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    Um ponto cego na formação moral do sujeito moderno? Giacoia Junior e a crítica nietzschiana à fundamentação do si mesmo

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    O artigo trata de aspectos da crítica nietzscheana à fundamentação do Selbst / Self: considerado como um problema filosófico fundamental da tradição ocidental, o qual também tem repercussões diretamente pedagógicas. Após resumir alguns argumentos da interpretação que Oswaldo Gíacoía Junior faz desse autor, abordam-se as implicações filosóficas e pedagógicas embutidas na crítica níetzscheana do Selbst. Sem desconsiderar os ganhos que decorrem da apreciação crítica à autoconsciência kantiana do si mesmo, o autor chama a atenção para o perigo de reducionísmo que pode estar imanente no argumento de Nietzsche, se este não levar devidamente em consideração a própria distinção kantiana entre autoconsciência teórica (Selbstbewusstseín) e consciência moral (Gewíssen)

    O mestre na praça: sentido pedagógico das metáforas socráticas

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    O artigo procura refletir sobre a atualidade do pensamento socrático para o campo educacional. Reconstrói, em primeiro lugar, as três metáforas preferidas de Sócrates, com as quais ele gostava de identificar sua atividade de pensador (filósofo), a saber, a parteira, o moscardo e a arraia elétrica. Na sequência, analisa o significado dessas metáforas para a educação, chamando a atenção para a noção de filosofia como exercício do diálogo vivo e do filósofo como mestre-pedagogo que deve conduzir gerações mais novas ao parto de suas próprias ideias

    Aspiração por reconhecimento e educação do amor-próprio em Jean-Jacques Rousseau

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    The article seeks to demonstrate the existence of a social philosophy in Rousseau's Second discourse, which takes the human aspiration for recognition as its constitutive core. The investigation on the origin of inequality leads the Genevan to his questionings about men himself, discovering freedom and perfectibility as originary strengths (faculties) of his sociability. Through freedom man arrives at the awareness of his spirituality, that is, becomes capable of going beyond the causal mechanicism imposed by nature, constructing the linguistic, symbolic and cultural universe. Through perfectibility man acquires the ability to become better and better, and ready not only to fight for his immediate survival, but to aspire to be recognized by the others. In summary, freedom and perfectibility open to him the doors to sociability, and allow him to enter the cultural universe. However, concomitantly to the process of becoming a free being, capable of perfecting itself, man develops the ability to step outside himself, feeling the need for constant comparison with the others. That heralds, from the point of view of the human constitution, the passage from the love of oneself (amour de soi) to self-love (amour-propre): whilst the former is representative of the natural state and is based on piety, the latter characterizes the civilized man, and is marked by man's propensity to wish to occupy a higher position than the rest. If such propensity is not curtailed, it can lead to the destruction of sociability. Hence the need for its juridical and political regulation, anteceded by a process of moral and pedagogical formation. This then justifies the need for the permanent education of self-love.O artigo procura mostrar a existência de uma filosofia social no Segundo discurso de Rousseau, tomando a aspiração humana por reconhecimento como seu núcleo constitutivo. A investigação sobre a origem da desigualdade conduz o genebrino à interrogação acerca do próprio homem, descobrindo a liberdade e a perfectibilidade como forças (faculdades) originárias de sua sociabilidade. Pela liberdade o homem chega à consciência de sua espiritualidade, ou seja, torna-se apto a ir além do mecanicismo causal imposto pela natureza, construindo o universo linguístico, simbólico e cultural. Pela perfectibilidade, o homem adquire a capacidade de tornar-se cada vez melhor e apto não só para lutar pela sua sobrevivência imediata, como também para aspirar ser reconhecido pelos demais. Em síntese, liberdade e perfectibilidade abrem-lhe as portas para a sociabilidade e permitem-lhe ingressar no universo cultural. Contudo, simultâneo ao processo de tornar-se um ser livre e capaz de se aperfeiçoar, o homem desenvolve a capacidade de sair fora de si mesmo, sentindo a necessidade da comparação permanente com os demais. Isso marca, do ponto de vista da constituição humana, a passagem do amor de si para o amor-próprio: enquanto o primeiro é representativo do estado natural e está baseado na piedade, o segundo caracteriza o homem civil e está marcado pela propensão do homem de querer ocupar uma posição superior em relação aos demais. Se tal propensão se tornar incontrolável, ela pode conduzir à destruição da sociabilidade. Daí a necessidade de sua regulação jurídica e política, acompanhada, previamente, por um processo de formação pedagógica e moral. Isso justifica então a necessidade de educação permanente do amor-próprio

    Formação para a vida democrática em John Dewey: alternativa contra a violência humana e política

