38 research outputs found

    A resignificação da crise ambiental pela mídia de negócios: responsabilidade empresarial e redenção pelo consumo

    Get PDF
    O artigo analisa como o consumidor ambientalmente responsável tem sido produzido pela mídia de negócios em duas revistas: The Economist e Exame, no período de 1996-2007. O método de pesquisa apoia-se na Teoria do Discurso de Ernesto Laclau e Chantal Mouffe e em autores lacanianos que encamparam essa teoria. A análise empírica, apoiada por uma revisão bibliográfica sobre crise ambiental, consumo e responsabilidade empresarial, permite concluir que a construção midiática do consumidor responsável tem se utilizado da culpabilização presente no discurso da crise ambiental para vender redenção como mercadoria

    Dilemas éticos na cultura do consumo: Antropoceno, psicanálise e capitalismo como modo de operação das paixões

    Get PDF
    O consumo ético tem emergido como resposta possível à crise climática no contexto do Antropoceno. Neste ensaio, faço uma crítica a essa proposição contextualizando, historicamente, as relações entre consumo, capitalismo e paixões humanas que moldaram a cultura do consumo contemporânea. Partindo da Fábula das abelhas, de Bernard Mandeville e chegando ao conceito freudiano de pulsão, empreendo uma genealogia das paixões consumistas, sugerindo que a satisfação pulsional é uma noção central para o entendimento das dimensões psíquicas relacionadas ao consumo. Reflito sobre a ética a partir dessa perspectiva psicanalítica segundo a qual o mundo é incompleto e a satisfação total é impossível. Tal lógica é radicalmente oposta à da cultura do consumo na qual está assentado o discurso do consumo ético. Concluo argumentando que uma ética para o Antropoceno deve ser uma ética trágica e que a ética da Psicanálise, proposta por Lacan, tem algo a nos ensinar sobre isso.Ethical consumption has emerged as a possible response to the climate crisis in the context of the Anthropocene. In this essay, I critique this proposition by historically contextualizing the relations between consumption, capitalism and human passions that have shaped contemporary consumer culture. Starting from Bernard Mandeville’s Fable of the Bees and arriving at the Freudian concept of drive, I undertake a genealogy of consumerist passions, suggesting that drive satisfaction is a central notion for understanding the psychic dimensions related to consumption. I reflect on ethics from this psychoanalytic perspective, according to which the world is incomplete and total satisfaction is impossible. This logic is radically opposed to that of consumer culture, on which the discourse of ethical consumption is based. I conclude by proposing that an ethics for the Anthropocene must be a tragic ethics and that the ethics of Psychoanalysis, proposed by Lacan, has something to teach us about this

    O mundo de Ronald McDonald: sobre a marca publicitária e a socialidade midiática

    Get PDF
    The clown Ronald McDonald -- one of the trademarks of the McDonald's Corporation -- is taken as a paradigm to reflect upon the relations between market, media, and entertainment, which have a direct link with what we define as "mediatic sociality". As an ideal metaphor of an advertising that no longer seems to attempt to make sense, the story of the clown allows us to unveil the meanings contained in two of the main practices of modern marketing, the advertisement and the publicity, revealing how, between the nonsense of contemporary advertising and a publicity that has fused illusion and reality, there is a vital relationship between media and publicity, that establishes a new form of communication in which the subject becomes only a means to ends that he/she knows about, but paradoxically acts as if he/she ignored them. Such paradox is revealing of a form of subjectivity profoundly marked by the media as a socializing agent, in the sense that the role of the media as a mediator of contemporary sociality had the effect of altering our perceptive universe, saturating our imaginary in a radically new way. In addition to that, the "mediatic sociality" implies a new form of representation of the subject in the record of the "spectacle", in the sense that "to be in the image is to exist". Needless to stress how much these issues must be included in contemporary studies about the processes of socialization, and how challenging they are to those that work within the universe of education.O palhaço Ronald McDonald -- uma das imagens de marca da Corporação McDonald's -- é tomado como paradigma para pensarmos as relações entre mercado, mídia e entretenimento, as quais tem uma ligação direta com o que estamos conceituando como "socialidade midiática". Enquanto uma metáfora ideal de uma propaganda que parece não querer mais fazer sentido, a história do palhaço nos permite desvendar os sentidos contidos em duas das principais práticas do marketing moderno, a propaganda e a publicidade, revelando-nos como, entre o nonsense da propaganda contemporânea e uma publicidade que fundiu realidade e ilusão, há uma relação visceral entre mídia e publicidade, que estabelece uma nova forma de comunicação, na qual o sujeito torna-se apenas um meio para fins que ele sabe quais são, mas, paradoxalmente, age como se não soubesse. Tal paradoxo é revelador de uma forma de subjetividade profundamente marcada pela mídia enquanto agente socializador, na medida em que a atuação da mídia como mediador da socialidade contemporânea acabou por alterar o nosso universo perceptivo, saturando o nosso imaginário de uma forma radicalmente nova. Some-se a isso o fato de que a "socialidade midiática" implica uma nova forma de representação do sujeito no registro do "espetáculo", no sentido de que "estar na imagem é existir". Desnecessário dizer o quanto essas questões precisam ser contempladas pelos estudos contemporâneos sobre os processos de socialização e o quanto são desafiadoras para aqueles que atuam no universo da educação

