47 research outputs found

    Apresentação - Educação, democracia e diferença: torções imaginativas de gênero, sexualidade e raça

    Get PDF
    Este ensaio de apresentação busca localizar a proposta do dossiê Educação,Democracia e Diferença e condensar, mesmo que brevemente, provocaçõesdos estudos de gênero, sexualidade e raça aos pressupostos ontológicos doordenamento jurídico-colonial da democracia liberal. Seu argumento geralmostra como uma vigorosa economia geral do pensamento da diferença exige prestar atenção às torções ético-políticas que esses campos intelectuais legaram à composição entre educação e democracia. Para tanto, na primeira parte, nós percorremos os efeitos do que chamamos de ecos político-conceituais da diferença e observamos como esses ecos alimentam uma política de imaginação para traçar alternativas já existentes em sistemas hegemônicos. Na segunda parte, expomos como os textos componentes do dossiê percebem a expansão da política e salientam os muitos e múltiplos modos de transbordamentos e transformações da relação entre educação e diferença. Trata-se de uma relação comprometida em reverberar como aqueles corpos que jamais foram feitos para aparecer no espaço público geram e regeneram mundos e produzem a possibilidade de imaginar a democracia de outra maneira

    Currículo, cuidado com a Terra e responsabilidade planetária

    Get PDF
    Este texto é simultaneamente um comentário pessoal e político sobre aqueles que habitam a fronteira entre os mundos, como os que agora estão em guerra no agenciamento viral da Covid-19. Ao partir de uma pretensão mais ampla de deslocar as respostas curriculares de soluções instrumentais e técnicas para cultivar a capacidade de agir e pensar em tempos de incerteza, o argumento desenvolvido é que a necessidade de responder à crise do Covid-19 passa por reposicionar o currículo e a responsabilidade como cuidado da Terra. O deseja que anima este argumento é o de criar conversas e alianças cosmoecológicas entre diferentes práticas e formulações ontoepistemológicas para ampliar a ética do cuidado com outros-que-humanos. A questão central passa por defender uma reimaginação da relação entre currículo e subjetividade no meio de histórias interdependentes do planeta. Trata-se, sobretudo, de um exercício para desenvolver uma espécie de vacina a fim de evitar que a imaginação curricular seja capturada pelas coordenadas geométricas da economização da vida

    Ecoar o possível: do currículo queer a queerização da teoria de currículo

    Get PDF
    This text performs an assembly of a name and a figure, echoing what is possible, to interrogate the combination of queer theory and (theory of) curriculum, arguing around a shifting exerc   ise from the queer curriculum to the queerization of curriculum theory. For that, I start from the experience of guiding researches described under the curriculum, gender and sexuality arrangement, organizing it in three parts: the first explores the troubles of a paranoid reading of the curriculum; the second takes up Gilles Deleuze's possible and notions of echo and listening in the curriculum theory; finally, the text places queer beyond the recognition of difference.Este texto realiza el ensamblaje de un nombre y una figura, haciéndose eco de lo posible, para interrogar la combinación de teoría queer y (teoría del) currículo, argumentando en torno a un ejercicio de desplazamiento del currículo queer a la queerización de la teoría curricular. Para ello, parto de la experiencia de orientar investigaciones descritas bajo el arreglo currículo, género y sexualidad, organizándola en tres partes: la primera explora los sinsabores de una lectura paranoica; la segunda retoma lo posible de Gilles Deleuze y nociones de eco y escucha; finalmente, el texto sitúa lo queer más allá del reconocimiento de la diferencia.Este texto performa a montagem de um nome e de uma figura, ecoar o possível, para interrogar a combinação entre teoria queer e (teoria de) currículo, argumentando em torno de um exercício deslocamento do currículo queer para a queerização da teoria de currículo. Para tanto, parto da experiência de orientar pesquisas descritas sob o arranjo currículo, gênero e sexualidade e organizando o artigo em três partes: a primeira explora as encrencas de uma leitura paranoica do currículo; a segunda retoma o possível de Gilles Deleuze e as noções de eco e escuta na teoria curricular; por fim, o texto situa o queer para além do reconhecimento da diferença

    Currículo, normatividade e políticas de reconhecimento a partir trajetórias escolares de “meninos gays”

