30 research outputs found

    O mundo organizado em um catálogo de biblioteca : conhecimento, livros e pensamento em Portugal no início do século XIX

    Get PDF
    Este texto busca compreender alguns aspectos do universo cultural português através do estudo do “Catálogo da livraria de Marino Miguel Franzini”, manuscrito do final do século XVIII e início do século XIX, no qual o autor – um militar, cientista e político, diretamente envolvido nos acontecimentos políticos e militares portugueses do período, em particular no Vintismo – classificou e organizou os livros de sua biblioteca segundo critérios humanistas, científicos e “racionais”, típicos do liberalismo que se consolida neste período.ABSTRACT: This article tries to understand some aspects of Portuguese cultural universe through the study of a manuscript entitled “Catálogo da livraria de Marino Miguel Franzini”, written at the turn of the 18th to the 19th Centuries, in which the author – a Portuguese military, scientist and politician directly involved in the political and military events of his day, especially the 1820 liberal revolution – classified and organized the books in his library according to humanist, scientific and “rational” criteria, typical of the liberal thought consolidated around this particular time

    Normas e gestualidades da leitura em bibliotecas brasileiras do século XIX

    Get PDF
    Este estudo se refere às bibliotecas brasileiras durante a segunda metade do século XIX e as primeiras três décadas do século XX. Neste tocante, podemos pensar na instituição e manutenção destas bibliotecas no Brasil como forma de obtermos acesso a diferentes padrões culturais pelo estudo sistemático da História da Leitura. Algumas dessas bibliotecas apresentam conjuntos de regras de comportamento que, ao olhar contemporâneo, causam estranhamento. Certas proibições ajudam a definir universos representativos em torno do livro e da biblioteca, ao passo que as prescrições de comportamento, vestimenta e uso das bibliotecas nos falam sobre as representações civilizatórias e moralizantes da parcela da sociedade brasileira responsável pela criação e manutenção dessas bibliotecas. Essa reflexão pode auxiliar o historiador a compreender melhor práticas de leitura no passado.This text deals with Brazilian libraries of the late 19th and early 20th Centuries. It tries to see them trhough their own documents, particularly codes and rules of conduct and behaviour – as a way to assess different cultural patterns. In order to do so, it will use the tools of cultural history, particularly those related to the history of the printed word and history of reading. Some of these libraries had sets of rules which, to the modern eye, would seem strange. A number of prohibitions hel to define representative universes around the book and the library, while use, behaviour and dress codes tell us about how civilization and moral were represented by that part of Brazilian society responsible for creating and keeping these institutions. This anaysis can help historians to better understand reading practices in the past

    Tradutores portugueses e seus motivos - as justificativas de traduções para o português no fim do século XVIII

    Get PDF
    Este trabalho visa interpretar a valorização da língua portuguesa verificada em Portugal ao final do século XVIII, através das traduções de livros "técnicos", literários e científicos. Para isso, voltar-se-á aos "paratextos" editoriais, (ou seja, textos adicionais à obra, como prefácios, posfácios, cartas ao leitor, pós-escritos, etc.), particularmente aqueles escritos pelos tradutores. Situadas no contexto de continuidade das reformas pombalinas (apesar do afastamento do Marquês de Pombal do foco de poder) focadas em um nascente nacionalismo imperial de cunho iluminista, tais traduções também ocorrem em meio à crise do antigo regime português, proporcionando amplo material para estudo das redes de relações e das formas de compreensão, à época, de questõeschave como são o próprio Iluminismo e antigo regime, bem como a ideia central de uma cultura escrita, na qual se inserem todos estes pontos. Um levantamento prévio e em andamento sobre os livros traduzidos para o Português entre 1770 e 1820, revelou cerca de 250 obras traduzidas impressas em Portugal e no Brasil (depois de 1808). Dessas, pelo menos uma centena contém paratextos relativos às motivações que os tradutores afirmaram ter para executar a empreitada, fornecendo os elementos necessários para as análises desejadas, quais sejam: como os próprios agentes (neste caso, os tradutores) percebiam a valorização da língua Portuguesa - e, consequentemente, uma certa identidade imperial, no contexto de crise do Antigo Regime, e questões relacionadas a este contexto, como as Luzes, a ciência e a sociedade

    A obra em pé de página: as notas de rodapé nos livros indigenistas de José de Alencar

    Get PDF
    Este artigo procura compreender a nota de rodapé como elemento constituinte da obra de José de Alencar, no sentido de que as construções discursivas contidas nas notas de rodapé fornecem indícios sobre as leituras realizadas pelo autor, ao mesmo tempo que procuram legitimar, na historiografia que antecede o romance, as ideias sobre natureza, indígenas e nacionalidade que este autor constrói em sua obra literária – especialmente as do chamado “ciclo indigenista”. As notas de rodapé, vistas em conjunção com outros elementos não ficcionais – os paratextos – da obra alencariana, permitem acessar a construção das ideias pertinentes à sua literatura. Ao mesmo tempo, permitem um acesso particular ao mundo da leitura no passado ao identificar práticas de leitura e as apropriações que Alencar fez de textos e ideias

    Ler é preciso: um estudo sobre uma comunidade de viajantes-leitores no século XIX: Mawe, Eschwege, Wied-Neuvied, Spix e Martius e Saint-Hilaire