    A auto-gestão de carreiras chega à escola de administração: o humano se tornou capital?

    Get PDF
    O objetivo deste artigo é tomar o modelo de auto-gestão de carreira como uma ilustração da teoria do capital humano, segundo a qual o trabalho é entendido em termos de “empreendimento individual”. Para elucidar tal paralelo, apresentar-se-á um estudo de caso que diz respeito à reformulação ocorrida, em 2004, no curso de especialização para graduados de uma das mais tradicionais escolas de Administração de São Paulo, que passou a inserir a disciplina “orientação de carreira” no currículo obrigatório do curso. Foram ouvidos coordenadores e professores, bem como alunos que já cursaram a disciplina, a fim de se verificar o por quê dessa reformulação e seus impactos nos alunos envolvidos. Buscou-se compreender até que ponto a reformulação visou atender a uma demanda de mercado para o modelo de “auto-gestão de carreira” e o quanto isso pode ilustrar a tese de que o humano se tornou capital

    O mundo de Ronald McDonald:: sobre a marca publicitária e a socialidade midiática

    Get PDF
    The clown Ronald McDonald ¾ one of the trademarks of the McDonald's Corporation ¾ is taken as a paradigm to reflect upon the relations between market, media, and entertainment, which have a direct link with what we define as "mediatic sociality". As an ideal metaphor of an advertising that no longer seems to attempt to make sense, the story of the clown allows us to unveil the meanings contained in two of the main practices of modern marketing, the advertisement and the publicity, revealing how, between the nonsense of contemporary advertising and a publicity that has fused illusion and reality, there is a vital relationship between media and publicity, that establishes a new form of communication in which the subject becomes only a means to ends that he/she knows about, but paradoxically acts as if he/she ignored them. Such paradox is revealing of a form of subjectivity profoundly marked by the media as a socializing agent, in the sense that the role of the media as a mediator of contemporary sociality had the effect of altering our perceptive universe, saturating our imaginary in a radically new way. In addition to that, the "mediatic sociality" implies a new form of representation of the subject in the record of the "spectacle", in the sense that "to be in the image is to exist". Needless to stress how much these issues must be included in contemporary studies about the processes of socialization, and how challenging they are to those that work within the universe of education.O palhaço Ronald McDonald ¾ uma das imagens de marca da Corporação McDonald's ¾ é tomado como paradigma para pensarmos as relações entre mercado, mídia e entretenimento, as quais tem uma ligação direta com o que estamos conceituando como "socialidade midiática". Enquanto uma metáfora ideal de uma propaganda que parece não querer mais fazer sentido, a história do palhaço nos permite desvendar os sentidos contidos em duas das principais práticas do marketing moderno, a propaganda e a publicidade, revelando-nos como, entre o nonsense da propaganda contemporânea e uma publicidade que fundiu realidade e ilusão, há uma relação visceral entre mídia e publicidade, que estabelece uma nova forma de comunicação, na qual o sujeito torna-se apenas um meio para fins que ele sabe quais são, mas, paradoxalmente, age como se não soubesse. Tal paradoxo é revelador de uma forma de subjetividade profundamente marcada pela mídia enquanto agente socializador, na medida em que a atuação da mídia como mediador da socialidade contemporânea acabou por alterar o nosso universo perceptivo, saturando o nosso imaginário de uma forma radicalmente nova. Some-se a isso o fato de que a "socialidade midiática" implica uma nova forma de representação do sujeito no registro do "espetáculo", no sentido de que "estar na imagem é existir". Desnecessário dizer o quanto essas questões precisam ser contempladas pelos estudos contemporâneos sobre os processos de socialização e o quanto são desafiadoras para aqueles que atuam no universo da educação

