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O conceito de Estado para os estudos realistas das relações internacionais: uma análise sobre a obra A política entre as nações de Hans Morgenthau
Este artigo analisa o conceito de Estado utilizado pela corrente realista dos estudos de relações internacionais, abordagem considerada hegemônica nessa área de estudos das ciências sociais, em geral, e da ciência política, em particular. Analisamos como essa categoria foi tratada por Hans Morgenthau, um dos principais autores dessa corrente, na sua obra A política entre as nações. Verificamos uma forte influência do pensamento de Weber, Maquiavel e Hobbes, mas inferimos que Morgenthau não se preocupou em definir claramente o conceito de Estado-nação, e que utilizou concepções divergentes na ciência política — pluralistas e elitistas —, o que leva a uma inconsistência teórica
Política externa, burguesia interna e a crise política nos governos Dilma (2011-2016)
O objetivo do artigo é analisar a política externa dos governos de Dilma Roussef (2011-2016) e os interesses da burguesia interna na crise política do impeachment. Utiliza o arcabouço teórico do marxista Nicos Poulantzas, especialmente a ideia de burguesia interna. Realiza uma pesquisa empírica de análise dos documentos de posição das associações empresariais, especialmente, da Fiesp, CNI e CNA. Diferentemente de parte da bibliografia que aponta críticas ao perfil da mandatária, se comparado ao governo Lula, defende-se que a diminuição do protagonismo do Estado brasileiro na cena política internacional e os resultados econômicos mais baixos decorreram da crise financeira nos EUA em 2008, das mudanças na política internacional com a ascensão da China e o acirramento do conflito entre EUA e China, e a crise política doméstica. Não foi uma alteração da estratégia da política externa da mandatária em relação ao seu antecessor. Os documentos analisados demonstram que a partir de 2012 a burguesia interna brasileira rompeu com a frente política neodesenvolvimentista que dava apoio aos governos PT e aliou-se à frente neoliberal ortodoxa passando a criticar a política externa e defender a mudança na inserção internacional do Brasil
Política externa, burguesia interna e a crise política nos governos Dilma (2011-2016)
The article analyzes the foreign policy of the Dilma governments and the political crisis of neo-developmentalism. It uses the theoretical framework of the Marxist Nicos Poulantzas, especially the idea of internal bourgeoisie. It carries out an empirical research of analysis of position documents of business associations, especially Fiesp, CNI and CNA. Unlike part of the bibliography that points criticism to the profile of the mandatary, if compared to the Lula government, it is argued that there was a decrease in the protagonism of the Brazilian state in the international political scene and the economic results were lower, but they resulted from the change in international politics and the domestic political crisis, and not from the foreign policy strategy. The documents analysed show that from 2013 the Brazilian domestic bourgeoisie broke with the neo-developmentalist front that supported the PT governments and allied with the orthodox neoliberal front, criticising foreign policy and defending a change in Brazil's international insertion. This was due to pressure from opposition sectors and the effects of the international crisis on the Brazilian economy.O objetivo do artigo é analisar a política externa dos governos de Dilma Roussef (2011-2016) e os interesses da burguesia interna na crise política do impeachment. Utiliza o arcabouço teórico do marxista Nicos Poulantzas, especialmente a ideia de burguesia interna. Realiza uma pesquisa empírica de análise dos documentos de posição das associações empresariais, especialmente, da Fiesp, CNI e CNA. Diferentemente de parte da bibliografia que aponta críticas ao perfil da mandatária, se comparado ao governo Lula, defende-se que a diminuição do protagonismo do Estado brasileiro na cena política internacional e os resultados econômicos mais baixos decorreram da crise financeira nos EUA em 2008, das mudanças na política internacional com a ascensão da China e o acirramento do conflito entre EUA e China, e a crise política doméstica. Não foi uma alteração da estratégia da política externa da mandatária em relação ao seu antecessor. Os documentos analisados demonstram que a partir de 2012 a burguesia interna brasileira rompeu com a frente política neodesenvolvimentista que dava apoio aos governos PT e aliou-se à frente neoliberal ortodoxa passando a criticar a política externa e defender a mudança na inserção internacional do Brasil
Reforma política, neodesenvolvimentismo e classes sociais