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    Neste ensaio considera-se a corrupção política como uma das principais formas de violência pública. Contrapõem a ela as reflexões feitas por John Dewey no capítulo VII de Democracia e educação. Partindo de sua noção de filosofia como crítica social, resume seu diagnóstico crítico sobre a nascente sociedade industrial, focando no espírito predador do industrial americano, baseado na economia liberal e no isolamento e exclusão social dele resultante. Reconstrói-se, na sequência, o ideal de formação democrática justificado pelo referido autor, destacando a importância de experiências comunitárias locais. Conclui-se defendendo a ideia de que oportunizar às novas gerações experiências formativas democráticas é o principal antídoto contra a corrupção como forma de violência política

    Teoria da instrução como cultivo social do espírito humano: papel formativo do interesse e da disciplina em John Dewey

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    O ensaio investiga aspectos da teoria educacional de John Dewey, tomando como referência textual o capítulo X de Democracy and Education. Procura mostrar a profunda influência que o pedagogo americano sofre da tradição filosófica passada e, simultaneamente, sua extraordinária capacidade de ir além de tal tradição. Trata, na primeira parte, de sua nova noção de Mind (Geist), resultante de sua crítica ao modelo idealista, deixando claro o conflito entre, por um lado, o espírito como entidade mental isolada e independente da experiência humana e, por outro, como ação mediada simbolicamente, cujo sentido brota da condição social da linguagem humana. Na segunda parte, mostra que a condição ativa e participante do espírito permite a Dewey conceber sua teoria da educação como teoria da instrução, interpretando-a no sentido de preparação do ser humano para assumir formas democráticas de vida. É nesse contexto que ele atribui papel indispensável tanto ao interesse como à disciplina. O ensaio procura mostrar, em síntese, que a teoria da instrução ancorada nas noções de interesse e disciplina torna-se referência moral indispensável para Dewey pensar a democracia como forma de vida e organização social

    Aspiração por reconhecimento e educação do amor-próprio em Jean-Jacques Rousseau

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    O artigo procura mostrar a existência de uma filosofia social no Segundo discurso de Rousseau, tomando a aspiração humana por reconhecimento como seu núcleo constitutivo. A investigação sobre a origem da desigualdade conduz o genebrino à interrogação acerca do próprio homem, descobrindo a liberdade e a perfectibilidade como forças (faculdades) originárias de sua sociabilidade. Pela liberdade o homem chega à consciência de sua espiritualidade, ou seja, torna-se apto a ir além do mecanicismo causal imposto pela natureza, construindo o universo linguístico, simbólico e cultural. Pela perfectibilidade, o homem adquire a capacidade de tornar-se cada vez melhor e apto não só para lutar pela sua sobrevivência imediata, como também para aspirar ser reconhecido pelos demais. Em síntese, liberdade e perfectibilidade abrem-lhe as portas para a sociabilidade e permitem-lhe ingressar no universo cultural. Contudo, simultâneo ao processo de tornar-se um ser livre e capaz de se aperfeiçoar, o homem desenvolve a capacidade de sair fora de si mesmo, sentindo a necessidade da comparação permanente com os demais. Isso marca, do ponto de vista da constituição humana, a passagem do amor de si para o amor-próprio: enquanto o primeiro é representativo do estado natural e está baseado na piedade, o segundo caracteriza o homem civil e está marcado pela propensão do homem de querer ocupar uma posição superior em relação aos demais. Se tal propensão se tornar incontrolável, ela pode conduzir à destruição da sociabilidade. Daí a necessidade de sua regulação jurídica e política, acompanhada, previamente, por um processo de formação pedagógica e moral. Isso justifica então a necessidade de educação permanente do amor-próprio.The article seeks to demonstrate the existence of a social philosophy in Rousseau's Second discourse, which takes the human aspiration for recognition as its constitutive core. The investigation on the origin of inequality leads the Genevan to his questionings about men himself, discovering freedom and perfectibility as originary strengths (faculties) of his sociability. Through freedom man arrives at the awareness of his spirituality, that is, becomes capable of going beyond the causal mechanicism imposed by nature, constructing the linguistic, symbolic and cultural universe. Through perfectibility man acquires the ability to become better and better, and ready not only to fight for his immediate survival, but to aspire to be recognized by the others. In summary, freedom and perfectibility open to him the doors to sociability, and allow him to enter the cultural universe. However, concomitantly to the process of becoming a free being, capable of perfecting itself, man develops the ability to step outside himself, feeling the need for constant comparison with the others. That heralds, from the point of view of the human constitution, the passage from the love of oneself (amour de soi) to self-love (amour-propre): whilst the former is representative of the natural state and is based on piety, the latter characterizes the civilized man, and is marked by man's propensity to wish to occupy a higher position than the rest. If such propensity is not curtailed, it can lead to the destruction of sociability. Hence the need for its juridical and political regulation, anteceded by a process of moral and pedagogical formation. This then justifies the need for the permanent education of self-love

