43 research outputs found
Espinoza e a linguagem
Espinoza and the LanguageEspinoza e a linguage
A Escola como Memória do Futuro
Partindo do reconhecimento do carácter antinómico que atravessa a questão educativa, procuraremos ver de que modo Agostinho da Silva faz confluir na ideia da Escola o seu rousseauismo optimista e o seu platonismo militante. Aparentemente paradoxal, a figura da Escola surge então em todo o seu esplendor. Não como dispositivo de modelação, lugar de recuperação do adquirido ou de (mera) reinvenção do passado mas como Memória do Futuro, comunidade de estudo onde o professor ensina aquilo que não sabe ainda e o aluno recorda aquilo que um dia saberá. Templo laico onde se espera "que em nós brote aquilo a que viemos" (Agostinho da Silva, Sete Cartas a um Jovem Filósofo, p. 53)
EPISTEMOLOGIA DA INTERDISCIPLINARIDADE
Com o objectivo de contribuir para a superação da equivocidade que envolve o conceito de interdisciplinaridade, começamos por uma proposta de estabilização do sentido da palavra. Num segundo momento, apresentamos as razões que, a nosso ver, permitem explicar a emergência da interdisciplinaridade e dos dircursos que a procuram fundamentar. Finalmente, apontamos aquelas que nos parecem ser as perspectivas actuais do trabalho interdisciplinar, tanto ao nível da constituição de novas disciplinas, como de novas práticas e teorizações
Práticas interdisciplinares
É objectivo deste texto descrever e caracterizar as práticas interdisciplinares que, hoje em dia, são utilizadas na investigação científica. Nesse sentido, apresenta-se uma categorização dos novos arranjos disciplinares (ciências de fronteira, interdisciplinas e interciências) e uma tipologia das diversas práticas de investigação interdisciplinar que a ciência hoje mobiliza (práticas de importação, cruzamento, convergência, descentração e comprometimento). A título exemplar, o estatuto disciplinar das ciências cognitivas é estudado com algum detalhe
Ciências da computação de Alan Turing: Uma viagem pessoal
[Excerto] O moderno cientista da computação, interessado na correção dos seus artefatos, navega num terreno construído sobre as respostas a algumas questões fundamentais. Primeiro ele/ela pode perguntar “O que é demonstrável, refutável ou decidível?”, imediatamente seguido de
“O que é inconsistente e o que pode ser validado?”.
Mais ainda, é seguro dizer que, quando comparado com o âmbito do
artefacto, ele/ela terá sobretudo que basear-se em respostas a outra
questão “o que é que se pode aprender?”. Finalmente, quando o interesse se estende à segurança do artefacto e à privacidade do utilizador, o
cenário é complicado por questões adicionais, nomeadamente “O que
é aleatório? O que é obscuro e à prova de fuga, no sentido da teoria da
informação?”.
Através de toda a paisagem da Ciência e Engenharia da Computação
(CEC) podem detetar-se as pegadas de Turing, algumas desmaiadas,
mas outras muito claras e incisivas. Nesta breve monografia tentarei
delinear algumas dessas pegadas, escolhendo aquelas que eu acredito
serem as mais significativas para a minha visão da CEC.
A questão que mais interessou Turing não foi nenhuma das anteriores
mas antes
O que é computável e, de entre essas ‘coisas computáveis’, o que
é fazível?
É bem conhecido o papel de Turing (Turing 1936; Soare 2016) na
construção de uma resposta pelo menos à primeira parte da questão.
A fazibilidade das computações veio mais tarde e é o domínio da Teoria
da Complexidade; a sua importância e o papel de Turing foram reconhecidos há algum tempo (Hartmanis 1994).
Algumas décadas antes, o início do Séc. XX viu o florescimento de novos fundamentos para o pensamento matemático: a axiomatização dos
conjuntos de Zermelo-Fraenkel, construtivismo & intuicionismo e os
problemas de decisão de Hilbert são alguns dos programas2
desta era;
para além do seu impacto na matemática como um todo, estes programas tiveram um efeito direto nos fundamentos da CEC; de facto,
podemos dizer que estes “são” três quartos dos fundamentos da CEC, o
restante quarto sendo, obviamente, a computabilidade. [...
