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Entre duas águas: o fluxo entre o nacional e o universal em Grande sertão: veredas, de Guimarães Rosa
IX Congresso Brasileiro de Hispanistas realizado nos dias 22 a 25 agosto 2016Ángel Rama, diz Antonio Candido, faz parte de uma “geração crítica” de intelectuais
“participantes” e “desmitificadores” que “transformaram a cultura latinoamericana numa fecunda
mediação entre a dimensão nacional e a universal.” Em Transculturación narrativa en América
Latina, 1984, Rama identificará, na “nova narrativa” que desponta em 1920, indícios do “sistema
literário comum” a regiões latinoamericanas, em que a literatura brasileira já estaria integrada.
Assim como seus contemporâneos hispânicos, modernistas brasileiros como Mário de Andrade,
Graciliano Ramos e Guimarães Rosa souberam conciliar técnicas vanguardistas aos repertórios
temáticos de suas regiões. Rama, segundo Candido, percebeu dois extremos conflitantes no
regionalismo continental: de um lado, a adesão ao vanguardismo, representada pela ruptura com o
passado e projeção virtual do futuro; de outro, a penetração na realidade regional tendente ao
realismo e resistente às inovações. Contudo, décadas depois, ocorre a “síntese inesperada” que
produzirá o traço mais original e fecundo das nossas literaturas: “a penetração das técnicas
renovadoras das vanguardas no universo do regionalismo, na obra de Arguedas, Juan Rulfo, García
Marquez, Guimarães Rosa”. Esta “síntese inesperada” entre regional e universal é o objeto central
deste trabalho.UNILA-UNIOEST
NA ERA DO TESTEMUNHO
ESTE TRABALHO INVESTIGA TEXTOS E CONTEXTOS QUE ABORDAM MOMENTOS HISTÓRICOS DE PERIGO TRAZENDO CONSIGO A AMEAÇA CONTRA A INTEGRIDADE DA SOCIEDADE E/OU DOS INDIVÍDUOS. CONFRONTADOS POR ACONTECIMENTOS TRAUMÁTICOS E INASSIMILÁVEIS E FRENTE AO RISCO DE PERDER VALORES, TRADIÇÕES E SUAS PRÓPRIAS VIDAS, UM E OUTRO ASSUMEM MOVIMENTOS DE RESISTÊNCIA E DENÚNCIA, QUE, NO EXTREMO, PODEM PROVOCAR A REVISÃO DE HISTÓRIA INDIVIDUAL E MESMO COLETIVA
A MODERNIDADE DE GRANDE SERTÃO: VEREDAS
EMBORA EDITADO EM 1956, CERCA DE VINTE ANOS DEPOIS DE VIDAS SECAS, GRANDE SERTÃO: VEREDAS GUARDA COM TAL ROMANCE MUITAS AFINIDADES, SOBRETUDO NO ENFOQUE REGIONALISTA. TODAVIA, A DESPEITO DE O REGIONALISMO DE ROSA JÁ DESLIZAR PARA A TENSÃO ENTRE O REGIONAL E O UNIVERSAL, ELE NÃO DEIXA TAMBÉM DE RETRATAR A GEOPOLÍTICA DA DEGRADAÇÃO AMBIENTAL E HUMANA NA REGIÃO DO CERRADO, TEMA CABALMENTE EXPLORADO NO PRESENTE SÉCULO, O QUE TORNA GRANDE SERTÃO: VEREDAS, COMO OUTRAS OBRAS-PRIMAS, UM ROMANCE ATUAL NO SÉCULO XXI
UMA ESCRITA DA LUZ EM “RETRATO DE CAVALO” DE JOÃO GUIMARÃES ROSA – ENTRE A MORTE E A REPRESENTAÇÃO
Este artigo analisa o conto “Retrato de cavalo” constante em Tutaméia – terceiras estórias (1967) do escritor mineiro João Guimarães Rosa. Abordaremos a relação das personagens com a realidade e com a representação dentro da narrativa, focalizando a fotografia do cavalo e os sentidos que a ela se agregam. Procuraremos mostrar como em algumas passagens os signos de luz e sombra ligam-se à representação, a qual desestabiliza ao máximo os objetos representados e demais personagens. Para tanto, dialogaremos com Platão, Merleau-Ponty, Blanchot e Barthes sempre que julgarmos necessária essa interlocução
Fronteiras da modernidade
Pretendo investigar, em dois romances de Machado de Assis - Dom Casmurro e Memórias póstumas de Brás Cubas - que o recurso ao memorialismo representa, em ambos, um procedimento ambíguo e fronteiriço: de um lado, a tentativa de preservar a tradição e os privilégios que ela assegura à classe dominante; de outro lado, a necessidade de adaptação aos novos paradigmas que emergem com a modernidade. Essa forma de ubiquidade temporal, em que a luta entre resistir às mudanças e a necessidade vital de adaptar-se a elas, impõe um locus fronteriço cuja visível consequência é o movimento oscilante entre museificar a tradição ou aceitar o desafio de entrar na modernidade
