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    A construção [VacontecimentoQUE] e a conexão de enunciados desiguais no português: a atitude discursiva da ressalva

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    This work addresses the contrastive connection of utterances in contemporary Portuguese, investigating the semantic specifications and the caveat value of constructions [VacontecimentoQUE]. These constructions are formed by event verbs (acontecer, ocorrer and suceder), inflected in the third person singular of the present indicative, followed by the particle que. It is proposed that such constructions are used by speakers to introduce a rupture in the discourse, redirecting the argument that is constructed through the addition of more salient information. After constructional changes, ongoing research considers that micro-constructions such as acontece que, ocorre que and sucede que start to function as connectors that establish relations of inequality between segments. In the light of usage-based linguistics and based on the constructional approach to grammar, the analysis addresses the specificities of [VacontecimentoQUE] when connecting sentences, involving syntactic, semantic and pragmatic aspects. The studies of Halliday (1985; 2004) and Neves (1984; 2011) regarding clause connections are used as theoretical basis. Contrastive notions, based on Lakoff (1971), Longhin (2003), Neves (2011), Castilho (2016), and Azeredo (2018) are also used in the analysis. Primarily qualitative in nature, this research has as its corpus statements by senators, already available transcribed on the Senate's institutional website. The partial results indicate that statements introduced by [VacontecimentoQUE] constructions mark a rupture in the discourse due to the addition of a new clause that changes the direction of the argumentation. This new argument, in turn, may be loaded with a caveat effect, a speaker's discursive atitude which is a result of the pragmatic focusing effect in combination with the violation of semantic expectancy. The semantic specifications identified for [VacontecimentoQUE] are: (i) simple contrast, (ii) partial contrast, which can restrict or detail the preceding segment, (iii) contrast by non-realization, (iv) inferential contrast by justification and (v) discursive-pragmatic contrast by focusing. Caveat is most salient in the partial contrast specification.Este trabalho trata da conexão contrastiva de enunciados no português contemporâneo, investigando as especificações semânticas e o valor de ressalva de construções [VacontecimentoQUE]. Essas construções são formadas por verbos de acontecimento (acontecer, ocorrer e suceder), flexionados na terceira pessoa do singular do presente do indicativo, seguidos pela partícula que. Propõe-se que tais construções são utilizadas pelos falantes para introduzir uma ruptura no discurso, redirecionando a argumentação que se constrói a partir do acréscimo de uma informação mais saliente. A pesquisa em andamento considera que, após mudanças construcionais, microconstruções como acontece que, ocorre que e sucede que passam a funcionar como conectores que estabelecem relações de desigualdade entre segmentos. À luz da linguística centrada no uso e com base na abordagem construcional da gramática, a análise aborda as especificidades da articulação de segmentos realizada por [VacontecimentoQUE], envolvendo aspectos sintáticos, semânticos e pragmáticos. Como pressupostos teóricos, utiliza-se dos estudos de Halliday (1985; 2004) e Neves (1984; 2011) quanto à conexão oracional. A análise vale-se, ainda, das noções contrastivas, tomando como base as pesquisas de Lakoff (1971), Longhin (2003), Neves (2011), Castilho (2016), Azeredo (2018). De caráter prioritariamente qualitativo, esta pesquisa possui como corpus pronunciamentos de senadores, proferidos em plenário, disponibilizados já transcritos no site institucional do Senado. Os resultados parciais apontam que enunciados introduzidos por construções [VacontecimentoQUE] marcam uma ruptura no discurso pelo acréscimo de novo argumento que altera o rumo da argumentação. Esse novo argumento, por sua vez, pode vir carregado de efeito de ressalva, uma atitude discursiva do falante que é resultado do efeito pragmático focalizador em combinação com a quebra de expectativa. As especificações semânticas identificadas para [VacontecimentoQUE] são: (i) contraste simples, (ii) contraste parcial, que pode restringir ou detalhar o segmento precedente, (iii) contraste por não realização, (iv) contraste inferencial por justificativa e (v) contraste discursivo-pragmático por focalização, sendo a ressalva mais saliente na especificação de contraste parcial