IRGM Is a Common Target of RNA Viruses that Subvert the Autophagy Network
Autophagy is a conserved degradative pathway used as a host defense mechanism against intracellular pathogens. However, several viruses can evade or subvert autophagy to insure their own replication. Nevertheless, the molecular details of viral interaction with autophagy remain largely unknown. We have determined the ability of 83 proteins of several families of RNA viruses (Paramyxoviridae, Flaviviridae, Orthomyxoviridae, Retroviridae and Togaviridae), to interact with 44 human autophagy-associated proteins using yeast two-hybrid and bioinformatic analysis. We found that the autophagy network is highly targeted by RNA viruses. Although central to autophagy, targeted proteins have also a high number of connections with proteins of other cellular functions. Interestingly, immunity-associated GTPase family M (IRGM), the most targeted protein, was found to interact with the autophagy-associated proteins ATG5, ATG10, MAP1CL3C and SH3GLB1. Strikingly, reduction of IRGM expression using small interfering RNA impairs both Measles virus (MeV), Hepatitis C virus (HCV) and human immunodeficiency virus-1 (HIV-1)-induced autophagy and viral particle production. Moreover we found that the expression of IRGM-interacting MeV-C, HCV-NS3 or HIV-NEF proteins per se is sufficient to induce autophagy, through an IRGM dependent pathway. Our work reveals an unexpected role of IRGM in virus-induced autophagy and suggests that several different families of RNA viruses may use common strategies to manipulate autophagy to improve viral infectivity
Impact of the first wave of the SARS-CoV-2 pandemic on the outcome of neurosurgical patients: A nationwide study in Spain
Objective To assess the effect of the first wave of the SARS-CoV-2 pandemic on the outcome of neurosurgical patients in Spain. Settings The initial flood of COVID-19 patients overwhelmed an unprepared healthcare system. Different measures were taken to deal with this overburden. The effect of these measures on neurosurgical patients, as well as the effect of COVID-19 itself, has not been thoroughly studied. Participants This was a multicentre, nationwide, observational retrospective study of patients who underwent any neurosurgical operation from March to July 2020. Interventions An exploratory factorial analysis was performed to select the most relevant variables of the sample. Primary and secondary outcome measures Univariate and multivariate analyses were performed to identify independent predictors of mortality and postoperative SARS-CoV-2 infection. Results Sixteen hospitals registered 1677 operated patients. The overall mortality was 6.4%, and 2.9% (44 patients) suffered a perioperative SARS-CoV-2 infection. Of those infections, 24 were diagnosed postoperatively. Age (OR 1.05), perioperative SARS-CoV-2 infection (OR 4.7), community COVID-19 incidence (cases/10 5 people/week) (OR 1.006), postoperative neurological worsening (OR 5.9), postoperative need for airway support (OR 5.38), ASA grade =3 (OR 2.5) and preoperative GCS 3-8 (OR 2.82) were independently associated with mortality. For SARS-CoV-2 postoperative infection, screening swab test <72 hours preoperatively (OR 0.76), community COVID-19 incidence (cases/10 5 people/week) (OR 1.011), preoperative cognitive impairment (OR 2.784), postoperative sepsis (OR 3.807) and an absence of postoperative complications (OR 0.188) were independently associated. Conclusions Perioperative SARS-CoV-2 infection in neurosurgical patients was associated with an increase in mortality by almost fivefold. Community COVID-19 incidence (cases/10 5 people/week) was a statistically independent predictor of mortality. Trial registration number CEIM 20/217
Unidade da ciência e configuração disciplinar dos saberes : contributos para uma filosofia do ensino
Tese de doutoramento em Educação (História e Filosofia da Educação), apresentada à Universidade de Lisboa através da Faculdade de Ciências, 1998Este trabalho tem como seu objecto a questão da Unidade da
Ciência, tema recorrente de toda a cultura ocidental.
