19 research outputs found
A contribution to the debate on the redefinition of the networked public sphere based on Portuguese public participation in cyberspace
This article locates Portugal in the discussion on the transition from a normative public sphere (Habermas, 1968/1989, 1998) to a new networked public sphere (Benkler, 2006), powered by the internet, global networked society and participative and interactive cultures. We use data from the public participation module of the 2018 Digital news report published by the Reuters Institute for the Study of Journalism, which surveyed a representative sample of the Portuguese population. The results point to the existence and appropriation of many forms of public participation in cyberspace. Users share news, comment on news, take part in online votes, etc., on press websites and social media. Nonetheless, the collected data point to a type of online public participation that determines the slow constitution and consolidation of a new networked public sphere in Portugal
Uma Nova Forma de Precariedade (da Prática)? A Descompetencialização Profissional no Centro do Sequestro da Qualidade no Jornalismo
Este artigo procura responder a uma das principais lacunas identificáveis no debate sobre descompetencialização profissional no jornalismo. Esta lacuna consiste numa dificuldade em isolar da restante polissemia conceptual este conceito que é crítico na interpretação dos desafios impostos ao jornalismo, que são múltiplos e que vão da erosão da dominação profissional às crises de valores, passando pela instabilidade de modelos de negócio com impacto acentuado na reconfiguração da divisão do trabalho jornalístico.Para tal, e com recurso a uma sistematização da literatura sobre descompetencialização profissional, chegamos a uma definição estruturada e maximalista deste conceito no jornalismo. Definição que resulta fundamentalmente da arrumação dos múltiplos significados em dois indutores principais: a despadronização do trabalho jornalístico e o imediatismo na produção jornalística. Uma descompetencialização na profissão de jornalista que, conclui-se, constitui um novo tipo de precariedade da prática, capaz de capturar a qualidade jornalística e que vai além das tradicionais e muito documentadas precariedades do emprego e do trabalho.Por fim, ensaiamos pistas futuras para continuar a acompanhar os ritmos de transformação profissional e a forma como estes continuarão a abalar competências jornalísticas e a qualidade da prática profissional, nomeadamente o fenómeno da automação digital no jornalismo com capacidade para ditar o regresso ao debate sobre descompetencialização profissional no jornalismo.This article seeks to fill in one of the main identifiable gaps in the debate on professional deskilling in journalism. This gap consists of the difficulty in isolating this concept from other multiple meanings that is critical when interpreting the challenges imposed on journalism, which are multiple and range from the erosion of professional domination to crises of values, including the instability of business models with a marked impact on the reconfiguration of the division of journalistic labour.To that end, the literature on professional deskilling was used as a resource and systematically analysed to produce a structured and maximalist definition of this concept in journalism. A definition that essentially results from the arrangement of multiple meanings within two main aspects: the destandardisation of journalistic work and the immediacy of journalistic production. It is concluded that a deskilling of the journalist profession constitutes a new type of precarity of practice, able to capture journalistic quality and which goes beyond the traditional and well-documented precarity of employment and labour.Finally, we suggest future avenues to continue monitoring the pace of professional transformation and how it will continue to affect journalistic skills and the quality of professional practice, in particular the phenomenon of digital automation in journalism, which has the capacity to dictate a return to the debate on professional deskilling in journalism
A New Form of Precarity (of Practice)? Professional Deskilling at the Centre of the Hijacking of Quality in Journalism
This article seeks to fill in one of the main identifiable gaps in the debate on professional deskilling in journalism. This gap consists of the difficulty in isolating this concept from other multiple meanings that is critical when interpreting the challenges imposed on journalism, which are multiple and range from the erosion of professional domination to crises of values, including the instability of business models with a marked impact on the reconfiguration of the division of journalistic labour.To that end, the literature on professional deskilling was used as a resource and systematically analysed to produce a structured and maximalist definition of this concept in journalism. A definition that essentially results from the arrangement of multiple meanings within two main aspects: the destandardisation of journalistic work and the immediacy of journalistic production. It is concluded that a deskilling of the