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Reflexão sobre vivência de cuidados paliativos: óscar e a senhora cor-de-rosa
Como professores de enfermagem e com o desejo de levarmos os estudantes a desenvolverem competências no domínio da prática profissional, ética e legal, fomentando o espírito de reflexão ética que, face a uma situação particular, lhes permita agir sempre no respeito pela humanidade do outro, utilizamos frequentemente como estratégias pedagógicas a reflexão e a discussão de casos, entre eles o livro Óscar e a senhora cor-de-rosa, de Eric Emmanuelle Schmitt. Como refere Neves (2003: 36), “porque a reflexão bioética se aprofunda e a prática se revoluciona”, reportamos de grande importância partilhar a vivência de Óscar e da Vóvó-Rosa. É uma obra simples e fabulosa que levanta questões da prática quotidiana dos que cuidam e tratam de crianças com doença terminal. Com a sua leitura sentimo-nos envolvidos e retiramos aprendizagens profundas que evocam e preservam a ligação com o vivido, registando como aspectos fundamentais as seguintes questões éticas: O confronto com a doença e o encontro com a finitude; a verdade da informação e a conspiração do silêncio; a valorização da vida e a espiritualidade projectada numa fé; os afectos, o humor e a fantasia como eufemismos para enfrentar a morte.
É nosso objectivo reflectir sobre os desafios dos cuidados paliativos pediátricos, contribuir para a construção de um pensamento ético coerente no zelar pelo respeito da dignidade humana, e também contribuir para a compreensão da vivência da criança doente no hospital e seu confronto com a morte, através do sentido e do vivido por uma criança com leucemia
Percepção dos adolescentes sobre interacções parentais
São os adolescentes e jovens o objecto do nosso trabalho e eles têm constituído
ao longo dos anos o centro do nosso interesse. A adolescência é uma fase de
desenvolvimento que representa um período de transição entre as vinculações da
infância, estabelecidas fundamentalmente no contexto da relação pais-filho, e as
ligações afectivas adultas que extravasam as relações familiares (Soares, 1992). É por
isso que o adolescente, não sendo já criança, se surpreende a si próprio e aos que lhe
estão mais próximos ao manifestar afectos, atitudes e comportamentos da criança que já
não é, ao mesmo tempo que se revela capaz de executar actividades do adulto que ainda
não é.
Segundo a perspectiva psicanalítica, algumas das características fundamentais
da adolescência traduzem-se, por um lado, na reactivação do narcisismo e dos conflitos
típicos do Complexo de Édipo e por outro, na necessidade de o jovem construir a sua individualidade, passando a percepcionar os pais como entidades diferentes dos
idealizados no decorrer da infância.
Assim, o adolescente procura o apoio parental, mas simultaneamente procura
libertar-se da vigilância parental, isto é, vive uma nova dinâmica relacional entre as
necessidades de vinculação e de exploração ou autonomia, cujo processo é muitas vezes
vivido pelos pais e pelos filhos, de uma forma ambivalente. Os pais, por um lado,
desejam a independência dos seus filhos e que estes tomem as suas decisões; por outro
lado, temem as consequências dessa independência. Os filhos, por sua vez, desejam
afastar-se dos pais, criando um espaço de privacidade, mas de um modo ambivalente,
pois temem a autonomia concedida e o fascínio da liberdade. E é neste contexto da
relação pais-filhos que surge o interesse por este estudo.
O nosso objectivo foi precisamente identificar a percepção dos
adolescentes/jovens sobre as interacções parentais no sentido de reflectirmos sobre a sua
expressão de autonomia ou individualidade ou expressão de ligação. Para atingir este
nosso objectivo tivemos necessidade de construir uma escala para o efeito
Direitos e valores fundamentais no início da vida humana
Com o aumento dos conhecimentos sobre a vida intra-uterina, ao permitir
visualizar, avaliar e intervir durante esse tempo da vida humana, hoje é possível uma
melhor protecção dos direitos humanos desde o seu início. Reconhecem-se hoje os
direitos da criança desde o período germinal, período embrionário e fetal. Vivemos
também um período de crescimento de toda uma cultura que valoriza a relação
mãe/filho desde o início da gestação.