Aspiração antiga que, em tensão e alternância constantes com a
tendência contrária à especialização, atravessa toda a história do
pensamento ocidental e que, após um período em que pareceu estar
totalmente ultrapassada pela disciplinaridade crescente resultante do
acelerado processo de especialização do conhecimento científico que se
desencadeou no século XIX, é hoje de novo ressentida como exigência do
próprio progresso dos saberes especializados e da inventividade dos seus
investigadores. Assim nos parece, de facto, poderem ser interpretados
diversos sinais que, das mais diversas formas, se têm vindo a fazer
sentir, quer a nível da produção, quer da transmissão e aplicação do
conhecimento científico: o apelo à interdisciplinaridade, a revigoração do
movimento enciclopedista, a emergência de novas configurações
disciplinares tais como a teoria dos sistemas, as ciências cognitivas, as
ciências da complexidade, a reabilitação das categorias da globalidade, da
interacção, da organização, da teleologia como objecto de uma
investigação científica cada vez menos reducionista ou os fenómenos da
integração, universalização e mundialização da cultura. Eles seriam como
que uma primeira e tímida manifestação institucional da racionalidade
transversal que, cada vez mais, liga as várias disciplinas.
Não estamos pois perante um tema entre outros, uma ideia mais
ou menos bizarra e completamente ultrapassada. Pelo contrário,
pensamos que a ideia de unidade da ciência se confunde com a própria
ideia de ciência. Na verdade, na sua descrição mais breve, a ideia de
unidade das ciências não é mais que a unificação dos saberes, dos dados, das experiências, das regularidades, das leis, das teorias. Conhecer o
mundo significa ter dele uma descrição minimal, isto é, unificada,
identificar similaridades e formular leis universais. Neste sentido, a
unidade da ciência seria a tarefa cognitiva central da própria ciência. Ela
corresponde ao projecto de não renunciar à totalidade sob o pretexto de
ter que analisar cada uma das partes. A unidade da ciência não é assim
um arcaísmo nostálgico mas uma atitude de recusa activa dos limites que
resultam da manifesta carência dessa unidade, uma reacção positiva fac e
à especialização e à racionalidade instrumental que ela facilita.
Dos muitos nomes que, ao longo dos séculos, se confrontaram com
a grande questão da Unidade da Ciência, Leibniz é porventura aquele
que, de modo mais fecundo e convicto, visa a unidade dos saberes. Nesse
sentido, e de algum modo no prolongamento de anteriores investigações
(cf. Pombo, 1987), este estudo tem uma tripla ambição: 1) procurar
pensar quais os desafios que a actual situação disciplinar dos saberes
coloca à concepção unitária do saber de que Leibniz (mas não só ele) é
um destacado representante, 2) ver de que modo Leibniz, e toda a
tradição enciclopedista que dele se reclama, pode ajudar a pensar as
questões que hoje se colocam aos diversos saberes em termos da sua
articulação e da mobilidade e reorganização das suas fronteiras, 3)
apresentar, nos seus traços gerais, os desenvolvimentos teóricos de
Leibniz relativamente à ideia de Unidade das ciências os quais, tendo
como pano de fundo o projecto de constituição uma Mathesis Universalis,
se inserem no quadro do enciclopedismo filosófico. Em particular,
interessa-nos ver de que modo, no contacto com algumas das
investigações enciclopédicas que lhe são anteriores, Leibniz persegue o
velho ideal lullista de uma ciência única e universal, ideal no qual,
segundo cremos, estão pensadas algumas hipóteses e inspirações que
podem - e devem - ser hoje de novo consideradas. (...
Interdisciplinaridade e integração dos saberes
Com o objectivo de contribuir para a superação da equivocidade que envolve o conceito de interdisciplinaridade, começamos por uma proposta de estabilização do sentido da palavra. Num segundo momento, procura-se mostrar que aquilo que explica o carácter recorrente com que o conceito, apesar de equívoco, continua a ser utilizado, é a procura de uma resposta positiva para o fenómeno avassalador da especialização, a tentativa de ultrapassar os graves cultos culturais, institucionais e heurísticos dele decorrentes. Finalmente, defende-se que a interdisciplinaridade é a manifestação de uma transformação epistemológica em curso e apontam-se aquelas que nos parecem ser as suas duas consequencias principais: o alargamento do conceito de ciência e a transformação da Universidade.
Palavras chave: Interdisciplinaridade, especialização, heurística, epistemologia, universidade