journalist profession constitutes a new type of precarity of practice, able to capture journalistic quality and which goes beyond the traditional and well-documented precarity of employment and labour.Finally, we suggest future avenues to continue monitoring the pace of professional transformation and how it will continue to affect journalistic skills and the quality of professional practice, in particular the phenomenon of digital automation in journalism, which has the capacity to dictate a return to the debate on professional deskilling in journalism.Este artigo procura responder a uma das principais lacunas identificáveis no debate sobre descompetencialização profissional no jornalismo. Esta lacuna consiste numa dificuldade em isolar da restante polissemia conceptual este conceito que é crítico na interpretação dos desafios impostos ao jornalismo, que são múltiplos e que vão da erosão da dominação profissional às crises de valores, passando pela instabilidade de modelos de negócio com impacto acentuado na reconfiguração da divisão do trabalho jornalístico.Para tal, e com recurso a uma sistematização da literatura sobre descompetencialização profissional, chegamos a uma definição estruturada e maximalista deste conceito no jornalismo. Definição que resulta fundamentalmente da arrumação dos múltiplos significados em dois indutores principais: a despadronização do trabalho jornalístico e o imediatismo na produção jornalística. Uma descompetencialização na profissão de jornalista que, conclui-se, constitui um novo tipo de precariedade da prática, capaz de capturar a qualidade jornalística e que vai além das tradicionais e muito documentadas precariedades do emprego e do trabalho.Por fim, ensaiamos pistas futuras para continuar a acompanhar os ritmos de transformação profissional e a forma como estes continuarão a abalar competências jornalísticas e a qualidade da prática profissional, nomeadamente o fenómeno da automação digital no jornalismo com capacidade para ditar o regresso ao debate sobre descompetencialização profissional no jornalismo
Um contributo para o debate sobre a redefinição da esfera pública em rede a partir da participação pública dos portugueses no ciberespaço
O presente artigo tenta enquadrar para Portugal a discussão sobre a transição de uma esfera pública normativa (Habermas, 1968/1989, 1998) para uma nova esfera pública em rede (Benkler, 2006), potenciada pelas características da internet, pela sociedade em rede global, e pelas culturas participativas e interativas. São utilizados dados do módulo participação pública do inquérito Digital news report, do Reuters Institute for the Study of Journalism, de 2018, aplicado a uma amostra representativa da população portuguesa. Os dados obtidos apontam para a existência e apropriação dos múltiplos formatos de participação pública no ciberespaço, através da partilha de notícias, comentários a notícias, participação em processos de votação online, etc., nos sites de títulos de imprensa ou nas redes sociais. Contudo, os dados coligidos apontam para a fundação de uma participação pública no ciberespaço que, pelas suas características, determina a constituição e consolidação lentas de uma nova esfera pública em rede para o contexto portuguê
Teletrabalho: Contributos para uma sistematização teórica
O presente trabalho tem como objectivo contribuir para uma sistematização teórica do Teletrabalho, numa altura em que o tema suscita um renovado interesse, devido às restrições impostas pelos sucessivos períodos de confinamento. Esta sistematização faz-se com base numa revisão da literatura sobre aquilo que são as implicações positivas e negativas do teletrabalho para o teletrabalhador, para a gestão de recursos humanos, e para o desempenho das próprias organizações, num contexto de forte ambivalência teórica e empírica que urge debater, de forma a poder ser contida uma possível ressignificação ou um possível afunilamento dos direitos fundamentais dos trabalhadores.This work aims to contribute to a theoretical systematization of Teleworking. Precisely, the interest and significance this phenomenon raises due to the restrictions imposed by the successive periods of lockdown. This systematization is based on a literature review that seeks to locate the positive and negative implications of teleworking on teleworkers, on human resources, and on the performance of the organizations themselves. There is a necessity for a debate in a context of strong theoretical and empirical ambivalence, in order to contain a possible reframing or a possible dilution of workers' fundamental rights
Using the Portuguese case to establish lines of differentiation