    Get PDF
    This article explores the overlapping relations between normativity and policies of recognition in curricular discourses from the school experiences of three “gay boys”, named, in this text, as Mitchel, Jonas and Álvaro. Inspired by Judith Butler's work, the argument developed here attempts to displace the critique that describes curriculums as homogenous horizons of normativity and points that schools can contribute to a livable life. On the one hand, the struggle for intelligibility for what counts as a “gay boy” occurs within heterogeneous gender norms, which allow the boys to avoid abjection. As a corollary, these norms displace definitions of homosexuality centered on desire and create new definitions centered on a gender corporality called “gay”. On the other hand, these same corporal forms of circulation of recognition in the curriculum inscribe, through the ambivalence and heterogeneity of normativity, the viability of these school experiences. Therefore, if curriculums are instruments of subjection, they can also function as networks of forces in which intelligibility takes place, contributing to “gay boys” interacting with the historical conditions of the present.Este artículo explora las relaciones entrelazadas entre normatividad y las políticas de reconocimiento operadas por el discurso curricular en las trayectorias escolares de tres “chicos gays”, llamados, aquí, de Mitchel, Jonas y Álvaro. Inspirado por Judith Butler, el argumento desarrollado indica la posibilidad de un desplazamiento de las críticas que describen el currículo como un horizonte homogéneo de normatividad y aponta las escuelas como lugares dónde es posible criar vidas vivibles. Por un lado, la lucha por la inteligibilidad de “chicos gays” se produce dentro de las normas heterogéneas de género y sexualidad, que permiten que los chicos eviten el campo de la abyección. Las normas también crean, como corolario, un desplazamiento de la homosexualidad del campo del deseo a una corporeidad de género llamada "gay". Por otro lado, estas mismas formas corporales de reconocimiento en el currículo inscriben, desde la ambivalencia y  heterogeneidad de la normatividad, la viabilidad de estas trayectorias escolares. Por lo tanto, si los currículos se constituyen como una herramienta de sujeción, también pueden funcionar como una red de relaciones en las que se produce la inteligibilidad, lo que contribuye para que "chicos gays" puedan interactuar con las condiciones históricas del presente.Este artigo explora as relações imbricadas entre normatividade e políticas reconhecimento operadas por discursos curriculares a partir trajetórias escolares de três “meninos gays”, nomeados, aqui, de Mitchel, Jonas e Álvaro. Inspirado em linhas de forças do trabalho de Judith Butler, o argumento desenvolvido indica a possibilidade de um deslocamento da crítica que descreve o currículo como um horizonte homogêneo de normatividade e aponta para como as escolas podem compor uma vida vivível. Para tanto, o texto acompanha como a luta por inteligibilidade para “meninos gays” ocorre no interior das normas heterogêneas de gênero e de sexualidade. Como corolário, essas normas permitem driblar o campo da abjeção e criam um deslocamento da experiência da homossexualidade do campo do desejo para inscrevê-la como uma corporalidade generificada nomeada de “gay”. Essas mesmas formas corporais de circulação do reconhecimento nos currículos inscrevem, assim, a partir da ambivalência e da heterogeneidade da normatividade, a viabilidade dessas trajetórias escolares. Portanto, se currículos se constituem num instrumento de sujeição, também podem funcionar como uma rede de relações na qual a inteligibilidade se produz, contribuindo para que “meninos gays” possam interagir com as condições históricas do presente.

    Un balance de la “teoría queer” en educación: silencios, tensiones y desafíos / On the balance of “queer theory” in education: silences, tensions and challenges

    Get PDF
    A partir de indicios empíricos de la producción académica sobre la teoría queer en la educación en los últimos quince años, este texto explora cómo los sentidos de lo queer proyectan esperanzas sobre el estatuto político de la educación y cómo el evento de la teoría queer se convierte en una negociación de instancias que abren los objetos ambivalentes de pesquisas. Se argumenta que, por un lado, la articulación para hacer posible la incorporación de la “teoría queer” en el campo de la educación ha funcionado para territorializar su espectro de acción como sinónimo de pesquisa en género y sexualidad. Por otro lado, se hizo posible que género y sexualidad fuesen incorporados en la agenda. La actualización de categorías como “conocimiento” y “enseñanza” se haconvertido en experimento de la “teoría queer” refractario a las organizacionesnormativas de la educación. A pesar de la defensa de que las marcas son abiertas y problematizadas, lo que ocurre es como si solo hubiese una identidad posible para la educación