    CONSTRUÇÕES SUBJETIVAS DEÔNTICAS E ARGUMENTAÇÃO: UMA PROPOSTA DE INTERFACE GRAMÁTICA E INTERAÇÃO

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    The objective of this study is to investigate the function the subjective impersonal completive constructions (DIAS, 2013) with a verb to be + necessary in the discourse of deputies of the Legislative Assembly of Rio de Janeiro (ALERJ). The work proposal intertwines the Functionalist dimension to the perspective of Interactional Sociolinguistics, in order to examine the grammatical and interaction interface. Theoretically, discourse tools are used, having as main work tool the sequential analysis of the argumentation in the speech of the ALERJ deputies. To this perspective, the approach of functionalist syntax (HALLIDAY, 1985; NEVES, 1997) in the identification and description of the use of construction is necessary in the discourses of the deputies. In the argumentative analysis, the components of the argumentation proposed by Schiffrin (1987) are used: position, dispute and sustentation. The research is qualitative and interpretive and uses real talk data as the basis for the work. The partial results of the study show that the constructions are required to occur preferentially in the presentation of the deputies' positions and present a deontic value (NEVES, 1996), expressing moral or material obligation. In the argumentative speech of the parliamentarians, these constructions contribute to modify what is defended, in the attempt to attenuate the presentation of criticisms to the government.O objetivo deste estudo é investigar a função das construções encaixadas completivas subjetivas deônticas (DIAS, 2013), com verbo ser + necessário, no discurso de deputados da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (ALERJ). A proposta de trabalho entrelaça a vertente Funcionalista à perspectiva da Sociolinguística Interacional, no intuito de examinar a interface gramática e interação. Teoricamente, são empregados pressupostos do discurso, tendo como ferramenta principal de trabalho a análise sequencial da argumentação na fala dos deputados da ALERJ. A essa perspectiva alia-se a abordagem da sintaxe funcionalista (HALLIDAY, 1985; NEVES, 1997) na identificação e na descrição do uso da construção ser + necessário nos discursos dos parlamentares. Na análise argumentativa, são utilizados os componentes da argumentação propostos por Schiffrin (1987): posição, disputa e sustentação. A pesquisa é de natureza qualitativa e interpretativa e utiliza dados de fala reais como base para o trabalho. Os resultados parciais do estudo mostram que as construções ser + necessário ocorrem preferencialmente na apresentação das posições dos deputados e apresentam valor deôntico (NEVES, 1996), expressando uma fraca obrigação moral ou material. Na fala argumentativa dos parlamentares, essas construções contribuem para modalizar o que é defendido, na tentativa de atenuar a apresentação de críticas ao governo.O objetivo deste estudo é investigar a função das construções encaixadas completivas subjetivas deônticas (DIAS, 2013), com verbo ser + necessário, no discurso de deputados da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (ALERJ). A proposta de trabalho entrelaça a vertente Funcionalista à perspectiva da Sociolinguística Interacional, no intuito de examinar a interface gramática e interação. Teoricamente, são empregados pressupostos do discurso, tendo como ferramenta principal de trabalho a análise sequencial da argumentação na fala dos deputados da ALERJ. A essa perspectiva alia-se a abordagem da sintaxe funcionalista (HALLIDAY, 1985; NEVES, 1997) na identificação e na descrição do uso da construção ser + necessário nos discursos dos parlamentares. Na análise argumentativa, são utilizados os componentes da argumentação propostos por Schiffrin (1987): posição, disputa e sustentação. A pesquisa é de natureza qualitativa e interpretativa e utiliza dados de fala reais como base para o trabalho. Os resultados parciais do estudo mostram que as construções ser + necessário ocorrem preferencialmente na apresentação das posições dos deputados e apresentam valor deôntico (NEVES, 1996), expressando uma fraca obrigação moral ou material. Na fala argumentativa dos parlamentares, essas construções contribuem para modalizar o que é defendido, na tentativa de atenuar a apresentação de críticas ao governo

    As construções apositivas (conexão Ø e conector "por exemplo"): interface com movimentos argumentativos

