12 research outputs found
“É uma menina!”: marcas da educação feminina e relações de gênero na família
Pensar diferenças e desnaturalizar desigualdades se faz necessário, pois o caminho para conquista de relações de gênero equânimes é longo, com avanços e recuos no processo. Neste contexto, a proposta é trazer para o debate a educação feminina e as relações de gênero vivenciadas na família, figuração entendida a partir da teoria do processo civilizador como constituída por teias de interdependência. Assim, o objetivo foi identificar e problematizar relações de gênero que permearam a educação feminina presentes em histórias escritas por mulheres/acadêmicas de Pedagogia, da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), Mato Grosso do Sul. O corpus da pesquisa foi formado por 20 memoriais de infância (auto)biográficos, documentos do arquivo pessoal de professora da referida universidade. Utilizaram-se para análises o referencial teórico eliasiano, abordagem (auto)biográfica e estudos de gênero. Os resultados apontaram que meninas e meninos carregam marcas dos contextos os quais se originam, pois são dependentes do seu grupo familiar para se situarem no mundo. Evidenciou-se que a infância de meninas está condicionada a uma educação coercitiva e formas de submissão e controle estabelecidos a elas, que comparada à história dos meninos, sugere desequilíbrio entre os gêneros. Porém, as problematizações dão conta de processos de transformação em curso. Sendo assim, conclui-se, a família foi lembrada como figuração que marcou a vida das mulheres/acadêmicas, mas ao rememorarem suas infâncias podem ter compreendido que nas relações interdependentes elas são constituídas, mas também constituem tais relações. Portanto, a depender de suas posturas e ações será possível vivenciar tempos de maior equilíbrio da balança de poder
“Escola Modelo de Língua Japonesa” em Dourados-MS: imigração, história e educação feminina
O artigo aborda a educação feminina de imigrantes japonesas, em Dourados, Mato Grosso do Sul, considerando a sua participação e pioneirismo na abertura da “Escola Modelo de Língua Japonesa de Dourados/MS”. Objetiva-se compreender como as mulheres se organizaram para manter valores tradicionais da cultura japonesa, buscando a difusão de padrões de comportamento, para crianças e jovens, em uma “Escola”. As fontes, constituídas por histórias de vida, trajetórias docentes e memórias autobiográficas, foram recolhidas via procedimentos da história oral, o que permitiu abordar as relações de gênero. Utilizaram-se, também, documentos oficiais e fotos. Os resultados apontam que as professoras foram idealizadoras da “Escola” e figuras imprescindíveis à comunidade de imigrantes e de nipo-brasileiros, atuando até o presente na manutenção da tradição e da cultura japonesas no município. Conclui-se que as relações de gênero estão fortemente marcadas no grupo de imigrantes, se expressando no alijamento das mulheres do espaço público, apesar de que, no movimento específico, as mulheres estivessem à frente, paradoxalmente a sua educação, fundada em “silêncios” e “submissões” da “vida doméstica”, características presentes na concepção de educação para meninas, demonstrando os aspectos da cultura e os padrões da formação feminina japonesa
Diante do momento que estamos vivendo, estamos nos saindo bem: : aprendizagens de estudantes de Pedagogia em tempos de pandemia
O artigo tem como objetivo dar visibilidade ao trabalho efetivado por estudantes de Pedagogia da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), Unidade Universitária de Dourados, quando utilizaram como ferramenta o ambiente virtual em formato remoto, bem como propiciar a reflexão teórica sobre o contexto vivenciado, relatando fragmentos dessa trajetória. Ele apresenta a discussão de algumas aprendizagens construídas pelas estudantes ao enfrentarem uma crise pandêmica inimaginada, cujas proporções podem ser comparadas a uma situação de guerra pela sua capacidade de colocar o mundo ‘fora do lugar’. Fundamentado na teoria Histórico-cultural, a discussão traz como metodologia a análise de fragmentos dos relatórios escritos pelo coletivo UEMS para Crianças, vinculado a um projeto de extensão da instituição, cujos documentos registram memórias dos encontros brincantes virtuais realizados com as crianças (2020-2021). Os resultados apontam que as atividades propiciaram às crianças se expressassem e experenciarem vivências ligadas à literatura, à música e ao movimento e de compartilharem práticas coletivas em um momento tão difícil de isolamento social. As estudantes de Pedagogia transformaram-se em uma ponte que aproximou instituições e famílias, pois, para a grande maioria das creches e pré-escolas envolvidas, o momento promovido pela UEMS foi o único contato síncrono das crianças entre si e delas com a professora. Conclui-se que as estudantes foram envolvidas em ações que se constituíram em encontros a favor da vida, repletos de interações que não seriam possíveis pelo encaminhamento às crianças de atividades impressas. As propostas geraram aprendizagens para quando elas atuarem como professoras no momento presencial. Assim, entre outras, aprenderam, de forma desafiadora, a exercitarem a escuta das crianças nas suas múltiplas formas de expressão, a pensarem a organização do espaço ‘da janela’ e da vivência desenvolvida para que pudessem ampliar o repertório das crianças, o que contribuiu para entenderem o que significa colocar a criança como centro do processo. Para as estudantes, a experiência revelou-se permeada de contradições, as quais foram enfrentadas, com consciência, diante dos problemas aos quais o mundo foi exposto
