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A heresia política dos monges barbudos no período de consolidação do Estado Novo: fontes, historiografia, contexto
O movimento dos Monges Barbudos ocorreu entre 1935 e 1938, em Soledade (RS). Sua origem está associada com a figura do monge João Maria, o qual teria estado na localidade e instruído uma nova religião. Reunindo um significativo número de membros o movimento despertou a atenção da comunidade local e das autoridades que recorreram ao uso da força militar para reprimi-los. O conflito ocorreu durante o ano de 1938, quando o grupo composto por camponeses se reuniu na capela de Santa Catarina a espera do retorno do santo monge. A repressão deixou um saldo de mortos e feridos, além do medo e da proibição da prática religiosa. Inseridos num contexto político complexo foram acusados de serem comunistas. Esse fato contribuiu para legitimar a ação repressiva orquestrada pelo Estado. Após cinquenta anos de silêncio foram publicadas as primeiras obras sobre o ocorrido. Nestas o aspecto religioso foi privilegiado. Nosso estudo busca apresentar a relação entre o contexto político regional e nacional com a prática da violência que foi promovida contra o movimento. Para isto, utilizamo-nos de um variado leque documental. Enfim, os Monges Barbudos foram reprimidos pelo contexto no qual estavam inseridos. Foram, assim, utilizados politicamente para dar estabilidade ao novo regime recéminstaurado em 10 de novembro de 1937
Política e violência em Soledade – RS (1932-1938)
This paper is dedicated to study connections between politics and violence during the Vargas years in the state of Rio Grande do Sul. It has as reference the local disputes which occurred in the city of Soledade between 1932 and 1938. To that end, it is studied the consequences of the Combate do Fão, event that was inserted in the Constitutionalist Revolution; the local governments and the violence practices in the election periods, mainly; and the socialreligious movement of the Monges Barbudos which was repressed by the state as communists in the period of the consolidation of the Estado Novo. The reflection contributes to think the connection between violence and politics in the gaucha political history in the first phase of Vargas government, even though it was limited to Soledade. The analysis of contents is adopted as methodology during the research. Among the results obtained is pointed the political violence out in the Soledade region associated with the competition for regional and local power and important connections with the national political game. Firstly, the practice of violence aimed to suppress the opposition led by FUG against Flores da Cunha and Getúlio Vargas. In the second moment, the political violence began to fight against the florismo, mainly in 1935, which was present in that region as possible threat to both order and national security. It happened after authoritarian regime in 1937, when Monges Barbudos were inserted what legitimated an imposed repression.O trabalho foi dedicado ao estudo das relações existentes entre política e violência no Rio Grande do Sul durante os anos Vargas, tendo como referência as disputas políticas locais e regionais ocorridas no município de Soledade, entre os anos de 1932 e 1938. Nesse sentido estudamos as consequências do Combate do Fão, fato que esteve inserido na Revolução Constitucionalista, nos governos municipais do período e nas práticas de violência que ocorreram principalmente nos períodos das eleições e a ocorrência do movimento sócioreligioso dos Monges Barbudos. Esse movimento foi reprimido pelo Estado no período de consolidação do Estado Novo sob a acusação comunismo. Mesmo estando circunscrito a Soledade, as reflexões contribuem para pensar a relação entre violência e política na história gaúcha na fase do primeiro governo Vargas. Em termos metodológicos, adotou-se a análise de conteúdo para abordar as diferentes fontes utilizadas na pesquisa. Dentre os resultados desse estudo destacamos que a violência política ocorrida na região de Soledade, no período delimitado, esteve associada às disputas pelo poder nas esferas local e regional, com importantes relações com o jogo político nacional. Primeiramente, a prática da violência tinha por propósito conter a oposição liderada pela Frente Única Gaúcha (FUG) contra o interventor Flores da Cunha e Getúlio Vargas. Num segundo momento, principalmente após 1935, a violência política passou a combater o florismo presente na região como possível ameaça, tanto à ordem quanto à segurança nacional. Situação radicalizada após a instauração do regime autoritário em 1937. Nesta situação foram inseridos os Monges Barbudos, fato que legitimou a repressão que lhe foi imposta
História Política Regional: Soledade na década de 1930.
O artigo tem como objetivo analisar as possíveis relações existentes entre o movimento dos Monges Barbudos e o contexto político regional do Planalto Médio gaúcho ao longo da década de 1930. Nesta perspectiva, a história regional contribui para uma melhor compreensão da complexa realidade política vigente na região de Soledade. O estudo da política regional nos possibilita fomentar algumas interpretações sobre os motivos da repressão imposta ao movimento sócio-religioso no período de consolidação do Estado Novo
A função do pesquisador(a) e professor(a) de História: possibilidades e limites da atuação profissional e O ofício do(a) historiador(a) e as fontes
A função do pesquisador(a) e professor(a) de História: possibilidades e limites da atuação profissional e O ofício do(a) historiador(a) e as fonte
História Política e o Ensino de História: pensando possibilidades.
Nas últimas décadas os historiadores da política vêm se ocupando da história regional. Assim, proponho algumas possibilidades para o ensino de história tendo como referência a história política renovada, partindo da análise do local e do regional para o nacional. Esta abordagem possibilita uma quebra paradigmática, ou seja, o local e o regional não se configurando como simples reprodução das questões nacionais, mas apresentando singularidades e soluções contextualizadas local e regionalmente para questões diversas, estando inseridas também no contexto nacional. O Combate do Fão, ocorrido em 1932 no interior do Rio Grande do Sul é um caso exemplar. Acontecimento local de rebeldia civil-militar motivado por questões políticas, tanto regionais – fazendo oposição ao interventor Flores da Cunha, quanto nacional, alinhando-se a causa da Revolução Constitucionalista liderada por São Paulo
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