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    As construções apositivas realizam-se como unidades matriz e apositiva. Elas são introduzidas por conector Ø e por conectores discursivos. A apositiva serve para clarificar e elaborar o significado da matriz. O nosso foco está nas construções apositivas que também podem ser vistas como realização de movimentos argumentativos, com destaque para a “sustentação do ponto de vista”. As estruturas selecionadas para análise são: A) aquelas introduzidas por conector Ø: (i) a unidade matriz com operadores; (ii) a unidade matriz que funciona como “ pequena cláusula”, e B) aquelas introduzidas por por exemplo. As estruturas selecionadas em (ii) e (iii) podem também expressar avaliação

    Articulação de orações: as "pequenas cláusulas" nas construções apositivas

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    -O objeto desta investigação é o estudo das construções apositivas constituídas por oração, orações ou períodos. As construções apositivas têm uma unidade A, matriz, e uma unidade B, apositiva. Consideramos como unidade apositiva aquela que expande, clarifica a unidade base. As unidades apositivas podem ser de dois tipos: 1) introduzidas por conectores oriundos de verbos (ou seja, isto é, vale dizer, quer dizer) ou por conector com pendor argumentativo (por exemplo) e 2) introduzidas por conector Ø, sendo as “pequenas cláusulas” um subtipo deste. Nosso corpus é constituído de dados da escrita e da fala. Os dados escritos foram colhidos das secções “Ponto de Vista” e “Em foco” da revista Veja Já para a análise do português falado utilizamo-nos de uma amostra, mínima, do Projeto Norma Lingüística Urbana Culta- NURC (o corpus compartilhado do Projeto da Gramática do Português Falado) e de entrevistas do Projeto de Estudos do Uso da Língua –PEUL/RJ, que totalizam 7.416 palavras. Cabe lembrar que realizamos tanto uma análise qualitativa como quantitativa dos dados coletados e que para a realização desta última, utilizamos o programa estatístico Goldvarb. Quando as unidades apositivas são introduzidas por conector Ø, podemos classificá-las em três tipos: as que possuem um SN (definido ou não-definido) como elemento base de referência; as “Meta-cláusulas” e as “Pequenas Cláusulas”, nas quais, embora de maneira diferente, encontramos a introjeção do locutor no texto; e, por fim, as que se assemelham às paratáticas, mas que apresentam uma relação de dependência entre as unidades A e B. Nossos resultados estatísticos mostraram que nas construções com conector Ø, as unidades A se constituíam, preferencialmente, como sintagmas e orações, enquanto que nas construções introduzidas por conectores discursivos as unidades A variavam de acordo com o conector utilizado para introduzir a unidade B. Em relação à realização sintática da unidade B, observamos que nas construções com conector Ø há o predomínio de unidade apositiva constituída de períodos quando temos a unidade base de referência constituída por sintagma. Contudo, se há orações na unidade base, a unidade apositiva introduzida por conector Ø também terá a realização com orações. Os resultados confirmam, portanto, a proposta de pêndulo. Já nas construções introduzidas por conectores discursivos, a realização sintática da unidade B também está relacionada ao conector discursivo que a introduz. Com isso, as construções de cada conector vão apresentar realizações sintáticas de B diferentes. Observamos ainda que as classes semânticas e as relações semânticas expressas nas construções apositivas também estão relacionadas com o conector discursivo que introduz as unidades apositivas

    Construções contrastivas com enquanto que e sendo que

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    Os objetivos deste trabalho são verificar quais relações semânticas identificadas por Neves (2000) para a conjunção mas podem ser encontradas nas construções em estudo, no século XXI; e quais relações semânticas das construções com enquanto que e sendo que, identificadas no século XXI, são recorrentes nos séculos XVI-XX. Utilizo os pressupostos da Linguística Baseada no Uso, propostos por Bybee (2016) e Diessel (2017), que usam bases teóricas do Funcionalismo e da Linguística Cognitiva. Apresenta-se um esquema muito amplo [X- QUE conector], sendo o X representado na fonte, pela conjunção adverbial enquanto e pelo elemento verbal sendo, que apontam, respectivamente, tempo simultâneo e em curso, formando junto com o que um chunk de valor contrastivo. Considera-se como hipótese que a motivação de o falante migrar elementos linguísticos de base temporal para a categoria de conectores contrastivos se assenta no tempo simultâneo e em curso, que proveem material para o contraste. A primeira construção instancia preferencialmente um contraste simples que se assenta na comparação de eventos, de indivíduos, de resultados estatísticos, de itens lexicais, enquanto a segunda construção é mais usada para fazer a relação semântica de parcialidade em relação ao primeiro segmento e de gradação em relação ao primeiro segmento ou à porção maior de informação. Os novos conectores fazem uma extensão da rede contrastiva