“Será que, nas outras escolas, tem isso também?”: o retorno de um projeto de extensão ao “chão da escola”, ainda em tempos de pandemia
Neste relato, aborda-se acerca do retorno presencial do projeto de extensão “Ler, criar, brincar e cantar em tempos de pandemia e pós pandemia”, da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), o qual acompanhou o calendário de volta às aulas, ainda em tempos de pandemia, organizado pela Secretaria Municipal de Educação de Dourados (SEMED), em agosto de 2021. Para atingir os objetivos de ampliar o repertório das crianças e aproximá-las de diversas linguagens, desenvolveu-se um plano gradativo, de forma experimental, contemplando, entre as turmas envolvidas, o segundo ano do Ensino Fundamental de uma instituição de Dourados (MS), durante dois meses. Este texto socializa essa trajetória, trazendo o percurso das extensionistas na retomada das atividades presenciais, após quase dois anos de atuação remota, revelando os sentimentos que afetaram o coletivo e os caminhos metodológicos planejados para adentrar não ao “novo normal”, pois problemas nas escolas brasileiras existiam antes da pandemia, mas enfrentando uma situação totalmente incerta. Foram mediadoras da experiência as autoras deste trabalho, que, por meio dele, sentiram a realidade, as demandas, avaliaram sentimentos, escutaram as crianças, lidaram com angústias e construíram caminhos para a retomada da docência. O aporte teórico foi construído pelas concepções da teoria Histórico-Cultural, entre outras. A reflexão possibilitou discutir como docentes e discentes integrantes de um projeto de extensão universitário foram afetados por essa situação e quais caminhos construíram para o enfrentamento. Em conclusão, avalia-se que as escolas precisam ouvir as crianças para, talvez, juntas, construírem soluções visando a reabertura dos parques e reativação das brincadeiras
Memórias da Infância e da Educação: abordagens eliasianas sobre as mulheres
Relações sociais entre indivíduos estão pautadas pela experiência de educação e formação que cada um traz consigo ao longo da vida, pelo modo como se constituem individual e coletivamente. A partir de Elias e da metodologia da história oral, o objetivo foi buscar nas memórias de infância de sete mulheres, professoras de crianças, nascidas entre 1950 e 1970, a formação e a educação que se constituiu na infância em espaços privados e domésticos. Apreendeu-se que a escolha profissional tem vínculos com a educação feminina, normatizada por regras de controle e civilidade
‘¿Dónde está? ¡Aquí está!’: una historia de cantar y de juga
Despite the imposing national struggle to solidify the notion of babies as protagonist subjects, in some institutions, they are kept isolated in the nurseries. Prevented from acting on the world, they experience a routine guided by basic cares (hygiene, health, food) and also by the execution of activities, whose language, many times decontextualized, strengthen their condition as incapable. That said, this text aims to bring up the activity of telling the story “Let’s play with me?”, a project at Mato Grosso State University (UEMS), which focuses on an experience of singing and playing with children up to three years old. The experience has been developed since 2010 in different places in Dourados, Mato Grosso do Sul (MS). Specifically for this article, in the light of historic-cultural referential, we analysed some scenes market by aspects of the traditional game Peekaboo (hide/find) highly appreciated by babies. As methodology, we have used fragments of records in the project’s book collection and reports of participants who carried on the project in the community. As result, we emphasize how feasible and necessary it is to propose cultural activities for babies, as well as the importance of this project for the initial training of future teachers. The students of the Pedagogy course at UEMS were able to see that the multiple possibilities of communication with babies come from the sensorial sphere, hence glimpse the use of the dialogue of gaze, touch, time spent for the observation, orality, and gesture expression in their work with childhood Education InstitutionsApesar da impositiva luta nacional para solidificação da concepção de bebês como sujeitos protagonistas, em algumas instituições, eles são mantidos isolados em berçários. Impedidos de agirem sobre o mundo, vivenciam uma rotina pautada em cuidados básicos (higiene, saúde e alimentação) e na execução de atividades, cuja linguagem, muitas vezes, descontextualizada, fortalece sua condição incapaz. Diante disso, o objetivo deste texto é trazer à baila a história ‘–Venha brincar comigo’?, projeto da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), que trata de uma vivência de cantar e de brincar para crianças