continuando a estudar e pesquisar sobre as limitações dessa linha de fuga, chegou aos Estudos de ciência, tecnologia e sociedade e situou os Estudos de ciência, tecnologia e sociedade como uma poderosa ferramenta daqueles que estão engajados na superação da colonialidade nas periferias do Ocidente

    “Não é que os conhecimentos especializados não sirvam, mas que eles deixam buracos na sua visão de mundo”

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    Ivan da Costa Marques became aware of Brazil's technological dependence through research experience abroad. And through research within the country, based on an autonomous approach to modernity for Brazil, he discovered that the reserves of the minicomputer market could be a vanishing point from technological dependence. With his reflection on how the success of this escape line became a failure, Costa Marques realized that disciplinary explanations from engineering, economics, or even sociology, always had implicit assumptions and value choices that reinforced the view of the so-called developed countries. Thus, the study of the limitations of this vanishing point led to Science, Technology and Society Studies that situated them as a powerful tool for overcoming coloniality in the peripheries of the West.Foi pela vivência de pesquisa no exterior que Ivan da Costa Marques tomou consciência da dependência tecnológica do Brasil. Foi na pesquisa no Brasil que ele vivenciou a reserva do mercado de minicomputadores como uma linha de fuga da dependência tecnológica, o que para ele seria, para o Brasil, uma aproximação autônoma da modernidade. Foi refletindo sobre como o sucesso dessa linha de fuga se transformou em fracasso que da Costa Marques se deu conta de que as explicações disciplinares, fossem da engenharia, da economia ou mesmo da sociologia, tinham sempre hipóteses e opções implícitas de valores que tendiam a reforçar o modo de ver dos países ditos desenvolvidos. Depois, continuando a estudar e pesquisar sobre as limitações dessa linha de fuga, chegou aos Estudos de ciência, tecnologia e sociedade e situou os Estudos de ciência, tecnologia e sociedade como uma poderosa ferramenta daqueles que estão engajados na superação da colonialidade nas periferias do Ocidente
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