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Cuidado e prevenção das skin tears por enfermeiros: revisão integrativa de literatura
Este estudo teve por objetivo caracterizar as evidências científicas dos últimos dez anos sobre a enfermagem no cuidado e prevenção das lesões do tipo skin tears. Trata-se de uma revisão integrativa de literatura de artigos completos presentes nas bases LILACS, SciELO, BDENF, MEDLINE, Scopus, ScienceDirect e PUBMED acessáveis com os descritores “pele” and “fricção” and “enfermagem” em português, inglês ou espanhol, ou com a palavra-chave “skin tears”. Foram selecionados quinze artigos após a aplicação dos critérios de inclusão e de exclusão. A cobertura com o próprio retalho de pele, com produtos à base de octilcianoacrilato ou de silicone são as evidências científicas com melhores resultados para serem aplicadas por enfermeiros. A prevenção consiste na promoção de ambienteseguro, com trabalho multidisciplinar e educação em saúde. Conclui-se caber à enfermagem evitar infecção, traumas de qualquer intensidade, dor e hemorragia.Descritores: Ferimentos e lesões. Fricção. Pele. Cuidados de Enfermagem. Enfermeiras
Riscos ocupacionais relacionados ao trabalho de enfermagem: revisão integrativa de literatura
Os trabalhadores de enfermagem estão expostos a uma série de situações de risco ocupacional durante o desempenho de suas atividades laborais. Este estudo trata de uma revisão integrativa de literatura, que teve por objetivo caracterizar os riscos ocupacionais relacionados ao trabalho de enfermagem segundo os artigos científicos brasileiros publicados no período compreendido entre 2005 e 2011. Dos 1.685 artigos encontrados, 117 estavam disponíveis na íntegra. Apenas 50 publicações foram selecionadas, de acordo com os critérios de inclusão/exclusão preestabelecidos. Observou-se que há predominância de publicações sobre riscos biológicos relacionados a acidentes com materiais perfurocortantes, o que demonstra que esses são os riscos que mais despertam interesse dos estudiosos da área. Aparentemente, há lacunas do conhecimento entre os estudos identificados, como as especificidades dos demais riscos ocupacionais, assim como as condutas após a ocorrência de acidentes de trabalho envolvendo enfermeiros. Foi identificada a ênfase nos auxiliares e técnicos de enfermagem, em detrimento de estudos relacionados especificamente aos enfermeiros
ACIDENTES OCUPACIONAIS BIOLÓGICOS E PRÁTICAS PROTETORAS EVIDENCIADOS NAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE ENFERMEIROS SOBRE SUA VULNERABILIDADE
Enfermeiros estão sob risco de acidente ocupacional biológico, dada a sua proximidade ao corpo adoecido de pacientes. Este estudo buscou analisar a vulnerabilidade de enfermeiros que cuidam de pessoas que vivem com HIV/Aids e suas representações sociais relativas aos acidentes ocupacionais biológicos e as práticas protetoras adotadas. Utilizou-se o referencial das Representações Sociais. Foram entrevistados 30 enfermeiros que atuavam em HIV/Aids. Os dados foram analisados por intermédio do software QSR NVivo 9. Os participantes afirmam ter sentido desespero, pânico e solidão mediante o acidente. A naturalização dos procedimentos e a resistência em utilizar os equipamentos de proteção individual são aspectos de sua vulnerabilidade. Quanto as práticas protetoras, a valorização do protocolo de acidentes ocupacionais, a sinalização do diagnóstico do paciente e uso exagerado dos equipamentos emergiram nos discursos. Conclui-se que, embasados em sua percepção acerca de sua própria vulnerabilidade, os enfermeiros planejam alternativas para proteger-se e as justificam, atribuindo-lhes sentido
Autonomia profissional e enfermagem: representações de profissionais de saúde
Objetivo: Analisar as representações sociais da autonomia profissional do enfermeiro e da enfermagem para profissionais de saúde não enfermeiros.Métodos: Estudo qualitativo delineado pela abordagem estrutural das representações sociais. Participaram 53 profissionais de saúde não enfermeiros de um hospital municipal. A coleta de dados foi realizada de março a abril de 2015 e se deu através de evocações livres hierarquizadas, utilizando os termos indutores “autonomia profissional do enfermeiro” e, em seguida, “enfermagem”. A análise de dados foi realizada pelo software EVOC 2003.Resultados: Figuraram como provável núcleo central da representação social da autonomia profissional os termos cuidado, equipe e responsabilidade. Por seu turno, o provável núcleo central da representação da enfermagem é composto pelos elementos cuidado, equipe, responsabilidade e trabalho.Conclusões: A autonomia profissional do enfermeiro e a enfermagem consistem em objetos de representação bastante próximos entre si para o grupo investigado, e, por isso, trata-se de representações não autônomas, ainda sensíveis à incorporação de novos elementos.Palavras-chave: Enfermagem. Enfermeiras e Enfermeiros. Autonomia profissional. Psicologia social
