27 research outputs found

    História em mundos cruzados: Afroindigenismo pelos Circuitos Marajoaras

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    O ensaio parte da teoria dos Estudos Culturais, destacando a contribuição de Stuart Hall na análise política dos encontros entre povos nativos e da diáspora, filtrados com resistência pela presença do colonizador. Em seguida, mergulha nas escritas historiográficas e antropológicas sobre as zonas de intersecção traçadas por índios e negros no Brasil, com destaque para a Amazônia Marajoara. Finalmente, cartografa, por meio da etnobiografia e da interculturalidade, circuitos afroindígenas na produção regional do romancista e poeta Dalcídio Jurandir e da artista plástica Maria Necy Balieiro. Por dentro de poéticas, prosas e pinturas desvelamos traços significativos da trajetória de vida de Jurandir e Balieiro, focalizando sentidos da escrita e pintura de si, do outro e do nós como linguagens capazes de expressar sinais tangíveis e sensíveis apreendidos no fazer etnobiográfico. O objetivo principal é compreender, tanto na narrativa escrita, quanto na estética e narrativa visual, complexas vivências interculturais que envolveram experiências de trabalho, crenças, celebrações e afetos entre índios e negros no arquipélago de Marajó, conformando mundos cruzados sem fronteiras

    Egodocumentos: os documentos que expressam a personalidade, intimidade e motivações dos titulares de arquivos pessoais

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    O presente trabalho constitui-se como uma revisão de literatura do tema “egodocumento” tendo como subsídio a historiografia holandesa que originou e aprofundou o termo e as publicações nacionais recentes na área da comunicação, linguística e historiografia. A pesquisa originou-se após a leitura do livro de Camargo; Goulart; (2007) que ao abordarem os Arquivos Pessoais citam os egodocumentos como aqueles documentos onde a intimidade e motivações dos titulares dos arquivos se fazem presente no processo de narrar a sua vida. A falta de um estudo mais abrangente sobre os “egodocumentos”, dentro da perspectiva arquivística, motivou a revisão da literatura principalmente ao que tange a história do termo, os conceitos enunciados e as principais espécies exemplificadas pelos autores que trabalham com o tema. Esse trabalho busca, portanto, contribuir com a literatura arquivística, principalmente para aqueles interessados em Arquivos Pessoais

    O VALOR NARRATIVO EM ARQUIVOS PESSOAIS COMPREENDIDO COMO “ESCRITA DE SI”

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    The holders of Personal Files form their collections for the most diverse motivations and these are linked to the values ​​that justify them. The "narrative value" is one of those reasons that explain the owner's existence of personal collections. It is understood that due to the impossibility of preserving all the documents produced in life, the holder of a Archive makes a selection that responds to the image that he wishes to leave upon himself to those who will have access to his collection. Therefore, the holder performs a "self-writing" and this action happens in the phases of training, selection and availability of their documents. The holder as a social individual suffers influence from the conception that the subjects have of themselves, so the process of subjectivation via "self-writing" differs in different epochs. This work therefore seeks to contribute to those who are interested in Personal Files presenting concepts and theories about "self writing" that will influence the narrative of the Personal File holder as a bias that explains the narrative value.Os titulares de Arquivos Pessoais formam os seus acervos pelas mais diversas motivações e essas são atreladas a valores que as justificam. O “valor narrativo” é um desses motivos que explicam por parte do titular a existência de acervos de caráter pessoal. Compreende-se que devido à impossibilidade de se preservar todos os documentos produzidos em vida, o titular de um arquivo realiza uma seleção que responda a imagem que ele deseja deixar sobre si a aqueles que irão ter acesso ao seu acervo. Logo, o titular realiza uma “escrita de si” e essa ação acontece nas fases de formação, seleção e disponibilização de seus documentos. O titular enquanto indivíduo social sofre influência da concepção que os sujeitos têm de si, logo o processo de subjetivação via “escrita de si” difere em diferentes épocas. Esse trabalho busca, portanto, contribuir com aqueles que se interessam em Arquivos Pessoais ao apresentar conceitos e teorias sobre a “escrita de si” que influenciarão a narrativa do titular do Arquivo Pessoal como um viés que explica o valor narrativo