    Uma rede passa pelo currículo: difração e modos de existência na política curricular

    Get PDF
    This article emerges from the broader intentions of a research-intervention project carried out in partnership with the municipal public network of Niterói at the same time that the city tries to respond to BNCC legal demands. From rounds of conversations with teachers in an extension course in order to contribute to the construction of the city's curriculum framework, we seek to configure a theoretical reflection on curriculum policy, modes of existence and diffraction. Situated as heirs of the tradition that criticized the distinction between implementation and formulation, we have developed the argument that instead of a curriculum going through a network, a network invariably goes through the curriculum. That is, a continuous topological dynamic comes alive, involving spatiotemporal variation. Anchored in feminist and queer studies of science and technology and by intersections of Gilles Deleuze's philosophy, we point out how a constitutive differentiation of politics exhibits a diffraction of time and space and, at the same step, constitutes ontological entanglements in which modes of existence render possible, involving subjectivity and otherness. We therefore defend the urgency of problematizing the teleology of educational discourse, which, by planning space and quantifying time, converts this inalienable diffraction of politics into a purge of difference. Far from redemption, it is about reactivating the vital importance of curriculum policy as an active participant in the becoming of the world without which there will be no possible democracy.El artículo emerge de las intenciones más generales de un proyecto de intervención-investigación en asociación con la red pública municipal de Niterói al mismo tiempo que la ciudad responde a las demandas legales de la BNCC. Desde rondas de conversaciones con los maestros de un curso de extensión con la finalidad de hacer contribuciones a la construcción del marco curricular de la municipalidad, intentamos dibujar una reflexión teórica sobre la política curricular, los modos de existencia y la difracción. Ubicados como herederos de la tradición que criticaba la diferencia entre implementación y formulación, desarrollamos el argumento de que, en lugar de un currículo pasar por una red, una red pasa invariablemente por el currículo. Es decir, una dinámica topológica continua gana vida, implicando la variación espacio-temporal. Haciendo uso de estudios feministas y queers, de la ciencia y la tecnología y de intersecciones de la filosofía de Gilles Deleuze, señalamos que un aplazamiento constitutivo de la política exhibe una difracción de tiempo y espacio y, al mismo paso, constituye enredos ontológicos tornando modos de existencia posibles, involucrando, por supuesto, subjetivad y alteridad. Defendemos, así, la urgencia de cuestionar la teleología del discurso educativo que, al planificar el espacio y cuantificar el tiempo, convierte esta difracción inalienable de la política en exclusión de la diferencia. Lejos de la redención, tratamos de reactivar la importancia vital de la política curricular como participante activo en el futuro del mundo sin el cual no habrá democracia posible.Este artigo emerge das intenções mais gerais de um projeto de pesquisa-intervenção realizado em parceria com a rede pública municipal de Niterói no mesmo momento em que o município experimenta responder as demandas legais da BNCC. A partir de rodas de conversas com professores de um curso de extensão com a finalidade de contribuir com a construção do referencial curricular da cidade, buscamos configurar uma reflexão teórica sobre política de currículo, modos de existência e difração. Situados como herdeiros da tradição que criticou a distinção entre implementação e formulação, desenvolvemos o argumento de que, ao invés de um currículo passar por uma rede, uma rede invariavelmente passa pelo currículo. Isto é, uma dinâmica topológica contínua ganha vida, envolvendo a variação espaço-temporal. Ancorados em estudos feministas e queers da ciência e da tecnologia e por intersecções da filosofia de Gilles Deleuze, indicamos que um diferimento constitutivo da política exibe uma difração do tempo e do espaço e, no mesmo passo, constitui emaranhados ontológicos nos quais modos de existência tornam-se possíveis, envolvendo subjetividade e alteridade. Defendemos, portanto, a urgência de estranhar a teleologia do discurso educacional que, ao planificar o espaço e quantificar o tempo, converte essa inalienável difração da política em expurgo da diferença. Longe da redenção, trata-se de reativar a importância vital da política curricular como participante ativa do devir do mundo sem o qual não haverá democracia possível