de até três anos de idade. A experiência é desenvolvida desde o ano de 2010 em diversos espaços da cidade de Dourados, Mato Grosso do Sul (MS). Especificamente para este artigo, foram analisadas, à luz do referencial histórico-cultural, algumas cenas do percurso, marcadas por aspectos da presença do jogo tradicional achar/esconder, extremamente apreciado pelos bebês. Como metodologia, utilizaram-se fragmentos de registros do acervo do projeto e de relatórios das componentes que desenvolvem o trabalho na comunidade. Ressaltam-se, como resultados, o quanto é possível e necessária a proposição de atividades culturais para bebês, bem como a importância do projeto para a formação inicial das futuras professoras, pois as estudantes do curso de Pedagogia da UEMS visualizaram que as múltiplas possibilidades de comunicação com os bebês são oriundas do campo sensorial, daí vislumbrar a adoção do diálogo do olhar, do toque, do tempo dispensado para a observação, como também da oralidade e da expressão gestual em seus trabalhos em instituições de Educação InfantilA pesar de la impositiva lucha nacional para la consolidación de la concepción de bebés como sujetos protagonistas, en algunas instituciones, se los mantienen aislados en cunas. Impedidos de actuar sobre el mundo, experimentan una rutina pautada en cuidados básicos (higiene, salud, alimentación) y en la ejecución de actividades, cuyo lenguaje, muchas veces descontextualizado, fortalece su condición de incapaz. Ante eso, el objetivo del texto es echar luz sobre la actividad de narración de historia ‘-Ven a jugar conmigo’, proyecto de la Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), que consiste en una vivencia de cantar y de jugar para niños de hasta tres años de edad. El proyecto es desarrollado desde el año 2010, en distintos espacios de Dourados, Mato Grosso do Sul (MS). Específicamente para este artículo fueron analizadas, desde el marco teórico histórico-cultural, algunas escenas del trayecto marcadas por aspectos de la presencia del juego tradicional encontrar/esconder, extremadamente apreciado por los bebés. Como metodología, se ha utilizado fragmentos de registros del acervo del proyecto y de informes de las participantes que desarrollan el trabajo en la comunidad. Se resaltan, como resultados, la viabilidad y la importancia de proposiciones de actividades culturales para bebés, así como la relevancia del proyecto en la formación inicial de las futuras maestras, pues las estudiantes de la carrera de Pedagogía de UEMS han descubierto que las múltiples posibilidades de comunicación con los bebés se originan en el campo sensorial, de ahí la posibilidad de adoptarse el diálogo de la mirada,del toque, del tiempo dedicado a la observación, de la oralidad y de la expresión gestual en sus trabajos en instituciones para la Educación Infantil
Diante do momento que estamos vivendo, estamos nos saindo bem: : aprendizagens de estudantes de Pedagogia em tempos de pandemia
O artigo tem como objetivo dar visibilidade ao trabalho efetivado por estudantes de Pedagogia da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), Unidade Universitária de Dourados, quando utilizaram como ferramenta o ambiente virtual em formato remoto, bem como propiciar a reflexão teórica sobre o contexto vivenciado, relatando fragmentos dessa trajetória. Ele apresenta a discussão de algumas aprendizagens construídas pelas estudantes ao enfrentarem uma crise pandêmica inimaginada, cujas proporções podem ser comparadas a uma situação de guerra pela sua capacidade de colocar o mundo ‘fora do lugar’. Fundamentado na teoria Histórico-cultural, a discussão traz como metodologia a análise de fragmentos dos relatórios escritos pelo coletivo UEMS para Crianças, vinculado a um projeto de extensão da instituição, cujos documentos registram memórias dos encontros brincantes virtuais realizados com as crianças (2020-2021). Os resultados apontam que as atividades propiciaram às crianças se expressassem e experenciarem vivências ligadas à literatura, à música e ao movimento e de compartilharem práticas coletivas em um momento tão difícil de isolamento social. As estudantes de Pedagogia transformaram-se em uma ponte que aproximou instituições e famílias, pois, para a grande maioria das creches e pré-escolas envolvidas, o momento promovido pela UEMS foi o único contato síncrono das crianças entre si e delas com a professora. Conclui-se que as estudantes foram envolvidas em ações que se constituíram em encontros a favor da vida, repletos de interações que não seriam possíveis pelo encaminhamento às crianças de atividades impressas. As propostas geraram aprendizagens para quando elas atuarem como professoras no momento presencial. Assim, entre outras, aprenderam, de forma desafiadora, a exercitarem a escuta das crianças nas suas múltiplas formas de expressão, a pensarem a organização do espaço ‘da janela’ e da vivência desenvolvida para que pudessem ampliar o repertório das crianças, o que contribuiu para entenderem o que significa colocar a criança como centro do processo. Para as estudantes, a experiência revelou-se permeada de contradições, as quais foram enfrentadas, com consciência, diante dos problemas aos quais o mundo foi exposto