57 research outputs found

    In the land of “football-art”: football books, national identity and the building of imagined communities in modern Brazil

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    This article aims to show how the social history of football in Brazil can be used to reflect on nationhood. The text is based in an analysis of essay gender, both from foreign and Brazilian authors, as well as several books on Brazilian history and identity through the study of football. Although the essay genre has been privileged by many intellectuals who sought a totalizing understanding of the country, this very type of writing has been mobilized for interpreting social representations around the professional practice of football. This text argues that the identity synthesis franchised by the idea -of artistic and/or culturalist order- of a unitary “country of football” ends up eliding social and economic differences in the construction of modern Brazil as an “imagined community”.; El presente artículo tiene como objetivo mostrar la manera en que la historia social del fútbol en Brasil puede servir para reflexionar sobre la “brasilidad”. El texto plantea un análisis con base en el género ensayístico, tanto de autores extranjeros como brasileños, así como de una lectura de una serie de libros en Brasil dedicados a la historia y identidad acerca de los estudios del fútbol. Si el género ensayístico ha sido privilegiado por muchos intelectuales, con vistas a una comprensión totalizante del país, este mismo tipo de escritura ha sido movilizado para una interpretación de las representaciones sociales respecto a la práctica profesional del fútbol. El argumento del texto sostiene que la síntesis de identidad favorecida por la idea -de orden artística o culturalista- de un unitario “país del fútbol” termina por eludir diferencias sociales y económicas en la construcción del Brasil moderno como una “comunidad imaginada”

    A formação das torcidas organizadas de futebol do Rio de Janeiro: Uma leitura de sua dinâmica histórica a partir das fontes impressas do Jornal dos Sports (1940-1980)

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    O artigo aborda as fontes do jornalismo esportivo brasileiro e demonstra o papel dos grupos organizados de fãs de futebol no Rio de Janeiro entre os anos de 1940 e 1980. Desde o início, há notas biográficas feitas sobre os mais conhecidos fãs do Rio, como Jaime de Carvalho (1942). O surgimento de dissidência entre os fãs, no final dos anos 1960, é então coberto, que se estabelece dentro dos fãs organizados no Rio com esses indivíduos começando a questionar a autoridade dos líderes do grupo de fãs de idade. Isso é contra o princípio de dar apoio incondicional ao clube e postula-se que os fãs têm o direito de criticar e protestar contra a gestão do clube, mesmo que isso signifique usar táticas vigorosas. Juntamente com a narrativa jornalística, há um rompimento dos "Jovens Fãs" e um processo de emancipação que ocorre durante a década de 1970, isto acontece através do uso de treinadores de fãs e da invenção de um estilo de vida que está associado com Futebol Finalmente, a década de 1980 é marcada pelo potencial construtivo e destrutivo que está ligado aos grupos de fãs

    Deslocamentos e persistências da memória: uma leitura dos depoimentos do goalkeeper Marcos Carneiro de Mendonça ao Museu da Imagem e do Som (1967-1982)

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    Em um intervalo de quinze anos, o ex-goleiro Marcos Carneiro de Mendonça (1894-1988) prestou dois depoimentos ao Museu da Imagem e do Som, em suas matrizes do Rio de Janeiro e de São Paulo. Ícone do chamado amadorismo na história do futebol brasileiro, tendo sido goleiro do Fluminense durante a belle époque, ídolo da seleção e protagonista do primeiro título sul-americano da modalidade em 1919, a trajetória de Marcos é alvo recorrente de interesse acadêmico entre os historiadores e pesquisadores, seja em seus aspectos biográficos e imagéticos, seja nos arquivísticos. Neste artigo revisita-se a construção da persona e do significado do atleta, enfatizando menos sua biografia, suas imagens e seu conhecido álbum de recortes, depositado na Biblioteca Nacional, e mais esses dois relatos orais. A finalidade precípua é tomar os dois depoimentos em conjunto, como se se tratasse do mesmo testemunho, dilatado no tempo, com vistas a identificar suas continuidades e descontinuidades. Reutilizar essa fonte sonora dá subsídios para entender as estratégias dos entrevistadores na assunção do passado e, em contrapartida, permite compreender como o próprio depoente constrói o pioneirismo de sua figura desportista e direciona os episódios e os aspectos da técnica futebolística, especialmente os da posição de goleiro, que considera dignos de rememoração, em consonância com o período histórico e com o espaço institucional em que as entrevistas foram concedidas.In a span of fifteen years, former goalkeeper Marcos Carneiro de Mendonça (1894-1988) gave two testimonies to the Museum of Image and Sound, at its headquarters in Rio de Janeiro and São Paulo. An icon of the so-called amateurism in the history of Brazilian football, having been Fluminense’s goalkeeper during the belle-époque, idol of the national team and protagonist of the first South American title of the modality in 1919, Marcos’ trajectory is a recurring target of academic interest among historians and researchers, whether in biographical and imagery aspects, or archival ones. This article revisits the construction of the athlete’s persona and meaning, emphasizing less his biography, images and well-known scrapbook, held in the National Library, and more these two oral testimonies. The main purpose is to take the two testimonies together as if they were one, extended in time, to identify their continuities and discontinuities. Reusing this sound source helps us to understand the interviewers’ strategies in assuming the past and, on the other hand, allows us to understand how the interviewee himself builds the pioneering spirit of his sports figure and directs the episodes and aspects of the soccer technique, especially those of the goalkeeper position, which he considers worthy of remembrance, in consonance with the historical period and the institutional space in which the interviews were granted