Aparentemente, os resultados do progresso dos conhecimentos e da tecnologia
seriam para defender a vida humana de agressões lesivas da sua própria humanidade.
Porém, na realidade, o conhecimento antecipado de que ele sofre de doenças graves ou
que corre riscos de nascer prematuro permitirá algumas vezes a sua cura ou
encaminhamento da mãe para centros diferenciados, mas noutros casos permitirá
reconhecer a sua inviabilidade ou que possui uma deficiência definitiva e irremediável
que poderá provocar sentimentos de ambivalência nos pais sendo angustiante a decisão
de abortar ou não.
Entendemos que os pais, por vezes, enfrentam dilemas éticos de difícil
resolução e que no uso da sua autonomia e após ter sido fornecido o consentimento
informado, é a eles que cabe a decisão dos caminhos a traçar.
Neste sentido, pretendemos sensibilizar os profissionais de saúde para o
respeito da autonomia e dignidade dos pais, mas ao mesmo tempo motivar para a defesa e salvaguarda dos Direitos e valores subjacentes à vida humana seja do embrião, feto,
recém-nascido – CRIANÇ
Ensino clínico na formação em enfermagem
No currículo dos cursos superiores de enfermagem existem estágios – ensinos
clínicos – que se realizam em instituições de saúde ou na comunidade, em diferentes
contextos da actividade profissional do enfermeiro. Este ensino clínico, vulgarmente
designado por estágio, é, na perspectiva de Martin (1991:162), “um tempo de trabalho,
de observação, de aprendizagem e de avaliação, em que se promove o encontro entre o
professor e o aluno num contexto de trabalho”. Para Vasconcelos (1992:28) “os
estágios destinam-se a complementar a formação teórico-prática, nas condições
concretas do posto de trabalho de uma organização que se compromete a facultar a
informação em condições para isso necessárias”
A pequena sereia: arquétipo da adolescência
O actual fascínio pela adolescência é um fenómeno relativamente recente na
história do desenvolvimento psicossocial do ser humano e, mais ainda, na história do
seu estudo e compreensão. É na segunda metade do século XX que se inicia a grande
profusão de investigações nesse domínio. O primeiro livro – Adolescence – foi escrito
pelo americano Stanley Hall, em 1905. Segundo ele o adolescente opunha-se à criança
pela intensa vida interior de reflexão sobre os sentimentos vivenciados. Era uma visão
conflitual e que negligenciava os factores sócio culturais que se vieram posteriormente a
considerar como fundamentais (Monteiro e Santos, 1998). Na mesma época S. Freud
publica os “Três ensaios sobre a teoria da sexualidade”, obra que trouxe uma gigantesca
contribuição à compreensibilidade da sexualidade infantil, bem como às transformações
da puberdade (Dias e Vicente, 1984).
É um período de limites controversos, tanto no seu início como no seu
terminus, principalmente em termos de limites cronológicos. O seu início é associado ao
início da puberdade (aparecimento da menarca/aparecimento da ejaculação) e o seu fim à aquisição de uma identidade sexual fixa e também à formação do carácter (Sampaio, 1994)
Medical paternalism or parental autonomy in decision making : a Portuguese study in premature newborns
Health care providers and parents may have distinctive roles in the decision-making process regarding the care and treatment of premature babies. In this paper, we explore the process of decision making among doctors, nurses, and parents in premature care units (neonatal intensive care unites, NICUs) located in the central region of Portugal. Forty-one semistructured interviews with doctors, nurses, and mothers were conducted and analyzed. There is evidence that the medical teams provide a considerable amount of information to parents of premature babies, although sometimes unfavorable prognostic data are omitted. Mothers showed a high degree of confidence in the skill and knowledge of the medical professionals and accepted the latter’s role in making decisions regarding the care and treatment of their premature
babies. Only when invasive procedures or surgery were serious possibilities was something resembling written informed consent obtained. Ethics committees were seldom consulted. The results show that in the region surveyed, parents neither are invited nor appear to demand a role in making medical decisions that affect their babies. No conflicts between medical providers and parents were detected, suggesting that informed consent and the participation of parents in medical decisions regarding the care and treatment of their babies are not considered necessary or useful in this particular area by the respective parties, in contrast with the tenets of autonomy-based ethics
Percepção das mães sobre as práticas dos enfermeiros na promoção do aleitamento materno
O leite materno é um alimento vivo, completo e natural, adequado a todos os recémnascidos,
salvo raras exceções, sendo uma das formas mais eficientes de suprimir
necessidades nutricionais, imunológicas e psicológicas da criança.