    Prosumption: as novas articulações entre trabalho e consumo na reorganização do capital

    Get PDF
    The article analyzes the phenomenon of prosumption on the basis of the re-significations that the term underwent in the context of the restructuring of production in the 1980s and the new links between work and consumption resulting from that. Based on academic texts and empirical illustrations, as well as on Marxian literature on the production of value, the aim of the paper is to understand how the formatting of the consumer-worker and worker-consumer takes place and to discuss the way in which contemporary capital has sought to deal with two of its main challenges: the extension of abstract labor and the overcoming of the temporal gap between production and realization of value. This process points to novel and more subtle forms of exploitation of the worker and the consumer and requires a return to Marx to think about the blurred boundaries between production and realization of value in these new forms of work and consumption.Keywords: prosumption, prosumer, value, work, consumption.O artigo analisa o fenômeno do prosumption a partir das ressignificações que o termo sofreu no contexto das reestruturações produtivas da década de 1980 e das novas articulações entre trabalho e consumo daí advindas. Com base em textos acadêmicos e ilustrações empíricas, e fundamentado na literatura marxiana sobre a produção do valor, o objetivo do artigo é compreender como se dá a formatação do consumidor-trabalhador e do trabalhador-consumidor, vendo a maneira contemporânea com a qual o capital tem buscado lidar com dois dos seus principais desafios: a extensão do trabalho abstrato e a superação da lacuna temporal entre produção e realização de valor. Esse processo aponta para formas inéditas e mais sutis de exploração do trabalho abstrato – do trabalhador e do consumidor – e requer um retorno a Marx para se pensar as fronteiras borradas entre produção e realização do valor nessas novas formas de trabalho e consumo.Palavras-chave: prosumption, prosumer, valor, trabalho, consumo

    Alcances e limites da crítica no contexto da cultura política do consumo

    Get PDF
    Consumer culture, whose roots lay in the final decades of the nineteenth century, has been restructuring itself as a political culture of consumption. In this new phase, corporations are taking the place of politics, while the idea of publicness is concomitantly weakened by consumer culture itself. In this context, this article questions the scope and limits of criticism, focusing on protests that erupted in Brazil, especially in June 2013. It is suggested that these protests can be analyzed from the perspective of a double movement of the political culture of consumption, i.e., both in the way in which they were expressed and how they were, and still are, interpreted by the various media, advertisers and academics. At the end, the idea of democratization by consumption is discussed, at the center of which can be found a crisis of democracy itselfA cultura do consumo, cujas raízes estão nas décadas finais do século XIX, vem se reestruturando sob a forma de uma cultura política do consumo. Nesta nova fase, as corporações vêm assumindo o lugar da política, concomitantemente ao enfraquecimento da noção de público a que essa própria cultura do consumo levou. Este artigo interroga os alcances e limites da crítica nesse contexto, com foco nos protestos que eclodiram no Brasil, em especial em junho de 2013. Sugere-se que esses protestos podem ser analisados a partir da perspectiva da cultura política do consumo em seu duplo movimento: na forma mesma em que se manifestaram; e na maneira como foram e ainda vêm sendo ressignificados pelos diferentes meios midiáticos, publicitários e acadêmicos. Discute-se, ao final, a ideia da democratização pelo consumo, no centro da qual pode se descortinar uma crise da própria democracia

    Educação e imagens na sociedade do espetáculo: as pedagogias culturais em questão

    Full text link
    O artigo analisa as razões pelos quais a cultura de imagens se faz presente nos agentes simbólicos da atual cultura, fomentando experiências e estratégias educativas que se difundem para além das fronteiras da educação formal. A hipótese é a de que toda análise crítica dirigida às pedagogias culturais viabilizam condições para que as estratégias educacionais também utilizem componentes imagéticos presentes nos agentes simbólicos da cultura. Para tanto, será analisada a cultura das imagens na perspectiva da Sociedade do Espetáculo (2000), e as razões pelas quais a análise crítica das pedagogias culturais se tornam essenciais no campo da educação, desafiando as próprias práticas educacionais atuais
    corecore