Evidências científicas brasileiras sobre adesão à terapia antirretroviral por pessoas que vivem com HIV/AIDS
Esta pesquisa objetivou descrever os registros científicos brasileiros acerca da adesão à terapia antirretroviral (TARV) por pessoas que vivem com HIV/AIDS. Tratou-se de um estudo descritivo, de revisão integrativa de literatura, realizado na base LILACS e na biblioteca virtual SciELO, acessadas por intermédio da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). Como resultados, obtiveram-se as categorias: conceitos de adesão ao tratamento antirretroviral, condições de adesão/não adesão/abandono à terapia antirretroviral, a influência da terapia antirretroviral na vida de alguns dos diversos grupos populacionais e ações de enfermagem para a promoção da adesão à terapia antirretroviral. Concluiu-se que as dificuldades de adesão à TARV mostram-se oriundas, sobretudo ao baixo nível educacional, ao déficit de suporte familiar e social, consumo de bebida alcoólica e drogas ilícitas e efeitos colaterais proporcionados por tais medicamentos. Assim, a enfermagem brasileira deve ser capaz de assistir aos sujeitos que necessitam da TARV em seus fatores psicossociais e demandas de saúde, instrumentalizada, sobretudo, pela sistematização da assistência.
Descritores: Enfermagem, Síndrome de Imunodeficiência Adquirida, Adesão à Medicação, HIV
OS ANTIRETROVIRAIS NO COTIDIANO DE IDOSOS SOROPOSITIVOS: UM ESTUDO A PARTIR DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
Descritores: HIV na Terceira Idade; Antiretrovirais; HIV/AIDS; INTRODUÇÃO Este estudo é integrante do projeto de pesquisa “As transformações do cuidado de saúde e de enfermagem em tempos de aids: representações sociais e memórias de enfermeiros e profissionais de saúde no Brasil”. A aids se trata de um fenômeno biológico e psicossocial impactante nos princípios morais, religiosos e éticos; na formulação de políticas públicas de saúde, nas relações interpessoais, nas questões relativas à sexualidade e na moralidade conjugal (SEFFNER, 2005). O estudo intitulado: “Atitudes sociais sobre aids e velhice” reflete a prevalência de concepções divergentes acerca do comportamento de idosos frente à sua soropositividade. Entre as crenças sociais destacam-se aquelas que correlacionam, automaticamente, a senilidade ao decréscimo da libido e atribuem heterossexualidade e monogamia a todo e qualquer tipo de relação sexual entre idosos, bem como desacreditam em qualquer em possibilidade de uso de drogas neste grupo populacional. OBJETIVO Analisar a apreensão do diagnóstico de soropositividade para o HIV em idosos e sua interface com as representações sociais da Aids, mediante o convívio com o vírus e as dificuldades em potencial para a adesão ao tratamento com antiretrovirais. METODOLOGIA Trata-se de uma pesquisa descritiva do tipo qualitativo, realizada sob o arcabouço teórico e metodológico das Representações Sociais. Participaram da pesquisa 20 idosos atendidos no ambulatório de Imunologia e de Doenças Infecto-parasitárias de um hospital universitário do Rio de Janeiro. Os dados foram coletados através de entrevistas semi-estruturadas e foi realizada Análise de Conteúdo proposta por Bardin sistematizada por Oliveira (2008). Esta pesquisa foi submetida à avaliação do Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos (CEPq) do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE), atendendo a resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde. RESULTADOS A aids e a condição de soropositivo para o HIV foram incorporados à vida dos sujeitos do estudo de formas distintas e, contudo, afetando-os profundamente. Para alguns deles, parece não ter havido mudanças drásticas no estilo de vida. A condição de estar com HIV/Aids é incorporada como mais um aspecto a ser vivenciado, não se modificando em comparação ao modo de vida anterior ao diagnóstico. Apesar dos medos e das dificuldades de convivência com alguns