    CONSIDERAÇÕES TEÓRICAS E CONCEITUAIS SOBRE ARQUIVOS PESSOAIS

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    O presente trabalho constitui-se como uma revisão de literatura do tema “arquivos pessoais” tendo como subsídio as recentes publicações sobre o assunto, principalmente sobre a perspectiva da arquivística. Entende-se que os “arquivos pessoais”, apesar de abarcarem documentos considerados de arquivo, contêm especificidades próprias diferentes dos arquivos institucionais e que devem ser compreendidas por aqueles que atuam e utilizam esse tipo de acervo. Nesse sentido, aborda-se a história dos arquivos pessoais, a diferença entre arquivo privado e arquivo público e as particularidades das tipologias documentais que os arquivos pessoais apresentam. Segue-se o debate sobre os motivos que levam a alguém a preservar os seus documentos, com destaque sobre “escrita de si”, quem deve ter os seus acervos recolhidos aos arquivos públicos, à relação da memória com os arquivos pessoais e o seu legado a sociedade. Finaliza sobre o perigo do “feitiço dos arquivos pessoais” devido à subjetividade na fase de formação de acervo. Longe de sugerir definições definitivas, esse trabalho busca apresentar diferentes perspectivas sobre o tema contribuindo tanto com o desenvolvimento da literatura arquivística como com o conhecimento aos interessados em arquivos pessoais

    Reflexões de interações sociais através das mídias digitais em tempos líquidos / Reflections of social interactions through digital media in times liquids

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    A presente pesquisa tem por escopo sugerir reflexões acerca das novas interações sociais através das mídias digitais na perspectiva da modernidade liquida caracterizada pela fluidez das relações humanas e as representações simbólicas das concepções de real e virtual com o objetivo de identificar como as mídias digitais inauguram a construção de novas interações humanas em tempos de liquidez. Diante disso, a inquietação reside na problematização de se pensar de que maneira são construídas essas interações e sua ingerência nos ambientes ditos reais e virtuais. Os dados coletados a partir da pesquisa qualitativa demonstram que os sujeitos líquidos interagindo através das mídias digitais não modificaram apenas as formas de relacionamento entre si, mas alteraram a maneira de se comunicar e interagir com os próprios meios de comunicação, desmistificando a noção de oposição entre virtual e real. 

    A cidade-floresta na pintura da memória: teias visuais e orais em Maria Necy Balieiro

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    A cidade de Breves, localizada no ocidente marajoara, banhada pelo rio Amazonas, no Pará, tornou-se ao longo de sua história, importante zona de interstícios culturais. Nesse circuito, diferentes artistas têm construído visualidades, sonoridades e oralidades sobre a vida urbana, pautadas em cosmologias, linguagens e estéticas locais em interações com outros códigos sociais como campo de possibilidades para se repensar e problematizar concepções clássicas, homogêneas e unilaterais de cidade na Amazônia. A pintora Maria Necy Pereira Balieiro, nascida nesse território, é uma das artistas que vem se nutrindo de convivências familiares e percepções pessoais para produzir pinturas que apreendem a interconexão cidade-floresta, cotidiano e memória em textos visuais e orais. Com base no método etnobiográfico, para tecer escrita compartilhada, e fundamentado no conceito de interculturalidade, para apreender o entrelaçamento de enunciados urbanos e rurais, o artigo procura reconstituir aspectos da trajetória de vida pessoal e profissional de Maria Necy, analisando escritas e pinturas de si, do outro e do nós, alinhavadas pelo fazer etnográfico que, pela arte das lembranças em telas, (re)constrói complexas dimensões e experiências interculturais sobre a cidade, seus moradores, suas práticas e a vida da própria artista que transforma as pinturas em textos visuais (auto)biográficos e produz outras narrativas do urbano na Amazônia Marajoara. PALAVRAS-CHAVE: Cidade-Floresta. Arte. Memória. Etnobiografia. Interculturalidade

    Demandas de representação e comunicação no Facebook: análise de fanpages de organizações indigenistas