O presente texto faz um diálogo com duas questões do artigo “Fragmentação da luta política e agenda do desenvolvimento”, de Eduardo Fagnani. Em primeiro lugar, pontuamos a divergência com as caracterizações de “novo-desenvolvimentismo” e social-desenvolvimentismo.Tratamos de demonstrar a relação entre as classes sociais e a plataforma neodesenvolvimentista dos governos do PT (2003-2014). Em seguida, destacamos que temos acordo com a bandeira de luta da reforma política, apesar de entendermos que o alcance e a realização da mesma devem estar conectados a um processo político mais amplo que a estratégia da social-democracia
State and international relations : a critical comparison between Hans Morgenthau and Nicos Poulantzas
Orientador: Armando Boito JúniorDissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Filosofia e Ciências HumanasResumo: A presente dissertação tem por objeto o Estado e o papel desta instituição nas relações internacionais. Buscaremos comparar criticamente a concepção de Estado utilizada por Hans Morgenthau, autor consagrado pioneiro da teoria realista das relações internacionais, com a teoria de Estado marxista sistematizada por Nicos Poulantzas em Poder Político e Classes Sociais (1968). A particularidade deste trabalho reside em identificar o conceito de Estado utilizado pelo realismo, visto que esta corrente preconiza a centralidade desta categoria aos estudos de relações internacionais sem se ocupar em defini-lo claramente. Defenderemos o conceito marxista de Estado e outro conjunto de problemas para a teoria das relações internacionais. Para Morgenthau, o Estado é o representante do ?interesse nacional?, cuja legitimação está baseada na defesa e segurança do território, frente aos demais Estados e no equilíbrio de justiça entre os grupos de interesse. Concomitantemente, afirma que somente alguns indivíduos estão aptos a representar o Estado na cena internacional. O marxismo entende que o discurso de Morgenthau está confinado na superfície do fenômeno estudado; que Morgenthau toma o Estado pelo que esse diz ser, e não, realmente, pelo que o Estado, de fato é. Para Poulantzas, o Estado capitalista se distingue dos demais tipos de Estado porque a dominação política de classe não se mostra visivelmente nas suas instituições. A estrutura jurídico-política formada pelo direito capitalista e pelo burocratismo confere a ideia de instituições universais e uma igualdade formal aos cidadãos, sob estas estruturas constrói-se ideologicamente a representação da unidade do povo-nação. A função global do Estado é ser o fator de coesão de uma sociedade dividida em classes sociais, esteorganiza e unifica as frações das classes dominantes no bloco no poder. O Estado é uma arena de disputa entre as frações e classes dominantes. Diante disso, a política externa não corresponde simplesmente ao interesse nacional, mas sim, aos interesses das classes ou frações hegemônicas do bloco no poder, ou de alianças entre as classes, que por sua vez apresentam-se como interesses gerais da naçãoAbstract: This work aims the analysis of the concept of State and the function of this institution in international relations. It seeks critically compare the concept of the state used by Hans Morgenthau, acclaimed author of the realist theory of international relations, with the marxist theory of the state systematized by Nicos Poulantzas in Power Politic and Social Classes (1968). The particularity of this work lies in identifying the concept of the state used by realism, since this theory printed the centrality of this category of the studies of international relations but did not concern to define it clearly. We will defend the Marxist concept of the State and other set of problems for the theory of international relations. To Morgenthau, the state is the representative of the ?national interest?, whose legitimacy is based on defense and security of the territory and the justice between the groups of interest. Concurrently, he says that only some individuals are able to represent the state in international scene. Marxism believes that the Morgenthau's speech is confined to the surface of phenomenon studied, that Morgenthau takes the State as it is being said, not really, of what the state actually is. For Poulantzas, the capitalist state is distinguished from other types of State because the political class domination does not appear visibly in their institutions. The legal-political structure formed by capitalist law and the bureaucracy give the idea of universal institutions and citizen's formal equality under these structures is constructed ideologically for the representation of the unity of people-nation. The global function of the state is to be the cohesive factor of a society divided by social classes; it organizes the power in bloc. The state is an arena of dispute between the fraction and the ruling classes. The foreign policy reflects the dominant class interests and is configured by the fractions conflicts and the alliance between the classes or fractions, which in turn present themselves as general interests of nationMestradoRelações InternacionaisMestre em Ciência Polític