    Iberismo versus americanismo nos esportes: Uma análise do futebol na constituição sócio-histórica do imaginário latino-americano

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    O artigo examina a discussão intelectual em torno da ideia de América Latina, com o objetivo principal de mostrar como tal debate repercutiu no âmbito do futebol profissional da região. O argumento proposto é o de que a concepção de uma unidade da América Latina encontrou especial dificuldade de construção identitária esportiva ao longo de sua história, mais precisamente entre fins do século XIX e o final do século passado. Se os territórios geográficos costumam atravessar períodos históricos que oscilam entre unidade e fragmentação, entre aproximação e distanciamento, entre identidade e diferença, o caso latino-americano chama a atenção pelas características particulares de sua herança colonial. Sem ser apenas uma dimensão do passado, tais influências se tornaram mais complexas no decorrer do século XX, quando a emergência dos Estados Unidos como potência hegemônica passou a ter efeitos decisivos na economia, na política e na cultura latino-americanas. O propósito do presente artigo é sugerir que, embora a hegemonia estadunidense seja inconteste em diversas esferas da vida coletiva na América Latina, tal presença não se deu de modo tão direto no âmbito dos esportes modernos, especialmente no que tange à prática do futebol profissional de alto rendimento, por meio de torneios intercontinentais de clubes e seleções. Nesse domínio, a alteridade permaneceu voltada para o outro lado do Atlântico, seja para a Grã-Bretanha, inventora e codificadora das práticas esportivas espetacularizadas, sejam para os países europeus latinos – França, Itália, Espanha e Portugal – que difundiram e influenciaram em termos institucionais e culturais os estilos e as técnicas de jogo na América do Sul.

    Os estudos do futebol na Inglaterra: um balanço bibliográfico da produção acadêmica sobre hooliganismo

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    This article presents the bibliographic debate on football studies in England, outlining the main aspects of analysis and interpretation of football violence, a behavioral phenomenon associated with professional sports in the second half of the 20th century. The objective is to present the most important matrices of thought – authors, studies and institutions – that focused on the behavior of groups of fans, inside and outside the stadiums of that country, between the 1960s and the early 2000s. The so-called Leicester School, gathered around Norbert Elias, especially his disciple Eric Dunning, was able to develop the most extensive theoretical framework of historical-sociological explanation for intergroup fights and their “search for excitement”, resulting from the feuds and emulations between supporters of different English clubs. Contemporary to the events analyzed, this article shows that the subfield of studies entitled “hooliganism” in Great Britain originates from the Eliasian interpretive hegemony and marks the reading of the meanings of a “civilizing process” among modern sports audiences, with emphasis on its cyclical periods of “decivilization”. Two moments are then discussed, a “before” – that is, the currents that brought the first analyses to explain hooligan violence in football until the 1970s – and an “afterwards” – researchers who, from the 1990s, sought to revise the paradigms of the Leicester School and formulated a critique of their assumptions in order to overcome them.O artigo apresenta o debate bibliográfico sobre os estudos futebolísticos na Inglaterra, delineando as principais vertentes de análise e interpretação da violência no esporte, fenômeno comportamental associado ao profissionalismo esportivo na segunda metade do século XX. Visa-se expor as matrizes mais importantes de pensamento – autores, obras e instituições – que se debruçaram sobre o comportamento de grupos de torcedores, dentro e fora dos estádios daquele país, entre as décadas de 1960 e o início dos anos 2000. Sustenta-se que a chamada Escola de Leicester, reunida ao redor da figura de Norbert Elias, em especial seu discípulo Eric Dunning, foi capaz de desenvolver o mais extenso referencial teórico de explicação histórico-sociológica para as brigas intergrupais e a sua “busca da excitação”, decorrente das rixas e das emulações entre adeptos de diferentes clubes ingleses. De forma contemporânea aos acontecimentos que procura analisar, entende-se que o subcampo de estudos intitulado “hooliganismo” na Grã-Bretanha é tributário da hegemonia interpretativa eliasiana e balizou a leitura dos sentidos de um “processo civilizador” entre o público seguidor dos esportes modernos, com ênfase a seus períodos conjunturais de “descivilização”. É desse modo que se opera um “antes”, isto é, as correntes que trouxeram as primeiras análises para a explicação da violência hooligan no futebol até os anos 1970, e um “depois”, ou seja, os pesquisadores que a partir dos anos 1990 procuraram rever os paradigmas da Leicester School e, no limite, formularam uma crítica a seus pressupostos, a fim de superá-los