elementos estressores do dia-a-dia e da própria doença, o desejo de viver e de aproveitar a vida ainda são preservados, originando sentimentos de esperança. Estes idosos parecem aproveitar o tempo com ocupações e distrações, além de construir uma forma particular de conviver com o HIV/Aids. Já para outros indivíduos pesquisados também pertencentes à terceira idade, o cotidiano com a doença se mostra elaborado a partir das mudanças impostas pela necessidade de voltar à condição de “normalidade” existente antes do diagnóstico. As mudanças neste cotidiano, concebidas como obrigatórias, giram em torno do tratamento e do enfrentamento da situação. Por isso, estes idosos encaram a doença como um ritual, afirmando ser necessário se tratar muito bem para evitar a progressão da doença. O tratamento médico, neste caso, passa a ser visto como um recurso indispensável à sobrevivência e, somado aos medicamentos, inserem mudanças nos hábitos de vida no dia-a-dia destes indivíduos, cujo objetivo é a melhoria na qualidade de vida (PROVINCIALI, 2005). O número e apresentação de comprimidos a ingerir, a diminuição do metabolismo orgânico, bem como outros fatores, representam algumas das dificuldades de adesão ao tratamento com antiretrovirais entre os sujeitos da pesquisa. Logo, verificou-se a necessidade de criação de equipes interdisciplinares, treinadas para proporcionar cuidados especializados dirigidos à terceira idade, de forma a se evitar a assistência baseada em modelos de saúde exclusivamente medicalizantes. O atendimento psicossocial também se mostrou imprescindível, uma vez que o atendimento médico e a prescrição dos medicamentos parecem não serem suficientes para promover a adesão ao tratamento, já que percepções negativas por parte dos indivíduos estudados parecem ser responsáveis por suspensões voluntárias do tratamento ou ingestões indevidamente controladas das doses dos antiretrovirais. Segundo Strombeck e Levy (1998), em comparação com os jovens, eles experimentam um sentimento maior de isolamento, vergonha e culpa e ainda convivem com doenças e problemas que já são característicos dessa fase da vida. CONCLUSÕES Concluiu-se que apesar do enfrentamento da condição de soropositividade entre idosos apresentar certas divergências, o diagnóstico do HIV e a representação social da síndrome para eles apresentam-se como fatores que causam uma série de alterações relacionadas às perdas físicas, psicológicas e sociais diferenciadas que são características desse grupo, visto que os idosos possuem necessidades médicas e psicossociais peculiares à sua faixa etária. Os resultados encontrados expressam que as representações do conviver com HIV na terceira idade estruturam-se na interface da pluralidade e complexidade do funcionamento de elementos comportamentais em busca de viver com qualidade mesmo diante da cronicidade do diagnóstico. Os idosos se mostram afetados profundamente com a descoberta da doença através do diagnóstico médico, uma vez que o processo de envelhecimento associado a uma patologia associada implica na necessidade de manejo do medicamento e seus efeitos colaterais, o que causa, frequentemente, resistência ou desistência do tratamento. A compreensão do modo de enfrentamento dessa doença, assim como da identificação das mudanças causadas nos hábitos de vida dos membros desse grupo populacional, contribui para que ações possam ser elaboradas e executadas para uma adaptação mais efetiva dos idosos à nova realidade vivida após o diagnóstico da doença, o que pode auxiliar o processo de redução da mortalidade por aids na terceira idade. REFERÊNCIAS OLIVEIRA, D.C. Análise de conteúdo temático-categorial: uma proposta de operacionalização. R. Enferm. UERJ [online] v. 16, n. 4, p.569-76, out./dez. 2008. Disponível em: . Acesso em: 01 ago. 2010. PROVINCIALI, R.M. O convívio com HIV/Aids em pessoas da terceira idade e suas representações: vulnerabilidade e enfrentamento. Dissertação (Mestrado em Psicologia), Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, SP, 2005 126p. SEFFNER, F. O conceito de vulnerabilidade: uma ferramenta útil em seu consultório. Site do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais. [online] Disponível em: . Acesso em: 03 set. 2010. STROMBECK, R.; LEVY, J. A. Educational strategies and interventions targeting adults age 50 and older for HIV/Aids prevention. Research on agin. [online] v.20, n.6, p.912-936, 1998. Disponível em: . Acesso em: 03 set. 2010.
A JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE CONTEXTUALIZADA NA DIMENSÃO PRÁTICA DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE
A judicialização da saúde é uma expressão cada vez mais presente no Brasil, materializada principalmente pelos mandados judiciais para a realização de procedimentos diagnósticos e terapêuticos, consultas, internações e dispensação de insumos médico-cirúrgicos. Este artigo visa a analisar e discutir os conteúdos da representação social da judicialização, contextualizada na dimensão prática das representações sociais dos profissionais de saúde. O estudo qualitativo, pautado na Teoria das Representações Sociais, entrevistou 40 profissionais em um hospital universitário e na central de regulação de procedimentos e leitos na cidade do Rio de Janeiro. A análise se deu pela técnica de análise de conteúdo temático-categorial, instrumentalizada pelo software NVivo, resultando em 725 unidades de registro, distribuídas em 34 temas. Identificou-se que os profissionais apresentam um posicionamento negativo diante da realidade imposta pela judicialização, embora reconheçam esse recurso como necessário mediante a crise da saúde pública. Considerando a representação social como determinante de práticas, conclui-se que as representações oriundas deste estudo se encontram em fase de consolidação e podem influenciar a mudança das práticas dos profissionais em busca de melhorias na assistência direta aos usuários, caracterizando-se, portanto, um desafio maior no sentido de fazer avançar a democracia e a cidadania
A JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE CONTEXTUALIZADA NA DIMENSÃO PRÁTICA DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE
The judicialization of health is an expression increasingly present in Brazil, materialized mainly by court orders for the performance of diagnostic and therapeutic procedures, consultations, hospitalizations and dispensation of medical and surgical supplies. The study aims to analyze and discuss the contents of the social representations of judicialization contextualized in the practical dimension of the social representations of health care professionals. This is a qualitative study, based on the Theory of Social Representations, conducted with 40 professionals at a university hospital and the center of regulation of procedures and beds in the city of Rio de Janeiro, with 40 semi-structured interviews, that were analyzed through thematic-categorial content analysis, instrumentalized by NVivo software, resulting in 725 units of analysis, distributed in 34 themes. We identified that health care professionals have a negative position towards the reality imposed by the judicialization, however they recognize this recourse as necessary in face of the Brazilian public health crisis. Considering the social representation as a determinant of practices, it was concluded that social representations arising from this study are in the final stages of consolidation and may contribute to change the practices of health professionals in search for improvements in the users’ direct care, embodying a greater challenge in the sense of promoting democracy and citizenship.A judicialização da saúde é uma expressão cada vez mais presente no Brasil, materializada principalmente pelos mandados judiciais para a realização de procedimentos diagnósticos e terapêuticos, consultas, internações e dispensação de insumos médico-cirúrgicos. Este artigo visa a analisar e discutir os conteúdos da representação social da judicialização, contextualizada na dimensão prática das representações sociais dos profissionais de saúde. O estudo qualitativo, pautado na Teoria das Representações Sociais, entrevistou 40 profissionais em um hospital universitário e na central de regulação de procedimentos e leitos na cidade do Rio de Janeiro. A análise se deu pela técnica de análise de conteúdo temático-categorial, instrumentalizada pelo software NVivo, resultando em 725 unidades de registro, distribuídas em 34 temas. Identificou-se que os profissionais apresentam um posicionamento negativo diante da realidade imposta pela judicialização, embora reconheçam esse recurso como necessário mediante a crise da saúde pública. Considerando a representação social como determinante de práticas, conclui-se que as representações oriundas deste estudo se encontram em fase de consolidação e podem influenciar a mudança das práticas dos profissionais em busca de melhorias na assistência direta aos usuários, caracterizando-se, portanto, um desafio maior no sentido de fazer avançar a democracia e a cidadania.
A família da criança soropositiva: um estudo de representações sociais de enfermeiros
A soropositividade e o desenvolvimento da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida – AIDS – na criança pode promover sérios danos à estrutura familiar. Este trabalho objetiva analisar as representações sociais de enfermeiros acerca da família da criança soropositiva. Trata-se de um estudo qualitativo, fundamentado na Teoria das Representações Sociais. Os dados foram coletados entre janeiro e maio de 2008 em dois hospitais públicos da cidade do Rio de Janeiro, por meio de entrevistas semiestruturadas com vinte enfermeiros. A partir da análise de conteúdo temática, seis categorias emergiram. Neste artigo aprofunda-se a categoria cinco: "A família da criança com HIV/Aids". Foram identificados conteúdos relativos à presença ou ausência da família, sua importância para adesão e sucesso terapêutico, suas condições socioeconômicas, desestruturação, desconhecimento, estresse, entre outros. Conclui-se que as representações sociais acerca da família da criança são multifacetadas e influenciam no cuidado implementado e nas relações humanas estabelecidas.