Mercosur y los bloques en el poder en Brasil y Argentina (1991-2022)
El presente artículo, de carácter teórico e interpretativo, analiza los intereses de las burguesías brasileña y argentina en relación con el Mercosur, buscando identificar los contornos del regionalismo y el papel del imperialismo. A través de análisis bibliográfico y documental se señala la existencia de tres grandes periodos y sus correspondientes modelos: la década de 1990, el neoliberalismo y el regionalismo abierto; los años 2000, el “relanzamiento del bloque” y el regionalismo multidimensional; de 2011 a 2022, en especial, después del golpe de Estado de 2016 en Brasil, que trajo de vuelta el proyecto de regionalismo abierto y la subordinación pasiva ante el imperialismo
As relações Brasil-China nos governos Lula e Dilma: burguesia interna e subordinação conflitiva
This paper analyzes the relations between the Brazilian and Chinese states during the Lula and Dilma governments. It aims at confronting academic analyses that criticized the foreign policy of Dilma’s governments due to the president’s profile or the impact of lower commodities prices. Our hypothesis is that there was continuity of the two PT’s government strategy for international insertion of the Brazilian State, although the economic results and the political projection were smaller. We investigated the position of the great Brazilian internal bourgeoisie about foreign policy. We conclude that the domestic policy crisis and new dynamics of the international political economy, ended up producing relevant effects for the maintenance of the neodevelopmentist political front, and, especially, for the loss of support of the internal bourgeoisie to the Dilma government. However, it is possible to identify that relations with the Chinese State do not represent a latent contradiction withinthis class fraction, despite the increase in Chinese imports to Brazil since 2008, because there is a relative consensus between agribusiness and industry on the reception of Chinese investments in strategic sectors such as energy and infrastructure.Este documento analiza las relaciones entre los estados brasileño y chino durante los gobiernos de Lula y Dilma. Busca confrontar análisis académicos que criticaron la política exterior de los gobiernos de Dilma. La hipótesis es que hubo continuidad de la estrategia de la inserción internacional del Estado brasileño de los dos gobiernos del PT, aunque los resultados económicos y la proyección política fueron menores. Investigamos la posición de la gran burguesía interna brasileña sobre la política exterior. Concluimos que la crisis de la política interna y las nuevas dinámicas de la economía política internacional, , terminaron produciendo efectos relevantes para el mantenimiento del frente político neodesarrollo, y especialmente para la pérdida de apoyo de la burguesía interna al gobierno de Dilma. Sin embargo, es posible identificar que las relaciones con el Estado chino no representan una contradicción latente dentro de esta fracción de clase, a pesar del aumento de las importaciones chinas a Brasil desde 2008, porque existe un consenso relativo entre la agroindustria y la industria sobre la recepción de inversiones chinas en sectores estratégicos como la energía y la infraestructura. Este trabalho analisa as relações entre os Estados brasileiro e chinês durante os governos Lula e Dilma. Busca-se confrontar análises acadêmicas que criticaram a política externa dos governos Dilma,tendo em vista o perfil da presidenta ou o impacto da diminuição do preço das commodities. Nossa hipótese é a de que houve continuidade da estratégia da inserção internacional do Estado brasileiro dos dois governos do PT, apesar dos resultados econômicos e da projeção política terem sido menores. Investigamos a posição da grande burguesia interna brasileira em relação à política externa. Concluímosque a crise da política doméstica e a nova dinâmica da economia política internacional acabaram produzindo efeitos pertinentes na composição da frente política neodesenvolvimentista, e, especialmente, para a perda de apoio da burguesia interna pelo governo Dilma. No entanto, é possível identificar que as relações com o Estado chinês não representam uma contradição latente no interior dessa fração de classe, apesar do aumento das importações chinesas para o Brasil desde 2008, isso porque há um relativo consenso entre o agronegócio e a indústria sobre a recepção dos investimentos chineses em setores estratégicos como energia e infraestrutura
Crise política e mudança na política externa no governo Temer: contradições no seio da burguesia interna brasileira
