28 research outputs found

    Childhood and adolescence: a needed broaden care

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    O presente artigo trata de esboçar algumas idéias-força que consideramos interessantes para a construção de uma clínica da infância e que são o resultado do nosso trânsito tanto como trabalhadora desse campo, quanto na universidade, na formação de psicólogos para essa atuação. Diferentemente do adulto, a entrada da criança e do adolescente no campo da saúde mental se deu mais tardiamente: será apenas no século XX que se constituirá autonomamente uma clínica da infância. Essa história particular e a especificidade da constituição subjetiva da criança irão configurar uma clínica transdiciplinar e em rede: uma clínica ampliada. Desse modo, a clínica moderna da criança está em condições de oferecer à psicopatologia um modelo de abordagem e de conceitualização bem destacado do paradigma médico que ainda continua a marcar a clínica do adulto.The present paper tries to sketch out some key ideas that we consider interesting to the establishment of a psychological care for child and that are the result of our activity whether as professionals connected with this exactly ground or as participants, at the university, in psychologists' qualification for this specific area. Differently from the adult, the entrance of the child and the adolescent in the mental health's field took a longer path: it will be only in the 20th century that a psychological care for child will end up being established as an autonomous area of study. This particular history and the specificity of a child's subjective constitution will help characterize this mental care as a multi-disciplinary and interconnected subject: indeed, a broaden care. Therefore, the modern child care is suited for offering to psychopathology an approaching and conceptualizing model well dissociated from the medical paradigm that still continues to be the mark of the adult psychological care

    Falar o sofrimento de vidas presas: uma política da narratividade

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    O artigo aborda o sofrimento de vidas reclusas em um manicômio e um simulacro de manicômio, respectivamente: o Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico do Pará e a Unidade Experimental de Saúde de São Paulo. Apresenta duas modalidades de mecanismos de segurança que acionam circuitos de intercâmbio entre norma biológica e norma jurídica como forma de garantir a construção do indivíduo perigoso e a manutenção de dispositivos de exclusão e violência. Pontuando a lógica que os atravessa, em diálogo com o estado penal e a biopolítica, destacamos o sofrimento dos internos como um dos efeitos desta lógica, buscando fazer ecoar o intolerável e ativar lutas que impeçam a ampliação da rede penal. Apontamos, por fim, algumas pistas para uma ação ético-política neste âmbito, pontuando as condições de enunciação desse sofrimento em uma política da narratividade

    Micropolítica do medo e dispositivos estéticos: atravessamentos entre arte e política para outros efeitos de subjetivação

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    Estamos em tempos sombrios, em que as persistentes situações de violação de direitos, de violência de Estado se ancoram na produção de um regime afetivo de envenenamento da socialidade e de produção de práticas autoritárias e intolerantes. Tal regime encontra na difusão do medo e na demanda por segurança um dos seus motores centrais e na prática divisória normal-anormal uma de suas principais modulações. Animalizados ou objetificados, os corpos anormais, “quase desumanos” são alvos das lógicas de poder de controle e punição visando sua transformação ou neutralização, dentre eles a figura paradigmática do louco infrator. A desnaturalização da produção do medo engaja dimensões macro e micropolíticas que alterem o regime de afetabilidade. Neste artigo, situamos o medo como estratégia de governamentalidade, contextualizando sua produção histórica e seus usos para a gestão dos corpos na contemporaneidade, tendo como interlocutores principalmente os aportes de Michel Foucault e de uma criminologia crítica. Apresentamos, em seguida, com base em Rancière e Guattari a arte em sua disposição de transformação do pensamento em experiência sensível da comunidade e os dispositivos estéticos como vetores de dessegregação e abertura à alteridade. Concluímos apontando elementos avaliativos de uma pesquisa-intervenção realizada em manicômio judiciário que pôs em ação diferentes dispositivos estéticos de desinstitucionalização, efetuando a recomposição das corporeidades e afetações: oficinas de arte, exposição itinerante e produção de um filme-documentário buscaram embaralhar os códigos das racionalidades que constituem a medida de segurança, questionando seus sentidos mais naturalizados e abrindo espaço para o desenho de projetos e ações de cuidado