UID/CCI/04667/2016While a far from recent phenomenon, fake news has acquired a very special significance in the wake of the latest US elections. Against a broad background of different definitions and subtypes that require us to find a new, broader definition of the concept of fake news, the main debate about it concerns its scope and reach, which vary primarily in terms of intentionality and exactly how it disrupts the information process. With the discussion also focusing on the threats to (McChesney, 2014; Fisher, 2018) and opportunities for (Beckett, 2017) journalism itself, we seek to expand the debate on fake news to its impact on the dimension of trust in news. The starting point is Fletcher and Nielsen’s (2017) idea that, because they don’t make a clear distinction between real and fake news, Internet users feel a generalised sense of distrust in the media. Using data from the latest (2018) Reuters Digital News Report survey of a representative sample of the Portuguese Internet-using population, we describe the main reasons why the Portuguese (increasingly familiar with fake news and disinformation and their impacts) have been displaying higher levels of trust in news than counterparts in other countries, such as the United States –reasons that are linked to Portugal’s media system and historical context.publishersversionpublishe
Acesso Aberto e Conhecimento Científico: Entre a Res Publica e o Modelo de Negócio. Uma Revisão da Literatura
The discussion on what open access can give to science has become polarized in recent years. On the one hand, the first decade of the new millennium brought us an enthusiasm that one can consider as quite comprehensive in the scientific community, regarding the great potential of open access in the dissemination of knowledge, its sharing and the mechanisms of citizen participation in the scientific process. On the other hand, the last few years have brought us a new debate that addresses and criticizes the derivation of open access to a new business model. By supporting this article with an extensive review of the literature on a topic that is still residual in studies that intersect the areas of science communication and the field of the economics of science, we propose to summarize the main reasons evoked by a side and the other. Among the positive points, we highlight the potential of open access in the dissemination of knowledge, the increased visibility of this knowledge, the involvement of society and professionals in the scientific process through civic participation logics, greater efficiency and interaction with benefits for the research projects themselves, the retention of publication rights by the authors, the redistribution of resources, and the greater transparency of a more scrutinizing model. Among the negative points, we can essentially highlight the inability to combat a kind of parallel science economy, which takes advantage of open access and the logic of academic overproduction, to establish the so-called “article processing charges” with little transparency and with publication rates often in excess of several thousand euros, which violate the principles of open science and generate inequalities in opportunities within the scientific community itself.A discussão sobre aquilo que o acesso aberto pode dar à ciência polarizou-se nos últimos anos. Se, por um lado, a primeira década do novo milénio nos trouxe um entusiasmo que poderemos considerar como bastante abrangente na comunidade científica, relativamente às grandes potencialidades de abertura do conhecimento, da sua comunicação e partilha, e dos mecanismos de participação cidadã no processo científico, os últimos anos trouxeram-nos um novo debate que aborda a derivação do acesso aberto para um novo modelo de negócio. Ao sustentarmos o presente artigo numa extensa revisão da literatura de um tema que é, ainda hoje, residual nos estudos que intersectam as áreas da comunicação de ciência e da economia da ciência, propusemo-nos sintetizar as principais razões evocadas de um lado e do outro. Entre os pontos positivos destacados na relação entre acesso aberto e conhecimento científico, destacam-se o potencial difusor do acesso aberto na disseminação de conhecimento, o aumento da visibilidade desse conhecimento produzido, o envolvimento da sociedade e dos profissionais no processo científico, através de lógicas de participação cívica e interpares, a maior eficiência e interação com benefícios para os próprios projetos de investigação, a retenção dos direitos de publicação pelos autores, a redistribuição de recursos, e a maior transparência de um modelo de natureza mais escrutinadora. Entre os pontos negativos, destaca-se essencialmente a incapacidade de combater uma espécie de economia da ciência paralela que tira proveito do acesso aberto e das lógicas de sofreguidão da produção académica para instituir as designadas article processing charges, pouco transparentes e com valores e taxas de publicação muitas vezes superiores aos vários milhares de euros, que atentam contra os princípios da ciência aberta e que são geradoras de desigualdades de oportunidades dentro da própria comunidade científica
Desafios no jornalismo e sustentabilidade no sector da imprensa escrita
Num campo de estudos tão consolidado como aquele a que se reporta esta tese, abordámos um grande número de conceitos envolvidos numa amálgama de fenómenos promovidos pela nova fase de um processo evolutivo das relações entre media e sociedade a que se convencionou chamar de sociedade em rede, onde a digitalização e as arquitecturas em rede marcam um ambiente de disrupção permanente no jornalismo, na profissão de jornalista, e no sector da imprensa escrita e na sua sustentabilidade.