This article analyzes the position of the machinery and equipment sector in response to the change in foreign policy during the Michel Temer government. We seek to answer if the reorientation in the State’s position on the international scene is consensual among the different sectors of the great Brazilian internal bourgeoisie, focusing on the industrial bourgeoisie. For that purpose, we have chosen to study the sector’s position at Mercosur-European Union (EU) agreement’s negotiation. We analyzed documents and interviews of ABIMAQ’s workers related to the agreement, as well as trade data of products related to the sector between Brazil and Mercosur and Brazil and EU. The hypothesis is that there is a divergence between the ABIMAQ’s position and the main entities of the brazilian industry, FIESP and CNI. Therefore, there is no consensus within the Brazilian internal bourgeoisie, despite the critics in the political scene in front of Workers Party’s foreign policy.O artigo analisa a posição do setor de indústrias de máquinas e equipamentos face à mudança na política externa do governo de Michel Temer. Procuramos responder se a reorientação da posição do Estado brasileiro no cenário internacional é consensual entre os diferentes setores que compunham a grande burguesia interna brasileira tendo como foco a burguesia industrial. Para tanto, estudamos a posição deste setor em relação às negociações do acordo Mercosul-União Europeia (UE). Analisamos documentos e entrevistas de pessoas dos altos cargos da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (ABIMAQ), bem como dados do comércio internacional do Brasil. A hipótese levantada é de que ocorre divergência entre o posicionamento da ABIMAQ e o posicionamento da entidades de cúpula da burguesia industrial, FIESP e CNI. Portanto, defende-se que não há o consenso no interior da burguesia interna brasileira apesar de ter aparecido na cena política no processo do golpe uma crítica à política externa dos governos PT
A Burguesia Brasileira e o Mercosul: entre o Movimento Pendular e o Regionalismo Negociado (2012-2022)
This article analyzes the positions of Brazilian internal bourgeoisie regardingMercosul between 2012 and 2022. Thetheoretical framework of Nicos Poulantzas is used, and an empirical research iscarried out in documents of the business associations that represent the internalbourgeoisie. The hypothesis is that this class fraction reacted to changes ininternational politics and to the domestic political crisis. It is argued that the positionand interests of the internal bourgeoisie varied, conforming a pendulum movementthat transitioned between open regionalism and negotiated regionalism.Este artículo analiza las posiciones de la burguesía interna brasileña en relaciónal Mercosur entre 2012 y 2022. Seutiliza el marco teórico de Nicos Poulantzas y se realiza una investigación empíricaen documentos de las asociaciones empresariales que representan a la burguesíainterna. La hipótesis es que esta fracción de clase reaccionó a los cambios en lapolítica internacional y a la crisis política interna. Se argumenta que la posición y losintereses de la burguesía interna variaron conformando un movimiento pendularque transitó entre el regionalismo abierto y el regionalismo negociado.Este artigo analisa posições da burguesia interna brasileira em relação ao Mercosul entre 2012 e 2022. As crises do período alteraram a construção do regionalismo multidimensional e levaram ao retorno do regionalismo aberto. Utilizase do arcabouço teórico de Nicos Poulantzas e realiza-se uma pesquisa empírica em documentos das associações empresariais que representam a burguesia interna. A hipótese é que essa fração de classe reagiu às mudanças na política internacional e à crise política doméstica. Defende-se que a posição e os interesses da burguesia interna variaram conformando um movimento pendular que transitou entre o regionalismo aberto e o regionalismo negociado
BRASIL: CLASSES SOCIAIS, NEODESENVOLVIMENTISMO E POLÍTICA EXTERNA NOS GOVERNOS LULA E DILMA
O presente artigo trata da relação entre as classes sociais e a política econômica, a política social e a políticaexterna nos governos Lula e Dilma. Durante esses governos houve uma mudança no interior do bloco no poder: agrande burguesia interna brasileira ascendeu politicamente e passou a apoiar-se em uma ampla frente política queabarca, inclusive, classes populares. Denominamos “neodesenvolvimentismo” o programa político dessa frente – apolítica de desenvolvimento possível nos marcos do capitalismo neoliberal. Os governos Lula e Dilma não romperamcom esse modelo de capitalismo, mas introduziram, em decorrência das classes sociais que representam e nas quaisse apoiam, mudanças importantes na economia, na política e na atuação internacional do Estado brasileiro