    Knowledge production about youth, vulnerabilities and violence: an analysis of the Brazilian postgraduate education in the areas of Psychology and Health (1998-2008)

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    Estudiosos de diferentes campos do saber têm alertado para aspectos recorrentes e problemáticos da produção de conhecimento em relação ao jovem e suas condições sociais. As pesquisas apontam que, ao tratar do tema, estes estudos o fazem quase sempre a partir dos "problemas" que a juventude apresenta, desconsiderando a compreensão dos modos de vida e das experiências cotidianas que a atravessam. O objetivo deste artigo é refletir sobre como as pesquisas acadêmicas brasileiras têm pensado o jovem na atualidade, num diálogo com outros estados da arte já realizados acerca deste tema. Optamos por levantar teses de doutorado e dissertações de mestrado em duas áreas de conhecimento - Psicologia e Saúde - no período de 1998 a 2008. Apresentamos, inicialmente, as razões de tal escolha e os procedimentos adotados para este levantamento; em seguida, expomos algumas características do contexto de produção dos textos analisados e de suas tematizações mais gerais, prosseguindo com a discussão mais específica daqueles que focalizam as violências e vulnerabilidades. Este levantamento revelou alguns dos embates e/ou forças políticas que se conectam e se materializam na produção de um sujeito jovem no contemporâneo, ora fixando-o em uma categoria conceitual, ora objetivando-o a partir dos territórios de vulnerabilizações e violências que os envolvem. Assumir outros modos de pensar as juventudes, acompanhando suas derivações, seus processos de desterritorialização/territorizalização contribui para identificarmos diferentes lógicas, produzir novos conhecimentos, refletir sobre distintas estratégias de ação que dialoguem com as experiências e singularidades deste jovem.Researchers from different areas have warned of recurrent and problematic aspects of knowledge production related to adolescents and their social conditions. Research indicates that studies usually deal with the theme based on the "problems" that youth presents, and do not approach its comprehension of ways of life and daily experiences. The aim of this article is to discuss how the Brazilian researchers think about the adolescent nowadays, in a dialogue with other states-of-the-art on this issue. We decided to survey Master's theses and doctoral dissertations in two areas of knowledge - psychology and health - in the period from 1998 to 2008. Initially, we present the reasons for this choice and the procedures adopted for this survey. Then, we approach some characteristics of the context of production of the analyzed texts and their general topics, and provide a more specific discussion on those that focus on violence and vulnerabilities. This survey revealed some dilemmas and/or political forces that are connected and materialize in the production of contemporary young subjects, sometimes fixing them in a conceptual category and sometimes analyzing them according to the surrounding territories of vulnerabilities and violence. Assuming other ways of thinking about the youth, focusing on its social significance, its "deterritorialization/territorialization" processes, contributes to identify different logics, to produce new knowledge, and to reflect on distinct action strategies in a dialogue with the experiences and singularities of this young individual

    Dilemmas and Impasses in Public Health Policies Directed at People Who Make Use of Alcohol and Other Drugs in Brazil

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    The first Brazilian public policies directed at people who make use of alcohol and other drugs focused on criminalization and punishment. In 1932, medicine and its strategies of governmentality began to work within this field. The Penal Code of 1941 brought the ideal of abstinence to the Brazilian public arena, which was then broadly disseminated by the legislation up until 2006, when a new mental health policy began to be implemented for this population. In this chapter, we analyze the tensions between models that focus on care and those that have a safety perspective in programs for users of alcohol and other drugs in the central region of the city of São Paulo. We analyzed public domain documents: documentary material on the legal landmarks of policies; revision of literature; and news in Brazilian media about governmental actions in this area. Results of the analysis indicate that the tension between harm reduction models and the abstinence model persisted in governmental actions over the years. Regarding the central region, there was a diversification in the offer of treatment models and approaches. But these models took form as a market dispute: for sellable goods, employability of professionals, and the interests of the pharmaceutical industry