    NOTAS SOBRE PEDAGOGIA QUEER

    Get PDF
    Este ensaio busca pensar com o filme Corpo Elétrico (2017), de Marcelo Caetano, o que chama de pedagogia queer. O texto se assume como um conjunto de notas biográficas escritas na primeira pessoa do plural e extraídas de relação dos autores como amigos, professor e estudante, mas também a partir das intersecções das suas experiências como gays de cidades pequenas com diagnósticos de altas habilidades e transtorno de ansiedade generalizada, entre outros aspectos que fogem à eficácia do tempo do discurso pedagógico. Formas alternativas de teorizar o tempo e a sensibilidade são propostas por meio de intensidades como a adesividade, as persistentes ambivalências dos encontros entre corpos e a fricção erótica dos afetos que não fáceis de incluir ou reconhecer na história das ideias pedagógicas. Assim, o texto traça uma pedagogia queer como o nome para descrever uma modalidade de educação sentimental que faz tremer o domínio da subjetividade e contempla esteticamente a existência sem limitá-la a noções de belo, gosto e sublime. Conectando-se a irrazoabilidade do sensível, este ensaio apresenta os desafios que o filme dá a pensar sobre os pressupostos crononormativos da educação que tendem a abundar quando se trata de projetos políticos e de formação de sujeitos

    Notícias de uma guerra particular: percursos de projeto de extensão emaranhando estudos de gênero e discursos curriculares

    Get PDF
    A partir das oficinas de formação de professores da rede pública na cidade do Rio de Janeiro, esse ensaioexplora os emaranhamentos entre estudos de gênero e discursos curriculares, pensando. A partir das aflições eanseios relatados por professores, nós apontamos tanto para os limites morais através dos quais gênero éincorporado pelo discurso pedagógico quanto para os processos de generificação de práticas curriculares. Nessespercursos, interrogamos sobre que pode significar a ação política de um projeto de oficinas, cuja força está emabrir um espaço-tempo de suspensão, no qual gênero deixa de ser objeto de ensino e se torna um modo de olhare de eletrizar categorias, de estranhar o próprio mundo, de encontrar a diferença

    CORPOS QUE QUEBRAM

    Get PDF
    Este artigo revisa o debate sobre a interseccionalidade e seus efeitos na pesquisa em currículo com ênfase nas políticas dos corpos nas escolas de Educação Infantil. Embora o debate sobre a interseccionalidade seja oficialmente descrito como nascido no final da década de 1980, sua emergência pode ser rastreada até a institucionalização dos estudos da mulher na década de 1970 e o movimento feminista da década de 1960. Feminismos negros, incluindo no Brasil, há muito defendem a força da categoria como espinha dorsal do pensamento feminista. Porém, nos últimos anos, a interseccionalidade tem enfrentado críticas, desde a filosofia feminista negra até a pesquisa política aplicada. Este artigo utilizará duas histórias heterogêneas de corpos infantis racializados e as suas performances de dança e canto de funk nas escolas para produzir uma reimaginação da relação entre currículo e diferença. Esta investigação aciona o pensamento fractal de Denise Ferreira da Silva para suplementar a interseccionalidade com considerações onto-epistemológicas sobre padrões de interferência, ou seja, em que corpo e mundo estão sempre enredados

    Conversas com Foucault e Coutinho. Ensaiar modos de vida impuros com a escrita na universidade

    Get PDF
    A partir da experiência de coordenação de um programa de oficinas de escrita acadêmica, este texto explora uma maneira de conceituar as reverberações da impureza na escrita acadêmica a partir da transformação da paisagem política no ensino superior na última década do Brasil. Ao entrelaçar entrevistas de Michel Foucault com o documentário Jogo de Cena de Eduardo Coutinho, procura-se investigar os contornos da experiência da escrita acadêmica a partir do encantamento das palavras introduzido pelo gênero ensaio, que introduz os efeitos de ficção, reverbera uma imagética da incerteza, e coloca em questão a noção de verdade, realidade e sujeito. Como matéria em suspenso, sempre mutável, é impossível inscrever o movimento de transformação na forma da ordem dos discursos, a não ser que se crie um modo de viver a escrita impuramente, apta a captar a incorporação de vozes e versões sempre outras, e em processo constante de variação e mudança
    corecore