Amamentar é um ato cujo sucesso depende de fatores históricos, socioculturais e
psicológicos da mãe, assim como do compromisso e conhecimento técnico-científico dos
profissionais de saúde. Como o enfermeiro é o profissional que mais estreitamente se
relaciona com a mulher durante a gestação e pós parto é extremamente importante
identificar a perceção destas mães sobre as práticas dos enfermeiros na promoção do
aleitamento materno.
Neste sentido, foi realizado um estudo quantitativo, do tipo descritivo-correlacional e
transversal, numa amostra não probabilística, por conveniência, com 88 mães que
acompanhavam os seus filhos com idade compreendida entre 1 dia e os 3 anos nos
Serviços de Obstetricia I, Pediatria, Urgência Pediátrica e UCIN, durante o mês de Maio.
Os resultados revelaram que são os fatores como escolaridade, profissão, tempo e
local dedicado à atividade laboral que têm influencia estatisticamente significativa na
perceção das mães, sendo que 43,2% das mães consideram as práticas dos enfermeiros
razoáveis, seguidas de 29,5% que as classificam como más.
Concluiu-se que a passagem da ponte do conhecimento do profissional e a
capacitação da mãe para a amamentação é uma tarefa árdua a ser vencida, pelo que os
enfermeiros deverão iniciar uma reflexão conjunta sobre as suas práticas e formação sobre
aleitamento materno, confrontando as simetrias e\ou assimetrias entre os pontos de vista
dos enfermeiros e utentes.
PALAVRAS-CHAVE: Aleitamento materno; Perceção das mães; Práticas dos
enfermeiros; Promoção do aleitamento materno.ABSTRACT
Breast milk is a living nourishment, complete and natural, suitable for all newborn,
with rare exceptions, one of the most efficient ways of suppressing aspects
nutritional, immunological and psychological child.
Breastfeeding is an act whose success depends on historical factors,
sociocultural and psychological mother, as well as the commitment and technical and
scientific knowledge of health professionals. As the nurse is the professional that
most closely relates to women during pregnancy and postpartum is extremely
important to identify the perception of these mothers about the practices of nurses in
promoting breastfeeding.
In this sense, a study was conducted quantitative, descriptive, correlational
and cross, a non-probabilistic sample of convenience, with 88 mothers who
accompanied their children aged between 1 day and 3 years in the Departments of
Obstetrics I, Pediatrics , Emergency Pediatric and UCIN, during the month of May.
The results revealed that the factors are as education, profession, place and
time devoted to work activities that have statistically significant influence on the
perception of mothers, where as 43.2% of mothers consider the reasonable practices
of nurses, followed by 29, 5% that qualify as bad.
It was concluded that the passage of the bridge of the professional knowledge
and skills of the mother for breastfeeding is an arduous task to be won, so nurses
should initiate a joint reflection on their practices and training on breastfeeding,
confronting the symmetries and \ or asymmetries between the views of nurses and
patients.