O plano metodológico é constituído maioritariamente por dados de cariz quantitativo obtidos pela aplicação de inquéritos ao longo da última década, adjuvados numa fase final pela realização de entrevistas a jornalistas e a gestores de grupos de media.
Conclui-se que os grandes desafios colocados ao jornalismo e aos jornalistas, cujo impacto é grandemente extensível ao sector da imprensa escrita onde a profissão historicamente se consolidou, se dividem em três principais eixos moldados por um "continuum" de fenómenos impulsionados pelo pós-industrialismo, pela digitalização, e por um cenário de agudização económica de crise de geração de receitas e de redução do valor de troca no jornalismo: os desafios à "praxis" e aos valores do jornalismo profissional credenciado; os desafios ao emprego e ao trabalho a partir de reconfigurações e redefinições continuadas do contrato social e da divisão do trabalho no jornalismo; e os desafios à sobrevivência profissional a partir do empoderamento dos mercados descentralizados de produção de conteúdos que promovem a desintermediação do jornalismo profissional.
Por último, observa-se que os desafios discutidos, em especial no contexto nacional, assumem diferentes magnitudes e alguns deles podem simultaneamente ser interpretados como oportunidades, num jornalismo (e imprensa escrita em geral) que será fundamentalmente dinâmico e determinado por contextos.In a field of study as firmly established as that of this thesis, we have explored a considerable number of concepts involved in an amalgam of phenomena springing from the new phase of evolution of a relationship between the media and society that is now usually called the network society. Here, digitisation and networked architectures and connectivity mark an environment of permanent disruption in journalism, the journalist’s profession and the written press and its sustainability.
Our methodological plan consisted mainly of quantitative data obtained from surveys conducted over the last decade, later complemented by interviews with journalists and media group managers.
We concluded that the main challenges facing journalism and journalists have greatly affected the written press sector, in which the profession has its roots. There are three challenges, which have been moulded by a stream of phenomena arising from post-industrialism, digitisation and an increasingly acute economic crisis caused by lower returns and a reduction in exchange value in journalism. The first is the challenge faced by the praxis and the value of accredited professional journalism. The second affects work and employment, due to ongoing reconfigurations and redefinitions of the social contract and the division of labour in journalism. The third is the survival of the profession on the basis of the empowerment of decentralised content production markets that foster the disintermediation of professional journalism. Finally, we conclude that the challenges are of different magnitudes, especially in Portugal, and that some of them can also be interpreted as opportunities in a journalism (and written press in general) that will be fundamentally dynamic and context-based
Fake news and its impact on trust in the news. Using the Portuguese case to establish lines of differentiation
While a far from recent phenomenon, fake news has acquired a very special significance in the wake of the latest US elections. Against a broad background of different definitions and subtypes that require us to find a new, broader definition of the concept of fake news, the main debate about it concerns its scope and reach, which vary primarily in terms of intentionality and exactly how it disrupts the information process. With the discussion also focusing on the threats to (McChesney, 2014; Fisher, 2018) and opportunities for (Beckett, 2017) journalism itself, we seek to expand the debate on fake news to its impact on the dimension of trust in news. The starting point is Fletcher and Nielsen’s (2017) idea that, because they don’t make a clear distinction between real and fake news, Internet users feel a generalised sense of distrust in the media. Using data from the latest (2018) Reuters Digital News Report survey of a representative sample of the Portuguese Internet-using population, we describe the main reasons why the Portuguese (increasingly familiar with fake news and disinformation and their impacts) have been displaying higher levels of trust in news than counterparts in other countries, such as the United States –reasons that are linked to Portugal’s media system and historical context
Media & Jornalismo: 20 anos
UIDB/05021/2020
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