Fronteiras da modernidade
Pretendo investigar, em dois romances de Machado de Assis - Dom Casmurro e Memórias póstumas de Brás Cubas - que o recurso ao memorialismo representa, em ambos, um procedimento ambíguo e fronteiriço: de um lado, a tentativa de preservar a tradição e os privilégios que ela assegura à classe dominante; de outro lado, a necessidade de adaptação aos novos paradigmas que emergem com a modernidade.Essa forma de ubiquidade temporal, em que a luta entre resistir às mudançase a necessidade vital de adaptar-se a elas, impõe um locus fronteriço cuja visível consequência é o movimento oscilante entre museificara tradição ou aceitar o desa fio de entrar na modernidade
Viajando no barco do outro: Mia Couto e Guimarães Rosa
Com base na literatura de Mia Couto e na convergência estrutural e linguística deste com Guimarães Rosa, pretendemos identificar correspondências simbólicas e alegóricas entre o universo ficcional e a história da guerra colonial em Moçambique, bem como seus desdobramentos pós-coloniais. Ao mesclar ficção e documentário, tal literatura traça um retrato poético e alegórico da Moçambique contemporânea, de cujo contexto despontam inventários de fragmentos, modulações melancólicas de vozes a reverberar rastros de tradições, ritos e mitos de um país em ruínas. Por sua feita, Guimarães Rosa, escritor brasileiro, implode e estilhaça, kafkianamente, os hábitos linguísticos cristalizados na Língua Portuguesa, fazendo cintilar — nos interstícios minados da língua formal — uma outra língua, "sua língua brasileira", instrumento mediante o qual ele postula o direito de renovar a língua, para renovar a literatura e a vida: "Minha língua é a arma com a qual defendo a dignidade do homem (...). Somente renovando a língua é que se pode renovar o mundo" (1994: 52). Este trabalho salientará, enfim, não apenas acontecimentos traumáticos, perdas e luto, mas também instantes de superação e travessia – cintilações a iluminar devires, espaços ainda desabitados, práticas nômades, a hibridez de histórias, culturas e zonas fronteiriças de que fala Mia Couto, escritor cuja literatura confere visibilidade à história traumática da Moçambique pós-colonial. Para tanto, ancorar-nos-emos nas imagens de entre-lugar ou de não-lugar, obscuros limites fluviais através dos quais Guimarães Rosa faz um barco à deriva deslizar n’ "A terceira margem do rio", conto com o qual Mia Couto entabula um fecundo diálogo
Legado de Rosa
Este trabalho enfoca uma viagem ao sertão minei ro, realizada por um na turalista europeu , cuja meta é investigar potencialidades paleonto lógicas e topológicas de grutas e paisagens da região. Durante o per curso, o viaja nte acaba por confrontar-se com uma diversidade hu mana insuspeitada. Abrem-se trilhas, labirintos, passagens para vári as temporalidades e geog rafias; ademais, nesse universo onde todos são estrangeiros uns aos outros, aflora paradoxalmente uma espécie de língua sagrada que parece nortear-se pelo princípio edênico de inteligibilidade universal, com iconicidade e virtualidades poético-musicais avizinhadas ao ideal de língua pura a que aspiram tradutores, poesia e poetas. O "recado" do morro, m etonímia de um alerta mais amplo, deixa-nos um legado e uma indagação. É isso que pretende m os examinar neste "Legado de Rosa", baseado na novela "O recado do morro", uma das se te que compõem o Corpo de baile, de Guima rães Rosa