    A crise da formação: limites do nexo entre maioridade e democracia

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    O ensaio investiga o problema da “crise da formação” em Theodor W. Adorno, tomando como interlocução crítica a reconstrução apropriativa de Adriano Januário e confrontando-a com outras interpretações do pensamento de Adorno. Argumenta, ocupando-se com o diagnóstico do tempo presente, com a teoria da quasiformação e com a educação para a maioridade, que para Adorno a pedagogia do esclarecimento baseada na capacidade humana de pensar por si mesmo é um núcleo forte de resistência contra mentalidades fascistas e autoritárias. Reflete também porque a opção de traduzir Mündigkeit por maioridade e Halbbildung por quasiformação não é somente uma questão de estilo, mas principalmente de conteúdo, que sem negar a emancipação (Emanzipation), torna a teoria adorniana da educação como resistência mais coerente com seu próprio diagnóstico de tempo presente desenvolvido nas décadas de 1950 e 1960 do século passado. Na parte final, o ensaio questiona o nexo entre maioridade e democracia pretendido por Adorno, buscado complementá-lo pela noção de democracia como forma de vida de John Dewey. Indica, com isso, uma possibilidade futura de investigação que busca a complementação recíproca das ideias educacionais destes dois autores

    Racionalidade musical e experiência natural formativa em Rousseau

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    O estudo tem como objetivo investigar o estatuto da racionalidade melódica no Ensaio sobre a origem das línguas de Rousseau na busca por articular o fazer musical no ocidente com problemas epistemológicos característicos da racionalidade iluminista, pondo em foco as concepções sobre a educabilidade humana e suas respectivas formas de experiências formativas inseridas no amplo processo de relação tensional entre expressão musical e formas de racionalidade. Após a apresentação da hipótese e problema de pesquisa, três passos fundamentais serão desdobrados: o primeiro analisa o significado epistemológico do Ensaio como crítica à episteme cartesiana. O segundo reconstrói a concepção rousseauniana de música, atendo-se na melodia como seu princípio básico. O terceiro e último apresenta uma reconstrução esquemática da distinção entre razão perceptiva e razão intelectual, pondo em foco a arquitetônica pedagógica do Emílio, e o lugar que nela ocupa a educação natural, sustentada pela razão perceptiva como base da educação do corpo e do refinamento dos sentidos.

    A philia e o sentido formativo da amizade na ética aristotélica

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    O artigo explora o sentido formativo da amizade na ética aristotélica. O percurso argumentativo parte de uma breve consideração sobre o sentido polissêmico do conceito grego de philia e o modo como este chega em Aristóteles, aborda a transição que vai do ´primeiro amigo` presente no Lisis de Platão à ´amizade perfeita` aristotélica; trata do amor de si, da fórmula do “outro eu” e da relação de ambos com a amizade para, por fim, tematizar uma possível relação existente entre amizade e formação em Aristóteles. Conclui que o sentido formativo da amizade pode ser buscado considerando uma dupla perspectiva, a saber: a) a necessidade do cultivo de si, que implica o sentido do viver juntos e da vulnerabilidade humana; b) o aspecto da autopercepção e do autoconhecimento que torna-se possível pela mediação do amigo.  Palavras-chave: Amizade. Philia. Formação. Aristoteles.  This paper explores the formative meaning of friendship in Aristotle’s ethics which, in its deeper sense, translates the human vulnerability present in the need men have of their counterparts so they can understand themselves as humans. The argument starts from a brief consideration on the polysemic meaning of the Greek concept of philia and of how it reaches Aristotle, addresses the transition going from the ´first friend` shown in Plato’s Lisis to Aristotle’s ´perfect friendship`; it addresses the love for the self, the formula of the “other self” and the relation both have with friendship to, eventually, establish a possible relation between friendship and formation in Aristotle. The conclusion is that the formative meaning of friendship can be sought considering a double perspective, namely: a) the need to cultivate oneself, which implies the meaning of living together and of human vulnerability; b) the aspect of self perception and self knowledge that is made possible through the mediation of a friend.  Keywords: Friendship. Philia. Formation. Aristotle.El artículo explora el sentido formativo de la amistad en la ética aristotélica. La vía argumentativa parte desde una breve consideración acerca del sentido polisémico del concepto griego de philia y el modo como éste llega hasta Aristóteles, abarca la transición que va desde el “primer amigo” presente en Lisis de Platón hasta la “amistad perfecta” aristotélica; trata del amor de uno mismo, de la fórmula del “otro yo” y de la relación de ambos con la amistad para, por fin, tematizar una posible relación existente entre amistad y formación en Aristóteles. Se concluye que el sentido formativo de la amistad puede ser buscado considerando una doble perspectiva, a saber: a) la necesidad del cultivo de uno mismo, que implica el sentido del vivir juntos y de la vulnerabilidad humana; b) el aspecto de la autopercepción y del autoconocimiento que se convierte posible a través de la mediación del amigo.      Palabras-clave: Amistad. Philia. Formación. Aristóteles
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