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    Este artigo consiste em análise de conteúdo das fanpages das organizações Mobilização Nacional Indígena e Conselho Indigenista Missionário na rede social Facebook, entre agosto e novembro de 2017, considerando a proposta dos elementos de cultura de comunicação on-line de Kavada (2013) e identificação de demandas de representação (representative claim) segundo Saward (2010). Os resultados indicam que as organizações levantam demandas semelhantes, como a demarcação de terras indígenas, mas têm diferenças em relação à abordagem dos conteúdos, fins e funções da comunicação, o que abre espaço para problemas quanto à representação política não eleitoral de povos indígenas.Representative claims and communication on Facebook: indigenists organizations fan pages analysisAbstractThis article consists of content analysis of the fan pages of the organizations Mobilização Nacional Indígena and Conselho Indigenista Missionário on the Facebook, between August and November 2017, considering the proposal of the elements of Kavada's online communication culture (2013) and identification of representative claims (SAWARD, 2010). The results indicate that the organizations raise similar demands, such as the demarcation of indigenous lands, but have differences in relation to the approach to the contents and purposes and functions of communication, which opens space for problems regarding the non-electoral political representation of indigenous peoples.Keywords: indigenous movement; Facebook; political representation; communication culture

    COMUNICAÇÃO E SAÚDE MENTAL: A PRESENÇA DA TEMÁTICA EM UMA REVISTA LIGADA À FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ (FIOCRUZ)

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    Este artigo objetiva investigar as características da produção acadêmica referente à interlocução entre os campos de estudo da Comunicação e a Saúde Mental. Para tanto, realizou-se um estudo de caso a partir da Revista Eletrônica de Comunicação, Informação e Inovação em Saúde (RECIIS), periódico ligado à FIOCRUZ. O processo metodológico centra-se na análise categorial do conteúdo, envolvendo 41 trabalhos publicados na revista em questão entre os anos de 2007 e 2020, que foram agrupados e classificados mediante características comuns: temas mais presentes, os tipos de estudo publicados e as áreas de formação base de seus autores. Os resultados apontam que as produções referentes à revista contemplam, em grande parte, as proposições da saúde coletiva ao discutir o fenômeno da saúde mental enquanto coletivo. Nesse contexto, o fator comunicacional se apresenta como um recurso de investigação, análise e intervenção

    A Presença Indígena no Telejornal Liberal: Redes de Memória e Identidade

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    Desde o início da colonização, nas primeiras cartas enviadas à Europa, os povos indígenas passaram a ser descritos pelo olhar estrangeiro. A interação com os colonizadores propiciou para que as práticas indígenas sofressem alterações e as legitimações discursivas sobre eles começassem a se constituírem. Tomando a análise do discurso como uma referência teórico-metodológica, este artigo se propõe analisar um vídeo, de 7 minutos e 51 segundos, referente a uma matéria sobre protestos realizados pelos indígenas da etnia Munduruku na cidade Jacareacanga – estado Pará, veiculado no telejornal Liberal 1ª edição – afiliada da Rede Globo, no dia 3 de julho de 2012. Essa análise se fundamenta nas discussões teóricas dos estudos culturais envolvendo redes de memória e identidade sendo atravessadas pela perspectiva discursiva foucaultiana, e estudos sobre identidade, discurso e mídia, usando a análise do discurso para compreender como as produções discursivas midiáticas estão permeadas de relações de poder, regimes de verdade e procedimentos de controle que legitimam discursos sobre os indígenas brasileiros.  Neste, o discurso veiculado sobre os indígenas mostra o que é ser indígena no Brasil: agressivo e selvagem. Depara-se, com isso, que a matéria televisiva coloca em circulação enunciados que se inscrevem em uma rede de memórias estabelecendo um indígena selvagem e perigos

    TRAVESSIAS ENTRE A LITERATURA E A HISTÓRIA DA REGIÃO AMAZÔNICA: UMA ANÁLISE DO CONTO “O DONATIVO DO CAPITÃO SILVESTRE” DE INGLÊS DE SOUSA

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    Este artigo objetiva analisar a relação existente entre a literatura e a história amazônica no conto “O donativo do capitão Silvestre” de Inglês de Sousa. O cenário, os atores sociais e as relações homem-sociedade-natureza da região amazônica são representados neste conto presente no livro Contos Amazônicos (1893). Nele, Inglês de Sousa aponta a confluência entre a literatura e a história do estado do Pará da segunda metade do século XIX. Sua obra está substanciada entre a ficcionalidade literária e a história do povo amazônida, nos levando à identificação de fatos e personalidades que fizeram parte da história do Pará. O processo metodológico se deu baseado na metodologia interpretativa, de modo a realizar uma revisão da literatura dos teóricos selecionados para a construção deste trabalho, tais como Alfredo Bosi, Nicolau Sevcenko e Antônio Cândido
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