    Futebol, arte e política: a catarse e seus efeitos na representação do torcedor

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    O presente artigo acompanha os desdobramentos do conceito de catarse na tradição filosófica ocidental. Seu intuito é compreender como se deu a passagem do elemento catártico, originado nos domínios do teatro, para o universo esportivo na vida contemporânea. Para isto, analisa-se a maneira pela qual os princípios aristotélicos de representação dramática, cujo efeito sobre o público espectador seria o escoamento das tensões, foram deslocados das artes cênicas para os esportes no século XX. Tal deslocamento permite que se entenda o preconceito intelectual em torno do futebol, visto como fenômeno de alienação das massas, sucedâneo da religião como “ópio do povo”. Com base nos apontamentos do dramaturgo alemão Bertolt Brecht, procura-se uma via alternativa dentro da própria tradição marxista, capaz de identificar na experiência dos esportes a desconstrução da “ilusão” cênica, o que se torna possível graças à nova percepção do papel do espectador na modernidade

    Aquém e além de O negro no futebol brasileiro: Uma releitura da obra do jornalista esportivo Mário Filho entre os anos 1940 e 1960

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    O artigo propõe um novo enquadramento do livro principal do jornalista esportivo Mário Filho, O negro no futebol brasileiro (1947). Sustenta-se que só é possível entender os argumentos internos deste, por assim dizer, “clássico” do memorialismo futebolístico à luz do conjunto da obra do escritor, especialmente o livro que o antecede, Histórias do Flamengo (1945), usualmente desconsiderado pelas análises acadêmicas. A revisão deste livro comemorativo do cinquentenário do clube carioca permite identificar as linhas mestras, tanto em forma quanto em conteúdo, da narrativa que consagraria Mário Filho dois anos depois. Junto a esse cotejo, acompanha-se igualmente o impacto de ambos os livros no decênio de 1960, quando, emulados pela crítica jornalística e literária, ambos os trabalhos assistem a reedições, sendo relançados por editoras de peso no cenário cultural e intelectual de então. Conclui-se com a reafirmação da necessidade de uma releitura de conjunto de Mário Filho, a fim de entender com mais acuidade não só o caráter prolífico de sua produção bibliográfica ao longo das décadas, como também as etapas de construção de um projeto jornalístico-letrado que se somava à decantação da tradição “nacional-popular” no Brasil dos anos de 1940 e 1960.

    MODERNISMO, REGIONALISMO E O LUGAR DO FUTEBOL NA FICÇÃO DE JOSÉ LINS DO REGO

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    O artigo inscreve a temática do futebol na história mais ampla do modernismo brasileiro, ao focar a trajetória do escritor regionalista José Lins do Rego no Rio de Janeiro dos anos 1940, quando se consagrou como romancista e, em paralelo, investiu na colaboração em jornais, por meio de uma série de crônicas esportivas. O recorte aqui proposto centra-se em um romance menos conhecido do autor, Água-mãe, e sustenta que o imaginário nacional-popular em torno da prática futebolística no país dá ensejo à inserção do assunto na ficção brasileira. Ao mesmo tempo, tal inscrição romanesca permite a renovação ficcional e a reelaboração da própria imagem do escritor, até então marcado pela paisagem regional nordestina, procurando refutar parcela da crítica literária, que o limitava à monotemática do memorialismo de sua região natal. Ao final da descrição e da análise do livro, o artigo conclui com o argumento de que a investida de José Lins do Rego em uma narrativa fictícia em torno do cenário urbano carioca e do interior fluminense, com o recurso a temas contemporâneos e ao cotidiano de então, como o futebol, mostra sua contribuição a propósitos gerais do ideário modernista, que se desdobrou e se metamorfoseou ao longo da primeira metade do século XX em distintos grupos, em diferentes correntes e em uma miríade de concepções artístico-literárias.

    City, history and socio-spat ial segregat ion in the novel “O moleque Ricardo”, by José Lins do Rego

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    This article focuses on the examination of the fourth novel by the writer José Lins do Rego, trying to show how the narrator in the novel abandons the sugarcane landscape from the interior of the Northeast, and introduces as central locus of its fiction a big Northeastern city, more precisely, Recife from the early 1920s. We seek to highlight how the writer - an exponent of the generation that forms the social novel of the 1930s - exposes the turbulent and exclusive ambience of a big city, with its subaltern types, its social division of labor and its political conf licts.O artigo detém-se no exame do quarto romance de autoria do escritor José Lins do Rego, procurando mostrar de que maneira, nele, o narrador se desvencilha da paisagem canavieira do interior do Nordeste, e apresenta como locus central de sua ficção o cenário de uma grande cidade nordestina, mais precisamente, a Recife do início dos anos 1920. Procura-se evidenciar a  maneira pela qual o escritor deslinda a ambiência turbulenta e excludente de uma cidade grande, com seus tipos urbanos subalternos, com a exploração social do trabalho e com seus conflitos políticos
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