Descritores: Criança; Síndrome da Imunodeficiência Adquirida; Cuidados de Enfermagem; Enfermeiras; Relações Profissional-Família
POR UM CAMINHO DE COMPREENSÃO DA CONSTRUÇÃO DA ENFERMAGEM: UMA REVISÃO INTEGRATIVA DA AUTONOMIA PROFISSIONAL
INTRODUÇÃO
A luta pela identidade e autonomia profissional do enfermeiro é histórica e incessante. Apesar de muitas conquistas profissionais, a identidade e a autonomia profissional são ainda muito discutidas no meio acadêmico, profissional e político, pois perpassam por diversos fatores, tais como imagem profissional, salário, reconhecimento, espaço de trabalho, papel e saber/fazer próprios. Entende-se por autonomia profissional a capacidade do enfermeiro de se autodeterminar dentro da equipe de saúde, no exercício legal de suas atribuições profissionais de acordo com o sistema de saúde vigente de um país, uma região ou comunidade (GOMES; OLIVEIRA, 2005). Entendendo que a autonomia profissional relaciona-se à satisfação com o trabalho, ao desenvolvimento de práticas e à qualidade de vida, este estudo justifica-se devido à necessidade constante de discussão e debate acerca desta temática, essencial à consolidação da profissão.
OBJETIVO
O objetivo deste estudo é descrever como a autonomia profissional do enfermeiro é caracterizada através de artigos publicados em periódicos brasileiros.
METODOLOGIA
Considerando que, no Brasil, é carente as publicações que empreguem tal método (MENDES; SILVEIRA; GALVÃO, 2008), optou-se pela revisão integrativa de literatura, cujo tipo é qualitativo e de natureza descritiva. A busca foi realizada em julho e agosto de 2010, nas bases de dados: Literatura Internacional em Ciências da Saúde (MEDLINE), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Scientific Eletronic Library Online (SciELO). Para a coleta dos dados foi utilizado um instrumento, construído pelos autores, contendo as seguintes variáveis: periódico, idioma, título, autores, descritores do estudo, tipo de estudo, tipo de coleta de dados, tipo de análise de dados, sujeitos e cenário do estudo, ano de publicação e autonomia profissional. Foram selecionados os artigos publicados no Brasil, em português, inglês ou espanhol, que possuíssem os termos “autonomia” e “enfermeiro” ou “enfermagem” em seus resumos, com texto completo disponível online. Os resultados foram organizados, sistematizados, integrados e apresentados discursivamente.
RESULTADOS
Foram selecionados 14 artigos, sendo 20% publicado na revista Acta Paulista de Enfermagem, 10% na revista Escola de Enfermagem da USP, 40% na Revista Brasileira de Enfermagem, 20% na Revista Latino-americana de Enfermagem, 10% na Escola Anna Nery Revista de Enfermagem, 10% na Revista Gaúcha de Enfermagem, 10% na Texto & Contexto-Enfermagem, 10% na Mundo as Saúde São Paulo e 10% na Revista Arquivos de Ciências da Saúde. À exceção de 1 artigo publicado em espanhol, todos estão no idioma português, sendo os autores apenas enfermeiros ou enfermeiros associados a outros profissionais. Em relação à abordagem metodológica, 20% era estudo teórico; 20% revisão de literatura e 10% relato de experiência. 40% utilizou a Teoria das Representações Sociais, 40% era estudo de abordagem qualitativa e 10% abordagem quantitativa. Os locais de desenvolvimento dos estudos concentram-se em São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná. Em se tratando do ano de publicação do artigo, 10% foi publicado em 1999, 10% em 2002, 10% em 2004, 30% em 2005, 10% em 2006, 10% em 2007, 40% em 2008 e 20% em 2009. Das pesquisas que possuíam sujeitos, apenas 1 referiu-se a alunos dos terceiro ano do ensino médio, tendo o restante, como sujeitos, os profissionais enfermeiros. O artigo cujos sujeitos eram alunos do ensino médio relata que estes vêem o enfermeiro como profissional pouco valorizado, auxiliar de médico e cumpridor de ordens terapêuticas, além de revelarem desconhecimento da formação educacional, dos campos de atuação, das possibilidades da profissão e de sua autonomia. Um dos artigos de revisão de literatura foi acerca da temática da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) e encontra nesta um caminho para a autonomia profissional, desenvolvendo um trabalho consciente e eficiente. O autor do relato de experiência relata sua vivência a partir do doutorado-sanduíche e acredita que a autonomia se