KEYWORDS: Breastfeeding; Perceived mothers; Practice nurses; Promotion
of breastfeeding
La percepción de las madres sobre las prácticas de los enfermeros en la promoción de la lactancia materna
Enquadramento: Amamentar é um ato cujo sucesso depende de fatores históricos, socioculturais e psicológicos da mãe, assim como do compromisso e conhecimento técnico-científico dos profissionais de saúde na promoção e apoio ao aleitamento materno.
Objectivos: Identificar a perceção das mães sobre as práticas dos enfermeiros na promoção do aleitamento materno.
Metodologia: Estudo quantitativo, descritivo-correlacional, numa amostra não probabilística intencional de 88 mães de crianças entre os 2 dias e 3 anos. Utilizámos 1 questionário aplicado em maio de 2012.
Resultados: As práticas dos enfermeiros experienciadas por 43,2% das mães foram consideradas pelos investigadores como
razoáveis e em 29,5% das mães as práticas foram consideradas como más. A escolaridade, o local e tempo dedicado à atividade laboral estão relacionadas com a perceção das mães sobre as práticas na promoção do aleitamento materno.
Conclusão: Os enfermeiros deverão refletir sobre as suas práticas e sua formação em aleitamento materno, motivando as mães não apenas numa perspetiva técnica e normativa mas também numa vertente psicossocial, adequando as suas práticas às necessidades de cada mulher
Experiencia de los padres durante la hospitalización del recién nacido prematuro
Enquadramento: Assiste-se ao aumento do nascimento de bebés prematuros e os pais são confrontados com várias dificuldades e constrangimentos, principalmente se o prematuro requer hospitalização.
Objetivos: Identificar os sentimentos vivenciados pelos pais perante o nascimento antecipado de um filho; demonstrar a
influência da hospitalização na adaptação à parentalidade.
Metodologia: Estudo qualitativo, exploratório-descritivo, numa amostra não probabilística constituída por 12 pais que tiveram o filho internado em cuidados intensivos neonatais. Utilizámos a entrevista semiestruturada e efetuámos análise de conteúdo.
Resultados: Emergiram sete categorias: Impacto do nascimento prematuro; Sentimentos/ emoções dos pais; Parentalidade face à hospitalização de um filho; Acontecimentos marcantes para os pais relacionados com o recém-nascido; Apoios recebidos pelos pais; Opinião dos pais face à hospitalização; Aspetos institucionais a melhorar.
Conclusão: Acreditamos que os resultados nos ajudam a compreender as dificuldades e significados atribuídos à vivência dos pais, no sentido de se fortalecerem medidas de humanização dos processos de adaptação à doença e promoção da parentalidade, otimizando os cuidados de Enfermagem
O conhecimento científico e a enfermagem
A proliferação das ciências e das técnicas forma um horizonte feito de lógicas, onde predominam o modo de fazer, a eficácia, a experiência e as distribuições das correlações estatísticas (Petitat, 1998). Vivemos numa era científica na qual predomina o conhecimento racional e o conhecimento científico é, para muitos, a única espécie de conhecimento aceitável. No entanto está a verificar-se uma mudança de paradigma que conduz a uma mudança profunda no pensamento, percepção e valores que formam uma determinada visão da realidade. O universo passa de uma visão mecanicista para a visão de um todo dinâmico, indivisível, no qual as partes são essencialmente inter-relacionadas (Waldow, 1998).
Este paradigma tem influenciado a enfermagem e o cuidar tem sido discutido nas suas múltiplas dimensões. As enfermeiras vêem as pessoas como seres totais, que possuem família, cultura, têm passado e futuro, crenças e valores que influenciam nas experiências de saúde e doença.
O conhecimento empírico parece avaliar mais o elemento intelectual. Contudo, como diz Watson (1988), a enfermagem é uma ciência humana não podendo estar limitada à utilização de conhecimento relativo às ciências naturais. A enfermagem lida com seres humanos, que apresentam comportamentos peculiares construídos a partir de valores, princípios, padrões culturais e experiências que não podem ser objectivados e tão pouco considerados como elementos separados
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