    Pichon-Rivière: uma “psicossociologia latino-americana” para os tempos de hoje

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    No cenário das crises sanitária (em função do coronavírus) e política brasileiras, de distanciamento físico e microfascismos cotidianos, é necessário reafirmar a potência do trabalho grupal. Neste texto, revisitamos a proposta das Teorias e Técnicas Operativas de Pichon-Rivière, reconhecendo sua emergência no contexto sociopolítico latino-americano de violências políticas e autoritarismos e sua pertinência como práxis psicossociológica, com potência de intervenção nestes tempos sombrios. Com base na revisão de literatura, revisitamos as principais formulações conceituais e metodológicas da Teoria e Técnica de Grupos Operativos. Fragmentos de uma recente experiência de grupo operativo com adolescentes imigrantes ou filhos de imigrantes na cidade São Paulo nos fazem reafirmar a potência grupal como produção do comum na heterogeneidade e como afirmação do coletivo em relação ao individualismo. Em tempos de sufocamento, restrição de liberdades, ataques às conquistas sociais, os grupos são e devem ser lugares de resistência

    Entre medicalização e recusas: crianças e adolescentes nos circuitos socioassistenciais-sanitários

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    A despeito dos avanços legais e políticos no campo da infância e adolescência, encontramos lacunas importantes relativas ao funcionamento dos serviços. Em detrimento de medidas que preconizam o cuidado, o trabalho em rede e a afirmação dos direitos de crianças e adolescentes, acionam-se medidas que privilegiam o controle e colocam-nas na posição da carência, da anormalidade e do perigo. Assim, vimos que crianças e adolescentes tornam-se objeto de tutela ou ingressam em circuitos que os produzem como resíduos institucionais. Neste texto, examinamos duas situações analisadoras que concorrem para fazer funcionar os circuitos expulsivos/seletivos nos serviços assistenciais ou especializados: a medicalização de crianças e adolescentes como um modus operandi dos serviços de acolhimento institucional, e a seletividade na porta de entrada desses serviços, principalmente os dirigidos à crianças e adolescentes em situação de rua e/ou que fazem uso de drogas, ocasionando a emergência de serviços híbridos entre Saúde e Assistência Social

    Gestão Autônoma da Medicação: estratégia territorial de cogestão no cuidado

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    A estratégia Gestão Autônoma da Medicação -Brasil tem experimentado diferentes modos de ampliação, tanto em relação aos contextos regionais quanto às modalidades de serviços (como Unidades Básicas de Saúde e Centros de Atenção Psicossocial Álcool e outras drogas). Neste texto apresentaremos a experiência de uma equipe que articula pesquisa, ensino e extensão num território sanitário do município de São Paulo, tendo como eixo de intervenção o cuidado em saúde mental e a GAM como estratégia. O Coletivo GAM, que reúne todas as equipes do território, tem evidenciado os principais efeitos da estratégia em sua força alterativa e formativa: sua dimensão crítica à medicalização; sua inclinação radical à Reforma em Saúde Mental e sua força política em relação às grupalidades e aos coletivos que aciona. Neste percurso, afirma-se como estratégia territorial e cogestionária de formação e cuidado em saúde mental, que põe no centro de sua experiência a participação do usuário

    The autonomous medication management (AMM) model as a generator of autonomy in mental health care

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    En este texto presentamos una aproximación al concepto de autonomía aplicado al campo de la salud mental tomando como marco la 'Guía para la gestión autónoma de la medicación' (GAM) y su despliegue en Brasil y España. La estrategia GAM plantea una comprensión de la autonomía alejada de una visión individualista para aproximarse a una perspectiva social y colectiva. En este artículo vamos a evidenciar los posibles desplazamientos y las tensiones generadas, así como los efectos de autonomización que conlleva su implementación en salud mental. En la experiencia brasileña, se observa ese desplazamiento desde el lugar del saber-poder, propio de los profesionales, mientras la experiencia española muestra cómo la adaptación de la herramienta parte de la necesaria implicación de los profesionales, de los usuarios/as, sus familias y su red social en un proceso conjunto de trabajo y cuidado colectivo

    A produção de conhecimento sobre juventude(s), vulnerabilidades e violências: uma análise da pós-graduação brasileira nas áreas de Psicologia e Saúde (1998-2008)

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