concretiza a partir do “ser profissional”, considerando esta experiência como um estímulo para a garantia da autonomia do enfermeiro na assistência de enfermagem, como pesquisador e docente, ampliando conhecimentos. O artigo de abordagem quantitativa diz que os enfermeiros obstetras encontram dificuldades de atuação na área no que diz respeito à falta de autonomia. O trabalho sobre a estrutura da representação social da autonomia profissional em enfermagem revelou que a autonomia é um processo, não completamente estabelecida. A responsabilidade, a conquista e o conhecimento são as possíveis representações sociais da autonomia do enfermeiro. O artigo publicado em espanhol relata que um dos caminhos para a consolidação da autonomia profissional é a compreensão dos ideais da enfermagem obtidos através da sua própria história. Uma das pesquisas desenvolvidas em São Paulo observou que os enfermeiros consideram o gerenciamento da assistência como a atividade mais importante que caracteriza a autonomia da profissão de enfermagem. O artigo publicado na revista Arquivos de Ciências da Saúde, analisando as leis de Enfermagem, conclui que a autonomia do enfermeiro está em realizar as funções que lhe competem técnica e legalmente e não para realizar aquilo que compete a outro profissional. O estudo realizado com enfermeiros recém-graduados refere que o conhecimento favorece a autonomia, enquanto que os confrontos a dificultam. Refere, também, que um condicionante da autonomia é saber trabalhar em equipe e não delegar tarefas que ele mesmo não sabe executar. O segundo artigo de revisão de literatura constata que os enfermeiros possuem articulação nos serviços de enfermagem e competência técnica no exercício profissional, mas por se apresentarem frágeis politicamente, limitam sua autonomia profissional e os torna ainda subordinados a outros profissionais. O trabalho realizado em 2002 diz que os enfermeiros formalmente responsáveis pela Comissão de Controle de Infecção Hospitalar não possuem apoio necessário da Instituição ao desenvolvimento de suas atribuições, contribuindo para a falta de autonomia na tomada de decisões. Um dos estudos que utilizaram a Teoria das Representações Sociais revela que a compreensão de autonomia profissional a partir da constituição de um saber específico da profissão possui dois significados: a delimitação da essencialidade da profissão e a constituição de um espaço próprio de poder. O terceiro artigo que também utilizou esta teoria relata que os sujeitos consideram como próprio da profissão e gênese de autonomia profissional, a abordagem holística e integral e a relacionam com a identidade profissional. O último artigo faz uma reflexão teórica e percebe que o ato de administrar traz ao enfermeiro a possibilidade de autonomia, presente na autoridade e no poder decisório no que diz respeito à organização do trabalho da enfermagem.
CONCLUSÃO
Portanto, percebe-se que os caminhos sugeridos para o alcance da autonomia profissional de acordo com as publicações são o desenvolvimento de atividades administrativas, onde a estrutura hierárquica, com o enfermeiro ocupando papel de destaque, torna-se o fator central para a percepção de autonomia, e a discussão nos espaços acadêmicos e políticos, com o engajamento do profissional enfermeiro nas questões abordadas, principalmente as referentes à sua atuação profissional. A apreensão de conhecimento apresenta-se como a base para o reconhecimento profissional, e consequentemente, para a autonomia. Destaca-se que entender a história da enfermagem brasileira é fundamental para compreender a imagem, a identidade, o espaço de atuação e as limitações da profissão. Nota-se que a falta de autonomia profissional na Enfermagem ainda constitui-se como um fator dificultador e negativo para a profissão, permanecendo como um objetivo a ser alcançado na luta pelas conquistas profissionais dos enfermeiros.
REFERÊNCIAS
GOMES, A.M.T; OLIVEIRA, D.C. Estudo da estrutura da representação social da autonomia profissional em enfermagem. Rev Esc Enferm USP; v.39 n.2, p.145-53, 2005.
MENDES, K.D.S.; SILVEIRA, R.C.C.P.; GALVÃO, C.M. Revisão Integrativa: Método de Pesquisa Para a Incorporação de Evidências na Saúde e na Enfermagem. Texto Contexto Enferm [online] v. 17, n. 4, p. 758-64, out/dez. 2008. Disponível em: . Acesso em: 05 mai. 2010