    A articulação das cláusulas de finalidade: uma análise funcionalista

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    A articulação das cláusulas de finalidade pode dar-se em dois níveis: com cláusula(s) núcleo(s) e com o próprio ato de fala. No primeiro nível, encontramos as cláusulas hipotáticas – as canônicas com o subtipo delimitadora de resultado, e as discursivas; no segundo nível, encontramos as cláusulas parentéticas e as de adendo

    A articulação das cláusulas de finalidade: uma análise funcionalista

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    A articulação das cláusulas de finalidade pode dar-se em dois níveis: com cláusula(s) núcleo(s) e com o próprio ato de fala. No primeiro nível, encontramos as cláusulas hipotáticas – as canônicas com o subtipo delimitadora de resultado, e as discursivas; no segundo nível, encontramos as cláusulas parentéticas e as de adendo.</p

    As clausulas de finalidade

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    Orientador: Maria Luiza BragaTese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Estudos da LinguagemResumo: O presente trabalho compreende a investigação das cláusulas de finalidade em dados de língua falada e textos de língua escrita, numa abordagem funcional- discursiva. A cláusula de finalidade codifica um objetivo, cuja execução demanda um movimento de X a Y no mundo das intenções, que pode ser simultâneo ao deslocamento no mundo fisico. Os.tipos de cláusulas de finalidade propostos - hipotática canônica (com o subtipo delimitadora de resultado) e hipotática discursiva; cláusulas de fmalidade parentética e de adendo - surgiram a partir de análise de amostras dos corpora. A forma não-marcada é PARA+INF, que ocorre preferencialmente na posição posposta à cláusula núcleo. As posições anteposta, medial e intercalada correspondem às formas marcadas,sendo a primeiramais recorrentena língua escrita e a segunda,na fala. A alteração dessas posições acarreta alteração do valor discursivo. As cláusulas hipotáticas codificam um sujeito preferencialmente correferencial ao sujeito da núcleo, sendo este sujeito normalmente agentivo. A cláusula núcleo é codificada com a estrutura nãomarcada SVO, cujo sujeito é representado por SN pleno na escrita e por SN pronome e morfologia verbal, na fala. As cláusulas de adendo e parentéticas têm como escopo o próprio ato de fala que ajudama constituir.As de adendoocorremapós uma resposta polar, ou como informação adicional em longos turnos de fala. As parentéticas representam a introjeção do locutor no próprio texto, o que acarreta a manifestação de dados do processo discursivo nos enunciados de finalidadeAbstract: This investigation deals with the analyses of purpose clauses in spoken and written data, in functional linguistics. The purpose clauses codify a goal, whose execution manifests the movement :from X to Y in the intention world that can realize in the physical word simultaneously. The purpose clauses which come up from the data are the canonical and discursive hypothetical clauses; the afterthought and parenthetic purpose clauses. The non-marked form is TO + INF, that realize in the final position em relation to main clauses. The initial, medial and intercalated positions correspond to the non-marked forms; the first is more common in written language and the second, in spoken language. The alteration in the positions let us to change the discursive value. The hypothetical clauses codify a subject, which is coreferential to the subject of main clauses. This subject plays an agentive role. The main clause is structured with SVO, whose subject is expressed by SP noun in the writlen language and by SP pronoun or verbal affix in the spoken language. The afterthought and parenthetic clauses have as scope the speech act that they help to realize.The afterthought occurs after a polar answer or as additional information in long talk turns. The parenthetic represents the introduction of the speaker in his own text and this attitude represents the manifestation of discursive processes on the purpose enunciationDoutoradoDoutor em Linguístic
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