    Get PDF
    This article seeks to investigate the reading scientific sociabilities of European naturalists who traveled around Brazil in the early 19th century, the interactions of these travelers with each other and with Portuguese-Brazilian naturalists who preceded them in the description of Brazilian nature in the 18th century. To this end, the sources were the travel reports by John Mawe, Wilhelm Ludwig von Eschwege, Maximilian de Wied-Neuwied, Auguste François César de Saint-Hilaire, Johann Baptiste von Spix and Carl Friedrich Philipp von Martius, who were in Brazil from 1807 onwards and published their accounts in their countries of origin during the following decades. We sought to verify, in these reports, the allusions, references and bibliographic notes used, seeking common readings, particularly those of the Portuguese-Brazilian naturalists who described parts of Brazil in the service of the Portuguese crown between 1770 and 1800. This study allowed us to understand how a community of scientific readers emerged, who shared readings, references and even libraries, but who also cited each other or openly copied the descriptions of each other – and their Portuguese-Brazilian predecessors of the late 18th century – according to their own publishing interests or authorial needs, building a whole canonical set of descriptions of Brazil that permeates the historiography about the period.Este artigo busca investigar as sociabilidades científicas da leitura dos naturalistas europeus que viajaram pelo Brasil no começo do século XIX e as interações desses viajantes entre si e com naturalistas luso-brasileiros que os antecederam na descrição da natureza brasileira no século XVIII. Para tanto, foram utilizados os relatos de viagem de John Mawe, Wilhelm Ludwig von Eschwege, Maximilian de Wied-Neuwied, Auguste François César de Saint-Hilaire, Johann Baptiste von Spix e Carl Friedrich Philipp von Martius, que estiveram no Brasil a partir de 1807 e publicaram seus relatos nos países de origem durante as décadas seguintes. Buscou-se verificar nesses relatos as alusões, referências e notas bibliográficas visando possíveis leituras comuns, particularmente aquelas dos naturalistas luso-brasileiros que descreveram partes do Brasil a serviço da Coroa portuguesa entre 1770 e 1800. Este estudo permitiu perceber como se gestou uma comunidade de leitores científicos que compartilhavam leituras, referências e mesmo bibliotecas, faziam citações mútuas e copiavam abertamente as descrições uns dos outros – e de seus antecessores luso brasileiros do final do século XVIII –, de acordo com seus próprios interesses editoriais ou necessidades autorais, construindo todo um conjunto canônico de descrições do Brasil que ainda permeia a historiografia sobre o período

    Manuel Galvão da Silva’s philosophical journey to Goa (1784)

    Get PDF
    At the end of the 1770s, Portugal began to prepare to participate in the global strategic repositioning process carried out by the European colonial powers in the second half of the 18th century. The study and the exploration of nature according to the paradigm developed by Linnaeus were part of the process. In 1783, the Portuguese crown sent naturalists to explore its colonies in Africa and America. Portuguese India was practically left aside, were it not for the hurried passage of Manuel Galvão da Silva, on his way to Mozambique. The article addresses the presence of this naturalist in the region of Goa

    The production of 18th century scientific knowledge about the Brazilian Caatinga

    Get PDF
    How science has defined a “region” over time, is the main question brought forth by this article. As part of a scientific effort, orchestrated by a central, despotic Imperial Government, co opting colonial subjects into becoming scientists at the service of the Crown, who described, named and defined the various parts of the empire. Thus, the Caatinga of Northeastern Brazil has been the subject of several descriptions during the 18th Century, written by naturalists in the service of the Portuguese Crown. These men sent, over the last decades of the 18th through early 19th Century, a large number of samples of minerals, fauna and flora to be studied and described in Lisbon and other European capitals, creating the necessary environment for a scientific boom which never really took place but for the few printed and manuscript reports which were the sources for this article

    O embaixador; o livreiro e o policial circulação de livros proibidos e medo revolucionário em Portugal na virada do século XVIII para o XIX

    Full text link

    Censoring Translations in 18th-Century Portugal: Censorship Practices Regarding the Portuguese Vernacular, 1770-1790

    No full text
    In the final period of the Portuguese Ancien Regime, the censorship structure established during the reignof Dom José I served as a direct and fundamental agent in defining the scholarly rules governing the Portuguese language. Throughout the last decades of the eighteenth century, the censors regulated texts that were printed or circulated within the Empire,and also corrected and defined spelling rules, literary styles, grammar, and, in particular, the use of “foreign” words. Having been widely documented in the written opinions expressed by the censors themselves, the effects of this normative action are especially visible in the texts translated into Portuguese at the timeNo período final do Antigo Regime português, o aparato censório montado no reinado de D. José I foi um agente direto e fundamental na definição da regra culta do vernáculo lusitano. A atuação dos censores ao longo dessas décadas regulou os textos impressos ou que circulavam pelos domínios do Império, mas também ocorreu no sentido de corrigir, regular e definir normas de ortografia, regência, estilo literário e, particularmente, a importação de vocábulos “estrangeiros.” Fartamente documentada nos pareceres escritos pelos próprios censores, esta atuação normatizadora é especialmente visível noque diz respeito aos textos traduzidos para a língua portuguesa no período
    corecore